Cuidados com o Pé diabético - Pesquisa Bibliográfica

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CUIDADOS AO PACIENTE COM PÉ DIABÉTICO: PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
Luana Savana Nascimento de Sousa1
Abiúde Nadabe e Silva2
Djane Leite Leal3
Rafaela Vieira Teotônio4
Laura Maria Feitosa Formiga5
INTRODUÇÃO: O pé diabético é uma das mais devastadoras complicações crônicas do
Diabetes mellitus, em função do grande número de casos que evoluem para amputação.
OBJETIVO: Caracterizar a produção científica sobre os cuidados ao paciente com pé
diabético, quanto aos aspectos estruturais. METODOLOGIA: Pesquisa bibliográfica
realizada mediante a leitura de artigos capturados na base de dados LILACS, no mês de
dezembro de 2011. Utilizou-se como critérios de inclusão, artigos publicados nos últimos 5
anos que apresentassem texto completo, em português e que não fugissem a temática.
Encontrou-se 322 artigos, e a partir dos critérios outrora mencionados resultou em 15 artigos.
Para coleta de dados, construiu-se um formulário estruturado que continha os seguintes
aspectos: ano de publicação, titulação do autor principal, tipo de estudo, tipo de abordagem,
região de estudo e revista de publicação. RESULTADOS: A maioria das publicações
ocorreram no ano de 2009 e 2010, com 33,33%. A titulação de autor principal mais evidente
foi a de Doutor, com 40%. O tipo de estudo mais encontrado foi o descritivo, com 33,33% e a
abordagem pertinente foi o estudo qualitativo, com 40%. A região de mais publicação foi o
Sul, com 46,67%. Sendo publicadas em quantidade igual na Rev. Esc. Enf., Acta Paul Enf. e
Rev. Eletr. Enf. referente a 13,33%. CONCLUSÃO: A prevenção das complicações crônicas,
através da educação em saúde e com maior produção e/ou divulgação do conhecimento, à
favorecer a utilização dos resultados das pesquisas, seja alicerçada na realidade concreta dos
indivíduos, na qual as complicações evitadas através dos cuidados realizados pela equipe de
saúde, pela família e o pelo próprio portador de Diabetes mellitus.
Palavras-chave: Assistência de enfermagem; Diabetes mellitus; Pé diabético.
_______________________________
1
Acadêmica de Enfermagem da Universidade Federal do Piauí/CSHNB. Integrante do Grupo de Pesquisa em
Saúde Coletiva/CSHNB/CNPq. E-mail: [email protected].
2
Acadêmica de Enfermagem da Universidade Federal do Piauí/CSHNB. Integrante do Grupo de Pesquisa em
Saúde Coletiva/CSHNB/CNPq. Bolsista PIBIC/CNPq.
3
Acadêmica de Enfermagem da Universidade Federal do Piauí/CSHNB. Integrante do Grupo de Pesquisa em
Saúde Coletiva/CSHNB/CNPq. Bolsista de Extensão/CNPq.
4
Acadêmica de Enfermagem da Universidade Federal do Piauí/CSHNB.
5
Enfermeira. Docente do Curso de Graduação em Enfermagem da UFPI/CSHNB/Picos - PI. Membro do Grupo
de Pesquisa em Saúde Coletiva /GPESC/CNPq. Especialista em Saúde Coletiva. Mestranda pela Universidade
Federal do Ceará/UFC.
1. INTRODUÇÃO
O diabetes mellitus (DM) é um grande problema de saúde pública, por se tratar de um
distúrbio crônico com elevadas taxas de morbi-mortalidade, que afeta grande parte da
população, tendo como causa fatores hereditários e ambientais. No Brasil, estima-se que
existam cinco milhões de pessoas com DM, sendo que quase metade (46,5%) desconhece o
diagnóstico. Calcula-se que, em 2020, possam existir 11 milhões, devido ao envelhecimento
populacional, a obesidade, ao estilo de vida, ao sedentarismo e as modificações nos padrões
dietéticos. A prevalência na população de 30 a 69 anos é de 7,6% magnitude semelhante a
países desenvolvidos(1-4).
O pé diabético é uma das mais devastadoras complicações crônicas do DM, em função
do grande número de casos que evoluem para a amputação. Este termo é utilizado para
caracterizar a lesão que ocorre nos pés dos portadores de DM, decorrente da combinação da
neuropatia sensitivo-motora e autonômica periférica crônica, da doença vascular periférica,
das alterações biomecânicas que levam a pressão plantar anormal e da infecção, que podem
estar presentes e agravar ainda mais o caso(5-6).
