análise facial em paciente após cirurgia ortognática de avanço

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ANÁLISE FACIAL EM PACIENTE APÓS CIRURGIA ORTOGNÁTICA DE
AVANÇO MANDIBULAR – RELATO DE CASO
ANÁLISE FACIAL EM PACIENTE APÓS
CIRURGIA ORTOGNÁTICA DE
AVANÇO MANDIBULAR
RELATO DE CASO
ANALYSIS FACIAL AFTER
ORTHOGNATHIC SURGERY WHIT
MANDIBULAR ADVANCEMET
CASE REPORT
Luis Fernando Azambuja ALCALDE *
Pedro Henrique Silva GOMES-FERREIRA **
Norton Ryuji NARAZAKI **
Cláudio Maldonado PASTORI ***
Gustavo Lopes TOLEDO ***
Clóvis MARZOLA ***
_____________________________________
* Cirurgião Dentista concluinte do Curso de Residência em Cirurgia e Traumatologia Buco
Maxilo Facial, Hospital Beneficência Portuguesa, Bauru, SP, Brasil.
** Residente do Curso de Residência em Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial,
Hospital Beneficência Portuguesa, Bauru, SP, Brasil.
*** Professor do Curso de Residência em Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial,
Hospital Beneficência Portuguesa, Bauru, SP, Brasil.
ALCALDE, L. F. A.; GOMES-FERREIRA, P. H. S.; NARAZAKI, N. R. et al., Análise facial em paciente após cirurgia
ortognática de avanço mandibular – Relato de caso. Rev. Odontologia (ATO), Bauru, SP., v. 15, n. 1, p. 1-11, jan.,
2015.
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ANÁLISE FACIAL EM PACIENTE APÓS CIRURGIA ORTOGNÁTICA DE
AVANÇO MANDIBULAR – RELATO DE CASO
RESUMO
A análise facial, na ortodontia e na cirurgia ortognática, tem
sido utilizada como um recurso diagnóstico que auxilia o profissional a
direcionar o tratamento, de forma a atender uma das principais motivações
do paciente - sua estética facial. Problemas funcionais relacionados à
mastigação, desconforto e dor, também, são queixas frequentes dos
pacientes que procuram o cirurgião Bucomaxilofacial, mas são por vezes
menos significantes do que a aparência facial nestes indivíduos e, os
problemas que isso vem acarretar na socialização dos mesmos. Desta
forma, a cirurgia ortognática, tornou-se um procedimento complexo, pois da
mesma forma que visa devolver a função ao paciente é de fundamental
importância os quesitos estéticos e, todos os aspectos psicosociais
envolvidos nesta questão. O objetivo deste trabalho é apresentar um caso
clínico de uma paciente com perfil classe II de Angle, que foi submetida à
cirurgia ortognática de avanço mandibular para correção da discrepância
dento-facial. Tal procedimento mostrou-se eficaz no intuito de devolver a
função em classe I para a paciente da mesma forma que restituiu sua
harmonia dos terços da face.
ABSTRACT
The facial analysis in orthodontics and orthognathic surgery has
been used as a diagnostic feature that helps the professional to guide
treatment in order to meet one of the main motivations of the patient - facial
esthetics. Functional problems related to mastication discomfort and pain
are also common complaints of patients seeking Maxillofacial surgeon, but
are sometimes less significant than facial appearance that individuals and the
problems that entails the socialization of the same. Thus, orthognathic
surgery, became a complex procedure, for in the same way that aims to
restore patient function is fundamental aesthetic questions and all
psychosocial aspects involved in this question. The objective of this study is
to present a clinical case of a patient with class II angle, which was submitted
to orthognathic surgery of mandibular advancement to correct the
discrepancy dentofacial profile. This procedure was effective in order to
restore function in class I for the patient in the same way that has restored
harmony thirds of the face.
UNITERMOS: Estética; Cirurgia Ortognática; Análise Facial; Anomalias
Maxilomandibulares.
UNITERMS: Esthetics;
Abnormalities.
Orthognathic
Surgery;
Facial
Analysis;
Jaw
ALCALDE, L. F. A.; GOMES-FERREIRA, P. H. S.; NARAZAKI, N. R. et al., Análise facial em paciente após cirurgia
ortognática de avanço mandibular – Relato de caso. Rev. Odontologia (ATO), Bauru, SP., v. 15, n. 1, p. 1-11, jan.,
2015.
