Cirurgia Ortognática - Complicações Pré

Propaganda
RONALD STIVEN ORLANDO SAENZ SEJAS
Complicações em Cirurgia Ortognática
Monografia apresentada à Fundação para
o Desenvolvimento Científico e Tecnológico
Faculdade de Odontologia de São Paulo
para a obtenção do título de Especialista.
Área de concentração: Cirúrgia e Traumatologia Buco-maxilo facial
Orientador: Prof. Dr. Almir A. Feitosa
Coordenador: Prof. Dr. Marcos Vianna Gayotto
São Paulo
2012
Saenz RSOS. Complicações em Cirúrgia Ortognática [Monografia de
Conclusão de curso de Especialização]. São Paulo: Faculdade de Odontologia
as USP; 2012.
O termo “COMPLICAÇÃO”, quando empregado no contexto clinico
caracteriza um evento adverso e inesperado que resulta em um aumento da
morbidade, além da que esperaríamos em circunstâncias normais, podendo
ocorrer durante todas as fases do tratamento combinado ortodôntico-cirúrgico,
a correta percepção e entendimento desses problemas fornecem ao cirurgião
uma importante ferramenta para prever o resultado e antecipar-se a eles
(DIMITROULIS,1998, apud HUMES et al, 2008); (MÜLLER, 1994
apud,
MÜLLER, 2004).
No entanto a deformidade facial pode surgir isoladamente em um maxilar
ou pode se estender para diversas estruturas craniofaciais. Elas podem ocorrer
uni ou bilateralmente e podem ser expressas em graus variados nos diferentes
planos faciais: transversal, vertical e horizontal (DIMITROULIS, 1998, apud,
HUMMEA et al, 2008).
A correção cirúrgica das deformidades faciais percorreu, através da
cirúrgia ortognática, um longo caminho desde sua introdução no século XIX. Os
avanços
técnicos cirúrgicos, como na fixação interna rígida e nos meios diagnósticos,
tornaram possível a correção de tais deformidades de forma precisa e segura.
Contudo, apesar de várias pesquisas elucidarem aspectos importantes em
relação às cirúrgias ortognáticas (permitindo melhora no desenho das
osteotomias, melhora da qualidade de fixação óssea e melhores condições de
previsão de resultados), uma situação é clara e inquestionável: como em todo
procedimento cirúrgico, as complicações podem e certamente vão ocorrer em
algum momento da vida profi- ssional do cirurgião (Ayoub et al., 2001; Müller,
2003. apud, HUMMEA et al., 2008).
A cirurgia ortognática consiste em um tratamento combinado entre a
ortodontia e cirurgia bucomaxilofacial, o tratamento necessita de diagnóstico
preciso, planejamento com atenção, visando à correção de deformidades dento
esqueléticas, recuperando a função da oclusão dentária e consequentemente
a estética das partes afetadas. Visa melhor harmonia e equilíbrio do padrão
facial (MENUCI-NETO; POLIDO; MAZZOLENI et al, 2004, apud ZANON et al,
2009); (TURVEY, et al , 1988); (FONSECA, et al, 2000).
Segundo DIMITROULIS, 1998, apud, HUMMEA
et al., 2008, a
deformidade facial pode surgir isoladamente em um maxilar ou pode se
estender para diversas estruturas craniofaciais. Elas podem ocorrer uni ou
bilateralmente e podem ser expressas em graus variados nos diferentes planos
faciais: transversal, vertical e horizontal .
As complicações mais freqüentemente relatadas em mandíbula são lesões
do nervo alveolar-inferior, fraturas inadequadas, osteotomias incompletas, mau
posicionamento de segmentos ósseos e hemorragias (WHITE e colaboradores,
1969, BEHRMANN 1972, MERCIER, 1973, BRUSATI e colaboradores, 1981,
EPKER e WESSBERG, 1982, LABANC, TURVEY e EPKER 1982, LANIGAN e
WEST, 1984, MARTIS ,1984, e TURVEY 1985 apud, MULLER, 2003).
Segundo ARAUJO, 1999, as complicações que apresentam uma maior
ocorrência em maxila são hemorragias eu mau posicionamento da maxila.
Porém, com menor frequência pode ocorrer também, fístulas arterio-venosas,
oro e nasoantrais, desvio de septo, incompetência velofaringeana, sinusite
maxilar, necrose isquêmica, pseudoartroses da maxila, fraturas indesejadas,
danos ao sistema nervoso, danos ao sistema nasolacrimal e ocular e disfagia.
Conforme FERREIRA et al, 2011, a técnica de OSRM é um procedimento
versátil, corriqueiro e amplamente utilizado pelos cirurgiões para o tratamento
de deformidades dentofaciais mandibulares. Mas como toda técnica cirúrgica,
esta também é passível de acidentes, devendo o cirurgião estar apto a tratar
quaisquer acidente que possa ocorrer. A FIR proporciona resultados previsíveis
mesmo nos casos de fraturas indesejadas, o que torna a sua utilização uma
manobra de indiscutível benefício aos pacientes.
