O DÉFICIT DE MÃO DE OBRA QUALIFICADA NO

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O DÉFICIT DE MÃO DE OBRA QUALIFICADA NO PARANÁ
Gilmar Mendes Lourenço
O pronunciado aquecimento da base econômica paranaense em 2011 e as perspectivas bastante
promissoras contidas na participação do Estado em projetos de grande envergadura, como présal, Copa do Mundo e construção do metrô de Curitiba, levou os agentes formadores de opinião a
repercutir o documento “Comunicados do IPEA” nº 49, denominado “emprego e oferta de mão de
obra no Brasil: projeções para 2011”, que previu déficit regional de fator trabalho superior a 22 mil
pessoas, para o exercício de 2011, especificamente nas áreas de indústria, transporte,
armazenagem e comunicações.
Por certo, seria até desnecessário o apoio de estatísticas do mercado de ocupações para
comprovar que o Brasil e as suas distintas unidades de federação estariam na iminência de se
deparar com um apagão na oferta de emprego, sobretudo nas faixas mais qualificadas de
trabalhadores. Isso se explica, em grande medida, pela crônica insuficiência de preocupação com a
educação e, particularmente, com a formação de mão de obra compatível com as exigências e
especificações de um aparelho produtivo em permanente mutação, em fase com o cumprimento
dos requisitos da terceira revolução industrial.
No entanto, considerando que as sinalizações quantitativas são fundamentais para a formulação
de políticas públicas e as escolhas estratégicas do setor privado quando à efetivação de
contratações e à qualificação de quadros, parece prudente uma interpretação técnica acerca das
prospecções indicativas de sobra ou insuficiência de mão de obra.
Nessa perspectiva, é preciso reconhecer apreciável grau de superdimensionamento da falta de
trabalho qualificado, constatada pelo IPEA. Isso porque as extrapolações foram divulgadas em
abril de 2011, a partir do desdobramento regional da premissa de crescimento de 5,0% do Produto
Interno Bruto (PIB) brasileiro, para o ano cheio – depois de registrar acréscimo de 7,5% em 2010 –,
adaptado à elasticidade emprego/renda prevalecente entre 2005 e 2010.
De acordo com as contas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB variou apenas
2,7% em 2011, em face, primordialmente, dos efeitos da política monetária restritiva, praticada pelo
governo, entre outubro de 2010 e agosto de 2011, objetivando sufocar as pressões inflacionárias
provenientes da demanda agregada. Essa situação não foi revertida com a diminuição dos juros e a
ampliação da oferta de crédito, implementadas no último quadrimestre do ano.
No caso do Paraná, mesmo havendo desaceleração do crescimento, com expansão de 4,1% do PIB
em 2011, contra 8,3% no ano anterior, tratou-se de performance mais acentuada que a brasileira,
amparada nos segmentos mais absorvedores de mão de obra da indústria, comércio, serviços e
construção civil. Tanto é assim que as contratações líquidas formais no Estado foram de 123.916
em 2011, representando a segunda maior marca da história, perdendo somente para 2010,
quando ocorreu abertura de 142.483 postos. Com isso, a movimentação do mercado de trabalho
local suplantou em 13% os prognósticos do IPEA, abrandando o desnível em mais de 14 mil vagas.
A concentração do desequilíbrio, especificamente na indústria e nos ramos atrelados à logística,
decorreu do descompasso existente entre a rápida velocidade de recuperação da economia e o
atraso nos investimentos em infraestrutura econômica e social, que deveriam anteceder e não
ladear ou vir a reboque do ciclo de produção.
Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v. 5, n. 2, abril 2012
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Isso se tornou mais visível em âmbito regional em razão do restabelecimento de um clima propício
à multiplicação dos negócios, fruto do aceite pleno, por parte da iniciativa privada, da proposta de
celebração de um novo arranjo institucional pelo governo do Estado, centrado em contínuo e
transparente diálogo entre os atores.
Não por acaso, em pouco mais de um ano, o Estado bateu recordes na atração de investimentos
privados, protocolados no Programa Paraná Competitivo, com potencial de geração de mais de 14
mil empregos. Ademais, a Região Metropolitana de Curitiba (RMC) experimentou, em 2011, a menor
taxa de desemprego (3,7% da população economicamente ativa, contra 6,0% da nacional) e o maior
rendimento real médio, dentre os sete espaços metropolitanos acompanhados pelo IBGE no Brasil.
Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v. 5, n. 2, abril 2012
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