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ANÁLISE FACIAL EM PACIENTE APÓS CIRURGIA ORTOGNÁTICA DE
AVANÇO MANDIBULAR – RELATO DE CASO
INTRODUÇÂO
Aproximadamente dois terços das pessoas que possuem
deformidade-dento facial e, que procuram tratamento afirmam que estão
fazendo devido sua aparência facial (PROFFIT, 2005 e MARZOLA, 2008).
Pessoas que têm o físico atraente, aparentemente têm maior aceitação
social sendo mais desejadas como amigos e cúmplices. Além disso, são
consideradas mais inteligentes e felizes, tendendo a ser bem sucedidas no
trabalho (SHELL; WOODS, 2003 e MARZOLA, 2008).
A cirurgia ortognática consiste no procedimento de escolha
para tratamento das deformidades dentofaciais severas, visando à correção
da deficiência funcional e, acarretando em modificações estéticas no
paciente. Por ser um procedimento complexo necessita de um diagnóstico
preciso, além de um planejamento minucioso (LAUREANO FILHO;
OLIVEIRA E SILVA; VASCONCELLOS, 2005; MARZOLA, 2008 e
ABITANTE, 2010).
Para o fechamento do diagnóstico, além de uma anamnese
apurada com histórico médico do paciente, expectativas e aspirações dos
pacientes e familiares para com o tratamento a ser proposto, diversos
exames complementares são utilizados, como radiografias póstero
anteriores do crânio e da mandíbula, radiografia panorâmica, teleradiografia
de perfil, além da tomografia computadorizada em cortes coronais e axiais
(CARLINI; GOMES, 2005 e MARZOLA, 2008). Além destes exames já
citados e, cada vez mais utilizados para o sucesso do tratamento, está a
análise facial (MARZOLA, 2008 e MANIGLIA; MOLINA; MARQUES, 2009).
A análise facial realizada pelo cirurgião levanta uma lista de
opções cirúrgicas visando a uma melhora da estética facial. Estas opções
somadas aos dados cefalométricos e, de oclusão determinarão o melhor
procedimento para a correção da deformidade (LAUREANO FI; OLIVEIRA
E SILVA; VASCONCELLOS, 2005 e MARZOLA, 2008).
Durante a análise diversos aspectos da face são relevantes
para o correto planejamento à análise de tipo facial, a projeção nasal, o
ângulo nasolabial, a protrusão, além da espessura dos lábios, a
proeminência mentual, a projeção dos malares, comprimento da linha
mento-pescoço, altura do terço inferior da face e, suas relações de
proporcionalidade com os demais terços faciais, simetria facial, selamento
labial, tonicidade da musculatura labial e mentual, relação das linhas médias
dos arcos dentários com o plano sagital mediano, dentre outros (MARZOLA,
2008 e MANIGLIA; MOLINA; MARQUES, 2009).
Pacientes com maloclusão do tipo classe II representam 15 a
20% da população nacional. Esta displasia esquelética, quando muito
severa necessita de tratamento ortodôntico-cirúrgico (MARZOLA, 2008 e
MARTINS; ARAUJO; MIGUEL et al., 2011). Para este tipo de paciente que
é retrognata mandibular verdadeiro, a atenção na análise facial deve ser
com o terço inferior da face, pois as principais modificações decorrentes de
movimentos realizados na mandíbula são observadas na região do lábio
inferior, do sulco mento labial, mentual e, relação mentual/cervical, além da
altura do terço inferior da face (BELL, 1992; LAUREANO FI; OLIVEIRA E
SILVA; VASCONCELLOS, 2005 e MARZOLA, 2008).
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ortognática de avanço mandibular – Relato de caso. Rev. Odontologia (ATO), Bauru, SP., v. 15, n. 1, p. 1-11, jan.,
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ANÁLISE FACIAL EM PACIENTE APÓS CIRURGIA ORTOGNÁTICA DE
AVANÇO MANDIBULAR – RELATO DE CASO
Enfim, os sentimentos dos pacientes em relação ao seu eu são
determinados pela sua face e, a deformidade dentofacial desde a
adolescência e, por conseguinte, suas relações sociais ficam assim,
prejudicadas.
Após a cirurgia ortognática observa-se uma plena disposição
do paciente para novas relações, pois os resultados funcionais e estéticos
são observados rapidamente e o indivíduo sente-se seguro para vislumbrar
novos horizontes (MARZOLA, 2008).
