lia Duarte Barroso

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I
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA
Fundada em 18 de fevereiro de 1808
Monografia
Aspectos clínicos e laboratoriais da Doença de Chagas em
idosos
Natália Duarte Barroso
Salvador (Bahia)
Fevereiro, 2014
II
UFBA/SIBI/Bibliotheca Gonçalo Moniz: Memória da Saúde Brasileira
Barroso, Natália Duarte
B277
Aspectos clínicos e laboratoriais da Doença de Chagas em idosos / Natália Duarte
Barroso. Salvador: ND, Barroso, 2014.
viii; 50 p. : il. [graf., tab.]
Inclui anexos.
Monografia, como exigência parcial e obrigatória para conclusão do Curso de Medicina
da Faculdade de Medicina da Bahia (FMB), da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador,
2014.
Professor Orientador: Roque Aras Júnior
1. Doença de Chagas. 2. Idoso. 3. Envelhecimento da população. 4. Cardiomiopatia.
chagásica. 5. Insuficiência cardíaca. I. Aras Júnior, Roque. II. Universidade Federal da
Bahia. Faculdade de Medicina. III. Título.
CDU - 616.937-053.9
III
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA
Fundada em 18 de fevereiro de 1808
Monografia
Aspectos clínicos e laboratoriais da Doença de Chagas em
idosos
Natália Duarte Barroso
Professor orientador: Roque Aras Júnior
Coorientador: Manuela Oliveira de Cerqueira Magalhães
Monografia de Conclusão do Componente
Curricular MED-B60/2013.2, como prérequisito obrigatório e parcial para conclusão
do curso médico da Faculdade de Medicina da
Bahia da Universidade Federal da Bahia,
apresentada ao Colegiado do Curso de
Graduação em Medicina.
Salvador (Bahia)
Fevereiro, 2014
IV
Monografia: Aspectos clínicos e laboratoriais da Doença de Chagas em idosos, de
Natália Duarte Barroso.
Professor orientador: Roque Aras Júnior
Coorientador: Manuela Oliveira de Cerqueira Magalhães
COMISSÃO REVISORA:

Roque Aras Júnior (Presidente), Professor Associado ao Departamento de Medicina Interna
e Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia.

Ailton de Souza Melo, Professor Associado ao Departamento de Neurociências e Saúde
Mental da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia.

Marco Antônio Vasconcelos Rêgo, Professor Associado ao Departamento de Medicina
Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia.

Carolina Cincurá Barreto, Doutoranda do Curso de Doutorado do Programa de Pós
graduação em Ciências da Saúde (PPgCS) da Faculdade de Medicina da Bahia da
Universidade Federal da Bahia.
Membro suplente
Isabel Carmen Fontes da Fonseca, Professora Titular do Departamento de Pediatria da
Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia
TERMO DE REGISTRO ACADÊMICO: Monografia avaliada
pela Comissão Revisora, e julgada apta à apresentação pública no VI
Seminário Estudantil de Pesquisa da Faculdade de Medicina da Bahia/UFBA,
com posterior homologação do conceito final pela coordenação do Núcleo de
Formação Científica e de MED-B60 (Monografia IV). Salvador (Bahia), em
___ de _____________ de 2014.
V
Abelha fazendo o mel vale o tempo que não voou ... (extraído da
música “Amor de índio”, de Beto Guedes e Ronaldo Bastos)
VI
Aos Meus Pais, Lúcia e Elias, e à
Minha Irmã, Nara, pelo apoio e amor
infindáveis.
VII
EQUIPE

Natália Duarte Barroso, Acadêmica da Faculdade de Medicina da Bahia (FMB)/Universidade
Federal da Bahia (UFBA). Correio-e: [email protected];

Roque Aras Júnior, Professor Orientador. Professor da FMB-UFBA, vinculado ao
Departamento de Medicina Interna e Apoio Diagnóstico;

Manuela Oliveira de Cerqueira Magalhães, Professora Coorientadora. Professora da FMBUFBA, vinculada ao Departamento de Medicina Interna e Apoio Diagnóstico;

Ludmila de Andrade Barberino, Acadêmica de Medicina da FMB-UFBA;

Jessica Mendes Santos, Acadêmica de Medicina da FMB-UFBA.
INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

Faculdade de Medicina da Bahia (FMB)
FONTES DE FINANCIAMENTO
1. Recursos próprios do Professor Orientador.
2. Recursos próprios da Professora Coorientadora.
3. Recursos próprios da Graduanda.
VIII
AGRADECIMENTOS
 Ao meu Professor Orientador, Doutor Roque Aras Júnior, pelas oportunidades oferecidas e
pelos ensinamentos na área científica e clínica, os quais certamente levarei comigo durante
minha vida profissional.
 À minha Coorientadora, Doutora Manuela Oliveira de Cerqueira Magalhães, por ser um
exemplo de organização e comprometimento, e pela atenção prestada durante a elaboração
deste trabalho.
 Aos Doutores Ailton de Souza Melo e Marco Antônio Vasconcelos Rêgo, e à Doutoranda
Carolina Cincurá Barreto, membros da Comissão Revisora desta Monografia, pela ajuda e
pelas sugestões, que contribuíram muito com o meu aprendizado.
 Às minhas colegas, Ludmila de Andrade Barberino e Jessica Mendes Santos, pela ajuda na
coleta de dados.
 Ao meu colega Iuri Resedá Magalhães pelo suporte, sugestões e estímulo durante todo o
processo.
1
SUMÁRIO
ÍNDICE DE TABELAS
ÍNDICE DE GRÁFICOS
2
3
I. RESUMO
4
II. OBJETIVOS
5
5
5
II.1. Objetivo principal
II.2. Objetivos secundários
III. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
6
IV. METODOLOGIA
10
IV.1. Local do estudo
IV.2. Métodos
IV.2.1. Desenho do estudo
IV.2.2. Critérios de inclusão
IV.2.3. Fluxograma de atendimento
IV.2.4. Aspectos éticos
IV.2.5. Critérios de exclusão
IV.2.6. Variáveis de interesse
IV.3. Análise estatística
10
10
10
10
10
11
11
11
12
V. RESULTADOS
13
VI. DISCUSSÃO
19
VII. CONCLUSÕES
26
VIII. SUMMARY
28
IX. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
29
X. ANEXOS
33
34
ANEXO I: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
36
ANEXO II: Modelo da ficha de registro de dados
ANEXO III: Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do
38
HUPES, com aprovação da investigação original
ANEXO IV: Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do
40
HUPES, aprovando o adendo ao projeto original
2
ÍNDICE DE TABELAS
TABELA 1. Características gerais dos pacientes idosos portadores de Doença de
Chagas atendidos em ambulatório de referência em Salvador, Bahia.
TABELA 2. Caracterização da Doença de Chagas nos pacientes atendidos em
ambulatório de referência em Salvador, Bahia.
TABELA 3. Achados laboratoriais em pacientes idosos portadores da Doença de
Chagas.
TABELA 4. Achados no eletrocardiograma e ecocardiograma dos pacientes idosos
portadores da Doença de Chagas.
TABELA 5. Achados no ecocardiograma dos pacientes idosos portadores da forma
cardíaca da Doença de Chagas.
13
14
16
17
18
3
ÍNDICE DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1. Perfil da terapêutica medicamentosa instituída nos pacientes idosos
15
portadores da Doença de Chagas.
GRÁFICO 2. Perfil da terapêutica medicamentosa instituída nos pacientes idosos
portadores de insuficiência cardíaca secundária à Doença de Chagas (n=45).
