Artigo REVISADO – Dr. Glauco - Blog da Pró

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AMAMENTAÇÃO, ATO NATURAL E SUSTENTÁVEL
Hospital Materno Infantil Público Tia Dedé
Glauco Miranda*
A iniciativa Hospital Amigo da Criança é uma política que procura incentivar um dos
instintos mais primitivos do ser humano: a amamentação. A mulher é o único mamífero que coloca
e encontra dificuldade para amamentar; os demais animais deste grupo agem naturalmente,
amamentando seus filhotes até que eles possam conseguir seu próprio sustento. Cabe a nós
profissionais de saúde diminuir as barreiras e incentivar este ato natural, que oferece inúmeras
vantagens à sociedade, ao hospital, à mãe e, principalmente, à criança.
Para a sociedade, o ato de amamentar enquadra na palavra mais atual dos pensadores no
futuro: sustentabilidade. É sustentável, pois diminui o gasto de água para preparar os alimentos;
não gasta combustível para esquentar o leite; não produz poluição; diminui a fabricação de
produtos plásticos, como chuquinhas e mamadeiras.
A política criada pela OMS/UNICEF para o incentivo do aleitamento materno aumenta os
recursos oferecidos à instituição credenciada.1 Mas não é só esse os benefícios que o hospital
que adota esta política consegue ter. Naturalmente, o próprio aumento da amamentação exclusiva
nas primeiras horas de vida vai diminuir os gastos do hospital com fórmulas de complementação;
diminui os gastos com medicação materna, já que a o ato de amamentar estimula na mãe a
liberação de ocitocina, importante hormônio responsável pela ejeção de leite e contração uterina,
ajudando a involução do ventre materno;2 diminui o tempo de internação materna e do recémnascido.3 Portanto, para a instituição é um ótimo negócio: aumenta os lucros e diminui os gastos,
já que amamentar não exige recurso financeiro.
Para a mãe é muito salutar, pois amamentar faz com que ela recupere seu corpo prégestacional mais rapidamente;1 diminui e trata a anemia materna;2 é um método gratuito e fácil de
amamentar sua cria; é um anticoncepcional gratuito;4 estudos mostram que amamentar diminui o
risco de câncer de mama, de ovário e de endométrio, e o risco de osteoporose. 1
A criança é com certeza a mais beneficiada. Amamentar exclusivamente diminui o índice
de mortalidade infantil;5 diminui a intensidade de fenômenos alergênicos na criança; 1 diminui a
quantidade e a intensidade de diarreia e vômitos apresentados pela criança no primeiro ano de
vida;1 aumenta o elo afetivo entre mãe e filho; diminui a quantidade e a intensidade de
pneumonias e problemas respiratórios no primeiro ano de vida. 1
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o leite materno é o único alimento
necessário até o sexto mês de vida, não devendo ser administrados água, chás e ou outros
Pró-Saúde Escritório Regional - Telefone: 63 3236-4300
alimentos, nem mesmo em regiões muito quentes.1 No nosso país são raríssimos casos em que a
amamentação materna deve ser descontinuada, como no caso de mães soropositivas
definitivamente, ou, momentaneamente, nos casos de infecção materna recente pela varicela ou
pelo vírus da herpes zoster.1 Lembrando que em todos esses casos a criança poderá ser
alimentada por leite materno vindo de bancos de leite. A pasteurização do leite materno destrói o
vírus do HIV.4
Devido a todas as vantagens citadas acima é que a instituição Hospital Materno Infantil Tia
Dedé, de Porto Nacional – TO, abraçou a ideia de Hospital Amigo da Criança, sabendo que essa
política é uma maneira sustentável e salutar de ajudar a população portuense a melhorar sua
saúde e sua expectativa de vida.
*AUTOR:
Glauco Miranda
Graduado em Medicina pela Universidade Federal de Goiás.
Especialista em Ginecologia e Obstetrícia Pelo Hospital das Clínicas da UFG
Titulado em Ginecologia Obstetrícia Pela Febrasgo
Titulado em Ultrassonografia, Ginecologia e Obstetrícia pela Febrasgo e SBR
Diretor Técnico do Hospital e Maternidade Pública Tia Dedé
BIBLIOGRAFIA
Mariani, Neto C. Aleitamento materno: manual de orientação FEBRASGO. São Paulo: Ponto,
2006.
Zugaib, Marcelo. Zugaib Obstetrícia. Barueri , SP: Manole, 2008.
Rezende, J, Montenegro CAB. Mamas: lactação. In: Rezende J. Obstetrícia. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2005.
Almeida, SG, Dorea JG. Quality controlo f banked milk in Brasília, Brazil. J Hum Lact 2006;22(3).
Labbok, M. Breastfeeding: a woman’s reproductive rigth. Int J Gynecol Obstet 2006; 94(3).
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