COMPLICAÇÕES PRE OPERATORIAS
A única possibilidade de se corrigir as deformidades dento faciais
verdadeiras é a combinação da ortodontia com a cirurgia. O tratamento
ortodôntico nas fases pré e pós-cirúrgicas é de fundamental importância no
sucesso do procedimento cirúrgico, assim como na estabilidade pós-cirúrgica.
O preparo ortodôntico (Ortodontia pré-cirúrgica) apresenta-se como um ponto
crucial no sucesso do tratamento combinado, uma vez que este passo dará
todas as condições ideais para que a cirurgia seja bem realizada e,
conseqüentemente, aumente a estabilidade do tratamento (KALLELA et al.,
1998, apud SIQUEIRA et al., 2007); (ANGLE, 1903, apud MARQUES et al.,
2010).
TOMPACH e colaboradores, 1995, apud MÜLLER, 2004, a presentaram
de maneira muito clara a sequência ideal de preparo ortodôntico em pacientes
cirúrgicos. Concluíram que o objetivo principal deste preparo é levar o paciente,
no momento da cirúrgia, à melhor oclusão possível permitindo uma correta
finalização e alcançando um balanço estético correto. A fase pré-operatória
consiste no exame adequado e correto plano de tratamento do paciente
candidato a uma cirúrgia mandibular. É de fundamental importância identificar
corretamente os problemas esqueléticos e dentários o que permitirá a correta
mecânica ortodôntica baseada em princípios básicos que vão contribuir para a
redução das recidivas e resultados desfavoráveis. São eles:
• eliminar as compensações dentárias
• trabalhar adequadamente as discrepâncias transversais
• identificar e corrigir as discrepâncias de tamanho dentário
• assegurar o correto alinhamento e nivelamento dentário
• coordenar adequadamente os arcos dentários
• propiciar o correto afastamento das raízes dentárias
• adequado preparo psicológico do paciente para a cirúrgia
• instalar o adequado arco ortodôntico para cirúrgia
Para DIMITROULIS, 1998, apud HUMMES et al, 2008, o diagnóstico
incorreto determina um plano de tratamento incorreto acarretando em um
fracasso do resultado. Um dos fatores determinantes de um diagnóstico
incorreto é a insuficiência de exames laboratoriais e/ou resultados de exames
incorretos. Para que isso não ocorra, é imprescindível encaminhar o paciente
para profissionais/laboratórios de qualidade e posteriormente, certificar-se que
os exames são fiéis ao problema apresentado pelo paciente. O registro de
mordida incorreto é um dos principais fatores para o estabelecimento de um
diagnóstico equivocado e, conseqüentemente, de um plano de tratamento
inadequado.
No entanto novas aplicações ortodônticas de técnicas avançadas de
imagens 3D incluem superposições de modelos computadorizados para
verificação do crescimento, mudanças com o tratamento e estabilidade, além
de análises dos tecidos moles e simulação computadorizada de procedimentos
cirúrgicos. Ou seja, avaliações quantitativas e qualitativas do deslocamento,
respostas adaptativas e reabsorção de estruturas esqueléticas – antes
inviáveis com técnicas 2D – podem agora ser realizadas por meio de
reconstruções e superposições 3D com a tomografia computadorizada Cone
Beam (CERVIDANES et al, 2005; CERVIDANES et al, 2007; MOTA , 2007.
apud TRINIDADE et al, 2010).
A decisão cirúrgica é baseada nos achados clínicos ( análise facial e da
oclusão dentária), estudo dos modelos de gesso e dos achados cefalométricos.
(SARVER et al, 1993. apud RODRIGUES et al., 2005).
Conforme ARAUJO,1999, o paciente que vai ser submetido a uma
osteotomia deve ser adequadamente avaliado com relação a sua condição
clinica geral. Exames pré- operatórios devem incluir hemograma completo,
coagulograma, urina tipo I , glicemia , sódio , potássio, uréia e creatinina.
Radiografias pré- operatórias devem estar disponíveis , para verificar se os
objetivos ortodônticos pré cirúrgicos foram alcançados e para fazer um traçado
predictivo , A realização de cirúrgia de modelo é de responsabilidade do
cirurgião, devendo os splints serem provados antes da cirurgia.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDAJÚNIOR, J. C.; JOSUEL, R. C. Osteotomia Do Ramo Mandibular e
Osteotomia Total de Maxila. Pesq Bras Odontoped Clin Integr , João
Pessoa. V. 4, n. 3, p. 249-258, set./dez. 2004.
ARAUJO, A. Cirurgia Ortognática, editora Santos p.113-168. (1999).
AZENHA ,M. R.; GABRIEL, R. F.; LEONARDO, P. F.; GUSTAVO, A. G. O.;
CLAUDIO, M. P. Tratamento de Fraturas Indesejáveis Durante a cirúrgia
Ortognática. Salusvita, v.29, n. 1, p. 57-68, 2010.
CONSOLARO ALBERTO; EDUARDO S. A.; MARIA F. M. O. C. Escurecimento
dentário e necrose pulpar após cirúrgia ortognática.
Rev. Dental Press J.
