Gabarito P2 Questão 1) Defina e explique os conceitos de fato social e solidariedade orgãnica. Resposta: A visão de Durkheim é fundada sobretudo em uma perspectiva de analisar a sociedade de forma científica e atraves de metodos claros e objetivos. O autor procura na verdade criar uma ciência nova que consiga captar os fenômenos sociais, interpreta-los e entende-los como questões não subjetivas ou psicológicas, mas sociais. Esta é a base da proposição metodológica de Durkheim e por isso ele será aquele considerado um dos fundadores da sociológica. Há uma pretensão em criar uma ciência que seria objetiva, tal qual as ciências biológicas ou naturais. Nesse sentido, um dos conceitos fundamentais do autor é o de fato social. A ideia central é a de que existe na sociedade deveres e obrigações sociais que não foram estabelecidos por cada indivíduo, mas que já estão prontos quando nascemos e os recebemos pela educação. Assim, para o autor, ao invés de analisar o indivíduo, a sociologia deveria analisar os fatos sociais – aspectos da vida social que moldam nossas ações como indivíduos. Para Durkheim, a sociedade tem uma realidade própria, exterior aos indivíduos e esta sociedade exerce coerção sobre eles. “Tratar os fatos sociais como coisas, pois na natureza só há coisas”. No primmeiro capítulo de As regras do método sociológico o autor afirma que o fato social tem caracteristícas distintas que seriam: a sua exterioridade em relação as consciencias individuais e a ação coerciva que exerce ou é suscetível de exercer sobre as memsas cosnciencias . Assim, nem todos os fatos são sociais. Mas apenas aqueles que tem estas caraterísticas. A questão da coerção e da exterioridade é fundamental no entendimento do fato social. Durkheim está propondo então a necessidade de entender que em uma sociedade como a quel ele observa não será possível compreender a realidade sem levar em conta o peso dos fatos sociais, da moral, dos costumes, das regras jurídicas e econômicas, e também de comportamento, Nós somos moldados por estes fatos sociais e vamos agir de acordo com eles. Por isso seria impensãvel, por exemplo, tomar uma ação individual apenas como resultado da vontade do individuo, sem levar em conta a sociedade, a estrutura a qual ele está inserido. Essa é uma dimensão muito importante em Durkheim. Falamos bastante em sala sobre exemplos de fatos sociais, como sistemas de sinais, linguagem; sistema monetário; instrumento de crédito; práticas professionais; moral; comportamento. E também da prova da existência do fato social: ou seja, a questão da penalidades para que os deveres sociais sejam cumpridos e do questionamento de forma mais indireta, como o riso e afastamento social Com relação a solidariedade orgânica. É fundamental entender que aqui Durkheim está discutindo a questão da coesão social. Sua preocupação gira em torno do entendimento daquilo que garante a coesão entre os homens, principalmente em uma sociedade moderna, mais complexa. portanto o conceito de solidariedade orgânica é usado como uma forma de entender essa coesão na sociedade. Assim, ele formula a tese da solidariedade mecânica, ou seja, aquela que trata da coesão social em uma estrutura social de determinada natureza. Nessa estrutura a coesão se caracteriza pela homogeneidade e semelhantes entre os indivíduos. Aqui estão sociedades tradicionais com baixa divisão social do trabalho (primitivas, hordas, clãs) onde a coesão resulta das semelhanças; é mais fácil a coesão aqui pois os indivíduos se reconhecem entre si, existe um alto poder repressivo da comunidade que inibe o espaço individual. Existem crenças, religião que vai penetrando na vida social. Por que é mecânico? Porque você se sente parte da sociedade assim como um súdito de sente preso ao déspota. Já na solidariedade orgânica trata de outra estrutura social de determinada natureza. Aqui Durkheim entende que a coesão se refere a um sistema de órgãos diferentes, cada um dos quais tem um papel especial e se forma de partes diferenciadas. Quando a sociedade é mais complexa aumenta a densidade moral e material (divisão do trabalho) e assim entender a coesão aqui é diferente. Existe outro tipo de coesão e solidariedade, é isso que ele quer entender. Com a industrialização e urbanização instaura-se outra estrutura social. Nesse caso é mais difícil manter a coesão, pois os indivíduos já não são iguais. Eles não reconhecem tanto mais as normas, padrões impostos pelas crenças, igreja. Aqui existe uma coesão que se dá muito mais pelo fato de os elementos sociais se encontram coordenados e subordinados uns aos outros através da divisão do trabalho. Assim a coesão social se dá pela interdependência das pessoas e pelo reconhecimento da contribuição dos outros. Se os outros dependem