Caro Aluno:

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Ciência mídia e sociedade / Monica G. Zoppi-Fontana
Caro Aluno:
Essa atividade pós-exibição é a primeira, de um conjunto de 7
propostas, que têm por base o primeiro episódio do programa de áudio
Hora de Debate. As atividades pós-exibição são compostas por textos
que retomam os programas e encaminham sugestões de atividades a
serem realizadas por vocês. Recomendamos que elas sejam feitas após a
exibição em sala de aula desse episódio. No Portal do Professor você
encontrará um jogo interativo correspondente a esse mesmo episódio e
que trata dos mesmos temas das atividades.
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Ciência, mídia e sociedade / Monica G. Zoppi-Fontana
Atividade
Ciência, mídia e sociedade
Episódio
“A língua, a ciência e a produção
de efeitos de verdade”
Programa
Hora de Debate.
Campanhas de prevenção
contra DSTs: Linguagem
em alerta
O discurso da ciência e sobre a ciência ocupa hoje um lugar privilegiado na produção de
sentidos legitimados e considerados verdadeiros pela nossa sociedade. A ciência faz
parte do nosso cotidiano, dando forma a nossas práticas mais banais: escovamos os
dentes para não ter cáries, lavamos as mãos para não contrair doenças, não deixamos
acumular água parada nas nossas residências para não reproduzir os focos da dengue, e,
assim, inúmeros outros conhecimentos científicos que já estão incorporados a nossa
rotina diária a partir de sua ampla circulação na mídia e na escola. A relação ciência,
mídia e sociedade é constitutiva do mundo contemporâneo. Você já parou para pensar
como estamos impregnados pela crença no avanço contínuo da ciência? Pense o quanto
somos habitados pela confiança em que a ciência encontrará, no futuro, a solução para
os problemas que não conseguimos resolver hoje. Já reparou como as práticas
discursivas participam na construção dessa imagem onipotente e necessária da ciência?
Temos as imagens estereotipadas do cientista de chaleco branco que desenvolve
experimentos no laboratório, tão frequente em filmes e revistas, inclusive de
quadrinhos. Mas também temos o discurso da descoberta científica, muito presente em
todo material de divulgação científica e, ainda, nos próprios textos dos cientistas: o
funcionamento da temporalidade no texto e da escolha lexical são as formas da língua
que participam na produção da imagem do “indefinido trunfo da ciência”. No discurso da
descoberta científica (Nunes, 2001:35) encontramos representado de diversas maneiras o
esquema básico X descobre Y, onde X será explicitado em cada caso como o pesquisador
ou conjunto de pesquisadores e cientistas que deram lugar à descoberta e Y será
definido como o objeto da descoberta. Esse esquema é complementado com marcações
temporais específicas que permitem opor diversos momentos da produção do
conhecimento científico: o tempo presente do anúncio da descoberta, o passado dos
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Ciência mídia e sociedade / Monica G. Zoppi-Fontana
conhecimentos já ultrapassados ou errados, e a representação de um tempo futuro por
meio de enunciados apresentados como previsões. Este modo de representação da
ciência inclui, frequentemente, a menção aos debates científicos que precedem ou
sucedem a toda descoberta, o que permite situar o conhecimento novo como uma
superação do conhecimento velho.
Assim, o discurso da descoberta científica se caracteriza por configurar o texto em torno
deste esquema temporal, sinalizado pelos tempos verbais, os advérbios de tempo e o
léxico utilizado, que inclui palavras que referem à novidade por meio de substantivos
como avanço, progresso, superação, descoberta e adjetivos como novo, velho, inédito. A
este esquema acrescenta-se, em geral, a descrição do objeto da descoberta pela
encenação do método experimental: o texto apresenta a cena do laboratório, dos testes,
dos experimentos, que possibilitam ver, perceber, comprovar e demonstrar os novos
conhecimentos adquiridos.
Este modo de representar a produção do conhecimento científico permite, assim,
construir uma imagem de progresso indefinido da ciência, cujo único limite seria, então,
de ordem tecnológico.
Autores:
Monica Graciela Zoppi Fontana (coord.)
