FUNDAÇÃO PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS – FUPAC

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FUNDAÇÃO PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS – FUPAC
FACULDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS DE LAMBARI
CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
MARI SILVA
PRÁTICAS PEDAGOGICAS DIFERENCIADAS E CRIATIVAS NO
ENSINO DA HISTÓRIA
LAMBARI – MG
2014
PRÁTICAS PEDAGOGICAS DIFENCIADAS E CRIATIVAS NO ENSINO DA
HISTÓRIA
JOICE LIVIAN GENTIL*
MARILENE SUELI DA SILVA*
RUTE RIBEIRO DE PAIVA*
MAURÍCIO INÁCIO DOS SANTOS**1
Resumo
Este trabalho cientifico pretende discutir o ensino das práticas pedagógicas e criativas no
ensino da História nas séries iniciais, considerando sua relevância para a formação do
indivíduo, bem como o papel do professor de História na contribuição para a consciência
crítica e descoberta de si como agente de transformação social, com o poder de intervir na
sociedade. Ideias são discutidas, aparando-se em diversos autores para corroborar a
importância do estudo e ensino de História nas Séries Iniciais. Como abordagem será
utilizada a pesquisa em livros e as devidas considerações de educadores sobre o assunto,
para ilustrar nossos estudos a respeito dessas práticas conceituais num processo
organizacional, de forma a construir uma linha de raciocínio, da origem até a possibilidade de
se atuar, no âmbito do sistema educacional, com uma interpretação da educação baseada
na criatividade e na importância do aluno aprender sobre o passado, para que melhor
compreenda o presente e o futuro, e possa, assim, se sentir seguro como um ser social.
Palavras-chave: História, Ensino de história, Séries Iniciais.
1 INTRODUÇÃO
*Alunas do 6º período do curso de pedagogia da Faculdade Presidente Antônio Carlos
(UNIPAC). Lambari – MG. E-mail: [email protected], [email protected],
[email protected].
**Professor de História e Orientador do TIP. [email protected].
O objetivo deste trabalho é discutir as práticas diferenciadas e criativas
no ensino-aprendizagem de História na visão das escolas modernas, através
da pedagogia. O presente estudo traz a reflexão sobre a aquisição do
conhecimento no interior da escola de Ensino Fundamental das Séries
Iniciais. E, como centro de discussão está o conhecimento acumulado pela
humanidade e sua relação com o conhecimento escolar, assim como a
valorização das ciências em relação ao senso comum, através do ensino de
História. Pode-se legitimar que existem muitas maneiras de legitimar a
“valorização” de algumas disciplinas em detrimento de outras, sobretudo, o
SAEB (Sistema de Avaliação da Educação Básica), que consiste em uma
avaliação (por amostragem) do ensino de Língua Portuguesa e de
Matemática, a cada dois anos.
A criatividade na busca de conhecimento, também estará no centro
das reflexões aqui propostas, principalmente, porque a prática também é uma
“arte de seduzir”. O pedagogo pode seduzir seus alunos com, e para, o
conhecimento. A criatividade, aqui, é entendida como o resultado da relação
entre o indivíduo e a cultura, que pode ser afetiva, positiva, ou não. Essa
“criatividade cultural” é uma tomada de consciência, que é acompanhada de
responsabilidades e angústias.
Para tanto, devemos possibilitar a articulação de diferentes aspectos
da realidade do aluno, envolvendo diferentes áreas e enfatizando o
desenvolvimento científico e tecnológico. Um conhecimento que priorize as
“obras-primas” em artes, em literatura, em invenções, etecetera.
Como desconstruir o paradigma de que a História é uma ciência
decorativa?
Uma maneira é fazendo o aluno compreender que ele próprio faz
história em todos os dias de sua vida. E que sua história fará, de algum jeito,
parte de uma história. A história se renova a cada instante, sem deixar de se
fazer valer o instante pelo qual passou.