Um dos maiores desafios para o estabelecimento do diagnóstico precoce em pessoas
diabéticas em risco de ulceração nos membros inferiores é a inadequação do cuidado para
com os pés ou a falta de um simples exame dos mesmos. Estudos mostram que, dos pacientes
admitidos em hospitais com diagnóstico de diabetes, 10% a 19% tiveram seus pés examinados
após a remoção de meias e sapatos(7).
Por outro lado, está bem estabelecido que 85% dos problemas decorrentes do pé
diabético são passíveis de prevenção, a partir dos cuidados especializados(8).
Faz parte desse esforço preventivo conhecer as experiências prévias quanto ao
conhecimento e comportamento que os diabéticos apresentam em relação aos cuidados com
os pés. Para alcançar as metas da educação em diabetes, o paciente deve ser estimulado a
desenvolver uma postura pró-ativa em relação ao seu autocuidado. Assumir essa postura
envolve mudanças de hábitos de vida, que exigem habilidade de traduzir informação em
ação(7).
Sendo importante que os profissionais de saúde envolvam a pessoa diabética em todas
as fases do processo de educação em saúde, para que esta possa assumir a responsabilidade do
papel terapêutico. Pois somente após esta etapa, que o cliente dominará os conhecimentos e
desenvolverá habilidades que o instrumentalizem para o autocuidado. Para tanto, precisa-se
ter clareza acerca daquilo que necessita, valoriza e deseja obter em sua vida.
O nível primário de atenção à saúde deve ser responsável pela assistência de cuidados
ao portador de diabetes. A atenção básica, consiste de um sistema hierarquizado da saúde, que
prioriza ações relativamente simples, mas de grande impacto na redução de agravos.
Destacando assim, a Estratégia de Saúde da Família (ESF), que visa a reorganização da
atenção básica à saúde e que deve estar centrada na promoção da qualidade de vida.
As ações propostas pelo PSF vão desde a territorialização, atendimento ambulatorial
com a realização de consultas e outros procedimentos até a proposição de visitas domiciliares,
educação em saúde e de vigilância epidemiológica entre outras(9).
No Brasil, a duração média de internação em decorrência de uma amputação atinge até
90 dias. Referente aos custos empreendidos no tratamento desta complicação, pode-se ter um
elevado gasto financeiro decorrente da hospitalização, com a necessidade de reabilitação,
amputações e a terapêutica medicamentosa de alto custo, devido ao uso de antibióticos
potentes(10).
O Ministério da Saúde constatou que 50% das amputações poderiam ser prevenidas
através de ações educativas para profissionais, para portadores de diabetes mellitus e seus
familiares, concomitante ao rastreamento de fatores de risco(11).
O PSF se constitui como uma importante fonte de dados sobre a população acolhida,
viabilizando a condução de estudos epidemiológicos que permitam conhecer a magnitude do
problema. Proporciona ainda um acervo de dados e informações úteis e necessárias ao
planejamento em saúde e à tomada de decisão pelos gestores nas diversas instâncias de
governo. Compreende-se que a estratégia de implementação do PSF possa estar orientada
também para vigilância e controle de doenças crônicas mais relevantes no atual perfil
epidemiológico brasileiro(12).
Portanto, para evitar as internações hospitalares prolongadas, amputações e o impacto
econômico é necessário mudança radical na problemática do pé diabético. Isso será notadamente com
a demonstração de que medidas preventivas, baseadas na redução dos fatores de risco e educação, que
podem reduzir amputações, através de um exame criterioso dos pés baseando-se nas
características individuais identificadas, contribuindo com ajuda indispensável do paciente, e
o planejamento das ações que sejam eficazes e cabíveis a cada um, para melhoria da
qualidade de vida do paciente, por meio da prevenção efetiva de complicações nos membros
inferiores.
2. OBJETIVOS
Nesta perspectiva, este estudo teve como objetivo caracterizar a produção científica
sobre os cuidados ao paciente com pé diabético, quanto aos aspectos estruturais. Além disso,
almeja-se evidenciar a necessidade do desenvolvimento de mais publicações que aprimorem
os trabalhos em enfermagem.
3. METODOLOGIA
O presente trabalho se caracteriza como um estudo bibliográfico, com o intuito de
investigar as publicações sobre os cuidados ao paciente com pé diabético, quanto aos aspectos
estruturais. Oriunda da necessidade de divulgação da pesquisa em enfermagem em relação às
complicações crônicas do Diabetes mellitus.
A pesquisa foi realizada mediante a leitura de artigos capturados na base de dados
LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), no mês de
dezembro de 2011, na busca ativa dos artigos, utilizou-se como descritor, cuidados, Diabetes
mellitus e pé diabético. Desta, foram encontrados 322 artigos e através dos critérios de
inclusão, como: artigos publicados nos últimos 5 anos, que apresentassem texto completo, em
português e que não fugissem a temática, pôde-se resumir a 15 artigos. Para coleta de dados,
construiu-se um formulário estruturado que continha os seguintes aspectos: ano de
publicação, titulação do autor principal, tipo de estudo, tipo de abordagem, região de estudo e
revista de publicação.
