AVALIAÇÃO DA SAÚDE SISTÊMICA DE PACIENTES ATENDIDOS PELO SERVIÇO DE CIRURGIA E TRAUMATOLOGIA BUCO-MAXILO-FACIAL DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ MarcusVinicius de Castro Marinho (Aluno do ICV/UFPI), Walter Leal de Moura (Orientador, Dpto de Patologia e Clínica Odontológica – UFPI) INTRODUÇAO: Estudos realizados em várias partes do mundo têm relatado a prevalência de alterações da mucosa bucal, bem como sua associação com alterações sistêmicas e com hábitos deletérios, como tabagismo e consumo de álcool. As taxas de prevalência de tais alterações costumam variar de acordo com gênero, idade, raça e condição socioeconômica (CRIVELLI, M. R.; ÁGUAS S., QUARRANCINO C., BAZERQUE P.). Muitos estudos foram realizados nos anos seguintes, alguns dos quais demonstraram uma relação significativa entre doença bucal e componentes da doença sistêmica. O achado de uma relação estatisticamente significante entre doença bucal e doença sistêmica não indica especificamente causalidade; as duas condições podem ocorrer coincidentemente ou podem resultar de um fator de risco comum (OFFENBACHER S., KATZ V., FERTIK G., COLLINS J., BOYD D., MAYNOR G.). Diante de tal progressão das doenças sistêmicas, entende-se que cada cirurgião-dentista tem a responsabilidade de conhecer e aplicar conhecimentos básicos e também ampliados para preservação da saúde geral de seu paciente. (NUNES N. A.). METODOLOGIA: O estudo foi realizado através do levantamento de dados e aplicação de questionários de saúde. A população estudada foi composta por pacientes submetidos ao tratamento cirúrgico-odontológico, atendidos pelo serviço de cirurgia e traumatologia bucomaxilofacial da Universidade Federal do Piauí. A amostra foi composta de maiores de 18 anos, portadores ou não de doenças sistêmicas, tais como diabetes, tuberculose, câncer, problemas respiratórios, cardíacos, hormonais, renais ou metabólicos. Destes 88,89% maiores de 30 anos. A análise foi realizada mediante tabulação dos dados e cálculos de estatística descritiva (distribuição de frequência relativa e absoluta), levando-se em conta a idade, doenças sistêmica, procedimento realizado e pós operatório. Foram excluídos do estudo menores de dezoito anos, portadores de necessidades especiais, portadores de transtornos mentais, que não concordem em assinar o termo de consentimento livre e esclarecido, ou que não tenham sido abrangidos na amostra. Foram coletadas as seguintes informações durante o questionário de avaliação: gênero, faixa etária, cor da pele, uso de medicamentos, alterações sistêmicas, motivo da consulta e necessidades de tratamento odontológico, as quais foram tabuladas e analisadas em planilhas eletrônicas do programa Excel®. Os dados obtidos foram analisados por meio de estatística descritiva de frequência e teste qui- quadrado a 5%.A pesquisa foi realizada mediante o preenchimento do questionário e da ficha de avaliação clínica,e exames complementares realizados anteriormente ao tratamento, com a função de avaliar os riscos do paciente antes da realização do tratamento. Ao coordenador da pesquisa coube direcionar os passos da pesquisa, coordenando as ações a fim de manter a programação das etapas segundo o cronograma, manter o sigilo dos dados dos pacientes e organizar a equipe dos pesquisadores envolvidos segundo os objetivos, metas e critérios do estudo, sendo a confidencialidade dos dados dos pacientes mantida sob sigilo profissional por parte dos pesquisadores envolvidos, e garantido por meio de um termo de confidencialidade, assinado por todos os pesquisadores, emitido ao diretor do hospital referente a pesquisa. RESULTADOS: O estudo realizado por intermédio de um questionário mostrou que a expressiva maioria dos entrevistados era residia na capital do estado do Piauí (88,89%) sendo, portanto, o restante (11,11%) pacientes que residiam no interior do estado, ou outros estados da federação. Dos pacientes entrevistados 33,33% eram homens e 66,67% mulheres, sendo a grande maioria 88.89% maiores de 30 anos . Tabela 1.0 Prevalencia de desordens sistemicas nos pacientes entrevistados. Desordem Sistemica Em relacao ao total