Ortod. Ortope Facial, v.12, n.5, p. 16-19, set./oct. 2007.
FERREIRA N. C.; RAFAEL, O. L.; HENRIQUE DUQUE DE MIRANDA
CHAVES-NETO; FEDERICO FELIPEANTÓNIO DE OLIVEIRA NACIMENTO;
RENATO MAZONETTO. Acidentes durante a realização da osteotomia sagital
do ramo mandibular. Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe
v.11, n. 1,p. 9-12, jan/mar. 2011.
FONSECA, R. J et al. Oral and Maxillofacial Surgery.Pennsylvania: W. B.
Saunders, 2000.
GONÇALES,E.S. Cirurgia Ortognática, Gia de Orientacão Para Portadores de
Deformidades Faciaes Esqueléticas, Ed. Santos, 2010,p82-4.
HUMMES, B.; AMANDA, M.; LUIS, E. S.; KALINKA, C. C.; PAULO, V. P. L.;
SANDRO, G.; RICARDO, G. S. K. Complicações no Tratamento Cirúrgico da
Deficiência Transversa do Osso Maxilar. Stomatos, v.14, n. 27, jul./dez. 2008.
LIPORACI, JR. J. L. J.; PAULO, S.; HELCIO T. R.; ANTONIO, J. B. N.;
CASSIO, E. S. Reabsorçao Condilar Progressiva da Articulação Temporo
Mandibular após Cirúrgia Ortognática. Rev. Dental Press Ortodon Ortop
Facial v.12, n. 2, p. 38-48 mar/abr. 2007.
MARQUES, G. C.; JOSE, V. M.; FERNANDO,D. M. Sleep Apnea, Surgery,
Obstructive.
Brazilian
Journal
of
Otorhinolaryngology
76
(5)
Setembro/Outubro. 2010.
MULLER,
P.
R.Fatores
relacionados
às
complicações
no
tratamento
ortodôntico cirúrgico de pacientes portadores de deformidades dento-facia
Paulo Roberto Müller. -- Piracicaba, SP : [s.n.], 2003.xiv, 103p. : Il
RIBAS M. O.; LUÍS F. G. R.; BEATRIS H. S. F.; ANTONIO A. S. L. Cirúrgia
Ortognática: Orientações Legais aos Ortodontistas e Cirurgiões Bucofaciais.
Rev. Dental Press Ortod. Ortop. Facial v.10, n. 6, p. 75-83, nov/diz. 2005.
RODRIGUEZ I. ZUBILLAGA; HERAS R.; J. J. MONTALVO M. Pseudoartrosis
Maxilar Superior Post-Cirúrgia Ortognatica. Rev. Esp Cir Maxilofac., 31, 3 ,p.
196-2002 ,may/jun 2009.
RODRIGUES, L. F. J.; EMANUEL DIAS DE OLIVERA E SILVA; RICARDO
JOSE DE HOLANDA VASCONCELLOS; LUIS CARLOS FERREIRA DA SILVA;
NELSON STUDART ROCHA. Alterrações Estéticas em Discrepâncias ÂnteroPosteriores na Cirúrgia Ortognática. Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac.,
Camaragibe v.5, n. 1,p. 45-52, jan/mar. 2005.
SANT´ANA, E.; MOACYR,T. V. R.; GRABRIEL, R. F.; LÚLIO, A. G. Cirúrgia
Ortognática de Modelos: Protocolo para Mandibula.
Rev. Dental Press
Ortodon Ortop Facial. V. 12, n. 5, p. 151-158, set./out. 2007.
SICKELS, J. E. V. Prevenção e tratamento de complicações em Cirúrgia
Ortognática, in, PETERSON, L. J.; EDWARD, E.; JAMES, R. H.Editora:
Elsevier (2004), Cap. 60.
SIQUEIRA, D. F.; ALINE, M. A. C.; JOSÉ A. D. S. J.; LILIANA A. M.;
FERNANDA, A. A Estabilidade do Avanço Mandibular Cirúrgico Por Meio da
osteotomia Bilateral Sagital. Rev. Dental Press Ortodon Ortop Facial v.12, n.
5,p. 126-132. Set/out. 2007.
TRINDADE, A. S. M.; Ribeiro C. F. A.; Ana Emília F. O.; Lúcia Helena, S. C.;
Marco
Antonio
de
O.
A.
Superposição
Automatizada
de
Modelos
Tridimensionais em Cirúrgia Ortognática.Rev. Dental Press J. Ortod. V.15,
no.2, p. 39-41, Mar./Apr. 2010.
TURVEY,
T.A.;
Simultaneous
PHILLIPS,
superior
C.;
ZAYTOUN
repositioning
of
Jr,
the
H.S.;
maxilla
PROFFIT, W.R.
and
mandibular
advancement. Am J Orthod Dentofac Orthop, Saint Louis, v. 94, p. 372- 83,
Nov. 1988.
ZANON, L. P.; CLAUIDO, M. P.; CLOVIS , M.; JOÃO, L. T. F. Estudo das
Osteomomias Totais da maxila, revista ATO (2009).
Download