ATIVIDADE ANTITUMORAL DE EXTRATOS DE Dillenia indica

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ATIVIDADE ANTITUMORAL DE EXTRATOS DE Dillenia indica (DILLENIACEAE)
Marina dos Reis Correa1,2 (IC); Amanda Fernandes Freitas
Clarinda1,2 (IC); Dr. Maicon Roberto Kviecinski (orientador)4
1,3
(IC); Morgana Miranda
INTRODUÇÃO
O câncer atualmente é a principal causa de morte nos países desenvolvidos, existindo
uma tendência semelhante na maioria dos países em desenvolvimento1. Existem três
abordagens principais para o tratamento: Excisão cirúrgica, radioterapia e quimioterapia.
Cerca de 1/3 dos casos podem ser resolvidos pelas medidas localizadas (cirurgia e/ou
radioterapia). Mas, a maioria dos tumores caracteriza-se pelo desenvolvimento precoce de
micrometástases, o que evidencia a necessidade de uma abordagem sistêmica realizada pela
quimioterapia2. Para todos os grupos de fármacos antitumorais, há uma alta incidência de
efeitos adversos associados à elevada toxicidade e, os fármacos disponíveis muitas vezes
não são capazes de fazer regredir a doença, falhando também em eficácia3.
Dillenia indica L. é uma espécie arbórea da família Dilleniaceae. Possui denominação
popular variada, em geral é mais conhecida como maçã-de-elefante. Na Índia, existem
relatos do uso popular desta planta para combater o câncer4. No Brasil e notavelmente em
Santa Catarina, o fruto é utilizado em garrafadas, basicamente extratos hidroetanólicos para
o tratamento de inflamações. Foi considerando as alegações do uso popular desta planta
aparentemente medicinal que surgiu o impulso para a realização deste projeto. Algumas
investigações já foram conduzidas testando os efeitos de D. indica. O extrato metanólico do
fruto e suas frações são ricos em ácido betulínico com atividade antileucêmica5. Com base
neste contexto, este estudo teve como objetivo avaliar a atividade contra o tumor ascítico de
Ehrlich em camundongos de dois extratos obtidos do fruto de Dillenia indica, sendo um
extrato obtido com solvente polar e outro com solvente apolar e selecionar o extrato mais
promissor.
Palavras chave: Dillenia indica. Antitumoral. Tumor ascítico de Ehrlich.
______________
Acadêmicas do curso de Farmácia da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL.
Bolsistas Artigo 170. E-mails: [email protected]; [email protected].
3
Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC). E-mail:
[email protected].
4
Docente do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Unisul, SC, Brasil. Grupo de
Desenvolvimento em Tecnologia Farmacêutica (TECFARMA). E-mail: [email protected]
2
MÉTODOS
Os frutos foram coletados na UNISUL campus Tubarão (SC), Brasil. Eles foram
limpos, moídos e submetidos frescos à maceração (1:1 w/v, ~25°C) por três dias, três vezes
consecutivas, com solventes: Água-etanol (1:8) ou acetato de etila P.A. Os extratos foram
filtrados e os solventes eliminados sob pressão reduzida6. Para os experimentos de atividade
antitumoral, foram utilizados camundongos Balb/c isogênicos, adultos-jovens, machos, com
~20 g de peso. Esta pesquisa foi aprovada pela Comissão de Ética no Uso de Animais
(CEUA – UNISUL, 13.032.4.03.IV). Células do tumor ascítico de Ehrlich (5x106) foram
inoculadas no abdome dos animais para induzir o desenvolvimento do tumor ascítico de
Ehrlich7. O dia da inoculação foi considerado dia zero e neste dia, todos os animais foram
pesados e a circunferência abdominal medida. Trinta animais foram divididos em três
grupos (n=10): a) controle negativo tratado somente com veículo salina (50 µL), b) grupo
tratado com o extrato hidroetanólico (EHE) e c) grupo tratado com extrato acetato de etila
(EAE). Os tratamentos foram feitos por via intraperitoneal e iniciados 24 h após a indução
de tumor, sendo realizado durante nove dias, a cada 24 h, na dose de 200 mg/kg. Ao décimo
dia, o peso e a circunferência abdominal foram medidos novamente e 50% dos animais de
cada grupo foram eutanasiados. O líquido ascítico foi coletado, sendo medido seu volume
em tubos cônicos graduados7. Os animais restantes foram mantidos para a avaliação do
tempo de sobrevida8.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O rendimento da extração realizada com água-etanol (4,3%) foi mais de seis vezes
superior que o rendimento da extração realizada com acetato de etila (0,67%). A Tabela 1
apresenta dados referentes ao aumento de peso dos animais, volume de fluido ascítico e
circunferência abdominal aos dez dias após a indução do tumor. Os animais do grupo
controle negativo apresentaram um aumento médio de peso estimado em 25%. O aumento
de peso registrado junto aos animais tratados com extrato hidroetanólicofoi inferior (17%).
