Poupança ainda é a opção de investimento preferida

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ATRIBUNA VITÓRIA, ES, DOMINGO, 22 DE JANEIRO DE 2017
Economia
Poupança ainda é a opção
de investimento preferida
ANTONIO MOREIRA — 18/07/2015
Pesquisa indica que 19%
da população guarda
dinheiro e, destes, 76%
optam pela caderneta.
Segundo especialistas,
é uma questão cultural
Fernando Bianchi
Luciana Almeida
caderneta de poupança ainda é o investimento preferido do brasileiro. A pesquisa
realizada pela Federação do Comércio do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ) indicou que 19% dos
brasileiros guardam algum tipo de
dinheiro e, deste percentual, 76%
das pessoas investem parte da renda na poupança.
A pesquisa da Fecomércio-RJ
ouviu, em julho do ano passado, 1,2
mil pessoas em capitais como Vitória e Rio de Janeiro, além de 65
municípios do País.
Segundo o economista especialista em finanças pessoais Laudeir
Frauches, a poupança lidera a preferência dos brasileiros por ser um
investimento simples, sem burocracia e livre de taxas.
“É possível aplicar em qualquer
banco, porque os rendimentos são
iguais. Não existe valor mínimo
para o investimento, e não são cobrados taxas e imposto de renda”,
explica o especialista.
A pesquisa também revelou o
A
LAUDEIR FRAUCHES lembrou que a poupança é um investimento simples, sem burocracia e livre de taxas
perfil daqueles que investem parte
da renda na poupança: 46% têm
mais de 45 anos.
Para o professor universitário e
economista Antonio Marcus Machado, a preferência pela poupança
é uma questão cultural antiga do
Brasil. “As pessoas foram orientadas a poupar e não a investir”, disse.
Porém, de acordo com a pesquisa, o
número de brasileiros que investe
na poupança tem caído: em 2015
era de 83%, contra 76% em 2016.
O economista e coordenadorgeral da Faculdade Pio XII, Marcelo Loyola Fraga, destaca que o
acesso a novas formas de investimento contribuiu para a queda.
“A poupança não exige acompanhamento. Mas há diversos tipos
de aplicações financeiras no mercado, e as novas gerações têm despertado para elas”, afirma.
De acordo com a pesquisa, 7% já
aplicam renda em fundos de investimentos alternativos, e 1% investem no mercado de ações.
Economistas dizem haver
por títulos de renda fixa
alternativas mais rentáveis Procura
Títulos do Tesouro Nacional Letras de câmbio
OUTRAS ALTERNATIVAS
Mesmo sendo visto como a aplicação preferida dos brasileiros,
deixar dinheiro na caderneta de
poupança não é o melhor investimento para quem quer juntar dinheiro, segundo especialistas.
Para a economista e professora
da Fucape, Arilda Teixeira, no atual
cenário da economia brasileira, há
outras opções de aplicações melhores do que a poupança, como os títulos do Tesouro Nacional de renda
fixa, que é um tipo de investimento
em que o investidor já conhece as
condições sob as quais o seu investimento será remunerado.
Arilda Teixeira explicou que esse tipo de aplicação proporciona
um rendimento real.
A economista também destacou
aplicações no Certificado de Depósito Bancário (CDB), que funciona como um empréstimo do investidor às instituições financeiras
e, em troca desse empréstimo, a
instituição devolve o dinheiro corrigido, e ainda as letras de câmbio,
que funcionam de forma parecida
com o CDB.
Segundo Arilda, nessas aplicações os rendimentos são maiores
que os da poupança.
“Em 2016, a poupança deu um
rendimento real de 1,6% ao ano, e a
aplicação em renda fixa é mais
rentável que isso, mas precisa de
um valor mínimo. Se a pessoa quer
fazer uma aplicação financeira
mas não tem o valor mínimo exigido pela instituição financeira, deve
guardar aos poucos até chegar à
quantia mínima e, quando alcançar, fazer a aplicação”, orientou.
O economista e coordenador de
Extensão da Rede Doctum, Paulo
Cezar Ribeiro Silva, destacou que
há outras aplicações, além da poupança que são mais rentáveis, mas
que é preciso que o investidor tenha os recursos e a disponibilidade para manter esse recurso investido por mais tempo para, aí sim,
ter bons rendimentos.