Sem dúvida alguma a História é importante para o individuo
compreender a importância de contribuir para o mundo, em que vive, com a
sua própria história, transformando e construindo uma realidade mais justa,
mais ética e valorosa . Escolas modernas e pedagógicas criativas educam o
aluno para a vida desde bem cedo.
Um importante personagem dentro da pedagogia foi Celestian Freinet,
educador francês da primeira metade do século XX, pedagogista anarquista
francês, cujas propostas continuam tendo grande ressonância na educação
dos dias atuais. Ele se identificava com a corrente da Escola Nova, anteconservadora, e protagonizou as chamadas Escolas Democráticas. Pois,
para ele, além das técnicas pedagógicas, achava que o aspecto político e
social ao redor da escola não devia ser ignorado pelo educador. A pedagogia
traz em seu bojo a preocupação com a formação de um ser social que atua
no presente. O professor deve mesclar seu trabalho com a vida em
comunidade, criando as associações, os conselhos, eleições, enfim, as várias
formas de participação e colaboração de tudo na formação do aluno.
Direcionar o movimento pedagógico em defesa da fraternidade, respeito e
crescimento de uma sociedade cooperativa e feliz. Para Freinet, a
democracia de amanhã se prepara na democracia da escola.
Mesmo com as dificuldades encontradas pelos pedagogos para
expandirem suas ideias e práticas escolares, devido as imposições do
sistema educacional e das instituições de ensino onde trabalham, não devem
desistir e estagnar diante das dificuldades, para que assim não permitam que
suas criatividades e desejos de transformações possam intervir no
desenvolvimento do aluno.
É de responsabilidade do pedagogo escolar lembrar que o futuro da
nação a que pertence depende de seu empenho na profissão da qual
escolheu exercer.
A história ajuda o aluno a compreender melhor o significado de sua
importância no mundo, e da importância dos que viveram em outras épocas e
em outro tempo.
O ensino da História nas séries iniciais do Ensino Fundamental tem
passado por uma grande transformação, isso aconteceu a partir do momento
em que ela foi desvinculada da Geografia, tornando-se uma disciplina
específica, com características próprias. Nas últimas décadas, o ensino de
História foi consolidado em suas especificidades. Nas séries iniciais, a
princípio, a criança não entende o sentido de história em seu contexto de
temporalidade, este tema está inserido no currículo escolar e deve ser
trabalhado para que então a criança comece a construir esta noção de
temporalidade segundo Oliveira:
(...) poucos historiadores interessam-se pelo processo de
construção do conhecimento histórico em crianças. Muitos sequer
acreditam na possibilidade da criança aprender história nas séries
iniciais. (OLIVEIRA, 1995, p. 263-264).
Nesta perspectiva o ensino de História nas Séries Iniciais, de buscar
envolver as crianças num sentido de valorização de sua própria história,
alicerçando-se assim, para a aquisição de história local e do mundo.
Conforme os Parâmetros Currículos Nacionais – PCNs (BRASIL, 1997), um
dos objetivos mais relevantes quanto ao ensino de História relaciona-se à
questão de identidade. É de grande importância que os estudos de História
estejam constantemente pautados na construção da noção de identidade,
através do estabelecimento de relações
entre identidades individuais e
sociais. O ensino de História deve permitir que o aluno se compreenda a
partir de suas próprias representações, da época em que vive, inserido num
grupo, e, ao mesmo tempo resgate a diversidade e pratique uma análise
crítica de uma memória que é transmitida.
O estudo de História deve ter o professor como meio de ligação entre
o conhecimento e o aluno, desconstruindo desse modo o paradigma de que
História é uma ciência decorativa. Logo, faz-se necessário que novas
maneiras de ser e saber o mundo sejam estimuladas no ensino de História,
visando favorecer a formação do cidadão para que este assuma formas de
participação social, política e de atitudes críticas diante da realidade que o
cerca, aprendendo a discernir, identificando limites e possibilidades em sua
atuação e transformação da realidade histórica na qual esta inserido.
