As Diferenças e Semelhanças na Constituição dos Estados Nacionais da América Latina Alessandro Lopes Silva graduado em História pela Universidade Norte do Paraná, UNOPAR, Teresópolis - RJ contato: [email protected] Memorial da América Latina, Oscar Niemeyer, www.cultur amix.com Com o intuito de implementarem mudanças sem alterarem o status quo da época, grandes proprietários de terra e privilegiados da estrutura econômica e social uniram-se para conquistar o poder do Estado. Essa “tropa” da elite rural aos poucos toma espaço no Estado, agregando à ele, suas ideias e aspirações econômico-sociais. O Estado moderno Brasileiro surgia como substrato da doutrina liberal, baseando-se no modelo que surgia no Ocidente. 6 REVISTA DE HISTÓRIA AMNÉSIA • TERESÓPOLIS • N. 41 • PP. 06 - 08 • NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016 Textos No Brasil, onde os escravos correspondiam a mais de um terço da população, poucos se preocupavam com o pagamento da mão de obra paga, muito menos com os direitos à Cidadania. Estes fatos causaram desequilíbrio entre os que estavam no poder e os requisitos básicos implantados para a instituição de um novo e moderno Estado Nacional. A situação é que essas elites deveriam adaptar-se às novas formas de se fazer política, porém transformavam o governo em seu meio de dominação. Em contrapartida, a ordem legal pedia eficácia e resultados dos governantes. Toda essa ambiguidade estrutural teria forte impacto na construção civil-social da época. A maior parte da massa estaria excluída das decisões, por meio de medidas que foram construídas a partir de políticas segregacionais. Em nosso país, não houve lutas de classes distintas, como as que caracterizaram o implemento da burguesia em outras sociedades. Bem diferente disso foi o que aconteceu, quando a elite colonial, que fundou o Estado, depois dele se apropriou. Com isso teremos uma democracia formal, que ao invés de gerar cidadãos ativos, torna-os marginalizados da sociedade. A visão mais forte desse processo pôde ser vista na política proprietária e dominante, o que gerou o fator “Desigualdade Social” na esfera pública. É onde o Liberalismo torna-se mais conservador do que poderia ser. O processo de formação dos países latinoamericanos foi marcado pela instabilidade política. A substituição das antigas colônias apresentou dois problemas básicos: constituir Estados soberanos e organizá-los em meio às mais variadas tendências políticas, com uma realidade socioeconômica e cultural dividida. Na maior parte da América Latina e do Brasil, onde predominava uma estrutura latifundiária e as mais variadas formas de semi-servidão, a independência pouco ou nada veio alterar a política econômica e social da sociedade. Entretanto, a monarquia tinha muitos defensores entre os seus membros da elite porque não queriam que seus privilégios chegassem ao fim. Essa tendência, além do Brasil só seria viabilizada no México, com Augustin Itúrbide e mesmo assim por um curto espaço de tempo. Os Estados Unidos acompanharam o processo de Independência das colônias na América Latina sem um envolvimento mais direto. A política brasileira liberal da época em 1822, tinha seus limites, com a abertura dos portos houve uma avalanche de produtos ingleses, a concorrência assim desleal tornava impossível instalar aqui a indústria nacional e afastar de vez a dependência econômica do país. A questão do desenvolvimento dos países da América Latina tem algumas semelhanças históricas: todos eles foram colonizados por Espanha ou Portugal, com a entrada do capital mercantil europeu se determina o surgimento de uma sociedade dependente economicamente e politicamente dos colonizadores e, mais tarde, na área econômica a dependência da Inglaterra. No desenvolvimento da Guerra da Cisplatina a Inglaterra também atuou como mediadora, pois tinha interesses econômicos na região. Em 1828, propôs um acordo entre Brasil e a Argentina, na qual estabeleceu que a Província da Cisplatina não pertenceria a nenhum dos dois países, mas seria independente, nascia assim a República do Uruguai. A perda da província foi um motivo a mais para a insatisfação dos brasileiros com o Imperador, agravando a crise política no país. Em Pernambuco, no ano de 1824, quando então é deflagrada a Confederação do Equador, um movimento republicano e de cunho separatista, ou federalista, que