A IMPORTÂNCIA DO TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO NA SÍNDROME DO RESPIRADOR BUCAL Douglas Stuani Lopes (DISCENTE\UNICENTRO), Mariana Ramos da Silva Guidugli (DISCENTE\UNICENTRO) Phãmella Mitie Ono (DISCENTE/UNICENTRO), Nelson Francisco Serrão Junior (DEFISIO\UNICENTRO), Mayra Ribas da Silva (OrientadorDEFISIO\UNICENTRO), e-mail: [email protected] Palavras-chave: respiração bucal, fisioterapia, postura. Resumo A Síndrome do Respirador Bucal (SRB) é uma condição muito freqüente na infância, que acarreta alterações fisiológicas em vários órgãos e sistemas. O tratamento e prevenção dessa síndrome é realizado por meio de uma equipe multidisciplinar. A Fisioterapia intervém nas alterações posturais e respiratórias, melhorando o bem estar físico e mental do indivíduo. O objetivo desse trabalho foi realizar uma revisão bibliográfica visando à importância do tratamento fisioterapêutico na SRB. Introdução A SRB é uma substituição no padrão correto de respiração para um padrão inadequado, ou seja, bucal ou misto (buconasal). Essa alteração acarreta mudanças no sistema respiratório e alterações miofaciais que modificam o eixo corporal e sua dinâmica. A etiologia é decorrente de fatores de natureza obstrutiva ou não obstrutiva. Dependendo da duração da respiração bucal, ela proporciona alterações patológicas, respiratórias, posturais, oclusais e de comportamento. No sistema respiratório altera a função pulmonar, o déficit na performance respiratória e em casos graves pode ocorrer a Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono. As alterações posturais são a anteriorização da cabeça, protusão de ombros, escápulas aladas, protusão abdominal, hipercifose torácica, hiperlordose lombar, hiperextensão de joelhos e pés planos. A Fisioterapia atua nas alterações posturais com Cinesioterapia, Isostretching, Reeducação Postural Global e Posturologia, e nas alterações respiratórias com Cinesioterapia Respiratória e Reeducação Funcional Respiratória. Materiais e Métodos Para o desenvolvimento do presente trabalho foi realizado uma pesquisa bibliográfica com o intuito de reunir e aprofundar os conhecimentos necessários à compreensão das práticas da fisioterapia na SRB. Foram utilizados como critérios de inclusão os periódicos encontrados na base de dados da Scielo e Bireme empregando como termos de pesquisa as palavras chave: respiração bucal, fisioterapia e postura. Como critérios de exclusão foram descartadas as referências em que o tratamento fisioterapêutico (respiratório e postural) foi utilizado em indivíduos que não fossem portadores da respiração bucal. Discussão Costa (1997) cita a fisioterapia respiratória como alternativa para o tratamento do respirador bucal, a partir de um treinamento em forma de reeducação da respiração, envolvendo exercícios globais, orientações e exercícios específicos da respiração, que levam à redução na resistência nasal à passagem do ar inspirado. Costa (2004) relata que a Reeducação Funcional Respiratória controla o ritmo, a freqüência e a profundidade da respiração, proporcionando uma melhor aprendizagem do tempo respiratório, ensinando o paciente a utilizar corretamente a musculatura inspiratória e a entender os diferentes tipos de padrão respiratório. Carvalho (2001) propôs que a cinesioterapia respiratória especializada age como elemento terapêutico, preventivo e corretivo, sobretudo em crianças e adolescentes de forma metódica e bem dosada, alcançando um significativo valor profilático, além de impedir deformações torácicas. Yi et al. (2004) cita que a estimulação da consciência tóraco-abdominal é indispensável no tratamento do respirador bucal. Assim, Pryor e Webber (2002) sugerem que essa estimulação seja realizada pelo controle da respiração, a partir de uma respiração ao nível do volume corrente normal usando o tórax inferior, com relaxamento da porção superior e ombros. Segundo Costa (2004), o fortalecimento da musculatura respiratória pode ser realizado por meio da respiração contra-resistida, contra um peso, contra mão do fisioterapeuta e por meio de padrões respiratórios. Pryor e Webber (2002) citam que para esse fortalecimento pode ser utilizado instrumentos como o Threshold de carga pressórica alinear. Costa (2004) complementa que também podem ser usados alguns incentivadores respiratórios como o Triflo e o Inflex. Ainda, Yi et al. (2004) argumenta que o fortalecimento de alguns músculos escapulares (rombóides e trapézio) poderia trazer mais estabilidade e equilíbrio postural para a região do tórax. Azeredo (1999) expõe que o alongamento dos músculos inspiratórios facilita a dinâmica do diafragma e deve ser feito de preferência durante a expiração, evitando as compensações que distorçam o tórax e como conseqüência prejudiquem a ventilação. Para Yi et al. (2004) o