O ensino de História nas Séries Iniciais deve considerar a história de
vida do aluno, uma vez que somos seres históricos. Contudo, o Ensino de
História nas Séries Iniciais, nas palavras de Cruz é de suma importância já
que para este autor:
Estudar História e Geografia Infantil e no Ensino Fundamental
resulta em uma grande contribuição social. O ensino da História e
da Geografia pode dar ao aluno subsídios para que ele
compreenda, de forma mais ampla, a realidade na qual está
inserido e nela interfira de maneira consciente e propositiva.
(CRUZ,2003, p. 2).
Sendo assim, o ensino da História nas Séries Iniciais e Educação
Infantil devem promover a reflexão, e cabe ao professor fazer com que esta
reflexão seja efetivada, ainda que de modo tímido.
O estudo da História nas Series Iniciais deve partir da própria história
de vida do aluno, avançando para o estudo da história local que deve ser
apresentada como algo, vivo, vibrante, capaz de despertar paixão e colaborar
para a compreensão do mundo. Ressaltar-se a importância dos PCNs de
História e Geografia para o Ensino Fundamental, estes elucidam que o papel
do ensino de História e Geografia para o Ensino Fundamental, está vinculado
à produção de identidade.
O ensino de História nas Séries Iniciais deve ter esse caráter
transformador, despertando o aluno para a condição de sujeitos que fazem
História ao longo do tempo e dos espaços. A construção de novas formas de
intervenção no ato de fazer história precisa perceber a escola como uma
instituição social plural, que se educa para a vida e para a cidadania, e que,
portanto, se faz importante que o pedagogo assuma essa consciência como
educador.
Como sabemos a criatividade, sempre esteve relacionada com o
inventar, o discernir, o escolher, o criar, o produzir. Ser criativo é "think
outside de box" (expressão em inglês que significa pensar fora da caixa), ou
seja, pensar diferente, ser original, não seguindo as normas préestabelecidas e nunca imitando o que já foi feito milhares de vezes. No
entanto é preciso que os educadores sejam capazes de identificar maneiras
de usar a criatividade pedagogicamente e perceber os benefícios que suas
ideias criativas influenciarão nos alunos.
Para refletir sobre as abordagens da história aplicada, com
criatividade, ao Ensino de História, cabe um papel educativo, formativo,
cultural e político, e sua relação com a construção da cidadania perpassa
diferentes espaços de produção, de saberes históricos. É preciso atentar
para o fato de que as disciplinas não são meros espaços de vulgarização de
saberes, nem tampouco de adaptação, ou, de transposição das ciências de
referência, mas são produtos dos espaços, das culturas escolares e mesmo
inclusivas.
Os pedagogos têm alguma autonomia ante as demandas do Estado,
da sociedade e dos meios de comunicação; assim, podem questionar,
criticar, subverter os saberes e as práticas no cotidiano escolar com
criatividade.
Perpassando os currículos prescritos e os vividos nas aulas de História
há diversas mediações entre os alunos e os educadores, saberes de
diferentes fontes (livros didáticos, fontes de época, imprensa, textos, filmes,
literatura e outros), práticas institucionais, burocráticas e comunitárias em
contextos muito diferenciados.
Nessa trama relacional, a valorização do papel, da autonomia, da
formação e das condições de trabalho dos docentes é imprescindível. É o
pedagogo quem planeja cursos, escolhe os materiais básicos de trabalho e
as atividades a serem desenvolvidas, orienta o conjunto dessas atividades e
avalia o aproveitamento dos alunos. Se o pedagogo desenvolve uma prática
democrática de pensamento e de trabalho, partilha tarefas com colegas que
lecionam outras disciplinas, além de dialogar sobre elas com os alunos, seus
pais e outros setores da sociedade. Mas o papel articulador é dele, a
criatividade é dele. Para isto formou-se e continua a se formar
profissionalmente, é contratado e pago – para atuar no processo educativo.
É nas relações entre professores, alunos, saberes, materiais, fontes e
suportes que os currículos são, de fato, reconstruídos, e que o sejam de
maneira criativa para poder assim despertar o prazer e a satisfação nos
educandos. Desta maneira, devemos valorizar, permanentemente, na ação
curricular, as vozes dos diferentes alunos, o diálogo, o respeito à diferença, o
combate à desigualdade e o exercício da cidadania.
