“O GOVERNO DILMA, A SAÚDE COLETIVA E OS JORNAIS: DISPUTAS DE SENTIDOS, MODELOS ASSISTENCIAIS E PODER” CCBS - Departamento de Saúde Coletiva Nilson A. Moraes Nossa pesquisa possui uma história. Uma história que nos compromete com a reflexão e com a ação no tempo presente. Ela não se inicia neste ano, ela é o desdobramento de um estudo iniciado em 1999 no Departamento de Saúde da Comunidade (DSC) e que enfatizava a análise da Saúde na Gestão FHC. Ao analisar a Saúde como ação e discurso de uma gestão, ela era uma análise histórica, social e sanitária de uma conjuntura. Por ser uma análise preocupada com uma conjuntura, com eventos e continuidade num cenário fortemente influenciado –ou mesmo orientado- por agências, projetos e estratégias internacionais. A pesquisa prosseguiu, no período 2003 e 2011, estudando os desdobramentos do tema ao longo do Governo Luís Inácio Lula da Silva demonstrando e analisando as diversas mudanças, continuidades e descontinuidades de uma gestão, de uma política e de modo social de empoderamento, enfrentamento das exigências sociais e das demandas reconhecidas ou priorizadas pela sociedade. Consequentemente ela deverá ter continuidade, como esforço de estudos conjunturais, compromissada em buscar analisar o Governo Dilma, iniciado em 01 de janeiro de 2011. Nesse estudo tomamos os discursos da mídia imprensa como prática social estratégica na produção de sentidos e ações que buscam orientar e influenciar grupos e interesses sociais em disputa. Concentramos nosso estudo na mídia. A mídia, além de produzir um discurso é o lócus principal de disputas simbólicas na moderna sociedade capitalista. A mídia possui uma lógica própria de organização, cronograma e de valorização de fatos e atores sociais ou individuais. Uma lógica própria fundamentada em sua origem de empresa privada. A mídia produz um discurso que intervém na construção do objeto social e constitui-se como elemento formulador das estratégias discursivas, dos projetos sociais e de produção de uma memória social de seu tempo. Nosso estudo não é metafísico ou estruturalista, ele não se esgota no fato, ele pretende ser dominado pela História, pelos grupos sociais, pelas lutas e processos envolvidos numa dada conjuntura. Nosso objetivo é o exame da construção discursiva do discurso sobre saúde em dois jornais “formadores de opinião”, os jornais O Globo e Folha de S. Paulo. Em nossa análise partimos da ideia que nos jornais os discurso (verbais ou não-verbais) produzem sentidos que não são, necessariamente, unívocos. As relações entre o discurso jornalístico, como expressão de uma construção ou negociação de sentidos e da História de um tempo, de grupos e projetos socais são abordados e considerados a partir de teorias do discurso. Tomamos os Jornais –locus de pesquisa- que constituem um veículo de informação e organização do espaço-tempo. Os meios comunicacionais constituem marcas de um tempo, caracterizado pela velocidade e pluralidade, intensas disputas que oferecem e produzem nexos para ações de grupos interessados em pressionar atores e instituições sociais, influenciando-os ou orientando-os. É impossível pensar a atualidade sem a visibilidade patrocinada pelos diferentes meios de comunicação. A comunicação viabiliza a existência de um mundo próprio e atinge –de forma diferenciada- culturas nacionais. Os suportes comunicacionais exigem linguagens próprias e o locus de ações e discursos onde os embates ganham sentido e dramaticidade, dependem de dispositivos tecnológicos e sua legitimidade. A comunicação configura uma nova modalidade de construção de uma hegemonia estruturada e estruturadora nas relações que envolvem Estado, setor privado e interesse público, e subjetividade. O anúncio e o compromisso de Saúde do governo, eleito em 2010, foi motivo de grupos de trabalho, formulação de políticas e instituições de saúde que se comprometeram com uma estratégia de enfrentamento dos problemas de saúde. Utilizamos a Análise do Discurso e teorias das Ciências Sociais para perseguir a produção de uma “memória legítima” e a produção de sentidos nos jornais sobre a conjuntura. As manchetes, estrutura imagética, charges e editorias são tomadas como partes estratégicas dos discursos (projetos sociais) em luta. Os meios comunicacionais constituem-se em marcas de um tempo recente, caracterizado pela velocidade e pluralidade, das intensas disputas de sentido que eles oferecem, produzem ou ajudam a constituir. Além disso, ele é responsável por ações de grupos sociais interessados em pressionar os atores e instituições sociais no esforço em influenciar ou orientar os rumos de ações e políticas que deverão ser implementadas. É impossível pensar, na atualidade, principalmente a política, sem a visibilidade patrocinada pelos diferentes meios de comunicação. A comunicação viabiliza a existência de um mundo próprio, à sua imagem, como repetem os profissionais de comunicação, e desagrega –de forma diferenciada- as culturas nacionais. O jornal e a notícia, seu principal produto, tomada como objeto de análise social exigem diversos saberes e procedimentos metodológicos de diferentes Disciplinas e campos do conhecimento. Isto é, a natureza interdisciplinar se revela em todos os momentos como estratégica na construção da realidade, da identidade cultural e do patrimônio local num jogo de tensões, símbolos, discursos, representações sociais. Para a análise das matérias, elaboramos um recurso que considera: 1- o título da matéria; 2- quem fala; 3- o que fala; 4- quem é o intermediário; 5- qual(is) o(s) modo(s) de dizer do discurso: 6- o que converge e o que diverge entre o discurso midiático e o discurso político-partidário: 7 - a localização do enunciado; 8- o “tom” do enunciado e 9 – as palavras, atores, ideias e acontecimentos reiterados. No século XX, saúde e mídia fazem parte de uma complexa e tensa empresa, elementos estratégicos da sociedade do espetáculo e subordinados à lógica do mercado.