Jornal CQAI 1º Edição

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Publicação Trimestral do Centro de Quimioterapia Antiblástica e Imunoterapia - Ano 1 - N° 1 - 1º Trimestre 2012
Nossa história
Há 30 anos, o CQAI investiu em muito trabalho e pesquisa,
diferenciando-se pelo pioneirismo e pela equipe multidisciplinar.
Estudo de Caso
Solidariedade
Especialista do CQAI, relata os avanços
no tratamento da mama. Pág. 6
Projeto ConheSer aproximam casais na
luta contra o câncer. Pág. 8
1
Editorial
Educação Permanente
Lançar a primeira edição do Jornal CQAI Notícias é motivo de muito
orgulho para a equipe
do Centro de Quimioterapia. Este jornal representa o canal de
comunicação por meio
do qual vamos registrar
todas as nossas realizações e projetos que queremos compartilhar com
médicos, novos e ex-residentes, convênios, e,
sobretudo, nossos clientes e a comunidade.
A cada edição, o leitor irá encontrar um espaço dedicado a discussões de casos clínicos,
publicação de artigos produzidos por nossa
equipe ou comentários sobre publicações de
grande repercussão, além de outras notícias
sobre os recentes progressos no tratamento
do câncer.Também reservamos espaço para
as ações desenvolvidas por nossos colegas
das equipes de Enfermagem, Serviço Social,
Farmácia, bem como sobre suas participações
nos diversos cursos, simpósios e congressos
nacionais e internacionais.
Sempre focado em sua missão, nossas atividades são dedicadas ao acolhimento de nossos
pacientes, através do Projeto ConheSer, que
certamente terá um lugar especial a cada edição do Jornal CQAI Notícias. Nossos projetos
de ensino e pesquisa também encontram neste
espaço um importante canal de divulgação.
Desejamos que você faça uma ótima leitura e
que possa contribuir com sugestões que aprimorem ainda mais esta publicação.
Dr. Eduardo Nascimento
Diretor e oncologista clínico do CQAI
Novos profissionais
capacitados
O Centro de Quimioterapia Antiblástica e Imunoterapia
(CQAI) foi o primeiro no Brasil a criar uma residência em
oncologia clínica. Em 2011, quatro médicos residentes do
Centro finalizaram suas monografias. Eles agora fazem
parte do grupo de aproximadmamente 100 oncologistas
formados pelo CQAI desde 1973, que estão atuando em
hospitais de todo o Brasil.
Conheça os recém-formados e o tema dos seus trabalhos:
Domício Carvalho Lacerda
Monografia: “Avaliação dos resultados das pacientes com câncer de mama submetidas à quimioterapia
neoadjuvante no CQAI no período de janeiro de 2001 a
dezembro de 2005”.
Érika Pereira Brandão
“Avaliação da qualidade de vida em mulheres portadoras de câncer de mama em primeiro tratamento quimioterápico no serviço de oncologia da Santa Casa de
Misericórdia de Belo Horizonte”.
Florinda Almeida Santos
“Resultados do tratamento de leucemia linfática aguda
em adultos com o protocolo AIEOP 95 modificado no período de janeiro 2007 a março 2011 no Centro de Quimioterapia Antiblástica e Imunoterapia de Belo Horizonte”.
Maurício de Lima Pereira Bessa
“Osteossarcoma: aspectos clínicos, epidemiológicos e experiência na sua abordagem, no período de 2000 a 2009”.