de pacientes Hipertensao Em relacao aos portadores de desordens sistemicas 14.29% Diabetes 28.58% 22.22% Problemas Renais 14.29% 11.11% Desordens sanguineas TOTAL 42.85% 33.34% 100% 77.78% 11.11% Com base nos resultados obtidos pode perceber que grande parte dos pacientes entrevistados eram mulheres (66,67%). ARAUJO (2007), informa que resultados como estes são, no mínimo, esperados pelo fato de que a maioria dos homens ainda não dá a devida atenção à sua saúde. Segundo os autores, essa procura, por parte dos homens, estaria associada à demonstração de fraqueza, medo, ansiedade e insegurança, o que colocaria em risco a masculinidade e aproximaria o homem das representações de feminilidade. Em relação a origem dos pacientes era de se esperar que a maior parcela (88.89%) fosse de residentes na capital do estado visto que e onde se localiza o servico. A maior parte de pacientes acima de 30 anos revela, de acordo com estudos realizados que a grande procura dos pacientes ao serviço deve-se ao fato de estes possuirem dor ou desconforto (55.56% dos pacientes pesquisados). ROCHA (2003), revela que O atendimento gratuito disponibilizado facilita a procura do setor por pacientes com baixa renda. Porém, deve-se considerar também que o processo saúde-doença é multicausal, onde, além dos fatores socioeconômicos, os fatores genéticos e familiares encontram-se em primeiro nível de causalidade, podendo influenciar os fatores localizados em níveis inferiores, como os comportamentais, onde se situam o atendimento odontológico e os conhecimentos e atitudes relacionados à saúde bucal.15 Portanto, outros fatores, além dos abordados na presente pesquisa, podem ser estudados para o esclarecimento da questão ansiedade/medo do atendimento odontológico. Quase a metade dos pacientes entrevistados (44.44%) revelou fazer uso de medicamentos em tratamento medico, sendo necessario, uma abordagem mais cuidados a respeito do método a ser utilizado. A condição sistêmica do paciente é considerada muitas vezes fator determinante para o desenvolvimento de processos patológicos, representando um fator complicador para a realização de procedimentos odontológicos. Os tratamentos odontológicos, em pacientes que apresentam alguma alteração sistêmica, devem ser adequados a cada caso, pois muitos desses procedimentos realizados pelos dentistas podem vir a comprometer o tratamento já instituído por outro profissional da área de saúde. Atualmente tem-se elevado o número de pacientes portadores de doenças sistêmicas que procuram por tratamento odontológico de rotina, como resultado do aumento da expectativa de vida destes indivíduos. A maior parcela dos pacientes estudados revelou-se portadora de Diabetes (28.58%), ou doenças que afetam o funcionamento fisiologico da circulação sanguínea (42.85%). Esses dados levam a constatar que sao necessarios utilizar-se de abordagens mais direcionadas nesses casos, principalmente quando relacionados a cirurgia oral, pois esses fatores exercem grande efeito sobre a homostasia e o pos-operatorio. Outras desordens sistêmicas também foram relevantes como a Hipertensao Arterial e Problemas Renais (14.29%). A hipertensão arterial é considerada um problema de saúde pública, pela elevada prevalência, de 15% a 20%, na população adulta, relaciona-se a 40% dos óbitos por doenças cardiovasculares e a uma maior chance de desenvolver complicações como acidente vascular CONCLUSAO Sendo assim faz-se necessário o uso de métodos mais direcionados caso o paciente seja portador de alguma desordem de origem sistêmica, pois caso nao se utilize um metodo mais seguro pode acontecer consequências desagradáveis como as evidencias explicaram anteriormente. Portanto este trabalho mostrou que apesar de o tema muitas vezes ser desvalorizados pelos profissionais este nao pode se ausentar em momento algum das suas responsabilidades como profissional da saúde, o qual objetiva o reestabelecimento da saúde como um bem estar físico e social. REFERÊNCIAS MOURA-GREC P., ASSIS V. H., CANNABRAVA V. P., VIEIRA V. M., SIQUEIRA T. L. D., ANAGUIZAWA W. H., PERES S. H. 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