QUESTÃO AMBIENTEL E MOBILIDADE POPULACIONAL Ivanilde Wons (PIBIC/UEPG-UEPG), Selma Maria Schons (Orientadora), email: [email protected] Universidade Estadual de Ponta Grossa/Departamento de Ciências Sociais Aplicadas/Ponta Grossa, PR. Setor de Ciências Sociais Aplicadas/ Departamento de Serviço Social. Palavras-chave: Meio Ambiente, Mudanças Climáticas, Vulnerabilidade. Resumo: O objetivo deste estudo é analisar a mobilidade populacional ocasionada pelas catástrofes naturais, como as inundações, os furacões, as tempestades tropicais, as secas e principalmente as enchentes, mudanças estas ocasionadas pela destruição do meio ambiente. Estas calamidades ambientais trazem como consequência à migração. Observou-se que os mais afetados pela degradação ambiental são os menos favorecidos economicamente. Visto que não dispõem de recursos para uma adaptação ou uma mitigação dos impactos ambientais. Diante disso, pudemos concluir que há possibilidade de mitigar os desastres naturais, sendo necessária a mudança dos nossos valores, das nossas ações, dos nossos atos cotidianos que até o momento nos levaram a agir como predadores da natureza. Introdução Em nossa sociedade atual muito se fala na Questão Ambiental e tudo que ela engloba. Sabemos que o nosso planeta registra drásticas alterações ambientais e nosso clima passa por grandes transformações. A acelerada deteriorização da natureza está intensificando o efeito estufa, algumas consequências podem ser sentidas: como o aumento do nível dos oceanos, os furacões, o degelo das calotas polares, entre outras. No entanto, para nosso estudo específico decidimos tratar das enchentes, que é ao nosso ver é um dos mais terríveis desastres naturais que atinge os mais excluídos. Segundo Schons (2009, p.2) “são os que menos contribuíram e contribuem para o aquecimento global que pagarão a conta mais pesada, porque são mais vulneráveis a ele”. Complementando a idéia, para Leonard (1992 p.16) “os povos e países pobres são obrigados a fazer uma troca explícita, a de aceitar a degradação ambiental a longo prazo a fim de atender suas necessidade imediatas de alimento e habitação”. A partir desse raciocínio nota-se que para uma futura adaptação ou mitigação dos impactos ambientais são necessárias ações de cooperação global. O que se constata, atualmente, é um enorme mal causado pelo desmatamento sem controle, degradação do solo, o inadequado fornecimento de água e saneamento às cidades e, há ainda o elevado crescimento demográfico, males esses para os quais não parece haver solução a curto prazo. Ainda segundo o autor, de cada dez pessoas pobres no mundo, seis estão sendo empurradas para meio ambientes Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR. ecologicamente frágeis, florestas tropicais, áreas secas e íngremes ou para as favelas das grandes áreas urbanas. O fato é que consumimos cada vez mais os recursos naturais em torno de 30% a mais do que a natureza consegue repor, tratando-se assim de uma predação sem limite. Restringindo as futuras gerações de usufruírem os benefícios que a natureza pode proporcionar. O fim da pobreza para Sachs, “exigirá uma rede global de cooperação entre pessoas que nunca se encontraram e que não necessariamente confiam umas nas outras” (SACHS, 2005, p.265). Concordamos que a mitigação da pobreza e a preservação do meio ambiente é uma tarefa árdua, pois muitas vezes entra em colisão com o desenvolvimento econômico e político do país. Porém como é um problema global exige também cooperação global. Verificamos que há “um mundo em que alguns vivem em conforto e fartura, enquanto metade da raça humana vive com menos de US$ 2 por dia não é justo nem estável”. (SACHS, 2005, p.382). Trata-se, portanto, “de um sistema que apresenta um fosso cada vez maior entre ricos e pobres. Um sistema que afirma num consumo desmesurado de alguns, enquanto exclui sem preocupação a grande maioria...” (SHONS, 2008, p.20). Como podemos ver no Brasil temos um aumento impressionante de favelas superlotadas, brigas pela posse da terra, onde há conflitos de interesses diversos, tudo culminando em mais pobreza e agressão ao meio ambiente, expressando uma crise societária que se sustenta em um modelo desigual excluindo cada vez mais os que menos contribuíram para essa crise. Constatamos que há um desafio em reduzir a pobreza e proteger o meio ambiente. A vulnerabilidade faz com que as pessoas arrisquem suas vidas explorando áreas desprotegidas deteriorando a terra com cultivo impróprio, sem infraestrutura, sem tecnologias agrícolas adaptadas. Nas áreas urbanas a população pobre se concentra ao redor das grandes indústrias e centros comerciais, áreas essas caracterizadas como perigosas, como as encostas de morros, planícies de inundação, terrenos impróprios, entre outras. São nessas condições precárias que vivem a maioria da população e é essa população que é mais frequentemente atingida pelas enchentes, estas provocadas pelos acidentes climáticos. Então se faz urgente pensar em programas e ações coordenadas dos países ricos e pobres no combate a pobreza, visto que os programas de combate a degradação do meio ambiente jamais obterão sucesso, enquanto os mais vulneráveis tiverem como opção de vida apenas sua sobrevivência diária sem nenhum pensamento futuro ou esperança. Para salvar o meio ambiente devemos começar a