15
4
I. RESUMO
ASPECTOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS DA DOENÇA DE CHAGAS
EM IDOSOS. Introdução: A doença de Chagas (DC), condição infectoparasitária, representa grande problema econômico e de gestão de saúde de muitos
países da América Latina. O envelhecimento populacional implica em novo padrão
de morbidade, que associa doenças crônicas não infecciosas com a DC, exigindo
estudos que entendam o perfil da população atingida por essa nova realidade,
contribuindo para o uso direcionado e racional dos recursos. Objetivo: Descrever
as características clínicas e laboratoriais de pacientes idosos portadores da DC.
Metodologia: Estudo de corte transversal envolvendo pacientes idosos (≥ 60 anos),
portadores da DC em uma de suas formas de apresentação. Os participantes
responderam a um questionário referente a dados sociodemográficos e clínicos.
Dados adicionais foram investigados em prontuários ou adquiridos através de
exames complementares. Resultados: Foram coletados os dados de 111 pacientes
com DC confirmada, sendo 73 (65,8%) do sexo feminino. A média de idade foi de
67,9 anos. Dentre eles, 38,1% apresentavam forma indeterminada da DC, enquanto
8,3% apresentavam forma digestiva, 7,2%, a forma mista, e 46,4%, forma cardíaca.
Destes, 66,7% apresentavam insuficiência cardíaca classe funcional I ou II. Ao
todo, 86 pacientes (82,7%) eram hipertensos, 27 (25,2%) eram diabéticos e 51
(47,2%) apresentavam dislipidemia. Apenas três (2,8%) já tinham tido um infarto
agudo do miocárdio e 12 (11%), um acidente vascular cerebral. As drogas mais
usadas foram: IECA/BRA (82,8%), diurético (63,6%) e beta-bloqueador (45,5%).
86 pacientes (78,2%) utilizavam 3 drogas ou mais. Cinquenta e nove pacientes
apresentaram alteração no eletrocardiograma, sendo as mais frequentes: BRD
(67,7%) e BDAS (61,0%). Aproximadamente a metade dos pacientes (48,6%)
apresentou disfunção diastólica no ecocardiograma e a fração de ejeção média do
ventrículo esquerdo foi de 57,5%. Conclusões: O estudo demonstrou que, apesar da
elevada frequência de alterações cardiovasculares nos idosos chagásicos e do dano
miocárdico inerente à doença, o estabelecimento de um tratamento adequado faz
com que a maioria dos pacientes mantenha-se pouco sintomática.
Palavras-chave: 1. Doença de Chagas 2. Idoso; 3. Envelhecimento da População;
4. Cardiomiopatia Chagásica; 5. Insuficiência Cardíaca.
5
II. OBJETIVOS
II.1. OBJETIVO PRINCIPAL
Descrever as características clínicas e laboratoriais de pacientes idosos
portadores da Doença de Chagas, acompanhados no serviço de
Miocardiopatias e Doença de Chagas do Ambulatório Magalhães Neto, em
Salvador, Bahia, Brasil.
II.2. OBJETIVOS SECUNDÁRIOS
1. Determinar as variáveis clínicas mais prevalentes nesse grupo;
2. Analisar os dados, de modo a estabelecer o perfil dos pacientes idosos
portadores de Doença de Chagas, acompanhados no Ambulatório
Magalhães Neto;
3. Analisar o perfil da terapêutica medicamentosa instituída nos
pacientes idosos chagásicos e, especificamente, nos pacientes com
insuficiência cardíaca instalada secundária à doença;
4. Suprir a deficiência do registro de informações relacionadas ao perfil
desses pacientes;
5. Inspirar a criação de estratégias de alocação de recursos e
organização de serviços voltadas para o perfil clínico desse estrato
populacional.
6
III. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Pouco mais de cem anos após sua descoberta, a Doença de Chagas continua
sendo grande problema econômico e para a gestão de saúde de muitos países da
América Latina (1), apresentando forte impacto social. A Organização Mundial
de Saúde (OMS) estima que cerca de 18 milhões de pessoas estejam
cronicamente infectadas pelo protozoário causador da doença, o Trypanosoma
cruzi, e que ocorram cerca de duzentos mil novos casos por ano (1). Estima-se
que, na América Latina, são perdidos anualmente cerca de 1,2 bilhões de dólares
devido à doença (2), o que indica seu grande impacto sócioeconômico.
O êxodo de latino-americanos para países mais desenvolvidos foi crucial
para o novo desenho epidemiológico da doença, que se tornou prevalente nos
Estados Unidos, por exemplo, onde estima-se que existam mais de 300 mil
indivíduos infectados pelo T. cruzi, segundo dados do PEW Hispanic Center e
US Department of Homeland Security (3). Recentemente, tornou-se obrigatória
no país a triagem de doadores de sangue e órgãos, o que contribuiu para uma
maior visibilidade da Doença de Chagas no mundo (3).
A Doença de Chagas, identificada pelo médico e pesquisador Carlos Chagas,
em 1909, é uma importante doença infecciosa parasitária, causada por um
protozoário flagelado, o T. cruzi. A principal forma de transmissão da doença é
vetorial, realizada por insetos hematófagos, mas também existem casos de
transmissão via transfusão sanguínea, vertical ou oral.
A doença pode se apresentar clinicamente de diversas formas. Pode ser
classificada em fase aguda, que se deve à infecção pelo protozoário ou à
reativação durante fase crônica, e fase crônica. A fase aguda dura de 6 a 8
semanas e, muitas vezes, o paciente possui quadro clínico caracterizado por
picos febris, taquicardia, edema, entre outros sintomas (3), embora possa
também apresentar-se assintomático. Após essa fase, segue-se um longo período
de latência, correspondente à cronificação da doença, no qual o indivíduo
apresenta-se assintomático e com exames clínicos e complementares de tórax e
aparelho
digestivo
sem
alterações,
além
de
eletrocardiograma
sem
irregularidades do ritmo. Tal período é caracterizado pela presença de anticorpos
7
anti-T.cruzi (4). A fase crônica inclui diversas condições clínicas: a forma
indeterminada, na qual o paciente não tem cardiopatia estrutural e/ou alterações
digestivas, a forma cardíaca, que pode culminar ou não em disfunção ventricular,
e a forma digestiva, principalmente com acometimento do esôfago e do cólon.
As formas cardíaca e digestiva podem ou não vir combinadas. As manifestações
clínicas da fase crônica refletem o dano aos tecidos dos órgãos do trato digestivo
e coração (4).
A miocardiopatia chagásica e a insuficiência cardíaca congestiva decorrente
desta podem se manifestar até muitas décadas após a infecção primária pelo
protozoário. A cardiopatia chagásica crônica pode se manifestar por sinais de
insuficiência biventricular, predominando sinais de comprometimento do
ventrículo direito, distúrbios de condução e arritmias (3). A miocardiopatia
dilatada característica, os aneurismas de ponta e arritmias como a fibrilação
atrial, muito prevalente nessa população, predispõem a um maior risco de
ocorrência de eventos tromboembólicos, sobretudo o acidente vascular cerebral
(AVC). Atualmente, sabe-se que a insuficiência cardíaca relacionada à Doença
de Chagas está associada a um pior prognóstico e a maiores taxas de mortalidade
quando comparada com a insuficiência cardíaca por outras etiologias (2).
O diagnóstico sorológico da doença é realizado através do emprego de pelo
menos dois testes de princípios diferentes, que comprovem a presença de
anticorpos
anti-T.cruzi.