Este trabalho foi caracterizado pela busca de informações em várias
fontes diferentes de leitura feitas através de livros, de trabalhos científicos e
das discussões em grupo com os componentes que dele fazem parte.
Para a realização do mesmo além das leituras e das discussões de
ideias a respeito das Escolas Modernas e da Pedagogia criativa, foram feitas
visitas às escolas de ensino das Séries Iniciais do Ensino Fundamental para
que houvesse observações de como a História tem sido ensinada nos dias
atuais e, também, para constatar o interesse do aluno perante o ensino de
História.
2 O ESTUDO E ENSINO DE HISTÓRIA ENQUANTO ELEMENTO DE
FORMAÇÃO DO CIDADÃO.
Cabe ao pedagogo promover situações para que o aluno critique e
compreenda o estudo da disciplina como fator necessário para sua formação
enquanto indivíduo. Segundo Cruz é necessário dinamizar conceitos como, o
fato histórico: uma reflexão sobre o tempo e finalmente, uma observação e
avaliação sobre as ações cotidianas que identificam o sujeito histórico,
partindo da premissa do cotidiano da criança.
Desse modo, para que o pedagogo possa disponibilizar elementos que
favoreçam o crescimento intelectual do aluno, é preciso que conheça e saiba
trabalhar elementos diversos e, para isso, é preciso gostar de trabalhar com
História. Nesta perspectiva, Freire pondera que:
O sujeito que se abre ao mundo e aos outros inaugura com seu
gesto a relação dialógica em que confirma como inquietação e
curiosidade, como inconcluso em permanente movimento da
História. (FREIRE, 1996, p. 136).
O ensino de História tem um papel relevante na construção da
cidadania e na emancipação social e política dos sujeitos históricos. Segundo
Florescano:
... a função da história é dotar de identidade a diversidade de seres
humanos que formavam a tribo, o povo, a pátria ou nação.” Cabe
ao pedagogo encontrar maneiras de estimular o aluno a perceber a
importância de aprender história que favorece ao auto
conhecimento e ao conhecimento em geral de seus antecedentes e
assim poder construir sua própria história para o futuro onde nele
viverá, deixando sua impressão para o mundo. (FLORESCANO,
1997, p.67)
É preciso estimular a interdisciplinaridade a fim de dimensionar o
ensino aprendizagem de História bem como a construção do saber. Na
interdisciplinaridade, duas ou mais disciplinas relacionam seus conteúdos
para aprofundar o conhecimento. Dessa forma, o professor de Geografia, ao
falar da localização do Cristo, poderia utilizar um texto poético, assim como o
de Ciências analisaria a história da ocupação da cidade para entender os
impactos ambientais nos entornos.
Uma atitude especial ante o conhecimento, que se evidencia no
reconhecimento das competências, incompetências, possibilidades
e limites da própria disciplina e de seus agentes, no conhecimento
e na valorização suficientes das demais disciplinas e dos que a
sustentam. Nesse sentido, torna-se fundamental haver indivíduos
capacitados para a escolha da melhor forma e sentido da
participação e sobretudo no reconhecimento da provisoriedade das
posições assumidas, no procedimento de questionar. Tal atitude
conduzirá, evidentemente, a criação das expectativas de
prosseguimento e abertura a novos enfoques ou aportes. E, para
finalizar, a metodologia interdisciplinar parte de uma liberdade
científica, alicerça-se no diálogo e na colaboração, funda-se no
desejo de inovar, de criar, de ir além e suscita-se na arte de
pesquisar, não objetivando apenas a valorização técnico-produtiva
ou material, mas sobretudo, possibilitando um acesso humano, no
qual desenvolve a capacidade criativa de transformar a concreta
realidade mundana e histórica numa aquisição maior de educação
em seu sentido lato, humanizante e libertador do próprio sentido de
ser no mundo (FAZENDA, 1994, p. 69-70).
