CATS 2016 – Congresso de Arquitetura, Turismo e Sustentabilidade MEDIÇÃO DE DADOS MICROCLIMÁTICOS EM PRAÇAS DE JUIZ DE FORA – MG Júlia Lima Adário Renata Magalhães Machado Virgínia Campos Grossi 174 CATS 2016 – Congresso de Arquitetura, Turismo e Sustentabilidade RESUMO O texto relata o processo e os resultados da pesquisa proposta para a disciplina Projetos e Seminários do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora. Entendendo a praça como espaço potencial para as dinâmicas urbanas, o recorte proposto para o tema resulta do interesse em compreender o microclima estabelecido nestes locais. O objetivo principal é gerar dados térmicos das superfícies de piso que permitam elaborar uma reflexão a respeito do microclima resultante das praças na malha urbana. A metodologia partiu do pressuposto de que as características urbanísticas e o caráter histórico da Praça da Estação corroboraram para a escolha deste espaço como objeto de estudo. A fim de estabelecer comparativos, definiu-se a Praça de São Mateus como objeto de interesse em razão da similaridade de elementos urbanos. Os dados foram colhidos in loco com instrumentos de medição térmica e luminosa. Acredita-se que o conjunto de dados levantados possam se desdobrar em inúmeras análises e incentivar a reflexão sobre a responsabilidade do arquiteto e do urbanista enquanto projetistas e planejadores do espaço público. Palavras-chave: Microclima de praças, análise bioclimática, conforto ambiental. ABSTRACT The text describes the process and the results of research proposal for discipline Projects and Seminars of Course Architecture and Urbanism of Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora. Understanding the square as a potential space for urban dynamics, the cut proposed for the theme results from the interest in understanding the microclimate established in these places. The main objective is to generate thermal data of floor surfaces on which to build a discussion about the resulting microclimate of the squares in the urban area. The methodology began with the assumption that the urban characteristics and the historical character of the Station Square corroborated for choosing this space as an object of study. In order to establish comparative, defined the Square of St. Matthew as an object of interest because of the similarity of urban elements. Data were collected on site with thermal and light measuring instruments. It is believed that the collected data set can unfold in numerous analyzes and encourage reflection on the responsibility of the architect and urban planner as designers and planners of public space. Keywords: Microclimate squares, bioclimatic analysis, environmental comfort. 175 CATS 2016 – Congresso de Arquitetura, Turismo e Sustentabilidade 1 INTRODUÇÃO As questões conceituais, ambientais, técnicas, estéticas e funcionais desempenham papéis complementares durante o processo do Projeto Arquitetônico, exigindo constante simulação, experimentação e pesquisa entre eles. Dentro deste contexto, a investigação in loco torna-se uma oportunidade fundamental de aprendizado, definindo-se como espaço de produção de conhecimento e verificação da bagagem teórica adquirida. Devido a importância dos espaços públicos da cidade e da importância das características microclimáticas locais, foi realizado este estudo através da investigação in loco de duas praças públicas da cidade de Juiz de Fora e pela análise dos dados colhidos. Com os equipamentos de medição disponíveis no Laboratório de Conforto do curso de Arquitetura e Urbanismo realizaram-se as medições externas e a coleta de dados climáticos em locais específicos, possibilitando o estudo, análises e comparações dos microclimas e de alguns requisitos de conforto ambiental destes espaços públicos. A praça é um espaço potencial para o estudo do microclima urbano devido às áreas livres e sombreadas. Além disso é um espaço importante para a cidade, visto que é um local de ponto de encontro, convívio e de representação histórica local. Configura-se, portanto, a praça pública como objeto deste estudo. 