São
eles:
imunofluorescência
indireta
(IFI),
hemaglutinação indireta (HAI) e o ensaio imunoenzimático (ELISA). O teste de
reação de Machado Guerreiro tem classe de recomendação IIIC, não sendo mais
tão utilizado na prática clínica (3).
O envelhecimento da população é um fenômeno que vem ocorrendo em
diversos países, desenvolvidos ou não. No Brasil, país que também tem sentido
tal revolução demográfica, adota-se a definição de idoso preconizada pela
Organização Mundial de Saúde, considerando-se como tal qualquer indivíduo
com idade igual ou superior a 60 anos (5). Estudos apontam um aumento de 15
vezes na população idosa brasileira, entre os anos de 1980 e 2025, contra um
aumento de cinco vezes da população total (6). Análises de outro estudo
estimam que a proporção de idosos na população brasileira passará de 5% em
8
1960 para 14% em 2025 (7). Tais dados servem para ilustrar o rápido
crescimento desse setor da população nas próximas décadas, o que justifica a
importância de se realizar estudos que permitam direcionar os serviços prestados
aos idosos, de acordo com seu perfil.
O
envelhecimento
populacional
e,
consequentemente,
a
transição
demográfica pela qual o Brasil vem passando devem-se, entre outros fatores, à
diminuição da taxa de fertilidade e de mortalidade, combinada com o aumento
da expectativa de vida, fruto dos avanços tecnológicos e da Medicina e da
melhoria das condições de vida (6,7,8,9).
Acompanhando o aumento da população idosa, surge a maior prevalência de
morbidades, incluindo as doenças infecciosas de caráter crônico, como é a
Doença de Chagas (10). Campanhas efetivas para o controle do transmissão
vetorial e tranfusional, sendo empregado maior rigor nos bancos de coleta de
sangue, proporcionaram uma redução significativa dos novos casos da Doença
de Chagas, contribuindo para que o Brasil tenha recebido da Organização
Mundial de Saúde o certificado de eliminação da transmissão da doença pelo
vetor silvestre Triatoma infestans (3).
Diante dessa nova realidade, surge o desafio de tratar milhares de indivíduos
infectados na fase crônica da doença. Como a maioria deles são idosos, possuem
também maior predisposição a desenvolver outras condições crônicodegenerativas, particularmente as doenças cardiovasculares, o que compromete
ainda mais a função cardíaca desses pacientes e torna-os extremamente
vulneráveis a repercussões clínicas tais como hospitalizações (11,12). Dentre as
doenças infecto-parasitárias, a Doença de Chagas aparece como a segunda causa
mais frequente de morte em idosos brasileiros (11). A cardiopatia chagásica
crônica é a grande responsável pela diminuição da capacidade laborativa de
parte da população infectada, e também pelo prognóstico atribuído a esses
indivíduos (13). No Brasil, a insuficiência cardíaca é a terceira maior causa total
e a primeira entre as doenças cardiovasculares de internação pelo SUS em
pacientes acima de 65 anos de idade.
Os mecanismos que determinam o padrão evolutivo da cardiopatia chagásica
ainda não foram completamente esclarecidos (1,13). Outro fato sobre o estado da
9
arte é que, dentre os estudos que buscaram delinear o perfil dos pacientes idosos
portadores de Doença de Chagas, foram encontrados, durante o processo de
revisão de literatura do presente trabalho, poucos que tenham feito uma
descrição completa, que envolva tanto as características epidemiológicas,
clínicas e laboratoriais desses indivíduos (10,11,12,14-20). Além disso, nenhum
deles incluiu uma população com caracterísicas próximas à da realidade do
estado da Bahia.
Existe uma contradição entre a falta de investigações sobre a doença
chagásica na população idosa e a importância de se estudar esses indivíduos para
entender aspectos da doença ainda não completamente esclarecidos e permitir o
melhor planejamento do sistema de saúde, objetivando uma atenção mais
específica e efetiva para esse setor populacional. O presente estudo visa suprir a
deficiência do registro de informações relacionadas ao perfil clínico e
laboratorial desses pacientes, atendidos em um hospital-escola, que funciona
como serviço de referência para o Estado.
10
IV. METODOLOGIA
IV.1. Local do estudo
O estudo foi realizado no serviço de Miocardiopatias e Doença de
Chagas do Ambulatório Magalhães Neto, do Hospital Universitário Professor
Edgar Santos (HUPES), localizado na cidade de Salvador, Bahia.
IV.2. Métodos
IV.2.1. Desenho do estudo
Trata-se de um estudo de corte transversal.
IV.2.2. Critérios de inclusão:
Foram incluídos no estudo pacientes com idade igual ou superior a 60 anos
que concordassem em participar do estudo e fossem capazes de responder aos
questionários, sendo eles portadores da Doença de Chagas, com diagnóstico
comprovado por dois resultados sorológicos positivos para T. cruzi em
métodos diferentes, pesquisado durante a entrevista e análise de prontuário,
em uma de suas formas de apresentação, a saber: cardiopatia chagásica
crônica (miocardiopatia chagásica, com ou sem insuficiência cardíaca crônica
em diferentes estágios, com comprometimento da função ventricular), forma
indeterminada (sorologia positiva para T. cruzi, sem cardiopatia estrutural ou
sintomas de insuficiência cardíaca, e também sem alterações digestivas), ou
forma digestiva (manifestações clínicas e/ou exames radiológicos compatíveis
com megaesôfago ou megacólon). Todos eles são atendidos regularmente no
Ambulatório de Miocardiopatias e Doença de Chagas.
IV.2.3. Fluxograma de atendimento:
Todos os pacientes com idade ≥60 anos, encaminhados para atendimento
no Ambulatório de Miocardiopatias e Chagas, do Amb. Magalhães Neto,
foram convidados a participar do estudo. Aqueles que consentiram com a
participação assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(ANEXO I) e responderam a um questionário referente a dados
sociodemográficos e clínicos (ANEXO II), aplicados pelos pesquisadores.
Dados clínicos adicionais foram investigados no prontuário dos pacientes
11
envolvidos no estudo ou adquiridos através da realização de exames
complementares
(laboratoriais,
eletrocardiograma
e
ecocardiograma
transtorácico), que não implicaram custo adicional aos pacientes, pois foram
realizados pelo SUS, além de fazerem parte da rotina de atendimento do
ambulatório. Em seguida, de porte das informações sociais e clínicas do
paciente e dos resultados apresentados nos exames solicitados, foi realizada
uma análise do perfil do grupo de pacientes selecionado para o estudo em
questão. Os pacientes não tiveram sua identidade revelada em nenhum
momento do estudo.
IV.2.4. Aspectos éticos:
Este estudo é um adendo do projeto “Avaliação de demência e depressão
em portadores de doença de Chagas”, que fora aprovado no Comitê de Ética
em Pesquisa do C-HUPES (CEP/HUPES) em 04 agosto de 2010 sob o
número 41/2010 (ANEXO III). O adendo foi avaliado e aprovado em 15 de
Janeiro de 2013 também pelo CEP/HUPES (ANEXO IV). Todos os pacientes
participantes do estudo preencheram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido.
IV.2.5. Critérios de exclusão:
Pacientes com idade inferior a 60 anos; os que se recusaram a participar
do estudo; pacientes incapacitados, por qualquer motivo, para responder o
questionário.
IV.2.6. Variáveis de interesse:
Dados clínicos e sociodemográficos: idade, sexo, naturalidade,
escolaridade, antecedentes médicos e tratamento medicamentoso.