No entanto, ele ressaltou que nos
investimentos em renda fixa o
maior risco acontece quando a instituição financeira – onde o mesmo
foi feito – entra em falência.
“Quanto mais dinheiro se tem
para investir e por mais tempo,
mais retorno financeiro esse investidor terá. Mas é importante
que o investidor, ao escolher uma
instituição financeira para aplicar,
escolha as mais tradicionais, pois
os riscos de falência são menores.”
> É UM TIPO de aplicação em que o in-
> SÃO TÍTULOS de renda fixa, assim
vestidor já conhece as condições
sob as quais o seu investimento será
remunerado, mas não necessariamente a sua rentabilidade final.
como o CDB, oferecidas por sociedades de crédito, investimento e financiamento, onde o emitente é o devedor, o beneficiário é a pessoa física
ou jurídica que investe, e o aceitante
é a financeira.
> É MUITO procurado por sua rentabilidade.
CDB
> FUNCIONA COMO empréstimo do in-
vestidor para as instituições financeiras e, em troca desse empréstimo, a
instituição devolve o valor corrigido.
> É CONSIDERADO um investimento
seguro, pois é emitido pelos bancos
como forma de captação de recursos
para financiar suas atividades.
ANTONIO MOREIRA — 12/07/2016
Ações
> SÃO TÍTULOS de propriedade que
conferem a seus detentores a participação na sociedade da empresa.
Ações trazem
riscos, mas
chances de
ganhos maiores
Aplicar o dinheiro em uma transação financeira e ter um retorno
alto é o sonho de muitas pessoas
que buscam um meio de investir
seus recursos.
No entanto, o mercado de ações,
que é muito rentável de acordo
com especialistas em economia,
também é considerado a aplicação
mais arriscada.
Segundo o economista e coordenador de Extensão da Rede Doctum, Paulo Cezar Ribeiro Silva,
quem investiu nos últimos 10 anos
não teve retorno ou até perdeu dinheiro, já que as ações estavam em
queda desde a crise que atingiu os
Estados Unidos entre os anos de
2007 e 2008, e se refletiu pelo
mundo.
Porém, ele acredita que com a recuperação da economia brasileira
prevista para a partir deste ano, aliada à recuperação da economia norte-americana, há uma expectativa
de melhora na Bolsa de Valores.
No entanto, ele destacou que esse
tipo de aplicação deve ser feito por
pessoas que entendam sobre o
mercado e tenham disponibilidade
de tempo para acompanhar as altas
e baixas nos valores das ações.
“Aplicar em ações tem disso:
aplicar e resgatar quase que diariamente. É preciso ficar atento a tudo o que acontece. Não oriento que
pessoas leigas nesse assunto façam
esse tipo de investimento. Recomendo aplicação em ações somente para profissionais”, disse.
A economista e professora da
Fucape, Arilda Teixeira, completou dizendo que o mercado de
ações é um investimento de longo
prazo, e destacou que é uma decisão que tem risco.
“Esse tipo de aplicação é uma
decisão que tem riscos. Quando a
gente fala em risco é o não rendimento ou a perda da aplicação.”
Ela destacou que nas aplicações
em ações de companhias, por
exemplo, o risco é que o rendimento delas está diretamente ligado ao rendimento das empresas.
“Se a empresa teve um ano fiscal
positivo e esse lucro poderá ser
distribuído entre os acionistas, a
aplicação foi adequada. Mas se ela
teve prejuízo, o aplicador fica mais
tempo sem ter aquele retorno. O
investidor tem quem entender que
ação é um investimento de longo
prazo, e é preciso suportar os períodos de baixa.”
ALEX FALCÃO/ AGÊNCIA ESTADO
Caderneta de poupança
> O RENDIMENTO depende da quantia
aplicada: quanto mais dinheiro na
poupança, mais ela renderá.
> FUNCIONA com base na taxa Selic e
na Taxa Referencial (TR).
> SE A SELIC estiver em 8,5% ou menos, a caderneta de poupança irá
render 70% da Selic mais a TR. Já no
caso da Selic ficar acima de 8,5% ao
ano, a rentabilidade é composta pela
TR mais 0,5% ao mês.
> É CONSIDERADA um investimento
seguro, porém, de retorno baixo.
ARILDA: variedade de aplicações
Fontes: Arilda Teixeira, economista e professora da Fucape, e especialistas consultados.
BOLSA DE VALORES: transações
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