Pesquisa de materiais:
Leandro Rodrigues Alves Diniz
Heloísa Rutschmann Fonsechi
Referências:
AUTHIER-RÈVUZ, J. 1998. “O discurso da vulgarização científica”. In: Palavras incertas. Campinas, Editora
da Unicamp.
MACHADO, C.J.S. 2009. “A descoberta científica para alguns autores clássicos do século XX”. In:
DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação - v.10
n.1 fev/09. disponível em
http://www.datagramazero.org.br/fev09/F_I_art.htm, acessado em 15-6-09.
NUNES, J.H. 2001.“Discurso de divulgação: a descoberta entre a ciência e a não ciência”. In: Guimarães,
E. (org.) Produção e circulação do conhecimento. Estado, mídia, sociedade. Campinas, Pontes. p. 31-40
ORLANDI, E. 2001. “Divulgação científica e efeito leitor: uma política social urbana”. In: Discurso e texto.
Campinas, Pontes, p.149-162
ZOPPI FONTANA, M. 2009. “Acontecimento, temporalidade e enunciação. Definições terminológicas e o
fato novo na ciência”. In: Cadernos de Estudos linguísticos, 51/1, jan-jun 2009. p.69-94
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Ciência, mídia e sociedade / Monica G. Zoppi-Fontana
Exercício 1
Analise os fragmentos abaixo, extraídos de uma matéria de divulgação científica que
trata sobre vírus e doenças contagiosas. Tente descobrir neles o esquema do discurso da
descoberta científica que explicamos acima. Sinalize, no texto, todas as marcas
temporais que organizam a narrativa da descoberta recortando um passado, um presente
e um futuro para o desenvolvimento do conhecimento científico. Identifique o tipo de
construção ou palavra de que se trata. Perceba que além dos tempos verbais e advérbios
de tempo há outras marcas que significam a novidade: procure substantivos, adjetivos e
verbos que pelo seu significado apontem para um acontecimento ou início.
− O surgimento de vírus superpoderosos, capazes de matar milhões de seres humanos em
poucos dias, parece mera questão de tempo. Conheça as novas descobertas da ciência
sobre o funcionamento desses predadores e as armas que estão sendo criadas para
combatê-los. [...]
− Foi uma epidemia que teria exterminado milhares de pessoas se ocorresse trinta anos
antes. Em novembro de 2002, um novo tipo de pneumonia capaz de matar rapidamente
surgiu na China e se alastrou sem causar alerta. Quatro meses depois, a SARS (inglês para
"síndrome respiratória aguda severa") já estava em 16 países. Levava jeito de ser uma
tragédia devastadora, mas não foi o que aconteceu.[...]
Os cientistas tinham novas tecnologias para combatê-la. Pela internet, os médicos
coordenaram ações no mundo inteiro e uniram onze laboratórios em rede para estudar o
vírus. Em pouco mais de um mês, eles identificaram o agente da doença e mapearam seu
genoma. [...] Nos meses seguintes, eles testaram a resistência do vírus e elaboraram
testes diagnósticos, mas não precisaram colocar suas pesquisas em prática. No início de
julho, a rede planetária de médicos derrotou o vírus com ferramentas bem antigas:
higiene e quarentena.
− O show dos pesquisadores não foi em vão. "Em poucos meses, os cientistas fizeram mais
avanços na pesquisa desse vírus do que em um século", afirma o virologista Celso Granato,
da Universidade Federal de São Paulo. Se ele reaparecer - o que não é difícil - existirão
tratamentos mais eficazes e, provavelmente, até vacinas em teste.
Fonte: Revista Superinteressante, ed.192, set.2003
Disponível em http://super.abril.com.br/saude/nossa-menor-ameaca-444112.shtml Acessado em 12-12-09
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Ciência mídia e sociedade / Monica G. Zoppi-Fontana
Exercício 2
Leia o fragmento abaixo (você pode também consultar a matéria completa no endereço
URL citado como fonte). Analise o texto em relação ao funcionamento do discurso da
descoberta, sinalize todas as marcas presentes nele do esquema visto acima. Perceba
que trata-se de um texto diferente ao anterior, porque além de representar os avanços
da ciência, discute suas consequências para a vida social. Mostre no texto todas as
formas da língua pelas quais se faz esta vinculação de uma descoberta científica a uma
mudança social. Discuta com seus colegas essa relação: que outras descobertas
científicas produziram fortes impactos na vida social?