Dados específicos relacionados à Doença de Chagas: sorologia para o T.
Cruzi e forma de apresentação.
Dados de exames complementares: achados em exames laboratoriais, no
eletrocardiograma e no ecocardiograma transtorácico.
12
IV.3 Análise estatística
Foi realizada uma análise estatística descritiva das variáveis clínicas e
laboratoriais dos pacientes com auxílio do software Statistical Package for
the Social Science (SPSS) versão 21. Dados com distribuição normal foram
apresentados por meio de médias e desvios-padrões e aqueles com distribuição
não normal, através de medianas e intervalos interquartis.
13
V. RESULTADOS
Durante o período de Janeiro de 2013 a Agosto de 2013, foram selecionados
para o estudo 111 pacientes com Doença de Chagas confirmada por dois testes
sorológicos com resultados positivos.
Dentre esses pacientes, 73 (65,8% da amostra) eram do sexo feminino. A
idade variou entre 60 e 88 anos e a média geral foi de 67,9 anos (± 5,5 dp).
Quanto ao grau de escolaridade, observou-se que 32,3% era analfabeto, 37,5%
tinha tempo de estudo entre 1 e 4 anos, 17,7% tinha de 5 a 8 anos e 12,5% havia
estudado por um período maior que 8 anos. Ao todo, 86 pacientes (82,7%) eram
hipertensos, 27 (25,2%) eram diabéticos e 51 (47,2%) apresentavam
dislipidemia. Nove (8,3%) tinham diagnóstico prévio de depressão. Apenas 3
(2,8%) já tinha tido um infarto agudo do miocárdio (IAM) e 12 (11%), um
acidente vascular cerebral (AVC). Outras comorbidades, como insuficiência
renal crônica (2,8%), doença pulmonar obstrutiva crônica (2,8%) e
hipotireoidismo (0,9%) foram pouco prevalentes (TABELA 1).
TABELA 1. Distribuição dos pacientes idosos portadores de Doença de
Chagas atendidos em ambulatório de referência, segundo variáveis
sociodemográficas e comorbidades. Salvador, Bahia.
Características
Pacientes (n = 111)
Idade (média em anos)
67,9 (± 5,5)
Feminino, n (%)
73 (65,8%)
Escolaridade
Analfabeto, n (%)
31 (32,3%)
1  4 anos de estudo, n (%)
36 (37,5%)
5  8 anos de estudo, n (%)
17 (17,7%)
> 8 anos de estudo, n (%)
12 (12,5%)
Comorbidades
Hipertensão arterial sistêmica, n (%)
CONTINUA
86 (82,7%)
14
[CONTINUAÇÃO]
Dislipidemia, n (%)
51 (47,2%)
Diabetes mellitus, n (%)
27 (25,2%)
Depressão, n (%)
9 (8,3%)
Acidente vascular cerebral prévio, n (%)
12 (11%)
Infarto agudo do miocárdio prévio, n (%)
3 (2,8%)
Todos os pacientes do estudo estavam na fase crônica da infecção pelo T.
cruzi. Com relação à forma de apresentação da Doença de Chagas, observou-se
que 38,1% apresentavam a forma indeterminada da doença, enquanto 8,3%
apresentavam a forma digestiva, 7,2%, a forma mista, e 46,4%, a forma cardíaca
(TABELA 2). Destes, 66,7% apresentavam insuficiência cardíaca classe
funcional I ou II da New York Heart Asssociation (NYHA).
TABELA 2. Caracterização da Doença de Chagas nos pacientes atendidos
em ambulatório de referência em Salvador, Bahia.
Forma de apresentação da Doença de
Pacientes (n = 111)
Chagas
Forma indeterminada, %
38,1%
Forma digestiva, %
8,3%
Forma mista, %
7,2%
Forma cardíaca, %
46,4%
Classe funcional I (NYHA*), %
24,4%
Classe funcional II (NYHA), %
42,2%
Classe funcional III (NYHA), %
20,0%
Classe funcional IV (NYHA), %
0,0%
Sem insuficiência cardíaca, %
13,4%
*NYHA: New York Heart Association
As drogas mais utilizadas foram aquelas que atuam no sistema reninaangiotensina-aldosterona (inibidores da enzima de conversão da angiotensina –
IECA - e bloqueadores do receptor da angiotensina - BRA) (82,8%), seguidas do
15
diurético (63,6%), beta-bloqueador (45,5%), estatina (44,5%) e ácido
acetilsalicílico (AAS) (25,5%). Oitenta e seis pacientes (78,2%) utilizavam 3
drogas ou mais (GRÁFICO 1).
Número de pacientes (%)
GRÁFICO 1. Perfil da terapêutica medicamentosa instituída nos pacientes idosos
portadores da Doença de Chagas.
O perfil da terapêutica instiuída nos pacientes que apresentavam
insuficiência cardíaca secundária à Doença de Chagas demonstra que as drogas
mais utilizadas nesses grupo foram os IECA/BRA (86,6%), seguidos dos betabloqueadores (82,2%) e diuréticos (75,5%), conforme demonstrado no
GRÁFICO 2.
Número de pacientes (%)
GRÁFICO 2. Perfil da terapêutica medicamentosa instituída nos pacientes idosos
portadores de insuficiência cardíaca secundária à Doença de Chagas (n=45).
16
Os achados laboratoriais dos pacientes estudados estão descritos na
TABELA 3, na qual observa-se que a média da hemoglobina foi de 13,5 g/dL, a
mediana da glicemia foi 92,0 mg/dL (84,5 – 110,5) e as médias da ureia e
creatinina foram, respectivamente, 37,0 mg/dL e 0,9 mg/dL. Quanto ao perfil
lipídico, as médias encontradas foram: 193, 9 mg/dL para colesterol total, 59,9
mg/dL para a fração HDL (high-density lipoprotein) do colesterol, 115,4 mg/dL
para a fração LDL (low-density lipoprotein) do colesterol e 113,7 mg/dL para os
níveis de triglicerídeos.
TABELA 3. Achados laboratoriais em pacientes idosos portadores da
Doença de Chagas.
Exame complementar
Pacientes (n = 111)
Hemoglobina (g/dL)
13,5 (± 1,2)
Hematocrito (%)
40,8 (± 4,3)
Glicemia (mg/dL)
92,0 (84,5 – 110,5)
Ureia (mg/dL)
Creatinina (mg/dL)
37,0 (± 11,5)
0,9 (± 0,2)
Perfil lipídico
Colesterol total (mg/dL)
193,9 (± 46,8)
HDL-c (mg/dL) *
59,9 (± 16,1)
LDL-c (mg/dL) **
115,4 (± 41,3)
Triglicerídeos (mg/dL)
113,7 (± 51,3)
*HDL-c: fração HDL do colesterol
**LDL-C: fração LDL do colesterol
A TABELA 4 mostra os achados no eletrocardiograma e ecocardiograma
transtorácico desses pacientes. Ao todo, 59 pacientes apresentaram alteração ao
eletrocardiograma, sendo as mais frequentes: bloqueio de ramo direito (BRD)
(67,7%), bloqueio divisional ântero-superior (BDAS) (61,0%) e fibrilação atrial
(FA) (18,6%). Com relação ao resultado do ecocardiograma transtorácico
realizado nos pacientes do estudo, observou-se que a média da fração de ejeção
do ventrículo esquerdo foi de 57,5% (±15,8) e que 48,6% dos pacientes
17
apresentavam disfunção diastólica, que foi do tipo alteração de relaxamento em
57,4% destes. Um total de 33,3% apresentavam dilatação de ventrículo esquerdo
ao ecocardiograma, enquanto 46,6% apresentavam dilatação de átrio esquerdo,
cujo diâmetro médio foi de 40mm (± 9,4).
