CL60 - Veranatura

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RETINA MÉDICA
14:50 | 16:30 - Sala Neptuno
Mesa: Marinho Santos, Maria Luz Cachulo, José Roque
CL60 - 15:00 | 15:10
TOXICIDADE PELO QUININO – A PROPÓSITO DE DOIS CASOS
Raquel Brito; Claúdia Bacalhau; Pedro Neves; Mário Ornelas; David Martins
(Centro Hospitalar de Setúbal)
Introdução
A amaurose bilateral é uma complicação rara do tratamento da malária a Plasmodium falciparum com quinino e pode
ocorrer com uma dose terapêutica única em pessoas susceptíveis. Normalmente ocorre recuperação da acuidade
visual com campo visual restrito, mas em poucos casos a amaurose pode ser permanente, com atrofia óptica.
Caso Clínico 1
Homem de 35 anos, saudável até à data. Diagnosticado com malária a Plasmodium falciparum, inicia terapêutica
com Cloridrato de Quinino e Doxiciclina e.v. que se manteve por 9 dias. Ao quarto dia teve um episódio de SDRA e
PCR, foi intubado e permaneceu em coma induzido durante 5 dias. Após suspensão do coma queixa-se de
diminuição grave da acuidade visual. A observação revelou ausência de percepção luminosa, pupilas em midríase
fixa, reflexos fotomotores ausentes, discos ópticos pálidos e estreitamento arterial generalizado, sem edema da
retina, sem coriorretinite. TC e RM CE sem alterações. O OCT revelou atrofia retiniana. No PEV Flash não se
obtiveram potenciais corticais bilateralmente. O ERG Flash é ausente.
Caso Clínico 2
Mulher de 40 anos, diagnosticada com malária por Plasmodium falciparum em Angola aos 29 anos, altura em que
recebeu tratamento com quinino endovenoso. Durante o tratamento refere perda acentuada da acuidade visual
bilateral e súbita que persistiu por 24 horas. A paciente relata uma melhoria progressiva da acuidade visual durante
as primeiras semanas após tratamento. Onze anos depois apresenta AV OD = 5/10 OE = 6/10. No fundo ocular
apresenta discos ópticos pálidos, hialinização total dos vasos e presença de vasos colaterais na região das fibras
maculopapilares. A angiografia revela extensa isquémia retiniana e vasos colaterais entre o disco óptico e a mácula.
O OCT macular mostra espessura retiniana globalmente diminuída que poupa a região nasal entre 3 a 6 mm da
fovea em ambos os olhos. A microperimetria revelou pequenas ilhas maculares com sensibilidade, nasais à fovea em
ambos os olhos. O ERG padrão é ausente. O ERG flash é compatível com função fotópica mantida. Nos PEV, a
amplitude de P100 está diminuída em 50%.
Conclusões
O tratamento da perda visual pelo quinino depende do conhecimento do mecanismo e local de toxicidade, que há
muito tempo são objecto de discussão e controvérsia, não existindo actualmente terapêutica eficaz e comprovada
para a mesma.
Bibliografia
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