Diante da crescente importância do uso da análise facial nos
planejamentos ortodôntico-cirúrgicos e, obtenção de resultados estéticos
finais satisfatórios, este trabalho teve como objetivo descrever caso clínico
de uma paciente com perfil facial classe II submetida à cirurgia ortognática
para correção da deformidade dentofacial.
RELATO DE CASO
Paciente A. Z. B., 18 anos de idade, leucoderma e do gênero
feminino, foi encaminhada ao Serviço de Cirurgia e Traumatologia
Bucomaxilofacial do Hospital de Base de Bauru - SP pelo seu ortodontista,
referindo queixa principal de "ausência de queixo". Na anamnese realizada
constatou-se que a paciente não possuía doenças de base, não fazia uso de
medicações crônicas e, tampouco, relatava alergias medicamentosas.
Ao exame clínico intra-oral notou-se a sobre mordida dos
incisivos inferiores (overbite), trespasse horizontal de 6 mm (overjet), relação
de caninos e molares em classe II, caracterizando maloclusão do tipo classe
II de Angle, primeira divisão e, não apresentava desvios de linha média (Fig.
1).
Fig. 1 – Maloclusão classe II de Angle.
Fonte: Acervo do Serviço de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial do Hospital de Base
– Bauru - SP (FAMESP).
ALCALDE, L. F. A.; GOMES-FERREIRA, P. H. S.; NARAZAKI, N. R. et al., Análise facial em paciente após cirurgia
ortognática de avanço mandibular – Relato de caso. Rev. Odontologia (ATO), Bauru, SP., v. 15, n. 1, p. 1-11, jan.,
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ANÁLISE FACIAL EM PACIENTE APÓS CIRURGIA ORTOGNÁTICA DE
AVANÇO MANDIBULAR – RELATO DE CASO
Na análise facial observa-se um sulco mentolabial profundo,
uma distancia mentual cervical encurtada, incapacidade de selamento labial,
contornos mandibulares mal definidos, terço inferior da face reduzido além
do retrognatismo mandibular. O terço médio da face desta paciente não
apresenta hipoplasia ou afundamento (Figs. 2 e 3).
Fig. 2 – Análise facial – Aspecto frontal.
Fonte: Acervo do Serviço de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial do Hospital de Base
– Bauru - SP (FAMESP).
Fig. 3 – Análise facial – Aspecto perfil.
Fonte: Acervo do Serviço de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial do Hospital de Base
– Bauru - SP (FAMESP).
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ANÁLISE FACIAL EM PACIENTE APÓS CIRURGIA ORTOGNÁTICA DE
AVANÇO MANDIBULAR – RELATO DE CASO
Outro aspecto que não pode escapar aos olhos do cirurgião, na
análise facial, é a avaliação do sorriso da paciente. Neste caso apresentado
observa-se um sorriso muito estético, visto que o arco do sorriso acompanha
o arco labial inferior. Ao sorrir a paciente expõe toda a coroa dos dentes e
um pouco da gengiva inserida, estando dentro dos padrões de beleza
aceitáveis para o gênero feminino e desta faixa etária (Fig. 4).
Fig. 4 – Análise facial – sorriso.
Fonte: Acervo do Serviço de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial do Hospital de Base
– Bauru - SP (FAMESP).
Além da análise facial, foram obtidas telerradiografias de perfil
e frontal, mais radiografia panorâmica e modelos de gesso. No estudo
destes exames de imagem confirmou-se o retrognatismo mandibular, além
do correto posicionamento da maxila em relação à base de crânio.
Diagnosticou-se, desta forma, maloclusão classe II de Angle com deficiência
mandibular. Foi proposto, o tratamento orto-cirúrgico para esta paciente,
visando devolver uma oclusão funcional bem como um equilíbrio e harmonia
facial. Os objetivos principais do tratamento orto-cirúrgico consistiam na
obtenção da classe I de molares e caninos, a melhora da intercuspidação, a
diminuição do trespasse horizontal e, a vertical e melhora do perfil facial.
Na fase ortodôntica, a pré-cirúrgica, realizaram-se a
descompensação dos elementos dentários em relação as suas respectivas
bases ósseas, alinhamento e nivelamento dos dentes bem como a remoção
da curva de Spee em ambas as arcadas. Durante o tratamento ortodôntico
foram realizados modelos de gesso para que o cirurgião pudesse
acompanhar a evolução do tratamento.