Este saber específico se faz necessário para que se entenda a relação
entre diversos tempos, significando então reconhecer o valor do passado
para o presente e o futuro. Desse modo, Terra e Freitas assinalam que os
pedagogos de História:
Provocam reflexões sobre como o presente mantém relações com
outros tempos, inserindo-se em uma extensão temporal, que inclui
o passado, o presente e o futuro; ajuda analisar os limites e as
possibilidades das ações de pessoas, grupos e classes no sentido
de transformar realidades ou consolidá-las; colabora para expor
relações entre acontecimentos que ocorrem em diferentes tempos
e localidades; auxilia a entender o que há de comum ou de
diferente interesses de grupos, classes ou envolvimento político.
Enfim, são questões mais comprometidas em formar pessoas para
analisar, enfrentar e agir no mundo. (TERRA E FREITAS, 2004,
p.7).
Nesta ótica o ensino de História nas Séries Iniciais torna-se relevante,
já que as relações entre tempo e espaço também dependem da ação do
homem em seu meio.
Fazendo com que a História seja percebida na construção das
identidades sociais. Parte-se da premissa que a educação é um processo de
aprendizagem contínuo e permanente ao indivíduo, favorece as relações
sociais e também, é o meio pelo qual a sociedade se renova, constituindo-se
ainda num processo de transmissão cultural. Com um papel importante na
construção e formação do caráter do indivíduo, a educação tem uma função
bem maior.
O papel do pedagogo é fundamental na educação
e no
desenvolvimento das pessoas e das sociedades que se forma a partir deles.
Amplia-se ainda mais a responsabilidade do pedagogo no despertar do
milênio e aponta para a necessidade de se construir uma escola voltada para
a formação de cidadãos, conforme os PCNs (BRASIL, 1997).
A Escola e o pedagogo tem como princípio a formação dos cidadãos
nas suas concepções mais amplas e democráticas. Nesse contexto, se faz
necessário a construção de uma prática pedagógica que privilegie as
diferenças existentes no próprio ambiente de sala de aula. Assim, segundo
Caniato:
A escola deve e pode ser o lugar onde, de maneira mais
sistemática e orientada, aprendemos a Ler o Mundo e a interagir
com ele. Ler o mundo significa aqui poder entender e interpretar o
funcionamento da Natureza e as interações dos homens com ela e
dos homens entre si. Na escola podemos exercitar, aferir e refletir
sobre a Ação que praticamos e que é feita sobre nós. Isso não
significa que só na escola se faça isso. Ela deve ser o lugar em que
praticamos a Leitura do Mundo e a interação com ele de maneira
orientada, crítica e sistemática. (CANIATO, 1997, p.65).
Nesse sentido, o pedagogo de História ocupa posição central na análise
dessa conjuntura e na possibilidade de construir situações concretas de
superação através da prática pedagógica por ele desenvolvida no interior do
espaço escolar. Nesta perspectiva, Fonseca, alerta que é preciso pensar a
disciplina de história como: Fundamentalmente educativa, formulativa,
emancipadora e libertadora.
(…) o professor de história, com sua maneira própria de ser,
pensar, agir e ensinar, transforma seu conjunto de complexos
saberes em conhecimentos efetivamente ensináveis, faz com que o
aluno não apenas compreenda, mas assimile, incorpore e reflita
sobre esses ensinamentos de variadas formas. É uma reinvenção
permanente (FONSECA, 2003, p.71).
A aula de história possibilita a construção do saber histórico através da
relação interativa entre educador e educando, transformando essa prática em
ato político, no sentido de transformação consciente do fazer histórico. Nesse
contexto salienta-se a importância do pedagogo ser também um pesquisador
e produtor do conhecimento e não apenas um mero executor de saberes já
produzidos. Paulo Freire elucida bem ao destacar que:
Não há pesquisa sem ensino (...). Ensino porque busco, porque
indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para contratar,
contratando intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso
para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a
novidade. (FREIRE, 1996, p.29).
