Remissão endoscópica da Doença de Crohn a partir de terapia com imunobiológico: relato de caso Autores: Isadora Cappellazzo de Oliveira Lima¹ ([email protected]); Thayane De Castro Peres¹; Bruno Venna Franco¹; Talia Pegolaro Martin¹; Giovana Palopoli Malacrida². ¹Discente do Curso de Medicina de Presidente Prudente; ²Docente do Curso de Medicina de Presidente Prudente, Gastroenterologista, Hospital Regional de Presidente Prudente. Fundamentação/Introdução: A Doença de Crohn (DC) é um processo inflamatório do tubo digestivo, que pode acometer qualquer segmento, da boca ao ânus, de forma heterogênea. Os locais mais acometidos são íleo distal (ileíte) e cólon ascendente. Apesar de ter uma evolução crônica, cursa com períodos de melhora clínica, podendo chegar ate a remissão total da doença, através do diagnostico precoce e terapia imunobiológica, como nota-se no relato. Objetivo: Remissão endoscópica da atividade inflamatória na DC com o uso de imunomoduladores. Delineamento/Métodos: Estudo qualitativo, observacional, retrospectivo, realizado a partir do levantamento de prontuário, descrição e discussão de relato de casos com revisão bibliográfica em livros e bancos de dados (PubMed e Scielo). Resultados: T.S, sexo feminino, 23 anos, busca atendimento em clínica especializada em gastroenterologia , apresentando um quadro de diarreia crônica de aspecto mucoso, principalmente após as refeições, associada a dor abdominal e emagrecimento de cerca de 14 kg em 5 meses. Apresentava um histórico de internações de repetição devido à exacerbação do quadro, em média uma internação mensal com duração em torno de cinco a seis dias. Trazia consigo videocolonoscopia, na qual foi realizada uma biópsia de íleo terminal, que constatou ileíte crônica moderada difusa, em atividade, com foco de edema, hemorragia e erosão da mucosa. Diante dos achados histopatológicos foi iniciado o tratamento com sulfassalazina pela equipe medica que lhe prestava atendimento, sem melhora do quadro. Frente a falha terapêutica e dos achados colonoscópicos sugestivos de Doença de Crohn, foi suspenso a Sulfassalazina. Em retorno com exames solicitados na consulta anterior, o hemograma revelou uma anemia com hemoglobina (Hb) de 10g/dL e uma discreta plaquetose de 489.000/mm3; marcador laboratorial de atividade inflamatoria (PCR) de 3,09 mg/L, e o trânsito intestinal revelou íleo com padrão mucoso irregular e calibre reduzido, sugestivo de ileíte regional. Diante dos resultados apresentados foi introduzida terapia medicamentosa com Azatioprina 100mg/dia , Adalimumabe 40 mg subcutâneo a cada 14 dias e Prednisona 40mg/dia. Em consultas subseqüentes, iniciou-se o desmame do corticoesteróide e solicitadas novas dosagens de PCR, o qual apresentou resultados de 0,15mg/L , 0,12mg/L e 0,03mg/L. Após 10 meses de tratamento com terapia imunobiológica, a paciente foi submetida à nova videocolonoscopia que evidenciou remissão total da atividade inflamatória local (macroscópica e histológica). A paciente teve neste período recuperação ponderal de 10 kg e melhora do quadro diarreico. O hemograma realizado para controle, revelou Hb de 13,6g/dL e PCR de 0,03mg/L. Foi então descontinuada de maneira progressiva a corticoterapia e a Azatioprina, dando seguimento apenas com Adalimumabe. Figura 1 Figura 2 Figura 1: Exame endoscópico de ileíte ulcerativa em atividade grave, sugestiva de Doença de Crohn. Figura 2: Exame endoscópico repetido após 10 meses de tratamento com imunobiológicos, evidenciando remissão endoscópica com íleo normal. Conclusão: A terapia imunobiológica tem se mostrado eficaz no tratamento da DC, induzindo à remissão endoscópica, clínica e laboratorial da doença em um curto período de tempo. O diagnostico precoce aliado a uma terapia bem conduzida, causa um grande impacto na qualidade de vida do paciente com menor numero de internações, procedimentos cirúrgicos e custos. Levando a recuperação da perda ponderal, diminuição do quadro diarreico, uma melhora no aspecto psicossocial e prevenção de possíveis exacerbações da patologia. Palavras-chave: Doença de Crohn; Remissão; Imunobiológica. Bibliografia: CAMPOS, F.G.C.M.; Teixeira, M.G. Doença de Crohn. In: COELHO, J. Aparelho Digestivo: Clinica e Cirúrgica. 4a ed. São Paulo: Atheneu; 2005. p. 919-931. CASANOVA, J.L.; ABEL, L. Revisiting Crohn’s disease as a primary immunodeficiency of macrophages. JEM, New York, v.206, n.9, p.1839-1843, aug. 2009. Disponivel em: <http://jem.rupress.org/content/206/9/1839.full.pdf>. HABR-GAMA, A.; CERSKI, C.T.S.; MOREIRA, J.P.T.; CASERTA, N.M.G.; JUNIOR, O.O.; ARAUJO, S.E.A. et al. Doença de Crohn intestinal: manejo. Rev. Assoc. Med. Bras., São Paulo, v. 57, n. 1, p. 10-13, Feb. 2011. 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