O aumento de peso registrado junto aos animais tratados com extrato acetato de etila não foi
diferente daquele registrado junto ao controle negativo (Tabela 1). Uma tendência
semelhante foi observada quando considerados os dados da medida do volume do líquido
ascítico e circunferência abdominal. Estes parâmetros determinados nos animais tratados
com EHE foram levemente inferiores àqueles observados no grupo controle negativo, ao
passo que novamente não existiu diferença estatística quando a comparação envolveu o
grupo tratado com extrato acetato de etila e o controle negativo (Tabela 1).
Tabela 1 – Efeito dos tratamentos realizados com os extratos de Dillenia indica em
camundongos portadores do tumor ascítico de Ehrlich.
Parâmetro/Grupo
NEG
Aumento do peso corporal (g)
5,1 ± 0,8
Fluido ascítico (mL)
Circunferência abdominal (cm)
5,5 ± 0,1
9,6 ± 0,4
EHE 200 mg/kg
EAE 125 mg/kg
3,4 ± 0,6**
5,6 ± 0,2
4,0 ± 1,0*
5,6 ± 2,0
8,9 ± 0,5
9,8 ± 0,3
Fonte: Autores. NEG: Controle negativo; EHE: Extrato hidroetanólico. EAE: Extrato acetato de etila.
Resultados expressos pela média ± desvio padrão. (*) (**) denotam diferenças estatisticamente
significativas em comparação ao grupo controle negativo, quando p < 0.05 e 0,01, respectivamente.
O aumento no tempo da sobrevida de animais configura-se como um dos critérios mais
confiáveis para se julgar o valor de qualquer fármaco antitumoral em potencial9.
Considerando inicialmente os animais do controle negativo, foi observado que uma vez
iniciados os tratamentos, as primeiras mortes ocorreram no dia 13, sendo as últimas mortes
registradas no dia 27. Os dados indicam que os tratamentos à base de EHE ou EAE de D.
indica não foram capazes de induzir aumento no tempo de sobrevida dos animais tratados.
CONCLUSÃO
Os resultados dos ensaios demonstraram que o extrato hidroetanólico do fruto de
Dillenia indica apresentou alguma atividade antitumoral, pois foi capaz de reduzir o ganho de
peso, a circunferência abdominal e o volume do líquido ascítico nos animais tratados em
comparação aos animais do grupo controle. No entanto, os tratamentos feitos à base de
extratos não foram capazes de induzir aumento no tempo de sobrevida dos animais.
REFERÊNCIAS
1
JEMAL, A., BRAY, F., CENTER, M.M., FERLAY, J., FORMAN D. Global cancer
statistics. CA Cancer J Clin. 61, 69-90, 2011.
2
ENGERS, R.; GABBERT, H. E. Mechanisms of tumor metastasis: cell biological aspects
and clinical implications. J.CancerRes.Clin.Oncol. v.126, p.682-692, 2000.
3
JENDIROBA, D. B. et al. Effective cytotoxicity against human leukemias and hemotherapyresistant leukemia cell lines by N-N-dimethylsphingosine. Leukemia Res. v. 26, p.301-10,
2002.
4SHARMA, H. K.; CHHANGTE, L.; DOLUI, A. K. Traditional medicinal plants in Mizoram,
India. Fitoterapia, v.72, n.2, p.146-61, 2001.
5
KUMAR, D.; MALLICK, S.; VEDASIROMONI, J. R.; PAL, B.C. Anti-leukemic activity of
Dillenia indica L. fruit extract and quantification of betulinic acid by HPLC. Phytomedicine,
v. 17, 431–5, 2010.
6
YESHWANTE, S.B. Anti-inflammatory activity of methanolic extracts of Dillenia indica L.
leaves. Pharmacology, v.1, n. 1, p. 63-6, 2009.
7
KVIECINSKI, M.R. et al. Study of the antitumor potentioal of Bidenspilosa (Asteraceae)
used in Brazilian folk medicine. J. Ethnopharmacol. v.117, p. 69–75, 2008.
8
KAPLAN, E.L., MEIER, P. Nonparametric estimation from incomplete observations. J Am
Stat Assoc, 53, 457-81, 1958.
9
CLARKSON, B.D., BURCHENAL, J.H. Preliminary screening of antineoplastic drugs.
Prog Clin Cancer, 1, 625-9, 1965.
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