Evidencia-se a importância do pedagogo ser também um pesquisador
e produtor do conhecimento e não apensas um mero executor de saberes
produzidos. O papel do pedagogo, torna-se relevante, no sentido de
possibilitar a transformação de um saber histórico em um saber
compreensível e atuante para a compreensão o do aluno. Neste sentido,
Knass aponta sobre a pesquisa:
(...) o processo de aprendizagem confunde-se com a iniciação à
investigação, deslocando a problemática da integração ensinopesquisa para todos os níveis de conhecimento, mesmo o mais
elementar. A pesquisa é assim entendida como o caminho
privilegiado para a construção de autênticos sujeitos do
conhecimento que se propõem a construir sua leitura de mundo.
(KNASS, 2001, p.29-30).
As palavras de Luckesi ressaltam o pedagogo como:
Um educador, que se preocupe que a sua prática educacional
esteja voltada para a transformação, não poderá agir inconsciente
e irrefletidamente. Cada passo de sua ação deverá estar marcado
por uma decisão clara e explícita do que está fazendo e para onde
possivelmente está encaminhando os resultados de sua ação. A
avaliação, neste contexto, terá de ser uma atividade racionalmente
definida, dentro de um encaminhamento político e decisório a favor
da competência de todos para a participação democrática da vida
social. (LUCKESI, 1984, P.46).
Importante questão a ser considerada pelo pedagogo de História é a
questão interdisciplinar. Para Fazenda:
(...) o professor interdisciplinar traz em si um gosto especial por
conhecer e pesquisar possui um grau de comprometimento
diferenciado para com seus alunos, ousa nova técnicas e
procedimentos de ensino, porém, antes, analisa-os e dosa-os
convenientemente. Esse professor é alguém que se está sempre
envolvido com seu trabalho, em cada um de seus atos.
Competência, envolvimento, compromisso marcam o itinerário
desse profissional que luta por uma educação melhor. Entretanto,
defronta-se com sérios obstáculos de ordem institucional no seu
cotidiano. Apesar do seu empenho pessoal e do sucesso junto aos
alunos, trabalha muito, e seu trabalho acaba por incomodar o que
têm a acomodação por propósito. (FAZENDA, 1999, p. 31).
O pedagogo de história, nesta perspectiva, tem o compromisso de
construir uma educação pautada no paradigma holístico, com olhar critico e
sensível para processo de construção da História. Dessa maneira, o papel do
pedagogo de Historia nas séries iniciais deve acontecer na direção do diálogo
em conjunto com os alunos e a comunidade escolar, constituindo-se desta
forma em um processo educativo fundamentalmente democrático, construído
em conjunto, balizado pelo desenvolvimento de capacidade de percepção,
crítica e autoconhecimento com sujeitos de um tempo e lugar.
O ensino da História tem um papel relevante na construção da
cidadania e na emancipação social e política dos sujeitos históricos. Segundo
Florescano: A função da história é dotar de identidade a diversidade de seres
humanos que formavam a tribo, o povo, a pátria ou nação. (FLORESCANO,
1997, p. 6.).
A História tem uma função de resgate, enquanto elemento de
formação da cidadania e a escola têm papel fundamental no exercício e
formação do cidadão deve levar o aluno a compreender quem somos, vamos,
onde vamos, o que fazemos, mesmo que muitas vezes, pessoalmente, não
nos identifiquemos com o que esse mesmo bem evoca, ou até não
apreciemos sua forma arquitetônica ou seu valor histórico, pois é revelador e
referencial para a construção de nossa identidade histórico cultural.
Ensinar
história
é
agir
em
função
de
metas
e
objetivos,
conscientemente perseguidos, no interior de um contexto de autuação
educacional, permeada pelos desafios cotidianos e pela burocratização do
ensino.
O ensino de História estabelece um diálogo com a construção da
cidadania implicando no reconhecimento do indivíduo enquanto ser histórico
e com elementos que permitem compreender melhor a realidade em que
estamos inseridos e a sociedade em que vivemos.