Findada a parte ortodôntica a Equipe de Cirurgia e
Traumatologia Bucomaxilofacial do Hospital de Base de Bauru - SP, realizou
a cirurgia ortognática de avanço mandibular sob anestesia geral, baseado
nos traçados diagnóstico e predictivo realizados sobre as teleradiografias de
ALCALDE, L. F. A.; GOMES-FERREIRA, P. H. S.; NARAZAKI, N. R. et al., Análise facial em paciente após cirurgia
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ANÁLISE FACIAL EM PACIENTE APÓS CIRURGIA ORTOGNÁTICA DE
AVANÇO MANDIBULAR – RELATO DE CASO
perfil e frontal da paciente, mais cirurgia de modelos de gesso para
confecção do guia cirúrgico. Realizou-se a osteotomia sagital bilateral de
mandíbula e, com o auxílio de um guia cirúrgico em acrílico a mandíbula foi
reposicionada anteriormente.
Os fragmentos foram fixados com três
parafusos bicorticais aposicionais de cada lado.
A paciente recebeu alta com um dia de pós-operatório e
manteve acompanhamento ambulatorial. Nos primeiros 15 dias de pósoperatório, a paciente foi mantida com dois elásticos guias para manutenção
da oclusão conseguida no transoperatório. Após este período, os elásticos
não foram mais necessários e, atualmente a paciente encontra-se com um
ano de pós-operatório, não apresentando queixas nem recidiva. Ela refere
estar bastante contente com o resultado da cirurgia (Figs. 5, 6, 7 e 8).
Fig. 5 – Oclusão em classe I de Angle.
Fonte: Acervo do Serviço de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial do Hospital de Base
– Bauru - SP (FAMESP).
Figs. 6 e 7 – Aspectos frontal e de perfil no pós operatório.
Fonte: Acervo do Serviço de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial do Hospital de Base
– Bauru - SP (FAMESP).
ALCALDE, L. F. A.; GOMES-FERREIRA, P. H. S.; NARAZAKI, N. R. et al., Análise facial em paciente após cirurgia
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ANÁLISE FACIAL EM PACIENTE APÓS CIRURGIA ORTOGNÁTICA DE
AVANÇO MANDIBULAR – RELATO DE CASO
Fig. 8 – Aspecto sorriso pós-operatório.
Fonte: Acervo do Serviço de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial do Hospital de Base
– Bauru - SP (FAMESP).
DISCUSSÃO
Atualmente, a beleza possui importância fundamental para a
natureza humana, eis que a aceitação social, a popularidade e, a carreira
profissional da personalidade são influenciadas pelos atrativos físicos que
possui (GERHARDT DE OLIVEIRA; BERTOLLO; POZZA et al., 2007 e
MARZOLA, 2008). Da mesma forma, é imprescindível à saúde do paciente,
que o sistema estomatognático esteja em harmonia, ou seja, oclusão correta
e bases ósseas maxilar e mandibular alinhadas (BELL, 1992; PROFFIT,
2005; GERHARDT DE OLIVEIRA; BERTOLLO; POZZA et al., 2007;
MARZOLA, 2008 e ABITANTE; SCHNEIDER; VARGAS, 2010). Estes
conceitos vêm de acordo com o caso clínico exposto, pois devolve a função
para a paciente com a correta oclusão bem como a melhora do seu perfil
facial.
A análise facial, na cirurgia ortognática, tem sido utilizada como
um recurso diagnóstico que auxilia o profissional a direcionar o tratamento,
de forma a atender uma das principais motivações do paciente - a estética
facial (MARZOLA, 2008 e MANIGLIA; MOLINA; MARQUES, 2009). A
análise facial realizada pelo cirurgião levanta uma lista de opções cirúrgicas
visando a uma melhora da estética facial. Estas opções analisadas com os
dados cefalométricos e os da oclusão vão determinar um ou os
procedimentos mais apropriados para a correção da deformidade ao mesmo
ALCALDE, L. F. A.; GOMES-FERREIRA, P. H. S.; NARAZAKI, N. R. et al., Análise facial em paciente após cirurgia
ortognática de avanço mandibular – Relato de caso. Rev. Odontologia (ATO), Bauru, SP., v. 15, n. 1, p. 1-11, jan.,
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tempo em que traz o máximo de ganho estético ao paciente (EPKER et
al.,1995; LAUREANO FI; OLIVEIRA E SILVA; VASCONCELLOS, 2005 e
MARZOLA, 2008).
Estes estudos corroboram com o caso clinico
apresentado, visto que a análise facial foi de extrema importância para ser
corrigida a deformidade dento facial da paciente ao mesmo tempo em que
se proporciona um excelente ganho estético.
