A Expansão Multipolar Fundamentos da Eletrostática Aula 15 Expansão Multipolar II Prof. Alex G. Dias Prof. Alysson F. Ferrari Na aula passada, consideramos uma distribuição de cargas muito especíca para encontrar o potencial do dipolo elétrico. Agora, vamos considerar uma distribuição qualquer de cargas, como na gura. A origem do sistema de coordenadas é arbitrária, pode estar dentro da distribuição de cargas ou não. O único requerimento é que a distribuição seja limitada, ou seja, ela não se estenda até o innito. Neste caso, partimos de 1 ϕ (r) = 4πε0 ˆ dq 0 . |r − r0| O módulo do vetor r − r0 escreve-se 0 h 2 0 2 0 i1/2 |r − r | = r + (r ) − 2r · r " #1/2 0 2 0 0 r (rr̂) · (r r̂ ) =r 1+ −2 r r2 " 0 2 0 #1/2 r r =r 1+ − 2r̂ · r̂0 , r r NH2801 - Fundamentos da Eletrostática - 2009t1 NH2801 - Fundamentos da Eletrostática - 2009t1 1 1 1 = |r − r0| r " 0 2 0 #−1/2 1 r 1 r = 1+ − 2r̂ · r̂0 . 0 |r − r | r r r Usamos agora a suposição de que a distribuição de cargas é 0 limitada, ou seja, existe um R tal que r < R para todos os pontos da r0 r distribuição. Desta forma, se r R, podemos garantir que −1 em toda a região de integração. Ou seja, o fator |r − r0| é da forma 1 da integral 1 1 −1/2 = [1 + ε] , 0 |r − r | r 0 0 2 r r − 2r̂ · r̂0 . ε= r r 1 3 5 1 1 = 1 − ε + ε2 − ε3 + · · · 0 |r − r | r 2 8 16 NH2801 - Fundamentos da Eletrostática - 2009t1 Abrindo as potências e guardando termos até ordem mos 0 3 r r , encontra- ( 0 2 i r 1 r0 h 0 2 1 + r̂ · r̂ + 3 (r̂ · r̂ ) − 1 r 2 r ) 0 3 h i 1 r 3 + 5 (r̂ · r̂0) − 3 (r̂ · r̂0) + · · · . 2 r 1 1 = |r − r0| r 0 Substituimos agora essa expansão na expressão para o potencial, obtemos, Como ε é muito pequeno, consideremos a expansão ( 2 0 1 r0 0 r 1− + r̂ · r̂ 2 r r " 0 # 2 0 2 r 3 r + − 2r̂ · r̂0 8 r r " #3 2 0 5 r0 0 r − − 2r̂ · r̂ + ··· 16 r r e portanto 1 ϕ (r) = 4πε0 ˆ 1 = 4πε0r ⇒ 2 dq 0 |r − r0| ( ˆ dq 0 ) 0 0 2 r r 1 + r̂ · r̂0 + [· · · ] + ··· . r r NH2801 - Fundamentos da Eletrostática - 2009t1 3 Termo de dipolo Temos portanto uma soma de termos, que escreveremos, ϕ (r) = ϕmonopolo (r) + ϕdipolo (r) + ϕquadrupolo (r) + · · · . O segundo termo da expansão obtida é Cada termo da expansão é muito menor que o anterior, já que o 0 integrando possui uma potência a mais de rr 1. Vamos analisar os primeiros termos da soma acima. Termo de monopolo 0 ˆ 1 0 r r̂ · r̂ dq 0 ϕdipolo (r) = 4πε0r r ˆ 1 1 = r̂ · r0dq 0 . 2 4πε0 r O primeiro termo da expansão obtida é 1 ϕmonopolo (r) = 4πε0r ˆ Denindo o momento de cargas como 1 Q dq = . 4πε0 r 0 Para uma distribuição qualquer de carga, a carga total Q é chamado de momento de monopolo da distribuição, e o potencial correspondente é: NH2801 - Fundamentos da Eletrostática - 2009t1 ˆ p= E corresponde ao potencial de uma carga pontual localizada na origem, com carga igual à carga total da distribuição. Esta é justamente a aproximação com que começamos a aula passada, e que havíamos constatado em exemplos calculados anteriormente. ϕmonopolo (r) = de dipolo elétrico 1 Q 4πε0 r r0dq 0 , escrevemos ϕdipolo (r) = 1 r̂ · p . 4πε0 r2 Para o caso de duas cargas pontuais localizadas em d2 ẑ e − d2 ẑ, a correspondente densidade de carga é ρ (r) = qδ 4 da distribuição 3 d d 3 r − ẑ − qδ r + ẑ 2 2 NH2801 - Fundamentos da Eletrostática - 2009t1 5 e portanto ˆ O terceiro termo da expansão obtida é ˆ d d r0 δ 3 r − ẑ − δ 3 r + ẑ 2 2 d d = q ẑ − − ẑ = qdẑ . 