É imprescindível que os alunos identifiquem no processo de ensino e
aprendizagem de História oportunidades para o desenvolvimento de uma
atitude critica com relação à sociedade, intervindo de forma consciente
enquanto seres que fazem história e pertencem a uma época e espaços
próprios. O sujeito constrói seu conhecimento do mundo e o conhecimento de
si mesmo como sujeito Histórico.
O homem não nasce pronto e morre inacabado. Compreender
enquanto ser vivente sobre as coisas do mundo, em que vive, requer
conhecimentos. Borges ilustra que:
(...) a história procura especificamente transformações pelas quais
passaram as sociedades humanas. A transformação é a essência
da história. Quem olha para trás, na história de sua própria vida,
poderá
compreender
isso
facilmente.
Nós
mudamos
constantemente. Isso é válido para o indivíduo e também é válido
para a sociedade. Nada permanece igual e é através do tempo que
se percebem a mudança. (BORGES, 1987, p. 47-48).
Sem dúvida alguma a História é necessária para o individuo
compreender a importância em contribuir para o mundo, em que vive, com a
sua própria história. Transformando e construindo uma realidade mais justa,
mais ética e valorosa.
Escolas modernas e pedagógicas criativas educam o aluno para a vida
desde – de bem cedo - ensinando-o o comprometimento com a manutenção
do equilíbrio para o bem estar consigo mesmo e com a sociedade em que
vive.
O pedagogo tem o compromisso, o dever, e o direito de exigir através
do desenvolvimento satisfatório de seu trabalho, que isso lhe faculte as
condições favoráveis e necessárias para a transformação da sociedade. E
deve aprender a enxergar a sociedade como um elemento de transformação
a ser realizado, e cabe ao pedagogo fazer a sua parte.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Há um pensamento de Winston Churchill que elucida: “Não adianta
dizer: “Estamos fazendo o melhor que podemos”. Temos que conseguir o que
quer que seja necessário.”
Fica claro neste trabalho que as dificuldades institucionais existem,
que as dificuldades burocráticas existem. Contudo, dentro da sala de aula,
quem existe é o pedagogo e seus alunos. E cabe ao pedagogo criar meios de
levar a História ao aluno de modo que o aprendizado seja despertado de
forma agradável e prazerosa. Usando a imaginação o pedagogo consegue
através de imagens ilustrativas, através de contar a História como se conta
histórias infantis e despertar o interesse do aluno. O que não se pode, como
pedagogo é criar obstáculos, ou aceitar os empecilhos como um final. O
pedagogo deve ser antes de tudo um desbravador de caminhos para se
chegar a construção do ensino aprendizagem com os melhores resultados. É
gratificante perceber um mundo melhor e de ter a certeza de que teve
participação nele, através de sua dedicação e trabalho com seus pupilos.
Segundo Churchill a sorte não existe. “Aquilo que chamas de sorte é o
cuidado com os pormenores.” Quem faz a escola são os pedagogos
empenhados nos pormenores, transformando-os em sucesso e glória.
Conhecer a História ajuda ao indivíduo compreender a leitura de
mundo e a sua própria leitura. Assim, conseguirá perceber o início o meio e
muito provavelmente o fim.
PEDAGOGICAL PRACTICES DIFFERENTIAL AND THE HISTORY OF
EDUCATION CREATIVE
Abstract
This scientific work discusses the teaching of educational and creative practices in the
teaching of history in the early grades, considering its relevance to the formation of the
individual as well as the history of teacher's role in contributing to the critical awareness and
discovery of self as agent social transformation, with the power to intervene in society. Ideas
are discussed, if trimming on several authors to support the importance of the study and
teaching of history in the early grades. Approach will be used as research in books and due
consideration of educators on the subject, to illustrate our studies on these conceptual
practices in an organizational process in order to build a token from the origin to the
possibility of acting in within the education system, with an interpretation of education based
on creativity and the importance of student learning about the past, to better understand the
present and the future, and so can feel safe as a social being.
Keywords: History, Teaching History, And Initial Series.
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