A malocusão do tipo classe II severa ocupa muito tempo e
energia dos ortodontistas. Em algumas situações, os resultados da terapia
ortodôntica eram abaixo do ideal sendo necessário um longo período de
terapia com aparelhos desconfortáveis.
Estes problemas levaram a
considerar a necessidade de técnicas cirúrgicas junto com o tratamento
ortodôntico em alguns casos de classe II (MARTINS; ARAUJO; MIGUEL et
al., 2011). Em situações onde a discrepância entre a maxila e a mandíbula
é significante, a cirurgia ortognática é o tratamento de escolha (SHELL;
WOODS, 2003). No caso clinico exposto, a paciente possuía maloclusão
classe II, estando descontente com seu perfil facial. Verificou-se na análise
facial e nos exames de imagem, que o tratamento ideal seria a cirurgia
ortognática, corroborando com a literatura citada.
O reposicionamento anterior da mandíbula é um dos
procedimentos mais comuns realizados na cirurgia ortognática e,
normalmente está indicado em pacientes que apresentam oclusão classe II
Angle. As principais características da deficiência mandibular são uma
retrusão mentual, melhor observada no exame de perfil, altura do terço
inferior alterada, além de um selamento labial pobre (BELL, 1992;
LAUREANO FI; OLIVEIRA E SILVA; VASCONCELLOS, 2005). Conforme
descrito por estes autores, a paciente apresentada neste caso clínico,
também, possuía uma retrusão mentual, incapacidade de selamento labial,
altura do terço inferior da face diminuída além de uma distância mentual
cervical encurtada.
Alguns autores referem ter sucesso com o tratamento
ortopédico-ortodôntico de pacientes classe II de Angle, durante a fase de
crescimento (VARGERVIK; HARVOLD, 1985 e LANGE; KARLA;
BROADBENT et al., 1995). Outros referem haver poucos estudos na
literatura que comparem os resultados estéticos de pacientes tratados com
cirurgia ortognática versus pacientes tratados com ortopedia-ortodontia
(SHELL; WOODS, 2003). No caso clínico apresentado, a paciente já havia
cessado o crescimento e, por isso optou-se pela cirurgia ortognática.
O planejamento cirúrgico em radiografias cefalométricas
laterais utilizando os traçados manuais e computadorizados, com ênfase nos
tecidos moles, foi realizado por diferentes autores (ECKHARDT;
CUNNINGHAM, 2004 e PROFFIT, 2005). Foi observado que apesar do
grande avanço tecnológico e da facilidade na utilização do sistema
informatizado, este deve ser usado com cautela na previsibilidade das
alterações dos tecidos moles, sendo a cefalometria uma ferramenta de
avaliação bastante confiável (AZENHA; MARZOLA, 2010). Corroborando
com o caso clínico apresentado, onde o planejamento foi realizado com
traçado cefalométrico manual sobre as teleradiografias de perfil e frontal,
estando assim em perfeita consonância com o caso clínico cirúrgico
perfeitamente apresentado.
ALCALDE, L. F. A.; GOMES-FERREIRA, P. H. S.; NARAZAKI, N. R. et al., Análise facial em paciente após cirurgia
ortognática de avanço mandibular – Relato de caso. Rev. Odontologia (ATO), Bauru, SP., v. 15, n. 1, p. 1-11, jan.,
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AVANÇO MANDIBULAR – RELATO DE CASO
CONCLUSÕES
O conhecimento das alterações faciais, diante dos diferentes
tipos de movimentos realizados na maxila ou na mandíbula, se faz
necessário para melhor diagnóstico, planejamento e previsibilidade dos
resultados pós-operatórios.
Em pleno século XXI, onde as relações se baseiam na
aparência estética como um todo e em cada individuo, sendo determinante
na formação da imagem corporal, da identidade e da autoestima, o
"paradigma do tecido mole" se tornou extremamente importante para as
correções das deformidades dentofaciais.
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ALCALDE, L. F. A.; GOMES-FERREIRA, P. H. S.; NARAZAKI, N. R. et al., Análise facial em paciente após cirurgia
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AVANÇO MANDIBULAR – RELATO DE CASO
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o0o
ALCALDE, L. F. A.; GOMES-FERREIRA, P. H. S.; NARAZAKI, N. R. et al., Análise facial em paciente após cirurgia
ortognática de avanço mandibular – Relato de caso. Rev. Odontologia (ATO), Bauru, SP., v. 15, n. 1, p. 1-11, jan.,
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