Pílula muda papel social da mulher
Os avanços da ciência têm sido responsáveis por várias tecnologias que alteraram os rumos
da história. Parte delas para o bem, como as vacinas, os jatos, os computadores, mas há
também as bombas e toda a tecnologia de guerra. Uma das descobertas dos anos 50 que
talvez tenha sido a principal responsável pela mudança na vida e no papel social da mulher
foi a pílula anticoncepcional, que propiciou uma maior inserção da mulher no mercado de
trabalho e também uma liberdade sexual que ela ainda não conhecia.
A pílula anticoncepcional é um contraceptivo hormonal que surgiu na década de 50. Apesar
de já existirem outros contraceptivos que permitiam que as decisões sobre a maternidade
estivessem sob o controle da mulher, como a capa cervical (1838), o diafragma (1882), o
método Ogino e Knaus ou "tabelinha" (início do século XX) e o DIU (década de 20), foi a
pílula que carregou consigo o emblema de "libertadora".
"Se antes as decisões contraceptivas - com exceção do aborto - estavam sob o controle dos
homens, os novos métodos mudaram as relações e a possibilidade masculina anterior de
separar prazer de reprodução passou a ser também uma possibilidade das mulheres", afirma
a professora Joana Maria Pedro, da Universidade Federal de Santa Catarina, para explicar
que o surgimento desses métodos desequilibrou as relações de gênero (entre os sexos)[...].
Fonte: Revista ComCiência, número Cultura científica, 10-7-2003. Reportagem: Pílula mudou papel social da
mulher, de Simone Pallone. Disponível em: http://www.comciencia.br/reportagens/cultura/cultura05.shtml
Hora de Escrever
Nas atividades anteriores, você analisou como o discurso da descoberta estrutura
diversos textos de divulgação científica. Também discutiu a relação da produção de
novos conhecimentos com importantes mudanças na sociedade e na vida das pessoas.
Agora é a sua vez: junte-se a outros dois colegas e pesquisem juntos na internet e em
bibliotecas sobre outras descobertas científicas que tenham produzido forte impacto na
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Ciência, mídia e sociedade / Monica G. Zoppi-Fontana
sociedade de sua época. Escolha uma e procure dados sobre os cientistas envolvidos na
descoberta, sobre os conhecimentos anteriores que foram revisados e mudados, sobre as
consequências promovidas em relação ao desenvolvimento da ciência e sobre o impacto
social que sua divulgação provocou: que debates foram produzidos? Que novas questões
éticas, políticas, sociais, religiosas essa descoberta levantou?
Com base nos materiais que você e seus colegas tenham reunido, escrevam uma carta de
leitor para o editor de uma revista de divulgação científica na qual vocês manifestem
sua aprovação ou reprovação em relação aos possíveis impactos sobre a sociedade que
essa descoberta poderia ocasionar.
PARA SABER MAIS
Agora que já refletiu sobre o discurso da descoberta e como ele configura a relação
entre ciência, mídia e sociedade, o convidamos a visitar a página web do grupo ARTE
CIÊNCIA NO PALCO, onde você vai encontrar informação sobre peças de teatro que
debatem essa temática de forma amena e ao mesmo tempo desafiadora.
Não deixe de conferir!: http://www.arteciencianopalco.com.br
"O teatro possibilita pensar a ciência e o ser humano e construir
uma dimensão nova na percepcão do mundo"
“Investigar a relação da arte e da ciência é nosso objetivo. Através
do teatro, com sua imensa capacidade de envolver, emocionar e
provocar, procuramos apresentar pelo "sentir" e pelo "pensar" os
conflitos éticos da ciência”.
Fonte:
http://www.arteciencianopalc
o.com.br/sumario.html
Fonte: http://www.arteciencianopalco.com.br/mais.html
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