Equipe médica CQAI
Dr. Alexandre José Silva Fenelon
CRM 23619
Dr. Eduardo Nascimento
CRMMG 6440
Dra. Maria Nunes Álvares CRMMG 8113
Dra. Ana Alice Vieira Barbosa CRMMG 28071
Dr. Eugênio Baumgratz Lopes
CRMMG 8287
Dra. Nedda Maria Vasconcelos Novaes CRMMG 15010
Dr. Álvaro Pimenta Dutra
CRMMG 39763
Dr. Flávio Silva Brandão
CRMMG 39647
Dr. Sebastião Cabral Filho CRMMG 6439
Dr. Eduardo Carvalho Brandão
CRMMG 8321
Dr. Joaquim Caetano de Aguirre Neto CRMMG 37041
Dr. Wagner Brant
CRMMG 6699
Expediente
Diretor Administrativo: Dr. Eduardo Nascimento | Assessoria de Comunicação: Mirian Pinheiro | Jornalista resp.: Nadjanaira Costa
5052 JPMG | Redação: Alexandre Farid, Camila Leopoldino, Isabella Antunes, Marina Dias | Projeto Gráfico e Diagramação: Fernanda Braga | Fotos: Banco de imagens, Marco Aurélio Lara e Nadjanaira Costa | Rua Dr. Antônio Mourão Guimarães, 30, Cachoeirinha
Belo Horizonte, MG | Tel: (31) 3519.2200 | www.cqai.com.br | [email protected]
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acolhendo
Dicas que
cabem no bolso
O
s pacientes do CQAI e seus familiares estão
muito mais tranquilos para manter os cuidados
de seu tratamento em casa. Desde novembro,
eles têm à sua disposição quatro cartilhas com orientações para os portadores de traqueostomia, gastrostomia, sonda vesical e bolsa de colostomia. A distribuição
é feita no bloco cirúrgico do Hospital São Lucas — Pediatria e Setor de Internação Oncológica da Santa Casa
de Misericórdia de Belo Horizonte.
A enfermeira Luciana Mendes Bruzi, do Centro de Quimioterapia, é uma das responsáveis pela elaboração da
cartilha, com ajuda das colegas Célia Regina, Nelisa Tófan e Elizandra Vieira. Segundo ela, a ideia surgiu para
dar apoio aos inúmeros pacientes com dificuldades para
assimilar todos os procedimentos ensinados no ambulatório. “Temos tido retorno positivo tanto da parte dos pacientes quanto dos profissionais. Foi um ganho a mais
para eles, que se queixavam por não ter uma referência”,
destaca Luciana. “Muitos pacientes voltavam com as
mesmas dúvidas a cada sessão de quimioterapia. De-
Cartilha da enfermagem: orientações simples e didáticas.
pois que distribuímos a cartilha, as dúvidas diminuíram
muito”, observa Daniele Cabral, também da equipe de
enfermagem do CQAI.
Daniele cita o exemplo de uma adolescente que resistia a
usar a sonda nasoentérica por questões estéticas e pelo
incômodo do procedimento. Com a cartilha em mãos e
as orientações da enfermeira Rita, o tratamento alcançou
seus objetivos. “A paciente aceitou usar a sonda até a
sua recuperação, desaparecendo as complicações relacionadas ao mau uso do aparelho”, afirma.
Procedimentos esclarecidos
Cartilhas orientam sobre:
Troca de cateter; limpeza de bolsas coletoras;
fixação de sondas; dietas; vida útil dos equipamentos; incômodos, irritações e efeitos colaterais durante o tratamento.
investimento
Reforma traz mais comodidade
A
s reformas realizadas pelo Centro de Quimioterapia, iniciadas no ano passado, vem contemplando a revitalização de corredores, móveis e trazem
Reformas realizadas na ALA A trazem mais conforto.
novidades, com o intuito de levar mais comodidade para
todos que utilizam a Ala A, no 8º andar da Santa Casa.
Com a reforma, a diretoria do CQAI visa proporcionar
mais conforto para os acompanhantes. Para isso, foram
adquiridos sofá e televisão e montada uma biblioteca na
sala de lazer. Os acompanhantes contam, ainda, com
escaninhos, um novo refeitório e exemplares de revistas.
“Além do benefício para eles, que não podem comer ao
lado dos pacientes, o refeitório representou também mais
segurança para quem está internado, pois evita possíveis
contaminações”, explica a oncologista clínica do CQAI,
Nedda Maria Vasconcelos Novaes.