2 2 p= r0dq 0 = q ( ) i 0 2h 1 r 1 2 dq 0 3 (r̂ · r̂0) − 1 ϕquadrupolo (r) = 4πε0r 2 r h ˆ i 1 1 0 1 0 2 0 2 = dq 3 (r̂ · r ) − (r ) . 4πε0 r3 2 ˆ d3V Esta é exatamente a expressão que encontramos na aula passada para o momento de dipolo de duas cargas separadas por uma distância d. A denição que demos para p na aula passada, portanto, não é mais do que um caso particular da denição geral que encontramos acima. Num caso mais geral, com várias cargas pontuais qi, localizadas nos pontos ri, temos ρ (r) = X qiδ 3 (r − ri) e portanto r0ρ (r0) d3V 0 = p= = X X ˆ qi adiantamos na aula passada, ϕquadrupolo cai com 1/r3 para r grande. Os potenciais anteriores foram facilmente escritos em termos de um momento de monopolo Q (que é um escalar) e um momento de dipolo p (que é um vetor). O potencial do quadrupolo pode ser escrito em termos de uma grandeza chamada de momento de quadrupolo, só que este momento resulta ser um objeto mais complicado que um vetor. O momento de quadrupolo elétrico é um tensor de segunda ordem, que pode ser representado, num dado sistema de referências, como uma matriz 3 × 3. Veja mais sobre isso na leitura adicional, no nal desta aula. i ˆ Numa distribuição com Q = 0 e p = 0, como a representada ao lado, o potencial elétrico é dado em primeira aproximação por ϕquadrupolo. Conforme r0δ 3 (r − ri) d3V 0 i q i ri , i que é a expressão que já utilizamos na aula passada. Termo de quadrupolo NH2801 - Fundamentos da Eletrostática - 2009t1 6 NH2801 - Fundamentos da Eletrostática - 2009t1 7 equação de Laplace em coordenadas esféricas! A Expansão Multipolar e os Polinômios de Legendre P0 (cos θ) = 1 P1 (cos θ) = cos θ Vamos escrever a expansão que encontramos até aqui coordenadas esféricas. Neste caso, r̂ · r̂0 = cos θ0 , onde θ 0 é o ângulo representado na gura do começo da aula. Temos assim, ϕmonopolo (r) = ϕdipolo (r) = 1 4πε0r 1 ϕquadrupolo (r) = 4πε0r 1 ϕoctupolo (r) = 4πε0r ˆ 1 1 1 Q = 4πε0 r 4πε0 r ˆ ˆ ˆ ... Isso signica que podemos escrever a expansão que encontramos como dq 0 {1} ˆ ∞ 1 X 1 ` ϕ (r) = dq 0 (r0) P` (cos θ0) `+1 4πε0 r 0 0 r dq {cos θ0} r `=0 0 2 h i r 1 0 2 dq 3 (cos θ ) − 1 r 2 0 0 3 h i r 1 3 dq 0 5 (cos θ0) − 3 cos θ0 r 2 Note que os termos em chaves correspondem exatamente aos Polinômios de Legendre, que encontramos anteriormente ao resolver a NH2801 - Fundamentos da Eletrostática - 2009t1 1 3 cos2 θ − 1 2 1 P3 (cos θ) = 5 cos3 θ − 3 cos θ 2 P2 (cos θ) = 8 A expressão acima é exata, valendo para qualquer distribuição de carga limitada. Sua principal utilidade, contudo, está em encontrar uma aproximação para o potencial válida a uma grande distância da distribuição. Cada termo tem uma potência de 1r adicional se comparado ao anterior, por isso, se r é grande, cada termo é muito menor que os termos precedentes. Dada uma distribuição qualquer de carga, se Q 6= 0, a contribuição dominante para o potencial será o termo de monopolo, que NH2801 - Fundamentos da Eletrostática - 2009t1 9 corresponde a uma carga Q na origem. O termo de dipolo e os posteriores podem ser calculados, se necessário, como uma correção ao termo de monopolo. Quando