O gerenciamento tem o papel principal na prevenção de acidentes relacionados com guindastes A indústria da construção continua sofrendo com um número elevado de acidentes com guindastes, os quais quase sempre incidem em altos custos relacionados às vidas s e danos a propriedade. Infelizmente, estes acidentes são o reflexo de más decisões tomadas por gerentes ou operadores de guindastes. Digo isso com base nos 22 anos de experiência que completo este ano trabalhando em movimentação de cargas, incluindo aí, manutenção, operação, engenharia, estudos de rigging e segurança. O que pode ser feito para eliminar as más decisões que levam a estes trágicos, caros e evitáveis acidentes? Muitos simplesmente culpam o operador depois que um acidente acontece, mas ele é apenas a ponta do iceberg, as grandes causas, estão imersas nas profundezas, assim como um iceberg. Podemos listar as responsabilidades nas operações com guindastes em três áreas: o operador do guindaste, o cliente e a diretoria operacional/ gerenciamento do proprietário do guindaste. Vamos começar de trás pra frente; A diretoria ou gerência operacional do proprietário do equipamento. É sua responsabilidade assegurar-se que seus empregados (no caso os operadores, riggers e demais envolvidos na operação) estejam em uma condição física e mental perfeitas, bem como atualizados nas novas tecnologias encontradas nos guindastes modernos. É sua responsabilidade também entre outras: fornecer acessórios em perfeito estado, devem ser certificados. Isto é obtido, quando a empresa locadora do guindaste possui um sistema de gerenciamento da qualidade implantado, porque no decorrer da tarefa, não adianta ter parte de algo, necessitamos ter um todo. Uma empresa que tenha realmente implantado um sistema de gerenciamento da qualidade, vai assegurar tudo isso e mais. Por exemplo, se o operador está treinado, o material certificado, mas a máquina ou parte dela chega atrasada na obra. Pronto! O operador já estará submetido a um stress, será de repente obrigado a virar a noite trabalhando, para que no dia seguinte a máquina esteja montada de acordo com o cronograma assumido pela empresa. Vamos supor ainda que tudo desse certo, a máquina e seus componentes chegaram a tempo, inicia-se a jornada, porém o operador não teve seu salário depositado por um esquecimento de alguém do departamento operacional, que por “n” razões perante o operador (claro colocará a culpa no departamento financeiro). Pronto! Outro ponto de stress. Por isso que eu digo que tudo deve funcionar, porque está tudo encadeado, daí a necessidade de um sistema de gerenciamento da qualidade, que irá integrar todos os departamentos da empresa (Operacional, Comercial, Financeiro, RH, Treinamento e a Diretoria é claro) a falha de um, compromete o todo. O problema é que ter um sistema que funcione, custa caro, mas custa muito caro, além de que não se conseguem bons profissionais comprometidos e capazes do dia pra noite. O outro seria o cliente, o qual por de repente também não possuir um departamento de gerenciamento da qualidade compra qualquer coisa, tendo muitas vezes como único sentido, o preço. Como não trabalha com qualidade, não tem gente treinada nem preparada na obra para solicitar os serviços e cobrar ações corretas e seguras dos operadores. Pelo contrario, usam o “jargão”: eu sou o cliente, eu estou pagando, faça o que eu mando! Se juntarmos os dois casos em que teremos o operador despreparado e este local de trabalho, estamos propensos a um acidente. Porque a falta de conhecimento ou temor pelo seu emprego, fará com que o operador execute tal operação. Eu mesmo já me deparei inúmeras vezes com a pergunta: mas precisa mesmo preparar o terreno? Mas realmente necessitamos desligar esta rede elétrica? Ora ninguém é louco e ninguém rasga dinheiro, se na época da contratação em que a empresa está concorrendo com outras do mercado e por razões óbvias tem interesse em ofertar um orçamento mais competitivo e já tinha demonstrado que seria necessária a preparação, porque não foi feito? Por exemplo pela compactação do solo e a verificação de sua interferência? O cliente “é o dono da casa”, cabe a ele zelar por ela, mantendo, cobrando e exigindo qualidade e segurança na obra, se é omisso, torna-se complacente ou cúmplice da tragédia. Por último o operador, que como já disse anteriormente, muitas vezes o menos culpado: por despreparo, ignorância técnica, medo de perder o emprego, pressão ou até mesmo arrogância são motivos pelos quais acidentes são causados por eles. Afinal ele é a ponta do iceberg, o comando está na sua mão. O fato é que há acidentes demais na construção em geral, muitos deles poderiam ser evitados se más decisões fossem evitadas. Pessoas e empresas responsáveis pelo uso de guindastes tem que ter conhecimento do equipamento e isto pode ser pela contratação de uma consultoria especializada ou por treinamento. Atenciosamente, Jose Silva Monsalve. Certificador Internacional Especialista em Prevenção de Riscos.