SISTEMA DE MEDIÇÃO DA FORÇA CORPORAL APLICADA AOS MEMBROS INFERIORES Eugênia G. Lopesa, Tassiany D. Albergariaa, Cláudia C. Garceza e Fabiano V. de Carvalhoa a Grupo de Engenharia para Tecnologia Assistiva,Instituto Nacional de Telecomunicações, Santa Rita do Sapucaí, Minas Gerais, Brasil. http://www.inatel.br/cdtta Palavras-chave: Suporte de Peso Corporal, Mensuração da Força Peso, Traumatismo da Medula Espinhal. 1 INTRODUÇÃO A lesão medular é uma das mais devastadoras patologias que acomete o ser humano por causar incapacidade e falência de funções primordiais do corpo humano como a autonomia da marcha. Em média, 15 a 20% das lesões medulares são provocadas por fraturas da coluna vertebral e sua incidência apresenta variações nos diferentes países (CUSTÓDIO, 2009; DEFINO, 1999). A lesão medular, também chamada de traumatismo raquimedular (TRM), é definida como uma lesão que ocorre nos elementos neurais do canal medular e que pode resultar em alterações das funções motora, sensitiva e autonômica (DUTRA, 1999; LOUREIRO et al, 1997). Após serem acometidas pelo TRM, as pessoas passam a conviver com a imobilidade, ou a permanência na postura sentada ou mesmo deitada, e a falta do ortostatismo e da deambulação podem acentuar a perda da massa óssea, além de causar contraturas musculares e úlceras de pressão, diminuição da capacidade respiratória, do volume sanguíneo e da resistência (endurance) e aumento da gordura corporal e colesterol (RUOTTI, 2000). Segundo HAUPENTHAL et al. (2008), a recuperação da marcha é uma tarefa difícil e dispendiosa, pois os pacientes muitas vezes são incapazes de produzir a força muscular necessária para manter a postura e o caminhar. Para solucionar esta necessidade, um suporte de peso foi projetado por GARCEZ et al. (2012), o “Elevador Ortostático Dinâmico - EOD”, com a finalidade de auxiliar no treinamento da marcha das pessoas com lesão medular. A partir da confecção desse projeto, foram elaboradas pesquisas com os pacientes incentivando a marcha ativa em solo, com suporte do EOD, e também da musculação, com o uso da técnica ciclo excêntrico concêntrico para os membros inferiores. Resultados significativos foram obtidos a partir desta pesquisa e pôde-se perceber o incremento da força muscular e a independência funcional, além do aumento dos níveis de pressão arterial sistólica e diastólica nos pacientes. Com o intuito de colaborar com os treinamentos de marcha com o EOD, está sendo desenvolvido um registrador de peso, que servirá para medir a força corporal aplicada pelos membros inferiores dos pacientes sobre o solo em posição ortostática e/ou na marcha ativa, ou seja, o peso que o paciente está descarregando na região plantar, desconsiderando o peso que está sendo sustentando pelo suporte com EOD. O equipamento, denominado Sistema de Medição da Força Corporal Aplicada aos Membros Inferiores, será um mecanismo capaz de registrar a evolução do paciente e permitirá saber quando ele conseguirá suportar o próprio peso. A partir destes dados, a avaliação da evolução do tratamento do paciente poderá ser analisada com mais eficiência. 2 OBJETIVO GERAL Mensurar quanto do peso corporal uma pessoa com lesão medular está sustentando sobre seus membros inferiores através de um dispositivo mecânico (célula de carga), durante o tratamento dinâmico de marcha e/ou ortostatismo realizado com o EOD. 3 METODOLOGIA O desenvolvimento do Sistema de Medição da Força Corporal Aplicada aos Membros Inferiores está sendo realizado no Centro de Desenvolvimento e Transferência de Tecnologias Assistivas – CDTTA, localizado no Instituto Nacional de Telecomunicações – INATEL. O projeto é constituído por um sistema eletromecânico capaz de realizar a medição da força peso, denominado célula de carga. Este sistema é acoplado entre o motor do sistema com EOD e o colete do paciente e sofre uma deformação correspondente ao peso do paciente. Esta deformação é convertida em um valor de tensão e tem alcances na escala de milésimos de tensão [10-3 Volts]. O modelo da célula de carga utilizada foi SV-200 da empresa Alfa Instrumentos, com capacidade máxima de 200 kg já que o peso suportado pelo colete usado no sistema com EOD é de no máximo 120 kg. Com a finalidade de obter uma maior precisão, foi utilizado um