Q = 0 e p 6= 0, o potencial do dipolo é dominante, e assim por diante. Da posição da origem e a expansão multipolar Uma distribuição de carga arbitrária terá, em princípio, innitos multipolos não nulos, e se conseguíssemos calcular todos, teríamos o potencial exato em qualquer ponto do espaço fora da distribuição de carga. Considere por exemplo uma carga pontual q localizada na origem, correspondendo a dq 0 = qδ 3 (r0) d3V 0 . Calculando os momentos de monopolo, dipolo encontramos, ˆ Q= ˆ p= r0dq 0 = q ˆ dq 0 = q r0δ 3 (r0) d3V 0 = 0 e, da mesma forma, as contribuições de quadrupolo, octupolo etc... se anulam, pois envolvem integrais da forma ˆ ` dq 0 (r0) [· · · ] δ 3 (r0) = 0 . Ou seja, neste caso, todos os termos da expansão multipolar se anulam, restando apenas o termo do monopolo, que é justamente o potencial exato para uma carga centrada na origem, como deveria ser. NH2801 - Fundamentos da Eletrostática - 2009t1 10 NH2801 - Fundamentos da Eletrostática - 2009t1 11 Agora se a carga pontual não está localizada na origem? Considere uma carga pontual localizada no ponto a, como na gura. A distribuição de carga correspondente é dq 0 = qδ 3 (r0 − a) d3V 0 . O momento de monopolo correspondente é claramente ˆ dq 0 = q Q= mas agora para o momento de dipolo encontramos ˆ p=q 0 3 0 3 p= um resultado diferente de zero! O mesmo deve acontecer em geral para os momentos de ordem superior. Este resultado não se torna tão surpreendente se pensamos no seguinte: neste caso, o potencial do monopolo não corresponde O que acontece aqui é que, excetuando-se o momento de monopolo, todos os momentos superiores dependem da origem do referencial escolhido para realizar os cálculos. De fato, suponha calculamos o momento de dipolo de uma distribuição qualquer de carga dq 0 usando dois referenciais diferentes, xyz e xyz , cujas origens são relacionadas por um vetor a como na gura. Calculando o momento de dipolo p no referencialxyz , encontramos ˆ 0 r δ (r − a) d V = qa ϕmonopolo (r) = Se a aproximação de monopolo não forneceu o resultado exato, as contribuições de dipolo, quadrupolo, etc... não são nulas, já que a soma de todas estas contribuições deve coincidir com o potencial exato. 1 Q 4πε0 r 0 0 dq r = ˆ 0 0 ˆ dq (r − a) = 0 0 dq r − a ˆ dq 0 ⇒ p = p − Qa Os momentos de dipolo (e em geral todos os momentos de ordem superior) são no referencial xyz e xyz , exceto no caso em ´ diferentes 0 que Q = dq = 0. ao potencial exato da distribuição, que na verdade é ϕ (r) = 1 Q . 4πε0 |r − a| NH2801 - Fundamentos da Eletrostática - 2009t1 12 NH2801 - Fundamentos da Eletrostática - 2009t1 13 Ou seja, considerando a gura acima, o momento de dipolo da conguração (a) será o mesmo calculado em qualquer referencial, já na conguração (b), será diferente dependendo da escolha de referencial. Obviamente, se fomos capazes de calcular todos os momentos de multipolo nos dois referenciais, deveremos obter o mesmo resultado já que o potencial exato da distribuição não depende da escolha de referencial. Leitura Adicional: do Caráter Tensorial do Momento de Quadrupolo Considere o potencial do dipolo elétrico, ϕdipolo (r) = 1 r̂ · p . 