Boletim 20 - Universidade Federal do Ceará

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N° 20/2012
CENTRO DE ESTUDOS EM ATENÇÃO FARMACÊUTICA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (CEATENF/UFC) -  (85)
3366.8276/8293 – www.ceatenf.ufc.br // e-mail: [email protected]
Equipe Editorial: Profa. Dra. Marta Fonteles; Profa. Dra. Ângela
Ponciano; Profa. Dra. Luzia Izabel; Profa. Dra. Nirla Romero; Farm. Msc.
Henry Pablo Lopes Campos e Reis; Estagiários: Andrei Firmino, José
Barbosa, Bruna Esmeraldo.
Cuidado farmacêutico ao paciente diabético: atualidades e perspectivas
Introdução
O Diabetes mellitus (DM) é um distúrbio
metabólico crônico caracterizado por glicemia
elevada devido à deficiência de insulina,
frequentemente combinada com resistência a
esta. Os principais tipo são o diabetes mellitus
tipo 1 (insulino-dependente), muito relacionado
a causas imunológicas ou idiopática, e o
diabetes mellitus tipo 2 (não insulinodependente), que está associado a presença de
sobrepeso ou obesidade.
Existem vários esquemas terapêuticos para
tratar o DM, enfatizando a importância do
tratamento tanto farmacológico como não
farmacológico. A adesão do paciente é
importante, pois o DM não tratado pode
acarretar vários agravos, como os relacionados
às macroangiopatias (doenças cardiovasculares)
e microangiopatias (retinopatia, nefropatia e pé
diabético).
Exames Laboratoriais
colesterol de lipoproteína de baixa densidade
(LDL-C) e dos triglicerídeos e aumento do
colesterol de lipoproteína de alta densidade
(HDL-C).
Tratamento Farmacológico
Insulinoterapia: É o tratamento obrigatório
para os diabéticos tipo I. De acordo com a
gravidade da patologia, os esquemas utilizados
podem variar de 1 a 4 injeções diárias, com
variação ou não dos tipos de insulina (ação
curta, intermediária ou longa). Cabe ao
farmacêutico orientar sobre a conservação,
armazenamento, medidas de higiene, cuidados
na aplicação, armazenamento e transporte
relacionados à insulina.
Sulfoniluréias: Estimulam a secreção
pancreática da insulina e seus principais
representantes são glibenclamida e glicazida.
Biguanidas: Reduzem a produção hepática
da glicose e aumentam sua utilização pelos
músculos. A metformina é o principal
representante.
Inibidores da alfa-glicosidase: Retardam a
absorção de carboidratos sendo o principal
representante a acarbose.
É importante conscientizar o paciente de
que o tratamento farmacológico não deve ser
realizado sozinho, mas associado ao tratamento
não farmacológico, no sentido de melhorar os
efeitos sobre a glicemia e atingir as metas
terapêuticas.
Os principais exames laboratoriais no
diagnóstico do diabetes mellitus são a Glicemia
de Jejum e o Teste de Tolerância à Glicose
(GGT) e, para monitoramento, a Hemoglobina
Glicada.
Glicemia de jejum e Teste de Tolerância
à Glicose (GGT): O valor da glicemia para o
diagnóstico laboratorial do diabetes deve ser
maior ou igual a 126mg/dL.
Hemoglobina
Glicada
(HbA1c ):
Considerado, atualmente padrão ouro, esse
exame revela a glicemia média pregressa dos
Cuidado Farmacêutico ao
últimos 3 meses. O valor estabelecido como
indicador de um bom controle glicêmico no
paciente diabético
adulto é inferior a 7%, porém as metas variam
com a idade: 0 a 6 anos (7,5% a 8,5%); 6 a 12
Devido a sua alta prevalência, natureza
anos(<8%); 13 a 18 anos (<7,5%); adulto(<7%) crônica e gravidade de suas complicações, a
e idoso (<8%).
DM representa um alto custo para a sociedade.
Este custo não é apenas econômico, mas
Prevenção e Tratamento não
também envolve aspectos intangíveis, tais como
ansiedade, dor e diminuição da qualidade de
farmacológico
vida dos pacientes. Esta pode ser influenciada
A
orientação
nutricional
e
o por vários fatores, como a presença de
estabelecimento de dieta para o controle complicações e o esquema terapêutico em uso.
glicêmico em associação às mudanças no estilo Estudiosos analisaram o efeito de um programa
de vida, incluindo atividades físicas, são de cuidados farmacêuticos sobre aspectos
considerados terapias de primeira escolha.
humanísticos relacionados aos pacientes com
Comprovou-se que essa associação provoca DM2 e revelou que a detecção e resolução de
melhora na sensibilidade à insulina, diminui os problemas relacionados à farmacoterapia podem
níveis plasmáticos de glicose e, de forma melhorar a qualidade de vida e a satisfação dos
expressiva, a circunferência abdominal e a pacientes.
gordura visceral, melhorando o perfil
Vale ressaltar que o controle sobre a pressão
metabólico com redução dos níveis de arterial, a glicemia e a lipidemia do paciente
juntamente com um esquema terapêutico
otimizado pode favorecer uma melhoria nos
estados sintomático e funcional, bem como na
qualidade de vida. Além disso, foi demonstrada
a correlação entre a satisfação do paciente com
o tratamento e baixos valores de LDL, pressão
arterial e HbA1c.
Muitos
pacientes
apresentam
a
sintomatologia do diabetes, mas não constam
diagnosticados com a patologia. Cerca de 50%
da população diabética ainda não foi
diagnosticada, representando um grande perigo
a saúde destas pessoas. O farmacêutico deve
estimular estes pacientes a procurarem
diagnóstico médico definitivo, pois a incidência
de complicações nos pacientes diagnosticados
tardiamente é maior que naqueles cujo DM é
detectado no início.
A literatura demonstra que diabéticos tipos
I e II sujeitos a um rigoroso controle glicêmico
conduzido por equipe multidisciplinar acarreta
considerável redução das complicações
crônicas do diabetes. O farmacêutico pode
contribuir através de serviços de gestão e
educação, com o monitoramento dos exames
laboratoriais e orientações sobre o uso correto e
contínuo dos medicamentos, prevenindo e/ou
minimizando efeitos adversos e interações, e,
consequentemente, estimulando a adesão do
paciente ao tratamento. Ensaios clínicos
relatam
maior
adesão
à
terapêutica
medicamentosa dos pacientes que receberam
informações acerca da doença e dos
medicamentos prescritos.
Desse modo, cabe ao farmacêutico e
demais profissionais de saúde estimular e
orientar o paciente sobre o seguimento do
tratamento, possibilitando cuidado e atenção de
acordo com as necessidades individuais.
Referências Bibliográficas
- Bazotte, R. B. (organizador) Paciente diabético: Cuidados
Farmacêuticos. Rio de Janeiro: MedBook, 2010. 304p.
- SBD, Sociedade Brasileira de Diabetes. Diretrizes da Sociedade
Brasileira de Diabetes 2009. 3 ed.- Itapevi, SP, 2009. 400p.
- Fuchs, F. D.; Wannmacher, L. Farmacologia clínica: fundamentos da
terapêutica racional. 3. ed. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan,
2006. 1074 p.
- Correr C. J. et al. Effect of a pharmaceutical care program on quality
of life and satisfaction with pharmacy services in patients with type 2
diabetes mellitus. Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences. 2009;
45 (4): 809-17.
- Faria H. T. G. Fatores relacionados à adesão do paciente diabético à
terapêutica medicamentosa [Dissertação]. Ribeirão Preto: Universidade
de São Paulo; 2008.
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