176 CATS 2016 – Congresso de Arquitetura, Turismo e Sustentabilidade 2 OBJETIVOS Define-se como objetivo geral realizar medições de dados climáticos em praças de Juiz de Fora – MG. Com o fim de alcançar esta meta, três objetivos específicos foram definidos: Realizar medições de temperatura, umidade e iluminância in loco; Realizar medições de temperatura superficial dos materiais de revestimento de piso das praças; Estabelecer comparativos quantitativos e qualitativos entre: (i) os dados mesoclimáticos da Estação Automática de Medição Bioclimática de Juiz de Fora A518 (Código do INMET - Instituto Nacional de Meteorologia: 86851); (ii) os dados microclimáticos (medição in loco) e; (iii) entre a temperatura superficial dos materiais de revestimento de piso das praças. 177 CATS 2016 – Congresso de Arquitetura, Turismo e Sustentabilidade 3 HISTÓRICO Os tópicos “Praça Doutor João Penido” e “Praça de São Mateus” foram elaborados a partir de duas principais fontes: PJF (2016) e RANGEL Jr. (2006). Praça Doutor João Penido A praça Doutor João Penido Filho, popularmente chamada de Praça da Estação, surgiu na cidade de Juiz de Fora como um largo na frente da antiga estação ferroviária e recebeu este nome em homenagem a um médico importante politicamente na cidade, no século XIX. Situada na região central da cidade, tornou-se uma referência no município, um local com grande fluxo de pessoas, produtos e comércio bem movimentado devido à sua localização próxima à antiga Estação Ferroviária. Em fins do século XIX, foi construído, em frente à Praça da Estação, o Grande Hotel Renascença, famoso em todo o país pelo requinte e luxo, tanto do seu interior quanto da sua fachada. O hotel hospedou diversas personalidades em visita à cidade, como Getúlio Vargas e Arthur Bernardes, ambos Presidentes da República. A Praça da Estação foi palco de grandes acontecimentos políticos da cidade como comícios, manifestações políticas e de cunho social. Um dos maiores eventos ocorridos na Praça foi o comício pelas "Diretas já", na década de 1980, que visava o fim do regime ditatorial no Brasil e a instalação da democracia. A partir de 1985 não existiam mais as linhas de passageiro que faziam o trajeto Rio de Janeiro – Belo Horizonte, dando início a decadência da região. Atualmente, é um local de passagem e permanência, sem equipamentos para lazer, apresentando uma banca de revistas, canteiros e bancos. Os edifícios históricos em seu entorno são coadjuvantes do espaço. Em resumo, ela é um elemento urbano importante, reflexo do desenvolvimento da cidade, impulsionado pela estrada de ferro, desde o final do século XIX, tendo uma perspectiva visual que resgata uma percepção do espaço pertencente ao final do séc. XIX. 178 CATS 2016 – Congresso de Arquitetura, Turismo e Sustentabilidade Praça São Mateus Conhecida popularmente como praça “São Mateus”, a praça Jarbas de Lery Santos se localiza no Bairro São Mateus, na cidade de Juiz de Fora. Situada em uma área de uso misto (residencial e comercial), ela contém considerável área verde com áreas gramadas e árvores de porte médio. Além de espaços de permanência configurados por bancos e arquibancadas, apresenta alguns espaços de lazer como um parquinho infantil e uma quadra poliesportiva. Em uma das extremidades, próximo a movimentada Av. Itamar Franco há um considerável fluxo de pedestres devido à presença de um ponto de ônibus. A extremidade ao sul é delimitada por edifícios residenciais. 179 CATS 2016 – Congresso de Arquitetura, Turismo e Sustentabilidade 4 METODOLOGIA O método adotado para o desenvolvimento da pesquisa baseia-se em medição, anotações in loco e análise comparativa dos resultados. A análise comparativa tem perfil quantitativo e qualitativo. O quantitativo foi obtido através da compatibilização entre os dados diários mesoclimáticos de Juiz de Fora colhidos pela Estação Automática de Medição Bioclimática de Juiz de Fora A518 (Código do INMET - Instituto Nacional de Meteorologia: 86851), simultaneamente às medições in loco, permitindo interpretações próprias às tipologias das praças. O qualitativo foi