auto-alongamento promove o aumento da expansão torácica e desempenha uma função na ação postural e corretiva dos músculos eretores da coluna vertebral, que exercem um papel acessório importante na mecânica respiratória. Costa (1997) relata que o relaxamento deve ocorrer no fim da sessão com o objetivo de liberar a musculatura tensa e fornecer, principalmente, conscientização do padrão respiratório ensinado, sobretudo, o padrão diafragmático. Já para Yi et al. (2004) o relaxamento pode reconduzir a um ato respiratório coordenado, econômico e eficaz. A Cinesioterapia Clássica, de acordo com Marins (2001), possui inúmeras técnicas de aplicação, sendo que todas visam à reorganização da harmonia muscular por meio do relaxamento, alongamento e fortalecimento. Em um estudo feito por Zanin (2005), com 21 crianças respiradoras bucais, analisou o alinhamento corporal das mesmas e sugeriu um tratamento através da cinesioterapia convencional. Após o tratamento foi observada uma melhora no alinhamento corporal como um todo, além de um melhor controle respiratório. Outro método que pode ser usado para correção postural do respirador bucal é o Isostretching. Para Redondo (2001) é baseado em uma cinesioterapia de equilíbrio que visa o fortalecimento da musculatura profunda, flexibilidade e mobilidade articular, controle respiratório e consciência corporal, solicitando um trabalho de todo o corpo a cada postura. Os exercícios são efetuados através de posturas eretas e mantidas durante uma expiração longa, ao mesmo tempo em que se solicita o autocrescimento do tronco e contração isométrica de alguns grupos musculares. Marins (2001) relata que a Reeducação Postural Global (RPG) pode ser utilizado na terapêutica do respirador bucal. Segundo Beresford e Habibib (2003), a RPG requer uma participação ativa do paciente, trabalhando o seu corpo por meio de estiramentos dos músculos estáticos e fortalecimento dos dinâmicos, seguindo a cadeia muscular que está causando a dor e outros distúrbios. Neste método a respiração mobiliza todos os músculos do tórax e quando ela é desbloqueada, os músculos relaxam, permitindo a melhora da postura. Por fim, outro método que pode ser utilizado para o tratamento do respirador bucal é a Posturologia ou Reprogramação Postural. De acordo com Bricot (1999) estuda o sistema tônico-postural, permitindo compreender e circunscrever as diferentes patologias. Trata-se de uma abordagem por meio de manobras que irão reprogramar este sistema a partir dos seus captores alternados. Considerações Finais Diante de todas as alterações presentes no respirador bucal, pode-se caracterizar a SRB como uma patologia complexa que merece atenção de uma equipe multidisciplinar, ressaltando a importância da fisioterapia. Uma vez que o fisioterapeuta está ciente das alterações que o paciente apresenta, deve julgar o que é prioridade no tratamento seja respiratório, postural ou ambos, e partindo deste princípio decidir qual será a forma terapêutica mais adequada para tratá-lo. Dessa maneira, para uma melhor comprovação da fisioterapia na SRB são necessários mais estudos a fim de comprovar os benefícios efetivos da reabilitação nestes indivíduos. Referências AZEREDO, C. A. C. Fisioterapia Respiratória Moderna. 3 ed. São Paulo: Manole,1999. BERESFORD, H.; HABIB, A.L.C.M.C. Para uma interpretação da Reeducação Postural Global – R.P.G. no contexto da ciência da motricidade humana. Revista Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v.16, n.1, p.17-24, jan./mar. 2003. BRICOT, B. Posturologia. São Paulo: Ícone, 1999. CARVALHO, M. Fisioterapia respiratória fundamentos e contribuições. 5. ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2001. COSTA, D. Fisioterapia respiratória na correção da respiração bucal. Revista Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v.10, n.1, p.111-120, abr./set. 1997. COSTA, D. Fisioterapia respiratória básica. São Paulo: Atheneu; 2004. p.71-85. LUSVARGUI, L. Identificando o respirador bucal. Revista da APCD, v.53, n.4, p.265-274, jul./set. 1999. MARINS, R. S. Síndrome do respirador bucal e modificação posturais em crianças e adolescentes: A importância da fisioterápica na equipe interdisciplinar. Revista Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v.14, n.1, p. 45-52, jul./set. 2001. PRYOR, J. A.; WEBBER, B. A. Fisioterapia para problemas respiratórios e cardíacos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2002. REDONDO, B. Isostretching: A ginástica da coluna. Rio de Janeiro: Skin Direct Store; 2001. YI L. C. et al. Abordagem da reabilitação fisioterapêutica no tratamento do respirador bucal. Revista Reabilitar, v.22, n.6, p.43-48, 2004. ZANIN, V. M. Intervenção fisioterapêutica em crianças respiradoras bucais. [monografia] Guarapuava (PR): Universidade Estadual do Centro-Oeste; 2005.