A reforma incluiu também a restauração de uma sala,
que é utilizada para reuniões com acompanhantes dos
pacientes, psicólogos e médicos, além de melhorias no
quarto dos residentes e na sala da enfermagem.
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destaque
Uma história de avanços
Pioneirismo em uma época de muito trabalho, pouco dinheiro e grande expectativa da equipe do
CQAI que apostou alto no tratamento do câncer em Minas Gerais.
A
história do Centro de Quimioterapia Antiblástica e
Imunoterapia (CQAI) começa em 1965, ano em que Sebastião
Cabral Filho muda-se de Uberlândia para Belo Horizonte, para cursar
medicina na Universidade Federal
de Minas Gerais (UFMG). Ainda estudante, teve seu primeiro contato
com o tratamento do câncer no antigo Hospital Borges da Costa, onde
trabalhava. Foi lá que Cabral Filho
decidiu-se pela oncologia. Mudou-se para São Paulo em 1970, onde
fez residência no Hospital A.C.
Camargo. “Foi um susto. São Paulo estava muito mais adiantado no
tratamento do câncer que Belo Horizonte, onde ainda nem se sabia o
que era quimioterapia”, recorda.
De volta à capital mineira, em 1973,
foi convidado a integrar a equipe de
João Augusto Moreira Teixeira na
Santa Casa de Misericórdia de Belo
Horizonte e no Hospital Santa Mônica,
hoje, Hospital Belo Horizonte. Um ano
mais tarde, a equipe ganha o reforço do médico Eduardo Nascimento,
recém-chegado da primeira residência em oncologia pediátrica do Brasil,
realizada também no A.C. Camargo.
“Naquela época, ainda não existia
uma estrutura de clínica oncológica
em Minas Gerais, muito menos de
clínica privada. O Instituto do Rádio
e o Hospital Mário Penna eram depósitos de pacientes terminais de
câncer. Íamos até lá realizar filantropia e receitar morfina”, recorda
Eduardo Nascimento.
Primeiros anos
Em 1974, chefiados por João Augusto, fundaram o CQAI. Inicialmente, o Centro funcionava apenas
no Serviço de Oncologia Clínica da
Santa Casa, mais tarde foi ampliado
com a instalação da quimioterapia
no antigo Hospital Santa Mônica.
“Éramos apenas três médicos para
cuidar de 170 internos, que ocupavam dois andares de cada hospital,
muitos deles vindo de outros estados, como Bahia e Espírito Santo”,
conta Cabral Filho.
De acordo com o oncologista clínico,
foi um tempo de muito trabalho e pouco dinheiro. Segundo eles, nem os
próprios médicos acreditavam que o
câncer tinha tratamento. Para mudar
essa cultura, publicaram trabalhos
científicos, ministraram aulas e realizaram palestras em congressos.
Ciente da importância do fator
emocional no tratamento, o CQAI
se vale da vasta experiência de
Eduardo Nascimento, que possui
também mestrado em Psicologia
Social e é o fundador da Sociedade Mineira de Psico-oncologia. Dispõe também de dois psicólogos e
uma estagiária para dar suporte
emocional constante a pacientes,
familiares e profissionais nas duas
unidades. “Não se trata de marcar
uma consulta com o psicólogo. Os
profissionais estão disponíveis a
todo instante, circulando pelos leitos e dependências dos hospitais”,
frisa Cabral Filho.
Funcionando em dois andares da
Santa Casa com mais outros dois
O CQAI possui convênio com diversos planos de saúde, incluindo
1982
Sebastião Cabral,
um dos visionários
do CQAI,em
seu consultório.
4
no Hospital Belo Horizonte, equipados com setor de internação,
radioterapia, quimioterapia e outras
especialidades, o CQAI conta atualmente com 110 funcionários, entre
médicos, farmacêuticos, enfermeiros, psicólogos, assistente social
e pessoal administrativo. A equipe
é formada por 12 médicos oncologistas clínicos, que atendem a uma
média de 3,5 mil pacientes por mês.