O instrumento compreende tabelas que foram construídas para melhor análise,
organização e visualização dos dados. Servindo para contagem e avaliação dos aspectos
estruturais dos artigos extraídos da base de dados LILACS, na qual foram dispostos em
tópico, para desenvolvimento deste trabalho. Os dados obtidos foram analisados, descritos em
percentil e agrupados nas tabelas com o auxílio do Microsoft Office Excel 2007.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O saldo de toda a análise da produção científica se caracteriza por um novo
mecanismo norteador das ações e abordagens em enfermagem, e para o diabético
esclarecimento sobre a importância do autocuidado com os pés. Como também, instigar os
pesquisadores a ampliarem seus conhecimentos e a necessidade do desenvolvimento de
trabalhos relacionados a cuidados ao paciente com pé diabético.
O estudo corresponde à investigação dos elementos estruturais que investiga quanto
ao ano de publicação, titulação do autor principal, tipo de estudo, tipo de abordagem, região
de estudo e revista de publicação, que deixa apto a realizar um trabalho mais qualificado e
distante de erros no que concerne à coleta de dados, que se encontram nas tabelas 1, 2, 3, 4, 5
e 6 obedecendo as categorias abaixo:
Tabela 1. Aspecto Estrutural – Ano de Publicação.
Aspectos Estrutural
n
%
2006
1
6,67
2008
3
20
2009
5
33,33
2010
5
33,33
2011
1
6,67
Total
15
100,0
Ano de Publicação
Na análise do ano de publicação dos artigos, observou-se igual publicação entre
os anos de 2009-2010 correspondendo a 5 trabalhos (33,33%) para cada ano. Visto que a
investigação científica no ano de 2011 foi reduzida, este trabalho servirá como elemento de
maior produção científica na área, pelos pesquisadores em saúde.
Tabela 2. Aspecto Estrutural – Título do Autor Principal.
n
%
Discente
2
13,33
Docente
2
13,33
Doutor
6
40
Graduação
3
20
Mestre
2
13,33
Total
15
100,0
Aspecto Estrutural
Título do Autor Principal
Detectou-se, que para o título de autor principal o nível de formação que mais
apareceu nos trabalhos, foi o de doutor, referente a 6 artigos (40%). Dessa forma, observou-se
a grande importância destes em se especializar e publicar, sobre os cuidados inerente ao pé
diabético.
Tabela 3. Aspecto Estrutural – Tipo de Estudo.
Aspecto Estrutural
n
Tipo de estudo
Descritivo
%
5
33,33
Descritivo/Transversal
2
13,33
Revisão Bibliográfica
1
6,67
Descritivo
1
6,67
Descritivo/Exploratório
3
20
Transversal
1
6,67
Transversal
1
6,67
Observacional
1
6,67
Total
15
100,0
Transversal/Retrospectivo/
Descritivo/Prospectivo/
Em relação ao tipo de estudo, encontrou-se maior número de artigos que
adotaram o estudo descritivo, em uma situação de 5 artigos (33,33%). Instrumento que
facilitou no esclarecimento e na construção do conhecimento sobre o assunto abordado.
Tabela 4. Aspecto Estrutural – Tipo de Abordagem
n
%
Quantitativo
4
26,67
Qualitativo
6
40
Quantitativo e Qualitativo
5
33,33
Total
15
100,0
Aspecto Estrutural
Tipo de Abordagem
O tipo de abordagem, mais evidente foi o qualitativo, referente a 6 publicações
(40%). Válido que os estudos qualitativos ajudam a formar as percepções dos enfermeiros a
respeito de um problema ou situação, suas possíveis soluções e compreensão das experiências
e das preocupações dos pacientes.
Tabela 5. Aspecto Estrutural – Região do Estudo.
Aspectos Estruturais
n
Região do estudo
Nordeste
%
3
20
Sul
7
46,67
Sudeste
5
33,33
Total
15
100,0
A região do estudo que mais se destacou foi a região Sul, com 7 publicações
(46,67%). Na qual, observou-se que a necessidade de produção de trabalhos sobre o pé
diabético, por complicações crônicas do diabetes na região.
Tabela 6. Aspecto Estrutural – Revista.
n
%
Revista Esc. Enf. USP
2
13,33
Acta Paul Enferm
2
13,33
Cad. Saúde Pública
1
6,67
Ciência & Saúde Coletiva
1
6,67
Rev. Eletr. Enf.