estabelecido a partir do estudo das observações e anotações colhidas ao longo do período da pesquisa. Os equipamentos utilizados para a medição dos dados foram: (i) Luxímetro Digital Portátil Modelo LD-220 Light Meter Pro e (ii) Instrutherm THDL – 400 Environment Meter. Para a medição, foram estabelecidas duas praças existentes como objeto de estudo: A Praça da Estação e a Praça São Mateus, ambas localizadas na cidade de Juiz de Fora. Os dias de medições estabelecidos encontram-se entre 3 de maio de 2016 e 20 de maio de 2016. Os horários, limitam-se entre 13:30 horas e 14:30 horas, objetivando obter medições com céu encoberto, parcialmente coberto e ensolarado. Foram estabelecidos três pontos específicos de medição em cada praça, considerando as diferentes pavimentações de cada um deles. Durante as medições, os aparelhos foram deixados imóveis entre 2 a 3 minutos para a estabilização dos dados. 180 CATS 2016 – Congresso de Arquitetura, Turismo e Sustentabilidade Figura 1: Tabela para anotações dos dados de campo da Praça da Estação. Fonte: Acervo dos autores. Figura 2: Tabela para anotações dos dados de campo da Praça São Mateus. Fonte: Acervo dos autores. 181 CATS 2016 – Congresso de Arquitetura, Turismo e Sustentabilidade 5 ANÁLISE DOS DADOS Os dados colhidos in loco permitiram o desenvolvimento de análises em três campos diferentes e complementares: (i) máscara de sombra do entorno; (ii) diagrama do zoneamento bioclimático e, (iii) análises comparativas através de gráficos. 5.1 MÁSCARA DE SOMBRA DO ENTORNO IMEDIATO DAS PRAÇAS EM ESTUDO A máscara de sombra foi elaborada de acordo com as orientações descritas por Frota (2004). Este estudo consistiu na utilização da Carta Solar para sua realização mais precisa. Primeiramente, entende-se como relevante uma apresentação dos edifícios que contornam as praças (Figuras: 3 a 8) que foram escolhidos para estudo devido à possibilidade de gerarem sombras. Em seguida são apresentados os pontos de medições (Figuras: 9 a 16) e por fim as máscaras de sombra (Figuras: 18 a 25). Edifícios analisados da Praça da Estação Figura 3: Fachada dos edifícios históricos da Praça da Estação. Fonte: Acervo dos autores. 182 CATS 2016 – Congresso de Arquitetura, Turismo e Sustentabilidade Figura 4 (esquerda): Foto do Edifício Histórico 1 e do Edifício Histórico 2 (ambos nomeados pelo grupo para a pesquisa) da Praça da Estação. Fonte: Acervo dos autores. Figura 5 (direita): Foto do Edifício Histórico 2, do Edifício Histórico 3 e do Edifício Histórico 4 (ambos nomeados pelo grupo para a pesquisa) da Praça da Estação. Fonte: Acervo dos autores. Edifícios analisados da Praça São Mateus Figura 6: Foto dos cinco edifícios de cerca de vinte metros de altura que delimitam a Pç. São Mateus. O conjunto destes edifícios foi nomeado pelo grupo para a pesquisa como “Conjunto de Edifícios Residenciais”. Fonte: www.tribunademinas.com.br Figura 7: Ed. Residencial - Pç. S. Mateus. Fonte: www.google.com.br/maps Figura 8: Hotel Victory - Pç. S. Mateus Fonte: www.google.com.br/maps 183 CATS 2016 – Congresso de Arquitetura, Turismo e Sustentabilidade Pontos de medição Em cada praça foram definidos três pontos de medição registrados nos croquis de implantação (Figuras: 9 e10). Figura 9: Pts. de medições da Pç. da Estação. Figura 10: Pts. de medição da Pç. S. Mateus. Fonte: Acervo dos autores. Máscaras de Sombra O método de construção de elaboração da máscara de sombra é descrito a seguir: foram mapeadas as praças e junto com o arquivo disponibilizado pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) foi confeccionado um croqui com os pontos de medição e próximos a eles o entorno imediato, com as edificações e vegetação relevante para determinado lugar. Com um corte esquemático de cada praça ilustrando a relação de alturas e suas influências em relação aos locais de medição, registrou-se a angulação exata utilizando o transferidor. Logo, foi passado para a vista de topo, traçado as arestas em relação ao ponto definido e junto às angulações definiu-se a máscara. As medições foram feitas entre os dias 3 de maio a 20 de maio e os horários pré-definidos para cada praça foram: na Praça da Estação às 13:30 horas e na Praça São Mateus às 14:30 horas. Desta maneira foram determinadas as máscaras de sombra do entorno imediato das praças em estudo (Figuras: 11 a 16). 