TABELA 4. Achados no eletrocardiograma e ecocardiograma dos
pacientes idosos portadores da Doença de Chagas.
Exame complementar
Eletrocardiograma alterado, n (%)
Pacientes (n = 111)
59 (53,1%)
Bloqueio de ramo direito, n (%)
40 (67,7%)
Bloqueio divisional ântero-superior, n (%)
36 (61,0%)
Fibrilação atrial, n (%)
11 (18,6%)
Bloqueio de ramo esquerdo, n (%)
4 (6,7%)
Bloqueio átrio-ventricular, n (%)
4 (6,7%)
Ecocardiograma transtorácico
Fração de ejeção do ventrículo esquerdo (%)
Disfunção diastólica, %
57,5 (± 15,8)
48,6%
Alteração do relaxamento, %
57,4%
Pseudonormal, %
7,4%
Restritivo, %
9,2%
Tipo não determinado, %
26%
Dilatação do ventrículo esquerdo, %
33,3%
Dilatação do átrio esquerdo, %
46,6%
Diâmetro do átrio esquerdo, mm
40,0 (± 9,4)
Septo interventricular, mm
8,4 (± 1,1)
Parede posterior, mm
8,4 (± 1,3)
Analisando-se isoladamente os pacientes com a forma cardíaca da Doença
de Chagas, os achados do ecocardiograma transtorácico revelam que a média da
fração de ejeção do ventrículo esquerdo foi de 47,4% (±15,9), 44,4% dos
pacientes apresenta disfunção diastólica, 45% destas do tipo alteração de
18
relaxamento, 64% têm dilatação de ventrículo esquerdo e 66,7%, de átrio
esquerdo (TABELA 5).
TABELA 5. Achados no ecocardiograma dos pacientes idosos portadores
da forma cardíaca da Doença de Chagas.
Ecocardiograma transtorácico
Fração de ejeção do ventrículo esquerdo (%)
Disfunção diastólica, %
Pacientes (n = 45)
47,4 (± 15,9)
44,4%
Alteração do relaxamento, %
45%
Pseudonormal, %
15%
Restritivo, %
25%
Tipo não determinado, %
15%
Dilatação do ventrículo esquerdo, %
Dilatação do átrio esquerdo, %
Diâmetro do átrio esquerdo, mm
64%
66,7%
44,6 (± 10,8)
Septo interventricular, mm
8,6 (± 1,3)
Parede posterior, mm
8,5 (± 1,7)
19
VI. DISCUSSÃO
O perfil dos pacientes portadores da Doença de Chagas (DC) vem passando
por uma importante transformação nas últimas décadas: a erradicação da
transmissão vetorial no Brasil, certificada pela OMS em 2006 (3), contribuiu
para a redução do número de pacientes jovens infectados, e consequente
aumento da fração de portadores crônicos da doença. Além disso, os adventos
relacionados à abordagem terapêutica das manifestações dessa condição e a
melhoria no acesso e na assistência à saúde culminaram em aumento de
sobrevida dos pacientes chagásicos, que puderam alcançar faixas etárias mais
avançadas.
Associado a esse processo, o envelhecimento populacional, experimentado
em diversos países, incluindo o Brasil, deu lugar a um novo padrão de
morbidade, no qual a Doença de Chagas passou a coexistir com outras doenças
crônicas, de caráter degenerativo, particularmente as doenças cardiovasculares.
Esse novo perfil que se delineia possui especificidades que devem ser estudadas
para melhor prestação de serviços na atenção à saúde desses pacientes.
No presente estudo, que avaliou o perfil clínico e laboratorial de idosos
portadores da forma crônica da DC, a média de idade encontrada foi um achado
consonante com o de outros autores (10, 11, 20, 21), que buscaram estudar
populações semelhantes. Percebe-se, por esse resultado, que a maior parte da
população estudada era de idosos jovens (idade entre 60 e 74 anos), que
corresponde ao segmento mais populoso da faixa etária geriátrica no país (10).
Houve elevada prevalência do sexo feminino dentre os pacientes estudados,
o que corresponde a uma tendência da população idosa geral nacional, na qual o
número absoluto de mulheres é superior ao de indivíduos do sexo masculino
(22), além de ser um achado semelhante ao de outros estudos em populações de
chagásicos (10, 11, 20, 21, 23, 24). Essa diferença entre os sexos decorre
sobretudo de uma maior expectativa de vida ao nascer atribuída às mulheres, que
gera uma mortalidade diferencial, superior entre os homens (22), fenômeno
conhecido como “feminização da velhice” (11). Além disso, estudos como o de
Hidron et al. (2010) (24) encontraram associação entre sexo masculino e risco
20
substancialmente aumentado de cardiopatia chagásica grave, o que pode
contribuir para uma mortalidade maior e mais precoce nesse segmento.
Guariento et al. (2011) (20) também ressalta em um de seus trabalhos o pior
prognóstico da Doença de Chagas em homens. No entanto, outros estudos
encontraram maior prevalência de chagásicos no sexo masculino (12) ou risco
igual em ambos os sexos (10), o que torna esse achado controverso e sem
significância, não sendo possível atribuir maior sobrevida ou efeito protetor do
sexo feminino na Doença de Chagas.
Quando analisado o grau de escolaridade dos pacientes selecionados,
observou-se elevada frequência de analfabetismo e de indivíduos com tempo de
estudo menor que quatro anos, ou seja, a maioria deles apresentava baixo nível
de escolaridade, o que reflete a associação entre as formas de transmissão da
doença no passado e as condições sociais e econômicas da população mais
acometida (25). A endemicidade da Doença de Chagas no país retrata a
desigualdade social à qual a população foi submetida, o que permite o
desenvolvimento da doença (11). Os dados encontrados se assemelham àquele
trazido por Braga et al. (2006) (25), no qual a média de anos de estudo dos
pacientes com miocardiopatia chagásica atendidos em ambulatório de referência
em Salvador, Bahia, foi de 4,4 anos (± 4,1). Alves et al. (2009) (11), ao avaliar
idosos matriculados em um serviço de referência em Campinas, São Paulo,
também encontrou uma frequência elevada de pacientes que frequentaram a
escola por no máximo quatro anos (64,4%). É importante ressaltar que, muito
mais do que uma das causas do desenvolvimento da doença, a escolaridade
representa também um fator essencial no manejo clínico desses pacientes, uma
vez que pode interferir na compreensão das recomendações médicas e,
consequentemente, no grau de adesão à terapêutica instituída, devendo ser foco
da atenção do médico assistente.
A comorbidade mais frequente foi a hipertensão arterial sistêmica (HAS).
Outros autores também encontraram elevada prevalência de HAS entre os
chagásicos (11, 12, 14, 19, 23, 24, 28). Espera-se que, com o envelhecimento
populacional e o aumento do contingente de idosos na condição de portadores
crônicos da Doença de Chagas, essa prevalência aumente ainda mais. Há algum
21
tempo se tenta compreender os aspectos da associação entre a HAS e a DC.