2
13,33
Arq Bras Endocrinol Metab
1
6,67
Rev Bras Clin Med
1
6,67
Einstein
1
6,67
Arq. Ciênc. Saúde Unipar
1
6,67
Rev Gaúcha Enferm
1
6,67
Cogitare Enferm
1
6,67
Rev. enferm. UERJ
1
6,67
Total
15
100,0
Aspecto Estrutural
Revista
E as revistas que mais publicaram foram a Rev. Esc. Enf. USP, a Acta Paul Enferm,
e a Rev. Eletr. Enf. com igual número de artigos, correspondendo a 2 (13,33%) cada uma.
Declarando e exaltando as publicações de enfermagem, quanto a prevenção das complicações
crônicas, através da educação em saúde, com maior produção e/ou divulgação do
conhecimento.
5. CONCLUSÃO
Este estudo teve como objetivo analisar e caracterizar a produção científica quanto
a cuidados ao paciente com pé diabético, através dos aspectos estruturais (ano de publicação,
titulação do autor principal, tipo de estudo, tipo de abordagem, região de estudo e revista de
publicação). Visto que, as complicações crônicas do Diabetes mellitus, juntamente com os
problemas cardiovasculares, são agravantes fatores de morbi-mortalidade, influenciadas pelos
hábitos de vida da população.
A Atenção Básica de Saúde tem como estratégia o PSF (Programa de Saúde da
Família) que apresenta importante papel na identificação e a compreensão dos sinais de perigo
para população de risco, na responsabilidade de traçar medidas preventivas e procedimentos
que resguarde a integridade do paciente diabético.
O instrumento aqui definido, para análise numérica e teórica do assunto abordado
pode acrescer muito na qualidade do atendimento prestado pelos profissionais de
enfermagem, assim como maior número de publicação na área, despertando também o
interesse dos leitores-leigos para transformação da informação em ação, quanto o autocuidado
para prevenção do pé diabético.
Portanto, o desenvolvimento de novas táticas de trabalho e abordagem capazes de
potencializar o cuidado de enfermagem e de oferecer melhor assistência a população, tendo
um olhar holístico, podendo-se traçar meios hábeis o bastante para diminuir a distância que
existe no cuidado integral, e no relacionamento profissional/paciente.
6. REFERÊNCIAS
1
COELHO, MS; GUERREIRO, VS; PADILHA, MIS. Representações sociais do pé diabético
para pessoas com diabetes mellitus tipo 2. Rev. Esc. Enferm USP. 2009; 43(1):65-71.
2
CASTRO, ARV; GROSSI, SAA. Reutilização de seringas descartáveis no domicílio de
crianças e adolescentes com diabetes mellitus. Rev. Esc. Enferm USP. 2007; 41(2):187-95.
3
BRASIL. Ministério da Saúde. Coordenação Nacional do Plano de Reorganização da
Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus. Manual de hipertensão arterial e
diabetes. Brasília, 2002.
4
BRASIL. Ministério da Saúde. Avaliação do Plano de Reorganização da Atenção à
Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus no Brasil, 2004.
5
SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES (SBD). Tratamento e acompanhamento do
Diabetes Mellitus: diretrizes da SBD. Rio de Janeiro, 2007.
6
GROSSI, SAA. Prevenção de úlceras nos membros inferiores em pacientes com diabetes
mellitus. Rev. Esc. Enfer USP. 1998; 32(4):377-85.
7
ROCHA, RM; ZANETTI, ML; SANTOS, MA. Comportamento e conhecimento:
fundamentos para prevenção do pé diabético*. Acta Paul Enferm. 2009; 22(1):17-23.
8
GRUPO DE TRABALHO INTERNACIONAL SOBRE PÉ DIABÉTICO. Consenso
internacional sobre pé diabético. Brasília: Secretaria do Estado de Saúde do Distrito federal,
2001.
9
SANTOS-VIEIRA, ICR, et al. Prevalência de pé diabético e fatores associados nas unidades
de saúde da família da cidade de da cidade de Recife, Pernambuco, Brasil, em 2005. Cad.
Saúde Pública, Rio de Janeiro, 24(12):2861-2870, dez, 2008.
10
PEDROSA, H.C. Pé diabético: aspectos fisiopatológicos, tratamento e prevenção. Rev.
Bras. Neurol. Psiquiatr. v. 1, n. 3, p. 131-135, 1997.
11
______. Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção Básica. Diabetes Mellitus. Brasília:
Ministério da Saúde, 2006. n 16.
12
FREESE, E. Epidemiologia, políticas e determinantes das doenças crônicas não
transmissíveis no Brasil. Recife: Editora Universitária da UFPE, 2006.
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