amplificador na saída da célula de carga para alcançar uma escala maior, a escala de Volts [V]. O amplificador usado foi o INA126 com um ganho de 250 vezes em relação à tensão de entrada. A saída deste amplificador foi então ligada a um microcontrolador, chip inteligente responsável por receber, processar e armazenar dados. Este sistema será responsável por receber a tensão, transformá-la em quilogramas e mostrá-la em um display. Isso tornará possível o acompanhamento da evolução do paciente passo a passo. danos corporais e metabólicos (RUOTTI, 2000). Para aumentar a qualidade de vida dos pacientes, geralmente são desenvolvidos projetos com Sistemas de Suporte de Peso que utilizam uma esteira ergométrica para facilitar o treinamento da marcha de pacientes com lesão medular. No suporte com EOD, a realização da marcha acontece diretamente no solo com o auxílio da fisioterapeuta, sem intervenção de esteiras. Por este motivo, o registro do peso suportado pelos membros inferiores dos pacientes tem eminente importância. 5. CONCLUSÃO 3.1 COLETA E APRESENTAÇÃO DE DADOS Para realizar a calibração da célula de carga foi desenvolvido um suporte com a finalidade de sustentar as massas padrões. Este suporte é composto por duas peças de madeira, fixadas e apoiadas por quatro hastes de ferro, e correntes de ferro parafusadas em cada uma de suas extremidades, e foi acoplado ao suporte com EOD. Depois de calibrada a célula, foram realizadas medidas da tensão de sua saída proporcionais ao peso sustentado pelo suporte e então foi possível desenvolver o Gráfico da Calibração, provando a linearidade do dispositivo utilizado, conforme mostra a Figura 1. Figura 1: Curva da Calibração da Célula de Carga De acordo com os dados contidos no Gráfico da Calibração, foram escritos os códigos da programação na plataforma, sendo estes capazes de transformar um valor de tensão analógica proporcional a um valor específico de peso. Estes dados são registrados em um computador e mostrados em um display LCD. Assim, os resultados e a progressão do tratamento podem ser analisados pelo fisioterapeuta. Após a finalização do protótipo, os testes começarão a ser realizados em três pacientes e por ser um projeto de pesquisa com os seres humanos, o mesmo será submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa. Os resultados obtidos no tratamento serão salvos semanalmente, sendo registrados três dados para posteriormente serem comparados. Com isto, um gráfico será gerado para maior facilidade da avaliação da progressão do paciente durante a reeducação da marcha. 4 DISCUSSÃO Segundo o Censo realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem 13,3 milhões de deficientes físicos no país. Estas pessoas, em sua maioria, dependem de cadeiras de rodas e por este fato, a postura sentada passa a ser a mais utilizada, levando a O Sistema de Mensuração da Força Corporal Aplicada aos Membros Inferiores irá colaborar nos treinamentos da marcha e também em pesquisas científicas, servindo como registro fiel da evolução dos pacientes ao longo do tempo. REFERÊNCIAS Custódio, N. R. O. Lesão Medular no Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo. Coluna/Columna, São Paulo, vol. 8, nº 3, jul./set. 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/ Acesso em: 27 de novembro de 2012. Defino, H. L. A. Trauma Raquimedular. Medicina, Ribeirão Preto, 32: 388-400, out./dez. 1999. Dutra, C.M.R. Respostas Fisiológicas ao Treino Locomotor com Suporte de Peso na Lesão Medular. Tecnologia em Saúde: PUC, Curitiba, 2009. Garcez, C. et al. Suporte de Peso Corporal e Musculação para Pessoas com Lesão Medular, XXIII Congresso Brasileiro de Engenharia Biomédica, Santa Rita do Sapucaí, out. de 2012. Haupenthal et al. Análise do Suporte de Peso Corporal para o treino de marcha. Fisioterapia em Movimento, Florianópolis, 21(2):85-92, abr./jun. 2008. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico: Pessoas com deficiência. São Paulo, 2010. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/. Acesso em: 27 novembro de 2012. Loureiro, S.C.C. et al. Qualidade de vida sob a ótica de pessoas que apresentam lesão medular. Rev. Esc. Enf. USP, São Paulo, vol. 31, nº 3, p. 347-67, dez. 1997. Ruotti, R. G. Reabilitação Aquática. São Paulo: Manole, 2000. 453p.