Desde a sua fundação, o Centro já
tratou de cerca de 100 mil pacientes, entre adultos e crianças.
1995
Cresce a procura
pelo tratamento
dos oncologistas
na Santa Casa.
Exemplo de perseverança e dedicação
O professor Sebastião Cabral Filho é chefe do serviço de oncologia clínica da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte, da clínica oncológica do
Hospital Belo Horizonte, além de ser diretor presidente do CQAI. O médico foi também coordenador
estadual de oncologia da Secretaria Estadual de
Saúde de Minas Gerais em duas gestões e atua
como professor do Curso de Especialização em
Oncologia Clínica da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais.
Sua trajetória ainda inclui a participação em algumas das mais importantes sociedades médicas nacionais e internacionais: foi presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica por duas vezes
(1983-1985 e 1993-1995), além de ter sido presidente do Centro de Estudos e Pesquisas Oncolóo SUS e oferece aos pacientes três
profissionais de Serviço Social, que
orientam sobre como obter acesso
a remédios, moradia, transporte e
outras necessidades do tratamento,
principalmente para quem vem do
interior e para aqueles que não dispõem de recursos financeiros suficientes para cobrir as despesas.
Residência médica e pesquisa
Alguns anos depois, o CQAI cria na
Santa Casa a primeira residência
em oncologia fora do eixo Rio-São
Paulo. Com aproximadamente 100
médicos diplomados atuando em
todo o Brasil, o CQAI contribui para
diminuir a falta de médicos da área
e para que Minas Gerais mantenha
a posição de maior centro de formação de oncologistas do Brasil, responsável por cerca de dois terços
dos profissionais brasileiros.
gicas de Minas Gerais (CEOMG). É membro titular
da Sociedade Brasileira de Cancerologia, membro
efetivo da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), da Sociedade Europeia de Oncologia
Clínica (ESMO) e do CEOMG.
Por ser um dos mais destacados profissionais da
oncologia clínica brasileira e médico que dedica
boa parte de sua vida à pesquisa e à prática clínica em oncologia, foi criado, em sua homenagem,
o Prêmio Professor Sebastião Cabral Filho, uma
iniciativa que visa incentivar a produção científica
em oncologia clínica entre os jovens oncologistas
do Brasil. O prêmio tem o apoio da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), da Sociedade
Brasileira de Cancerologia (SBC) e do Laboratório
Sandoz do Brasil.
Ainda na área acadêmica, o CQAI é
um dos principais parceiros do Centro de Estudos e Pesquisas Oncológicas de Minas Gerais (Ceomg),
entidade que, desde 1973, é voltada para o estudo e a pesquisa no
tratamento do câncer. A parceria
torna possível a realização de cursos, seminários, congressos, entre
outras atividades, visando promover a atualização dos profissionais
da área, a educação continuada e
a democratização de experiências.
Ampliação da estrutura
de atendimento
O Ceomg concede bolsas de estudos a residentes, estagiários e
acadêmicos, mantém uma biblioteca com acervo sempre atualizado,
além de promover outras contribuições, inclusive com o desenvolvimento de um sistema de processamento de dados que facilita nas
pesquisas sobre tratamento do
câncer no estado.
A unidade deverá ficar pronta em
2015 e será construída com recursos próprios. Os investimentos na
edificação serão de R$ 30 milhões.
Contando com equipamentos, deve
chegar a R$ 130 milhões. A unidade terá tecnologia avançada e
oferecerá 30 leitos diários para internação, com capacidade de 300
atendimentos por dia.
2000
Equipe reestrutura serviço e amplia
atendimento
no estado.
Alguns anos depois, o CQAI passa
por um importante momento, ao adquirir imóveis no entorno do Hospital
Belo Horizonte, para onde transferiu suas atividades administrativas.