184 CATS 2016 – Congresso de Arquitetura, Turismo e Sustentabilidade Máscaras de sombra da Praça da Estação (Figuras: 11, 12 e 13). Figura 11: Máscara de sombra do Ponto 1. Fonte: Acervo dos autores. Figura 12: Máscara de sombra do Ponto 2. Fonte: Acervo dos autores. Figura 13: Máscara de sombra do Ponto 3. Fonte: Acervo dos autores. Em análise das máscaras de sombra da Praça da Estação (Figuras: 11, 12 e 13), as edificações históricas 1 e 2, com no máximo 6 pavimentos, sombreiam o Ponto 1 (Figura 11) a partir das 15:00 horas. Já o Ponto 2 (Figura 12), é válido saber que está abaixo de uma grande árvore centenária, sendo que em todas as medições estava encoberto. As edificações não influenciam no horário de medição do Ponto 3 (Figura 13) assim como as árvores pelo fato de não possuírem copas muito largas. 185 CATS 2016 – Congresso de Arquitetura, Turismo e Sustentabilidade Máscaras de sombra da Praça São Mateus (Figuras: 14, 15 e 16). Figura 14: Máscara de sombra do Ponto 1. Fonte: Acervo dos autores. Figura 15: Máscara de sombra do Ponto 2. Fonte: Acervo dos autores. Figura 16: Máscara de sombra do Ponto 3. Fonte: Acervo dos autores. Em análise das máscaras de sombra da Praça São Mateus (Figuras: 14, 15 e 16), as edificações não influenciam no Ponto 1 (Figura 14). Ele é o ponto que mais recebe iluminação na maior parte do dia. O Ponto 2 (Figura 15), localizado ao centro da praça, também recebe muita iluminação durante o dia, e foi visto que as edificações próximas não influenciaram em seu sombreamento no horário de medição. O Edifício Residencial (Figura 7) e o Hotel Victory (Figura 8) influenciam muito na sombra do Ponto 3 (Figura 16), mesmo sendo distantes. Portanto como conclusão parcial, através das análises das máscaras de sombra em cada um dos pontos, pôde-se observar a relevância das edificações e da massa verde do entorno imediato de cada praça. Concluímos que as edificações da 186 CATS 2016 – Congresso de Arquitetura, Turismo e Sustentabilidade Praça da Estação não influenciaram nos pontos de medição da mesma, ao contrário do que acontece na Praça São Mateus. Também foi observado que a vegetação é muito mais considerável e presente na Praça São Mateus do que na Praça da Estação. 5.2 ZONEAMENTO BIOCLIMÁTICO O Diagrama Bioclimático para a cidade de Juiz de Fora foi gerado pelo software livre “Analisys Bio” disponibilizado pelo LABEEE – Laboratório de Eficiência Energética em Edificações. A partir deste diagrama de base foram inseridos pontos de referência para os dados colhidos in loco durante o processo de medição. Assim, pode-se observar e comparar os dados das medições da temperatura do ar (°C) e da umidade relativa da Praça da Estação e da Praça São Mateus. Figura 17: Diagrama Bioclimático da cidade de Juiz de Fora com os pontos demarcados de acordo com os dados colhidos das medições in loco da Praça da Estação e da Praça São Mateus. Fonte: Acervo dos autores. Os pontos de medições das praças (Figura 17) a princípio mostram-se deslocados das Normais pré-estabelecidas pelo diagrama para o mês de maio para a cidade de Juiz de Fora. Acredita-se que este fato se dê pelo caráter atípico das diferenças de temperatura e umidade que vem acontecendo no ano 2016. No entanto, este fato não impede que análises sejam efetuadas. Cabe ainda a observação que esta alteração provavelmente resulte do impacto do microclima inerente à praça inserida em uma malha urbana. 