rever nossos conceitos, atitudes e valores que até o momento só tem nos prejudicado. Trata-se de uma construção de novos princípios favoráveis à vida em comunhão com a natureza. Materiais e métodos Esta pesquisa foi fundamentada na metodologia científica da pesquisa bibliográfica. Buscamos também a partir de relatórios internacionais, es- Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR. pecialmente da ONU, detectar como a mudança climática impacta sobre a vida da população empobrecida, sobre suas moradias, sua saúde, sua comida, provocando assim migrações imensas, excluindo-os sempre mais. Por outro lado, também, procuramos estar atentos às demonstrações, bem como de iniciativas e possibilidades para enfrentar essas situações. O presente trabalho é parte de uma pesquisa junto ao tema “questão ambiental e a condição da pobreza” do programa PIBIC -, que objetiva a compreensão da mobilidade populacional decorrente da mudança climática, principalmente quando se trata do maior impacto sobre a população mais vulnerável. Resultados e Discussão Verificamos pelos estudos que os efeitos climáticos tendem a ficar mais frequentes e extremos. O aquecimento crescente poderá provocar entre outras consequências os incêndios florestais de difícil controle, a alterações nos regimes das chuvas, o avanço do mar sobre a terra, a escassez da água potável, perdas agrícolas, migrações de comunidades vulneráveis entre outras. Temos visto as grandes catástrofes que as enchentes podem causar e uma das consequências dessas catástrofes tem sido a migração populacional global. Mobilidade essa que Henrique Esquivel Jr. (2007) define como: “Uma migração ocorre quando uma população de seres vivos se move de um biótopo para outro, normalmente em busca de melhores condições de vida, seja em termos de alimentação, de temperatura, de trabalho (nos seres humanos), ou para fugirem de inimigos que se instalem no seu biótopo”. E ainda segundo Angelo: “o aumento do nível médio dos oceanos também coloca sob ameaça pelo menos 200 milhões de pessoas, em lugares que vão das nações-ilhas do Pacífico a Bangladesh, do delta do rio Mekong à Baixada Fluminense”. (ANGELO, 2008, p.14). Os mais vulneráveis são os mais atingidos em relação às mudanças climáticas. Daí a necessidade de ações propositivas para tentar reverter e minimizar estes impactos. Por isso a importância de modificar nossas ações cotidianas, nossos hábitos e costumes, enfim nossos valores. Sempre em busca de uma relação ambiental mais sadia e no desenvolvimento de um sistema de inclusões mais justas. Onde se desenvolvam políticas públicas que contemplem especialmente os desfavorecidos economicamente Conclusões Os países desenvolvidos são os que contribuem de uma forma intensa para o aquecimento global, por exemplo, “os EUA possuem um dos maiores índices de emissão de gás carbônico per capita. Cada habitante norte-americano corresponde a 5,5 toneladas de carbono lançadas ao ar anualmente”, conforme a fonte Carbon Dioxide Information Center. Contraditoriamente, são os que menos sofrerão as conseqüências de seus atos, pois possuem recursos para se adaptar e proteger dos impactos ambientais. É possível mitigar os efeitos da degradação ambiental, sendo necessário rever os atuais valores, atitudes e ações. Sendo também necessária uma ação imediata de todos os países para se obter uma melhor Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR. preservação ambiental. Podemos concluir que o aquecimento global que produz as mudanças climáticas expõe a humanidade, de forma desigual, a riscos até agora não imaginados. Expõe, sobretudo um mundo desigual, pois “a problemática ambiental surge nas últimas décadas do século XX como o sinal mais eloquente da crise da racionalidade econômica que conduziu o processo da modernização” (LEFF,2009,p.22). Agradecimentos A Prof. Dra. Selma Maria Schons pela paciência e perseverança. Referências ANGELO, Cláudio. O aquecimento Global. São Paulo: Publifolha, 2008. ESQUIVEL, Henrique, Jr. Mobilidade populacional. Disponível em: <http://hesquiveljr.blogspot.com/>. Acesso em 02de set. 2010. IPCC – Intergovernamental Panel on Climate Change. Disponível em: <http://www.ipcc.ch/>. Acesso em: 07 abr. 2007. LEONARD, H. Jeffrey. Meio Ambiente e Pobreza: estratégias de desenvolvimento para uma agenda comum. H. Jeffrey Leonard, organizador; tradução de Ruy Jungmann.- Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1992. ONU, PNUD. Relatório do Desenvolvimento Humano. 2007/2008.Combater as alterações climáticas: solidariedade humana num mundo dividido. Disponível : www6.cptec.inpe.br/mudanças_climáticas/pdf. Países que mais poluem nosso planeta. Carbon Dioxide Information Center. Disponível em: <http://questaoambientaldf.wordpress.com/2007/06/10/paises-que-maispoluem-nosso-planeta>. Acesso em: 20 jul. 2010 SACHS, Jeffrey. O fim da pobreza. Como acabar com a miséria mundial nos próximos vinte anos. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. SCHONS, Selma Maria. Aquecimento global impacto sobre as águas: exclusões preferenciais. , Selma Maria; ZIMMERMANN, Roque. Aquecimento global e o impacto sobre as águas. ENPPEX Anais. IV Encontro Paranaense de Pesquisa e Extensão em Ciências Sociais Aplicadas. Ponta Grossa: UEPG 16 e 17 de outubro de 2008. Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.