Muitos estudos tentaram estabelecer a relação entre a fisiopatologia das duas
doenças (19, 23). Sabe-se que a HAS ocorre quando há desequilíbrio na relação
entre resistência vascular periférica e débito cardíaco, ambos afetados quando há
infecção pelo T. cruzi, que causa lesão em fibras nervosas parassimpáticas e, em
menor grau, nas simpáticas. A hipertensão arterial surgiria, então, como
consequência da desrregulação neurovegetativa causada pela infecção pelo
parasita, com predomínio do tônus simpático, o que aumentaria os níveis
pressóricos (19). Os resultados dos estudos que se dedicaram a isso, no entanto,
são inconclusivos.
Bertanha et al. (2008) (19) observou que a progressão da idade e o sexo
feminino representam fatores de risco para o desenvolvimento da hipertensão
arterial em chagásicos. Nesse mesmo estudo, também foi encontrada uma maior
ocorrência de sobrecarga de ventrículo esquerdo em chagásicos idosos com
diagnóstico de HAS. Guariento et al. (1998) (28) mostrou, com significância, a
ocorrência de um dano miocárdico maior em indivíduos com DC e HAS
associadas quando comparados com os portadores da DC isolada. Considerando
que a hipertensão arterial atua gerando um dano cardiovascular ainda maior,
além de contribuir para o aumento da morbimortalidade e redução da qualidade
de vida, deve-se estar atento para o diagnóstico e acompanhamento dessa
condição em idosos portadores de DC.
Observou-se no presente estudo a também elevada frequência de outros
fatores de risco cardiovasculares de ocorrência concomitante à HAS, como
dislipidemia e diabetes mellitus, cuja associação contribui ainda mais para o
dano cardíaco nesses pacientes, atuando como fatores prognósticos. Importante
ressaltar que, conforme fora evidenciado em estudos anteriores (19), a
ocorrência de diabetes não decorre diretamente da existência da HAS ou da
associação desta com a Doença de Chagas, apresentando maior prevalência em
populações como a estudada nesse estudo devido a outros fatores de risco, como
a progressão da idade e o sexo feminino.
Uma parcela dos pacientes amostrados apresentou diagnóstico de transtorno
depressivo. Os chagásicos, de uma maneira geral, estão predispostos a situações
22
que podem contribuir para o surgimento desses distúrbios psíquicos, como as
condições socioeconômicas precárias, a discriminação social, a incapacidade
laboral, a condição de doente crônico e os distúrbios cognitivos associados à
progressão da idade (19).
Sabe-se que a Doença de Chagas tem associação independente com eventos
tromboembólicos e com uma maior frequência de acidente vascular cerebral,
podende este acontecer mesmo na ausência de fatores de risco vasculares,
diferentemente do que ocorre em pacientes cardiopatas não chagásicos (26).
Apesar de a Doença de Chagas ter sido associada a diversas condições crônicodegenerativas, os pacientes incluídos no estudo apresentaram relativamente
poucas complicações decorrentes desse perfil de morbidades – 11% haviam
sofrido um AVC prévio e 2,8%, um IAM. Tal fato pode ser explicado de duas
maneiras. A primeira seria a de que os pacientes mais graves podem ter morrido
devido a essas complicações e, por esse motivo, não foram registrados no
estudo, o que constituiria um viés do sobrevivente. A segunda é a de que os
pacientes atendidos no serviço em questão recebem o acompanhamento e o
manejo terapêutico adequado para as manifestações da Doença de Chagas, como
a insuficiência cardíaca secundária à cardiopatia chagásica crônica, e,
consequentemente,
apresentam
maior
sobrevida
e
menor
número
de
complicações e desfechos fatais.
Com relação à forma de apresentação da Doença de Chagas, observou-se
maior prevalência da forma cardíaca (46,4%), seguida da forma indeterminada,
digestiva e mista. Tal resultado concorda com os achados de Almeida et al.
(2007) (10), Alves et al. (2009) (11) e Guariento et al. (2011) (20), que
encontraram predominância da forma cardíaca da Doença de Chagas em idosos,
com frequências de, respectivamente, 88,5%, 46,7% e 42,0%. Silva et al .(2007)
(17), em um estudo de caso-controle, determinou que a idade é um fator de risco
para o desenvolvimento da cardiopatia chagásica, o que pode explicar a maior
prevalência dessa forma clínica com relação às outras em indivíduos idosos.
Sabe-se também que a miocardiopatia chagásica está associada a piores taxas de
sobrevida com relação às miocardiopatias idiopáticas (18,30), o que faz com que
seu diagnóstico tenha um elevado valor prognóstico.
23
Dados de estudos anteriores sugerem que a DC não possui um curso
benigno, ou seja, ela invariavelmente evolui para uma de suas formas clínicas de
apresentação à medida que progride e se cronifica. Almeida et al. (2007) (10)
encontrou frequência estatísticamente inferior da forma indeterminada em
indivíduos com idade superior a 60 anos. Guariento et al. (2009) (12), observou,
através de análise de prontuários em dois decênios consecutivos, que a
frequência da forma indeterminada diminuiu enquanto a da forma cardíaca
elevou-se de um período a outro. No estudo de Viotti et al. (2005) (29), o
tratamento com benzonidazol foi o único indicador de retardo na progressão da
miocardiopatia chagásica. Desse modo, questiona-se se a realização sistemática
do tratamento etiológico em todos os pacientes infectados com o tripanossoma, e
não apenas naqueles com formas agudas da doença, teria algum impacto na
história natural da DC, sendo necessários novos estudos que avaliem essa
possibilidade.
Dentre os pacientes com a forma cardíaca da doença, a maioria (66,7%)
apresentavam insuficiência cardíaca classe funcional I ou II da New York Heart
Asssociation (NYHA), o que indica que, apesar da lesão cardíaca causada pela
infecção pelo T. cruzi, e da associação da cardiopatia chagásica com outras
morbidades cardiovasculares, esses pacientes permanecem pouco sintomáticos.
Tal achado pode ser um indicativo de que a terapêutica instituída nesses
pacientes apresente um resultado benéfico sobre a progressão da doença.
Também pode ser um resultado enviesado, caso os pacientes mais graves tenham
morrido mais jovens.
Quanto ao perfil terapêutico dos pacientes estudados, observou-se que as
drogas mais utilizadas foram aquelas atuantes no sistena renina-angiotensinaaldosterona (IECAs e BRAs), seguidas do diurético, beta-bloqueador, estatina e
ácido acetilsalicílico. Tal perfil está dentro do esperado para o padrão de
comorbidades apresentado pelos pacientes, no qual a Doença de Chagas aparece
associada a doenças do aparelho cardiovascular, como HAS, diabetes mellitus e
dislipidemia, que exigem tratamento crônico, sobretudo para evitar que os idosos
chagásicos tenham sua função cardíaca ainda mais fragilizada por essas
associações mórbidas. Importante ressaltar que a grande maioria dos pacientes
24
fazia uso de três drogas ou mais. Deve-se atentar para o risco desses idosos
serem submetidos à polifarmácia, que pode dificultar a adesão terapêutica,
aumentar a morbimortalidade e comprometer a qualidade de vida dos pacientes,
conforme fora levantado por Alves et al. (2009) (11).
Os chagásicos formam um grupo pouco representado nos grandes ensaios
clínicos relacionados às terapias medicamentosas para insuficiência cardíaca.
Apesar disso, e devido à carência de estudos que busquem adequar a terapêutica
às peculiaridades dessa doença, o tratamento instiuído nos pacientes com
insuficiência cardíaca secundária à Doença de Chagas se assemelha ao realizado
em outras etiologias (25). No estudo em discussão, as drogas mais utilizadas
pelos pacientes com essa condição foram os IECA/BRA, seguidos dos betabloqueadores e diuréticos, sendo as duas primeiras classes reconhecidamente
modificadoras de sobrevida na insuficiência cardíaca (27).