dele, ele também depende dos outros. Por isso a questão profissional par Durkhiem é fundamental, a moral profissional, a educação, isso substituiria a coesão anterior. Questão 2) “O mito da democracia racial no Brasil” Emília Viotti da Costa apresenta sua visão sobre um debate da sociologia brasileira. Qual é o principal argumento da autora neste texto? O principal argumento de Viotti é o de que o mito da democracia racial foi criado a partir da necessidade de se evitar qualquer tipo de questionamento com relação a desigualdade racial no contexto das primeiras décadas do século XX. A autora dialoga apresenta então um debate sociológico que se trava entre Freyre e Florestan com relação a democracia racial no brasil. Para o segundo a tese da democracia não faz sentido , dadas as diferenças raciais marcantes. Viotti procura em seu texto entender porque naquele período de Freyre a criação dessa ideia equivocada de democracia foi tao necessária. Ela diz então que com as mudanças na sociedade brasileira e a ameaça da entrada dos negros no mercado de trabalho, as classes dominantes se articulam para criar e difundir a ideia de que no brasil não havia desigualdade racial. Esse mito então seria muito útil para que as classes mais pobres e também a comunidade negra não se articulasse em torno de reivindicações políticas em seu benefício. Ou seja, se eu acho que a desogualdade e pobreza não são também questões de desigualdade racial eu não atuo politicamente para mudar as coisas. Assim, criar a ideia de uma democracia racial foi importante para acomodar a população negra, fazendo com que ela não exigisse nenhuma política para si mesma e deixando as coisas como sempre foram. 3) Em “A Revolução Burguesa no Brasil” Florestan Fernandes desenvolve sua interpretação sociológica sobre a consolidação da burguesia brasileira. Quais as características da nossa Revolução Burguesa e da nossa burguesia, segundo o autor? Em seu livro A revolução burguesa no Brasil Florestan faz um ensaio de interpretação sociológica sobre a formação da nossa burguesia. O autor portanto é considerado um dos grandes pensadores e sociológos do Brasil. Ele vai investigar as origens, raízes, da classe dominante brasileira, através de uma pesquisa profunda, histórica e também empírica. A principal carcaterística da nossa revolução burguesa é que ela foi de fato um processo. Foi uma revolução mas foi um processo e não um evento em si. Entendendo a revolução como processo florestan vai então descrever na primeira parte do livro como vai se constituindo essa burguesia, a partir da Independencia do brasil, e do fim da ordem senhorial. Embora se tenha autonomia politica não se tem autonimia econômica. Então, desde a independência o processo de construção da burguesia é complexo e nada linear. Ele é marcado pela polarização e pela dificuldade em construir um mercado interno autônomo. Sempre fomos dependentes no sentido de que nossa econômica é marcada por setores ligados ao externo e definidos externamente, mesmo convivendo com setores ligados ao mercado interno. Nesse processo de mudança, marcado pela dependência e polarização vai surgindo elementos que possibilitam a mudança relativa, que seria: a internalização de atividades econômicas até então presentes só nos países centrais; o deslocamento de parcela da riqueza da agricultura para a cidade e outras atividades; o imigrante como aquele que construiu com outra racionalizadade para fazer avançar relações econômicas não senhoriais. Estes fatores vão permitindo a construção de algo novo, a industrialização, o desenvolvimento do comércio e algum mercado interno. Mas mesmo assim não é um capitalismo autonomia que se constroe. Isso porque a burguesia não nasce rompendo os laços com as antigas oligarquias agrárias, ela faz antes um pacto de dominação, marcado por: a influencia que estes grupos vão exercer no estado brasileiro, definindo políticas a seu favor; depois, a não ampliação dos direitos individuais típicos de uma democracia liberal burguesa. Assim, trata-se de uma revolução que mantêm elementos da ordem anterior. Além de tudo isso a burguesia brasileira, uma vez tendo feito um pacto, acaba incorporando características daquela velha ordem, principalmente o conservadorismo e autoritatismmo. Dado isso é que ele vai discutir a questão da concretização da revolução que seria a forma como ela reage nos anos 60 frente as pressões internas e externas que aparecem. Frente as reivindicações internas e também a ameaça diante de mudanças na ordem internacional, a burguesia reage de forma autoritária, legitimando o golpe militar. Ela portanto é conservadora, autoritária e se beneficia da dependência. Não interessa a ela construir um capitalismo autonomia, pois ela se beneficia da dependência.