O centro projeta a construção de
uma Unidade Hospital com 30 mil
m², dedicada exclusivamente à oncologia clínica de ponta. O projeto
arquitetônico já foi elaborado e agora irá passar para a fase estrutural.
2012
Serviço conta com
equipe multidisciplinar e tecnologia
de ponta.
5
estudo de caso
Tratamento para
câncer de mama
Processos emocionais de pacientes podem comprometer ciclo de quimioterapia e adiar uma
melhora que já é percebida por toda equipe envolvida no tratamento. O relato abaixo é um
dos exemplos.
A
paciente MCF, sexo feminino, 52 anos, admitida no
nosso serviço em 11 de
março de 2011 com diagnóstico de
câncer de mama direita, com tumoração de 5cm x 5cm, com comprometimento cutâneo no local,
sem linfonodos axilares palpáveis.
Tomografia Computadorizada (TC)
de abdomem revelou linfonodomegalia peripancreática e nódulo em
supra renal esquerda, lesões consideradas metastáticas. O raio-X
de tórax e cintilografia óssea não
mostravam lesões metastáticas. A
paciente foi estadiada como T4bN0M1, IV. Apresentava receptores
hormonais e HER 2 negativos.
Foi iniciada quimioterapia paliativa com 5-fluorouracil, adriamicina
e ciclofosfamida (FAC), no dia 10
de maio de 2011. Em 3 de outubro
do mesmo ano, após seis ciclos de
6
quimioterapia com boa tolerância,
TC de abdome revelou desaparecimento dos linfonodos peripancreáticos e do nódulo em suprarrenal esquerda. O tumor na mama
direita não era mais palpável, havia
apenas um espessamento no local, o que configurava uma resposta parcial.
A paciente completou oito ciclos de
FAC e a adriamicina foi modificada
para metotrexate, devido ao risco
de cardiotoxicidade. Foram realizados mais cinco ciclos do CMF,
o último em 8 de fevereiro de 2012,
quando apresentou mucosite. A pa-
ciente não apresenta mais qualquer
sinal da doença, tanto em mama
quanto em abdome, nem qualquer
sintoma relacionado à doença.
Foi proposta a continuidade do
tratamento até completar um
ano, visto o grande benefício e
a ausência de possibilidade de
hormonioterapia, mas a paciente
encontra-se deprimida e deseja
interromper o tratamento. Foi iniciado antidepressivo e adiado o
reinício da quimioterapia.
Caso enviado por Dr. Flávio
Silva Brandão – Oncologista –
CRM RJ819476.
Em todas as edições do CQAI Notícias, este espaço será destinado à publicação
de estudos de casos ocorridos no Centro de Quimioterapia. A intenção é que a
editoria seja dedicada ao compartilhamento de informações e conhecimento. Envie o seu comentário sobre o caso publicado ou uma experiência que possa ser
compartilhada para o e-mail [email protected]
artigo
Câncer da mulher:
panorama atual
O mês de março, quando se comemora o dia internacional da
mulher, é um bom momento para
uma avaliação e reflexão sobre
o estado atual do diagnóstico e
tratamento dos tipos de cânceres
que afetam as mulheres.
Dr. Wagner Brant
Moreira
Oncologista clínico
do Centro de Quimioterapia (CQAI) e
presidente do Ceomg
(Centro de Estudo e
Pesquisas Oncológicas de Minas Gerais).
Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), estima-se que ocorrerão cerca de 190
mil novos casos de câncer (exceto câncer de pele não-melanoma), o que equivale a 188 novos
casos por 100 mil mulheres por
ano. A grande maioria dessas pacientes será acometida por câncer de mama (27,9%), secundado
por colo de útero (9,3%), e cólon
e reto (8,4%); essas três localizações correspondem a quase metade dos casos.
A grande importância desses números é a informação de que cerca de 37% dos casos de câncer
feminino são passíveis de diagnóstico precoce, com medidas
simples de saúde pública, o que
aumentaria acentuadamente sua
taxa de cura.