187 CATS 2016 – Congresso de Arquitetura, Turismo e Sustentabilidade Pela análise do Zoneamento Bioclimático (Figura 17) percebe-se que a maioria das medições estão situadas na Zona 1 (Zona de conforto). Uma menor parte está situada na Zona 11, com temperaturas um pouco elevadas e umidade baixa a moderada, havendo a necessidade de métodos de ventilação, alta inércia e resfriamento evaporativo para se adquirir conforto. Outra parcela encontra-se na Zona 12, com temperaturas elevadas e umidade moderada, devendo-se obter alta inércia e resfriamento evaporativo afim de estabelecer conforto. Foi observado in loco, que nos dias e momentos das medições que estão situadas nas Zonas 11 e 12, apesar de o céu estar parcialmente encoberto, havia uma menor quantidade de nuvens do que os outros dias de medições com céu parcialmente encoberto. Logo, este fato pode ter resultado em um aumento da temperatura local das praças em estudo, visto que havia maior incidência direta de radiação solar incidente. Ao comparar os dados das medições em estudo das duas praças, a Praça da Estação apresentou melhores resultados de conforto térmico por ter a maioria das medições na Zona 1, no geral com a maioria das temperaturas mais baixas do que as temperaturas da Praça São Mateus. 5.3 ANÁLISES COMPARATIVAS ATRAVÉS DE GRÁFICOS A partir de planilhas completas realizadas na pesquisa através dos dados das medições colhidos in loco nas praças, faz-se possível organizar gráficos comparativos entre os diversos dados em estudo, a fim de construir interpretações específicas sobre cada tema de interesse. Os resultados visam alimentar a discussão sobre a eficiência e o desempenho dos materiais adotados como revestimentos de piso das praças analisadas e demonstram a influência direta do entorno imediato nas características dos resultados. Os gráficos gerados na pesquisa estabelecem relações entre a temperatura dos diferentes pisos das praças nos momentos de medições, os pontos em que estão localizados e os dias de medição, gerando conclusões e reflexões. (Figuras: 18 a 25). 188 CATS 2016 – Congresso de Arquitetura, Turismo e Sustentabilidade Análise 01: Pedra Portuguesa em diferentes pontos das praças (Figuras: 18 e 19). Figura 18: Gráfico da Praça São Mateus. Fonte: Acervo dos autores. Figura 19: Gráfico da Praça da Estação. Fonte: Acervo dos autores. A Pedra Portuguesa foi escolhida como foco do estudo devido à sua presença mais comum nas áreas públicas da cidade de Juiz de Fora. No gráfico da Praça São Mateus (Figura 18) as curvas dos diferentes pontos (Ponto 1, Ponto 2 e Ponto 3) são bastante semelhantes. O Ponto 1 foi o que apresentou temperaturas um pouco mais elevadas, fato diretamente relacionado a maior incidência de luz natural neste ponto em relação aos outros (pode-se observar tal consideração pelo estudo da máscara de sombra). No gráfico da Praça da Estação (Figura 19) as curvas dos diferentes pontos são mais heterogêneas entre si, e a curva do Ponto 2 se destoa das outras, com temperaturas mais baixas. Através do estudo, concluiu-se que isto ocorreu devido à superfície revestida de Pedra Portuguesa no Ponto 2 estar sombreada pela árvore centenária, fato recorrente em todos os momentos e dias de medições. Ao comparar o gráfico da Figura 18 com o gráfico da Figura 19, os dados revelam que as temperaturas da Pedra Portuguesa nas duas praças são claramente distintas. Sendo 189 CATS 2016 – Congresso de Arquitetura, Turismo e Sustentabilidade na Praça da Estação as temperaturas mais elevadas, com exceção do Ponto 2 que está sombreado pela copa da árvore centenária. As características diferentes entre as praças, seus distintos sombreamentos e vegetações, influenciaram diretamente no resultado dos gráficos. Análise 02: Diferentes tipos de piso em um mesmo ponto para cada uma das praças. (Figuras: 20 a 25). Figura 20: Gráfico do Pt. 1 – Pç. S. Mateus. Fonte: Acervo dos autores. Figura 21: Gráfico do Pt. 2 – Pç. S. Mateus. Fonte: Acervo dos autores. Figura 22: Gráfico do Pt. 3 - Praça S. Mateus. Fonte: Acervo dos autores. 