Quando analisados os exames laboratoriais dos pacientes do estudo,
observou-se que os resultados dos valores médios e medianos de glicemia,
provas de função renal e perfil lipídico encontravam-se dentro da faixa de
normalidade preconizada em diretrizes, ou muito próximos a elas. Os resultados
encontrados indicam que, apesar do grande número de comorbidades
apresentado pelos idosos chagásicos do estudo, o estabelecimento de um
tratamento adequado permite mantê-los dentro de faixas consideradas saudáveis
e, consequentemente, diminuir o risco cardiovascular ao qual eles estão
submetidos.
Com relação às alterações eletrocardiográficas, encontradas em mais da
metade da amostra, as mais frequentes foram o bloqueio de ramo direito e o
bloqueio divisional ântero-superior, que são os achados mais frequentes em
pacientes com cardiopatia chagásica, acometendo mais de 50% deles (3). As
alterações no eletrocardiograma constituem, frequentemente, a primeira
manifestação da cardiopatia chagásica crônica (3), devendo o médico assistente
realizar um acompanhamento mais próximo dos pacientes acometidos, no intuito
de estabelecer uma intervenção precoce. Tais resultados se assemelham aos
encontrados por Almeida et al. (2007) (10), Bozelli et al. (2006) (14), Silva et al.
(2013) (23) e Hidron et al. (2010) (24). O terceiro achado mais frequente foi a
25
fibrilação atrial, presente em 18,6% dos pacientes com eletrocardiograma
alterado, sendo essa arritmia, muitas vezes, um achado mais tardio e indicativo
de disfunção ventricular grave (3), além de ser preditor de acidente vascular
cerebral (26), devendo-se, portanto, avaliar a necessidade de terapêutica
anticoagulante nesses pacientes, como profilaxia para complicações.
As alterações cardíacas estruturais e a função ventricular, avaliados através
do ecocardiograma, são importantes para investigação diagnóstica complementar
e avaliação prognóstica de um paciente chagásico (3). No estudo em discussão, a
média geral da fração de ejeção do ventrículo esquerdo (VE) encontrada foi de
57,5%. Quando se analisa isoladamente os pacientes com a forma cardíaca da
Doença de Chagas, encontra-se uma média da fração de ejeção de 47,4% , o que
indica função sistólica global dessa câmara relativamente preservada, apesar do
longo tempo de doença. Tal achado representa um indicador de que a conduta
terapêutica instituída para tratamento da insuficiência cardíaca, discutida
anteriormente, apresentou resultados benéficos nessa população, uma vez que a
doença parece progredir lentamente nos pacientes estudados. A disfunção
diastólica foi um achado em 44,4% dos idosos chagásicos e 64% deles têm
dilatação de ventrículo esquerdo e 66,7%, de átrio esquerdo. Tais alterações
costumam preceder a disfunção sistólica de VE e podem predispor a arritmias,
como a fibrilação atrial e as arritmias ventriculares (23).
26
VII. CONCLUSÕES
1. Com relação ao perfil epidemiológico dos pacientes chagásicos idosos,
observou-se que a maioria encontra-se na faixa etária de idosos jovens, é
do sexo feminino e apresenta baixo grau de escolaridade.
2. A comorbidade mais prevalente foi a hipertensão arterial sistêmica,
seguida de dislipidemia e diabetes mellitus, todas elas condições
consideradas fatores de risco cardiovascular. Deve-se, portanto, atentar
para a possibilidade dessas associações mórbidas causarem um dano
miocárdico ainda maior em pacientes já com comprometimento cardíaco
secundário à infecção pelo T. cruzi.
3. Quanto à forma clínica de apresentação da Doença de Chagas, a mais
frequente foi a forma cardíaca. Dentre os que tinham desenvolvido
insuficiência cardíaca, mais da metade apresentava-se pouco sintomática,
sugerindo efeito benéfico da terapia com as clássicas drogas
modificadoras de sobrevida, apesar desse tratamento ser extrapolado de
outras etiologias para a Doença de Chagas, por falta de estudos.
4. O perfil de prescrição terapêutica condiz com o padrão de comorbidades
apresentado pelos pacientes, devendo-se estar atento para o risco de
submeter os idosos à polifarmácia.
5. Os achados laboratoriais estavam dentro dos limites de normalidade
preconizados em diretrizes, apesar da associação da Doença de Chagas
com outras morbidades.
6. Os achados eletrocardiográficos mais frequentes foram o bloqueio de
ramo direito, o bloqueio divisional ântero-superior e a fibrilação atrial.
7. No ecocardiograma dos pacientes com a forma cardíaca da doença,
observou-se função sistólica ventricular, em geral, preservada.
8. Apesar da elevada frequência de alterações cardiovasculares nos idosos
chagásicos e do dano miocárdico causado pela doença, independente da
idade, o acompanhamento contínuo e o estabelecimento de um tratamento
adequado faz com que a maioria dos pacientes se mantenha pouco
sintomática.
27
9. Os resultados do presente estudo devem servir de alerta para a criação de
políticas públicas e de estratégias de atenção à saúde que levem em
consideração o envelhecimento populacional, realidade já existente no
Brasil, e a vulnerabilidade dos pacientes chagásicos idosos, contemplando
o acesso facilitado aos recursos terapêuticos e serviços de atenção
primária, além daqueles de maior complexidade tecnológica e apoio
diagnóstico, além de estratégias para controle de comorbidades.
28
VIII. SUMMARY
CLINICAL AND LABORATORY ASPECTS OF CHAGAS’ DISEASE IN
ELDERLY INDIVIDUALS Background: Chagas’ disease (CD), an infectious and
parasitic condition, represents significant economic and health management problem on
many Latin American countries. The demographic aging determines a new pattern of
morbidity, in which non-infectious chronic diseases are associated with CD, requiring
studies to understand the profile of the population affected by this new reality,
contributing to the directed and rational use of resources. Objective: To describe the
clinical and laboratory characteristics of elderly patients with Chagas’ disease.
Methods: Cross-sectional study involving elderly patients (≥ 60 years) with CD in one
of its presentations. The participants answered a questionnaire regarding demographic
and clinical data. Additional data were investigated in medical records or acquired
through additional tests. Results: 111 patients with confirmed CD were collected, and
73 (65.8%) of those were female. The mean age was 67.9 years. Among them, 38.1%
had indeterminate form of CD, while 8.3% had digestive form, 7,2%, mixed form, and
46.4%, cardiac form. Of these, 66.7% were in functional class I or II heart failure. In all,
86 patients (82.7%) were hypertensive, 27 (25.2%) were diabetic and 51 (47.2%) had
dyslipidemia. Only three (2.8%) have had a previous acute myocardial infarction and 12
(11%), a stroke. The most commonly used drugs were ACEI/ARA (82.8%), diuretics
(63.6%), beta blockers (45.5%), statins (44.5%) and ASA (25.5%). 86 patients (78.2%)
were using three or more drugs. Fifty-nine patients showed abnormalities on
electrocardiogram, the most common being: right bundle branch block (67.7%) and left
anterior hemiblock (61.0%). Approximately half of the patients (48.6%) had diastolic
dysfunction on echocardiography and mean ejection fraction of the left ventricle was
57.5%. Conclusions: The study showed that, despite the comorbidities and the
complications inherent to the disease, the establishment of an appropriate treatment
leaves most of the patients little symptomatic.