contou com a adesão de fazendeiros, homens simples e também de numerosos padres. A rápida difusão da revolta e a violenta repressão que se seguiu dimensionam o grau de descontentamento reinante. Nada mais do que seis províncias apoiam a rebelião contra o despotismo carioca; três delas, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte, chegam a fornecer tropas para combater ao lado dos pernambucanos. A repressão, por sua vez, foi violentíssima, deixando como saldo centenas de mortos e dezessete condenados à forca, inclusive clérigos, como Frei Caneca. Guerra da Cisplatina (1825-1828) Guerra da Cisplatina, que envolveu o Brasil e a Argentina na disputa pela posse de ricas terras. Esta guerra culminou com a independência da antiga Província Cisplatina, antes parte do território nacional brasileiro, e que veio a se constituir como um novo país latino-americano: o Uruguai. A derrota na guerra, somada ao seu alto custo, também provocou sérios desgastes na imagem do Imperador, maculando-a. Mas, sem dúvida alguma, o fator que mais minou a imagem imperial foi o perene descontentamento presente em parte substantiva da elite política em relação ao autoritarismo do Imperador, desde que este dissolveu a Assembleia Constituinte e outorgou a Constituição em 1824. REVISTA DE HISTÓRIA AMNÉSIA • TERESÓPOLIS • N. 41 • PP. 06 - 08 • NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016 7 Textos Imagem: ‘‘A estrutura administrativa ea consolidação do Estado nacional (1840-1891)’’. Mapa ( Memória da Administração Pública Brasileira). http://linux.an. gov.br/mapa/? p=434 A consolidação do Estado Nacional A consolidação do Estado Nacional Brasileiro pode ser dividida em três partes tais como: Pacificação interna (1840-1849): Os conservadores não puderam ir contra a vontade de diminuição da maioridade, pois certamente seriam acusados de inimigos do regime monárquico. Assim, em 23 de julho de 1840, com a concordância do jovem Pedro II, o Senado aprovou a maioridade de forma unânime. Os movimentos separatistas nas províncias, o último destes movimentos, iniciado no período regencial, a ser debelado foi a Farroupilha, cuja paz viria em 1845. De 1849 até a proclamação da República, ocorrida quarenta anos depois, o País viveu a paz interna, não tendo ocorrido nenhum movimento político significativo que apelasse para a força das armas com o propósito de impor à Nação o seu próprio ponto de vista. A adoção do regime parlamentarista (1847): Durante o Brasil Império a assunção do parlamentarismo fora acompanhado da adoção do poder moderador, instrumento de governo em que o imperador carregava a prerrogativa final de aprovação de uma determinada matéria pelas câmaras legislativas, o senado e câmara de deputados. Guerras platinas (1851-1870): O Brasil tinha alguns interesses na Guerra da bacia Platina, 8 impedir a formação de um estado nacional forte que unificasse o antigo Vice-Reinado do Rio da Prata, assegurar a livre navegação pela bacia do Prata, fazer valerem determinadas reivindicações territoriais nas áreas de fronteira, estar presente de forma marcante na política interna Uruguaia, garantir a nãorestauração da presença europeia na região. Considerações finais Posso concluir deste artigo que diferente dos outros Estados Nacionais constituídos na América Latina, o Brasil foi o único que o processo de independência não foi a ação de guerras dos colonos contra a metrópole, mas sim, uma ação liderada de cima para baixo , ou seja, o próprio Príncipe Regente D. Pedro I que proclamou a República. No entanto, esta não se constituiu diretamente, pois antes o Brasil passou por um longo período de 67 anos de Império. Sabendo que, os outros países do antigo Império espanhol, rompendo com a metrópole, logo proclamaram a República. Pode se observar também neste processo, que as colônias espanholas, onde a independência teve por produto a formação de diversos países, na colônia portuguesa, a unidade territorial foi mantida, exceto a província da Cisplatina. Referências bibliográficas FILHO, Aluizio Alves. Aspetos políticos e administrativos da formação e consolidação do Estado nacional brasileiro (1808-1889). Rev. Portuguesa e Brasileira de Gestão [online]. 2009, vol.8, n.1, pp. 100-110. ISSN 1645-4464. REVISTA DE HISTÓRIA AMNÉSIA • TERESÓPOLIS • N. 41 • PP. 06 - 08 • NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016