4πε0 r2 Se r̂ e p são escritos em termo de suas componentes cartesianas, temos X r̂ · p = r̂ipi , i logo, escrevemos, equivalentemente, ϕdipolo (r) = 1 1 X r̂ipi 4πε0 r2 i Consideremos agora o integrando que aparece em 1 1 ϕquadrupolo (r) = 4πε0 r3 Podemos escrever, 0 2 (r̂ · r ) = 3 X i=1 NH2801 - Fundamentos da Eletrostática - 2009t1 14 ! r̂iri0 h i 1 2 2 dq 0 3 (r̂ · r0) − (r0) . 2 ˆ 3 X j=1 NH2801 - Fundamentos da Eletrostática - 2009t1 r̂j rj0 = 3 X r̂ir̂j ri0 rj0 . i,j=1 15 2 Para escrever o termo (r 0) de forma mais semelhante ao primeiro termo, lembremos que 1 = r̂ · r̂ = 3 X r̂ir̂i . i=1 Além disso, vamos introduzir o seguinte símbolo, δij = chamado de 1, se i = j , 0, se i 6= j xi = X δij xj j Assim como um vetor pode ser entendido como um conjunto de três números que tem um certo comportamento bem denido frente a mudanças de referenciais (lembre-se da aula 01), um tensor de segunda ordem é um conjunto de nove números (que podemos organizar, por exemplo, numa matriz quadrada 3 × 3) que também se transforma de forma bem denida frente a mudança de coordenadas. Na verdade, dentro da teoria mais gerais dos tensores, escalares e vetores são entendidos como casos particulares, tensores de grau 0 e grau 1. Tensores aparecem em muitos problemas da física, como no eletromagnetismo em meios materiais (você vai ouvir falar disso quando falarmos do vetor deslocamento, mais a frente neste curso), física de uídos, mecânica de rotações, etc... para qualquer vetor x = (x1, x2, x3). Logo 0 2 0 2 (r ) = (r ) 3 X 3 X r̂ir̂i = i=1 2 r̂ir̂j (r0) δij . i,j=1 Portanto, 0 2 0 2 3 (r̂ · r ) − (r ) = 3 3 X r̂ir̂j ri0 rj0 − = 3 X r̂ir̂j 3 X 2 r̂ir̂j (r0) δij i,j=1 i,j=1 h 3ri0 rj0 3 1 1 X r̂ir̂j Qij ϕquadrupolo (r) = 4πε0 r3 i,j=1 ˆ h i 1 0 0 0 0 2 Qij = dq 3rirj − (r ) δij 2 Repare na similaridade com a fórmula para o potencial do dipolo, a diferença é que o momento de quadrupolo não é um vetor (que tem três componentes), mas sim um tensor de segunda ordem Qij , que tem em princípio nove componentes. Na verdade, pela simetria Qij = Qji pode-se ver que na verdade são seis componentes independentes. A δij satisfaz delta de Kroenecker. Podemos portanto escrever o potencial do quadrupolo como 0 2 − (r ) δij i i,j=1 NH2801 - Fundamentos da Eletrostática - 2009t1 16 NH2801 - Fundamentos da Eletrostática - 2009t1 17 Portanto, Problema: o campo médio em uma esfera carregada Em Considere uma esfera carregada de raio R. Mostrar que a média do campo elétrico no interior da esfera é dada por Em = − p , 4πε0R3 onde p é o momento de dipolo da esfera, com respeito à origem que coincide com seu centro. Em ˆ E (r) d3V # ˆ "X δqi r − ri 1 d3V = 3 V 4πε0 |r − ri| i X ˆ (−δqi/V ) ri − r = d3V . 3 4πε0 |ri − r| i Note que, se escrevemos ρi = −δqi/V , ρi é o densidade de carga que a esfera teria se ela fosse uniformemente carregada, e se tivesse carga total −δqi. O campo elétrico gerado por uma esfera com tal densidade constante de carga é Ei (ri) = E (r) d3V , ρ i ri − r 3 d V, 4πε0 |ri − r|3 e o que acabamos de mostrar é que Em é simplesmente a soma destas contribuições, para cada elemento δqi, onde V = 43 πR3 é o volume da esfera. Por simplicidade, vamos dividir a esfera em pequenos elementos innitesimais de carga δqi, cada um localizado em ri, de forma que o campo elétrico gerado pela esfera escreve-se Em = X Ei (ri) . i O que ganhamos com isso? Acontece que o campo elétrico Ei (ri), gerado por uma distribuição esférica uniforme de carga, pode ser facilmente calculado usando a lei de Gauss. Claramente, como a X δqi r − ri E (r) = 3. 