Key words: 1. Chagas Disease 2. Aged; 3. Demographic Aging; 4. Chagas
Cardiomyopathy; 5. Heart Failure.
29
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Bocchi EA, Marcondes-Braga FG, Bacal F, Ferraz AS, Albuquerque D,
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Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica – 2012. Arq Bras
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Guariento ME, Orosz JEB, Gontijo JAR. Interação clínica entre moléstia
de Chagas e Hipertensão Arterial Primária em um serviço de referência
ambulatorial. Arq Bras Cardiol. 1998;70(6):432-4.
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32
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Nunes MCP, Barbosa MM, Ribeiro ALP, Fenelon LMA, Rocha MOC.
Predictors of mortality in patients with dilated cardiomyopathy:
relevance of Chagas Disease as an etiological factor. Rev Esp Cardiol.
2010;63(7):788-97.
33
X. ANEXOS
 ANEXO I: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
 ANEXO II: Modelo da ficha de registro de dados
 ANEXO III: Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do HUPES, com
aprovação da investigação original
 ANEXO IV: Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do HUPES,
aprovando o adendo ao projeto original
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ANEXO I
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Título dos projetos de pesquisa: Prevalência de demência em idosos acompanhados
em ambulatório de miocardipatia da UFBA.
DURANTE A LEITURA DO DOCUMENTO ABAIXO FUI INFORMADO
(a) QUE POSSO INTERROMPER PARA FAZER QUALQUER
PERGUNTA, COM OBJETIVO DE TIRAR DÚVIDAS, PARA O MEU
MELHOR ESCLARECIMENTO
Eu, ____________________________________________________ fui procurado
(a) pela médica especializada em cuidar de pessoas idosas, Doutora Manuela
Oliveira de Cerqueira Magalhães, registro número 10106 no Conselho Regional de
Medicina do Estado da Bahia, sobre o projeto de pesquisa com o título acima citado.
Nesse estudo, coordenado pelo Professor da Universidade Federal da Bahia, Doutor
Roque Aras Jr. fui selecionado para participar por ter mais de 60 anos e ser portador
de miocardiopatia.
Fui esclarecido que serei entrevistado (a) pelo médico da equipe de pesquisadores,
___________________________________, no ambulatório da FAMED-UFBA, que
fará perguntas sobre se sou casado(a), até que ano estudei, qual é a minha raça e com
quê eu trabalhei a minha vida toda, além de perguntas sobre a minha saúde geral,
memória, sono, humor, preocupação, ansiedade, atividades diárias e problemas
mentais e remédios que uso. Fui esclarecido ainda, que responderei sobre a história
de saúde da minha família e farei um teste de memória e que para tanto deverei estar
disponível para toda entrevista por pelo menos 2horas. Fui informado que posso
negar-me a responder às perguntas em qualquer momento.
Os resultados da pesquisa serão publicados em revista médica, mas fui
informado que meu nome, ou qualquer situação que me identifique, jamais serão
divulgados em qualquer lugar.
Qualquer reclamação que eu tenha, poderei
procurar as pesquisadoras através do telefone (071) 32476982 ou no Hospital
Universitário Prof. Edgard Santos (Hospital das Clínicas).
Estou então satisfeito com as explicações deste documento, do qual ficarei com
uma cópia e também com as explicações dos doutores que me procuraram, inclusive
35
durante a leitura deste documento, feita de forma clara e devagar. Portanto, concordo
em participar desta pesquisa.
COMO TENHO DIFICULDADE PARA LER (SIM  ou NÃO ) O QUE FOI
ESCRITO ACIMA, ATESTO TAMBÉM QUE A DOUTORA MANUELA DE
OLIVEIRA MAGALHÃES OU ALGUÉM DA SUA EQUIPE, QUANDO DA
LEITURA PAUSADA DESTE DOCUMENTO ESCLARECEU AS MINHAS
DÚVIDAS E COMO TEM A MINHA CONCORDÂNCIA PARA PARTICIPAR
DO ESTUDO, CONCORDEI EM COLOCAR A MINHA IMPRESSÃO DO DEDO
POLEGAR DIREITO ABAIXO
Salvador,
de
de 2012.
NOME:______________________________________________________
ASSNATURA:________________________________________________
IMPRESSÃO DIGITAL (se necessário):
TESTEMUNHAS:
1.
NOME:_______________________________________________
ASSINATURA:_________________________________________
2.
NOME:_______________________________________________
ASSINATURA:_________________________________________
___________________________________
CREMEB:
DOCUMENTO EM 2 (DUAS) VIAS, UMA PARA SER ENTREGUE À PESSOA
(OU RESPONSÁVEL) QUE VAI PARTICIPAR.
36
ANEXO II
FICHA DE AVALIAÇÃO
IDENTIFICAÇÃO
1. Data ___/___/_____
Nº ___________
2. Nome ________________________________________________
3. Matrícula ___________ 4. Nasc ___________
5. Idade ______
6. Gênero ( ) F ( ) M
7. Naturalidade _____________________
8. Escolaridade ___________________
9. Telefone _______________
ANTECEDENTES MÉDICOS (1-Sim, 2-Não)
10. HAS [ ] 11. DM [ ] 12. DLP [ ] 13. AVC prévio [ ] 14. IAM prévio [
15. Arritmia [ ] ___________________________________________________
16. ICC [ ] CF ______
17. Hipotireoidismo [ ] 18. Hipertireoidismo [ ] 19. Anemia [ ]
20. IRC [ ] 21. Insuficiência hepática [ ] 22. DPOC [ ]
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO (1-Sim, 2-Não)
23. IECA [ ] Subst.:____________________ Dose/dia:_______________
24. BRA [ ] Subst.:____________________ Dose/dia:_______________
25. BCC [ ] Subst.:____________________ Dose/dia:_______________
26. Beta-bloqueador [ ] Subst.:_______________ Dose/dia:_______________
27. Hidroclorotiazida [ ] Subst.:______________ Dose/dia:_______________
28. Furosemida [ ] Subst.:________________ Dose/dia:_______________
29. Espironolactona [ ] Subst.:____________ Dose/dia:_______________
30. Digitálico [ ] Subst.:____________________ Dose/dia:_______________
31. Amiodarona [ ] Subst.:________________ Dose/dia:_______________
32 Hidralazina [ ] Subst.:________________ Dose/dia:_______________
33. Nitrato [ ] Subst.:___________________ Dose/dia:_______________
34. Antiagregante [ ] Subst.:_________________ Dose/dia:_______________
35. Anticoagulante [ ] Subst.:_________________ Dose/dia:_______________
36. Estatina [ ] Subst.:____________________ Dose/dia:_______________
37. Outros: ___________________________________________________
CARACTERIZAÇÃO DA D. DE CHAGAS (1-Sim, 2-Não)
38. Sorologia + para o T.cruzi [ ]
]
37
Forma de apresentação:
39. Indeterminada [ ] 40. Cardíaca sem disfunção ventricular [ ]
41. Cardíaca com disfunção ventricular [ ]
42. Digestiva [ ]
43. Cardíaca + digestiva [ ]
EXAMES LABORATORIAIS
Data:
/
/
44. Hb:
45. Ht:
Colesterol total:
46. Glicemia:
47. Ureia:
48. Creatinina
50. HDL:
51. LDL:
52. Triglicerídeos:
ELETROCARDIOGRAMA
49.
Data:
/
/
53. Ritmo: ____________
54. FC: ___________
55.Alterações:_______________________________________________________
ECOCARDIOGRAMA
56. Laudo descritivo:
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
38
ANEXO III
39
40
ANEXO IV
41
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