No entanto, relatório recentemente
publicado pelo Tribunal de Contas
da União (TCU), com o título de
Relatório de Auditoria Operacional
sobre Política de Atenção Oncológica, revelou que, em 2010, cerca
de 60% dos pacientes com diagnóstico de câncer, foram diagnosticados com a doença em estágios
avançados (estágios 3 e 4), conforme descrito no gráfico 1.
Estudo realizado no Serviço de
Oncologia Clínica da Santa Casa
de Belo Horizonte, em 2011, que
34,1%
Gráfico 1
Estadiamento
no momento do
diagnósticoBrasil, 2010
6,2%
0
26,4%
23,2%
10,1%
1
2
3
4
serviu de base à monografia de
mestrado da profissional de Estatística do CQAI, Aleida Nazareth
Soares, revelou que a incidência
de diagnóstico de casos iniciais
de câncer de mama (estágios
1 e 2) aumentou no período entre1980 e 2000, mas houve ligeiro
declínio em 2010, com o correspondente aumento do diagnóstico em estágios mais avançados.
Estes dados, associados ao fato
de que os gastos do governo federal com os tratamentos oncológicos passaram de 0,81 bilhões de
reais em 2002 para 1,92 bilhões
em 2010, definem, a meu ver, um
quadro muito preocupante.
O referido relatório faz várias recomendações para a melhoria
dos serviços prestados pelo SUS
à população, mas entendo que a
sociedade deve ter participação
ativa no planejamento e no controle do uso dos recursos destinados à oncologia.
Somente com a organização e
integração das várias entidades
de profissionais, de pacientes
e do governo, será possível o
uso racional destes recursos e,
assim, atender às reais necessidades da população e facilitar
a fiscalização de possíveis desvios de conduta.
7
solidariedade
Apoio e troca de
experiências entre
pacientes com câncer
C
om o objetivo de dar apoio e orientação médica
e psicológica às mulheres portadoras de câncer
de mama, o Centro de Quimioterapia Antiblástica
e Imunoterapia (CQAI) realiza o Projeto ConheSer, uma
parceria com o Laboratório Roche, com a colaboração
da Santa Casa de Belo Horizonte, do Centro de Estudos
e Pesquisas Oncológicas de Minas Gerais (Ceomg) e
do Hospital Belo Horizonte.
Cerca de 600 pessoas já passaram pelo projeto que
existe há 12 anos e promove reuniões trimestrais com
palestras e depoimentos de pacientes que já vivencia-
Lourival e Aparecida Costa: casal unido contra o câncer.
8
ram a batalha contra o câncer de mama ou que ainda
passam pelo problema.
“A ideia é proporcionar a troca de experiências entre as
mulheres em tratamento, seus familiares e profissionais
da área da saúde e levar informações com palestras
dos especialistas da área”, conta a coordenadora do
serviço social do projeto, Lílian Ferraz.
Apoio fundamental
Um exemplo de que a união da família e a troca de informações fazem a diferença no tratamento é o da aposentada Maria Aparecida da Costa, de 57 anos, que
descobriu o câncer de mama em 2009. Hoje, totalmente
curada, ela ainda faz questão de participar das reuniões
e mostra que o enfrentamento da doença é menos sofrido quando se pode contar com o apoio de familiares.
“Tento mostrar para outras pessoas que não estamos sozinhos e que a vida não termina no diagnóstico”, relata.
Desde o início do tratamento Maria Aparecida tem a
companhia do marido, o também aposentado, Lourival Ferreira da Costa. Ela diz que a presença dele dá
a certeza de não estar sozinha nessa luta e que ele
foi o maior incentivador no tratamento. “Meu marido e
minhas filhas nunca me deixaram fraquejar e até hoje
todos cuidam de mim”, afirma. Ela completa que com
informação e com a participação da família é possível descobrir sua própria força e encarar o problema.
Para conhecer melhor o Projeto ConheSer entre em
contato pelo telefone (31) 3519-2222.
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