editorial doenças sistêmicas: preocupação do

FOL • Faculdade de Odontologia de Lins/Unimep
EDITORIAL
DOENÇAS SISTÊMICAS: PREOCUPAÇÃO DO
PROFISSIONAL DA ÁREA ODONTOLÓGICA
Atualmente, o paciente presente no consultório odontológico tem requerido do
profissional que lhe atende um conhecimento ampliado das doenças sistêmicas, assim
como cuidados especiais em seu tratamento.
O uso de aparelhos ortodônticos em pessoas adultas, inclusive idosos, tem requerido atualização do ortodontista quanto às respostas ósseas esperadas, ao sucesso e
insucesso no tratamento.
A implantodontia, grande resposta às mutilações dentárias da antiguidade, vem
promovendo uma reabilitação significante funcional e estética em pacientes com idade
mais ou menos avançada e o seu sucesso depende, em grande parte, das condições gerais dos indivíduos. Doenças como cardiopatias, Diabetes Mellitus, insuficiência renal,
quadros de desnutrição e doenças endócrinas são, confirmadamente, passíveis de produzirem alterações na mucosa bucal, principalmente gengivais. O tabagismo intenso
pode ocasionar complicações nos dentes e perdas de implantes dentários.
O uso de bifosfonatos e outros derivados de cálcio, abundantemente prescritos
juntamente com a reposição hormonal no caso de mulheres no período pós-menopausa, com a finalidade de reduzir a osteoporose induzida por ação hormonal, doença
de Paget, hipercalcemia maligna, lesões osteolíticas típicas do mieloma múltiplo e metástases ósseas associadas a neoplasias de tecidos moles, próstata e fígado, têm, por sua
vez, causado, segundo a literatura atual, grandes alterações ósseas, especificamente na
maxila e mandíbula (Marx,1 Lazarovici et al.2). No caso de tratamentos cirúrgicos, o
risco estimado é de aproximadamente 0,09%, em razão do uso prolongado desses medicamentos. Lesões como ulcerações recorrentes na mucosa bucal são comuns no quadro
clínico dessas pacientes, entretanto relatos significantes foram feitos por pesquisadores,
demonstrando facilidade para osteonecrose com consequente fratura óssea nos citados
ossos do complexo maxilo-mandibular, em virtude do uso continuado desses medicamentos e seus derivados (Landesberg et al.3).
Quadros hipertensivos isolados ou concomitantes com outras doenças também
interferem no atendimento odontológico do paciente.
Diante de tal progressão das doenças sistêmicas, entende-se que cada cirurgiãodentista tem a responsabilidade de conhecer e aplicar conhecimentos básicos e também
ampliados para preservação da saúde geral de seu paciente.
Este número da Revista da Faculdade de Odontologia de Lins considera, em dois
artigos e uma resenha, a importância da atualização quanto às perspectivas de atendimento do paciente portador de uma doença geral, ou usuário de medicamentos que
podem provocar reações adversas no organismo humano.
Conhecer, prever e evitar complicações deve ser o consenso dos profissionais da
área odontológica e dos pacientes diante de tais situações.
Dra. Nancy Alfieri Nunes
Editora Científica
3
1. Marx RE. Oral and Intravenous Bisphosphonate-Induced Osteonecrosis of the jaws:
History, Etiology, Prevention and Treatment. Hanover Park, IL, Quintessence, 2006.
2. Lazarovici TS, Taicher ST, Hardan I. Bisphosphonate-Related Osteonecrosis of the
Jaws: A Single-Center Study of 101 Patients. J Oral Maxillofac Surg 2009; 67:850-855.
3. Landesberg R, Cremers S, Kousteni, Garrett-Sinha, L. Inhibition of Oral Mucosal
Cell Wound Healing by Bisphosphonates. J Oral Maxillofac Surg 2008; 66:839-847.
Unimep • Universidade Metodista de Piracicaba
Referências Bibliográficas