4πε 0 |r − r | i i NH2801 - Fundamentos da Eletrostática - 2009t1 ˆ ˆ A média do campo elétrico no interior da esfera é denida por 1 = V 1 = V 18 NH2801 - Fundamentos da Eletrostática - 2009t1 19 origem está no centro da esfera, Ei (ri) = Ei (ri) r̂i e, integrando Ei (ri) numa superfície esférica de raio ri em torno da origem, temos ˛ P Note que a expressão i δqiri não é mais que o momento de dipolo da esfera, com respeito à origem, ou seja, Q (ri) , Ei (ri) · da = ε0 p= Q (ri) = ρi × 4 3 πr 3 i δqiri i onde Q (ri) é a carga contida pela superfície, ou seja, X e então Em = − . p , 4πε0R3 como queríamos mostrar. Portanto, ˛ 2 Ei (ri) · da = Ei (ri) × 4πri ρi = × ε0 4 3 πr 3 i Vamos agora encontrar outro resultado de que precisaremos mais adiante. Vamos calcular a média, dentro da esfera, do campo elétrico gerado por cargas exteriores à esfera. ⇒ ri δqi ri 1 =− =− δqiri ⇒ 3ε0 V 3ε0 4πε0R3 1 Ei (ri) = Ei (ri) r̂i = − δqiri . 4πε0R3 Ou seja, vamos considerar o campo elétrico gerado por uma coleção de cargas qi, localizadas em ri tal que ri > R. A média de tal campo escreve-se: E (ri) = ρi Em O campo médio é Em = X Ei (ri) i X 1 =− δqiri . 4πε0R3 i NH2801 - Fundamentos da Eletrostática - 2009t1 20 1 = V ˆ E (r) d3V # ˆ "X 1 qi r − ri = d3 V 3 V 4πε0 |r − ri| i X 1 qi ˆ r − ri = d3V . 3 V 4πε0 |r − ri| i NH2801 - Fundamentos da Eletrostática - 2009t1 21 Note que r−ri |r−ri |3 = −∇ |r−1ri| , ou seja, Em logo ˛ X 1 qi ˆ 1 =− ∇ d3 V . V 4πε0 |r − ri| i Agora usamos uma relação que foi derivada na Lista 02, ˆ V ∇f d3V = ˛ S f da , X 1 qi ˛ 1 da. =− V 4πε |r − r | 0 i i A integral é sobre a superfície da esfera de raio R. Para calculá-la, podemos usar coordenadas esféricas, com o eixo dos z na direção de ri, como na gura. Temos: q 2 2 |r − ri| = (z − R cos θ) + (R sin θ) p = R2 + z 2 − 2Rz cos θ , 0 2π ˆ dφ 0 π dθ× (sin θ cos φx̂ + sin θ sin φŷ + cos θẑ) R2 sin θ √ × . R2 + z 2 − 2Rz cos θ Note que, efetuando a integral em φ, as contribuições na direção x̂ e ŷ se anulam, e sobra ˆ π cos θ sin θ 1 dθ √ da = 2πR2ẑ |r − ri| R2 + z 2 − 2Rz cos θ 0 "√ #π 2 + z 2 − 2Rz cos θ R2 + z 2 + Rz cos θ R = 2πR2ẑ 3R2z 2 0 " # 2 2 2 2 |R + z| R + z − Rz − |R − z| R + z + Rz = 2πR2ẑ . 3R2z 2 Como z > R, |R − z| = z − R e ˛ e da = (sin θ cos φx̂ + sin θ sin φŷ + cos θẑ) R2 sin θdθdφ , NH2801 - Fundamentos da Eletrostática - 2009t1 ˆ ˛ para escrever Em 1 da = |r − ri| 22 1 2 ẑ da = π 2 (R + z) R2 + z 2 − Rz |r − ri| 3 z − (z − R) R2 + z 2 + Rz 2R3 ẑ 4 ẑ 2 = 2πR ẑ = πR3 2 = V 2 . 2 2 3R z 3 z z NH2801 - Fundamentos da Eletrostática - 2009t1 23 Portanto, o campo médio é dado por Em X 1 qi ˛ 1 da =− V 4πε |r − r | 0 i i =− = X i = X 1 qi ẑ ×V 2 V 4πε0 z i X qi (−ẑ) 4πε0 z 2 Ei (0) , i onde Ei (r) = qi r − ri , 4πε0 |r − ri|3 é o campo gerado por cada uma das cargas externas. O que descobrimos foi que a média, na esfera, do campo elétrico gerado por cargas externas é exatamente igual ao campo que as cargas externas produzem na origem da esfera. NH2801 - Fundamentos da Eletrostática - 2009t1 24