190 CATS 2016 – Congresso de Arquitetura, Turismo e Sustentabilidade Nos gráficos (Figuras: 20 a 22), apesar de os três pontos da Praça São Mateus apresentarem características diferentes como fluxo de pessoas, ventos, sombras, entre outros, a oscilação das curvas entre estes três pontos foi um pouco similar e também estavam diretamente relacionados à temperatura do ar local em cada dia de medição. Foi observado que nos dias de medição em que a temperatura dos pisos dos três pontos estavam mais elevadas (dias dois, quatro, seis e sete) havia uma considerável menor presença de nuvens no céu, o que provocou uma maior incidência de luz solar direta nos pisos com relação aos outros dias em estudo, aumentando a absorção de calor dos materiais nestes respectivos dias. Nos dias de temperatura mais baixas (dia cinco e dia nove) o céu estava encoberto, resultando em uma menor incidência de luz solar direta na praça, fato que resultou em uma menor absorção de calor nos pisos nestes dias com relação aos outros. O asfalto foi o material que apresentou maiores temperaturas, fato provável de seu maior potencial de absorção e retenção de calor do que os outros materiais estudados nas praças. Figura 23: Gráfico do Pt. 1 - Praça da Estação. Fonte: Acervo dos autores. Figura 24: Gráfico do Pt. 2 - Pç. da Estação. Fonte: Acervo dos autores. 191 CATS 2016 – Congresso de Arquitetura, Turismo e Sustentabilidade Figura 25: Gráfico do Pt. 3 - Praça da Estação. Fonte: Acervo dos autores. Analisando a Praça da Estação (Figuras: 23, 24 e 25), o piso Intertravado 01 do Ponto 1 (Figura 23) apresentou temperaturas mais elevadas com relação ao mesmo piso do Ponto 2 (Figura 24). A Pedra Portuguesa do Ponto 1 (Figura 23) também apresentou temperaturas mais elevadas do que a Pedra Portuguesa do Ponto 2 (Figura 24). Isto pode estar relacionado devido ao fato de o Ponto 1 apresentar maior fluxo de pessoas, e também, ao fato de o Ponto 2 apresentar uma grande área de sombreamento gerado por uma árvore. Através dos gráficos também foi visto que o ponto 3 (Figura 25) apresenta curvas mais irregulares entre si, circunstância relacionada pelo fato de este ponto apresentar pisos com características bem distintas e estarem expostos ao sol (com ausência de sombras) na maioria dos momentos dos dias de medições, causando uma discrepância das temperaturas entre eles, pelos seus diferentes graus de absorção e retenção de calor. Logo, percebe-se que em ambas as praças, o tipo de material que compõe o piso interfere diretamente em sua temperatura, visto que ele apresenta um determinado grau de absorção e retenção de calor. Além da característica do material, as condições e características do local também interferem em sua temperatura, observando que as temperaturas de materiais idênticos situados em pontos diferentes foram desiguais. 192 CATS 2016 – Congresso de Arquitetura, Turismo e Sustentabilidade 6 CONCLUSÃO Com os métodos de estudo utilizados, pôde-se comparar o conforto térmico das duas áreas públicas de Juiz de Fora (Praça São Mateus e Praça da Estação). Observa-se a relação direta do tipo de material, clima, microclima e informações colhidas in loco e estudadas (horário de sombreamentos, fluxo de pedestres, ventos, entre outros) com a temperatura local, dos pisos das praças estudadas, e consequentemente com seu conforto térmico. É importante, portanto, estudar e considerar todas estas características, sobretudo nas áreas públicas de lazer, para qualificar o conforto ambiental (principalmente térmico) do local. Acredita-se que levando em conta estas considerações durante o Projeto Arquitetônico, pode-se trazer melhor bem estar, conforto e qualidade de vida aos usuários. 193 CATS 2016 – Congresso de Arquitetura, Turismo e Sustentabilidade REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FROTA, Anésia. Geometria da Insolação. São Paulo: Geros, 2004. LABORATÓRIO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM EDIFICAÇÕES, Analysis BIO (software livre). Disponível em:< http://www.labeee.ufsc.br/downloads/ softwares/analysis-bio>. Acesso em maio de 2016. INSTITUTO NACIONAL DE METEROLOGIA. Estações Automáticas. Disponível em: <http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=estacoes/estacoesAutomaticas >. Acesso em maio de 2016. PJF. História da cidade. Disponível em: https://www.pjf.mg.gov.br/cidade/historia.php #vivendo ; Acesso em junho de 2016. RANGEL Jr.; V. H. V. Parque Halfeld e Praça da Estação, Juiz de Fora – MG: uma leitura histórica, paisagística e urbanística. Dissertação de mestrado, Viçosa: UFV, 2006. 194