A Prática das Plantas Medicinais como Difusão Agroecológica e

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A Prática das Plantas Medicinais como Difusão Agroecológica e Alternativas de
Mercado
1.
Introdução:
Hoje vivemos no mundo do agronegócio, da monocultura, do latifúndio, da
transgenia, práticas que vão contra as leis da natureza, e que causam de certa forma a
exclusão em nossa sociedade.
“Para uma prática agrícola altamente desenvolvida é preciso entender que a
natureza como modelo tecnológico é perfeita” (Waldemar Arl), é um pouco do que se
propõe o grupo agroecológico IARA: praticar uma agricultura saudável, respeitando as
leis da natureza de maneira viável economicamente e preocupando-se com o lado social,
cultural, político e ético. Tendo isto em vista, o Grupo Agroecológico IARA propõe-se
a trabalhar de maneira experimental, visando construir enquanto ser social e indivíduo,
praticar e difundir coletivamente a um novo modelo de desenvolvimento agrário para a
Amazônia, sobre o paradigma da Agroecologia.
Para tal promove cursos e oficinas de formas alternativas de produção como:
sistemas agroflorestais, produção de mudas orgânicas em viveiro, criação de galinha
caipira, meliponicultura, utilizando-se sempre de técnicas alternativas como a
compostagem, húmus de minhoca, uso de plantas com princípios ativos no controle de
pragas e doenças em geral. Tendo em vista a necessidade de transformação social e o
aumento da política de conscientização agroecológica, visualizamos a importância da
proposta do projeto: A Prática das Plantas Medicinais como Difusão Agroecológica e
Alternativas de Mercado.
À utilização das plantas como medicamento provavelmente seja tão antiga
quanto o aparecimento do próprio homem. A preocupação com a cura de doenças, ao
longo da história da humanidade, sempre se fez presente. A evolução da arte de curar
esteve por muito tempo associada às práticas mágicas, místicas e ritualísticas. O uso
das plantas medicinais é uma das mais antigas armas empregadas para o tratamento
das enfermidades humanas e muito já se conhece a respeito de seu uso por parte da
sabedoria popular. Com os avanços científicos, esta prática milenar perdeu espaço
para os medicamentos sintéticos, entretanto, o alto custo destes remédios e os efeitos
colaterais apresentados contribuíram para o ressurgimento da fitoterapia (terapia
através das plantas).
O uso de plantas medicinais para o tratamento das doenças do homem vem
crescendo notavelmente em todos os países do mundo e demonstra ser conseqüência
do desencanto generalizado que se apoderou da maioria das pessoas, em relação aos
medicamentos químicos. Contudo, existe atualmente um maior número de
profissionais envolvidos nos mais diversos trabalhos com plantas medicinais e
fitoterápicos, seja na pesquisa, fomento ou difusão.
Devemos acolher com entusiasmo as descobertas dos cientistas que criam, mas
sem esquecer o que a Natureza já criou o grande laboratório colocado à disposição do
homem: a mata, para que busquemos nela as fontes saudáveis de vida.
2.
Objetivos:
Promover a agroecologia na área experimental do grupo Iara através da
estruturação do uso e valorização das plantas medicinais, visando à produção
fitoterápica e cosmética, além da agregação de valor aos produtos.
2.1
Geral:
O objetivo do projeto A Prática das Plantas Medicinais como Difusão
Agroecológica e Alternativas de Mercado é implementar e valorizar as práticas
agroecológicas no PDA (Pólo de Difusão Agroecológica) do grupo Iara, através do
cultivo de plantas medicinais em sistema de espiral de ervas até a sua transformação em
sub-produtos na forma de fitoterápicos e cosméticos artesanais para fins de
comercialização em espaços alternativos .
2.2
Específicos:

Trabalhar uma experiência agroecológica com enfoque no cultivo de plantas
medicinais a partir da construção de uma espiral de ervas com técnicas da
permacultura;

Envolvimento de órgãos, grupos e pessoas para fortalecimento da proposta do
ervário agroecológico;

Promover capacitações como cursos e oficinas para os integrantes envolvidos
no projeto;

Estruturar um espaço experimental que servirá de farmácia viva e jardim
ornamental;

Manejar as plantas proporcionando sustentabilidade e espaços funcionais em
harmonia com ambiente, contemplando aspectos como diversidade, consórcios, efeito
de bordas, microclima e drenagem;

Produção de mudas;

Avaliar o potencial medicinal das plantas;

Incentivar o cultivo e a coleta de forma sustentável;

Extrair princípios bio-ativos das plantas para produção de fármacos e
cosméticos;

Aproveitamento econômico, ambiental e social de fitoterápicos e cosméticos
visando à comercialização.
3.
Justificativa:
Os problemas ambientais relacionados ao desenvolvimento econômico e social
começaram a aparecer a partir do momento que o homem passou a domesticar o
ambiente. A “Revolução Industrial” e a “Revolução Verde” começaram a despejar
produtos sintéticos e assim alterar o ambiente de uma forma tão drástica que chegou
ao ponto de contaminar toda fauna e flora existentes nas áreas ao redor.
Fatores de ordem econômica propiciou muito mais atenção às grandes culturas,
delegando às plantas medicinais, aromáticas e condimentares a ocupação de um espaço
secundário, nas propriedades, nas pesquisas, na literatura e outras atividades.
Com a evolução da Ciência e da Pesquisa e decorrente descoberta de fórmulas
químicas, a humanidade atraída pelos resultados e impelida pela publicidade e
estratégias de interesses econômicos deixou em segundo plano a tradição milenar do
uso das plantas medicinais. Atualmente a tendência a tornar os tratamentos de doenças
em ciclos viciosos é mais freqüente, pois as pessoas dependem cada vez mais dos
medicamentos sintéticos, e por vezes o seu uso indiscriminado e autônomo causa sérios
malefícios à saúde, que por vezes têm comprovado prejuízos pela ação dos efeitos
colaterais dos compostos químicos no organismo.
Segundo um estudo realizado pela Embrapa da Amazônia Oriental a eficácia das
plantas medicinais vem cada vez mais sendo comprovada pela ciência. Só na Amazônia
foram identificadas mais de trezentas espécies de plantas que são usadas como remédio
pela população. Raízes, folhas, óleos e cascas são matérias-primas para fabricação de
novos medicamentos e cosméticos. É um mercado valioso e uma alternativa de renda
para comunidades rurais e urbanas. Além de ser uma alternativa de renda e inclusão
social, o uso dessas ervas resgata e valoriza a cultura da Amazônia.
Preservar as plantas medicinais amazônicas é preservar a cultura e também o
patrimônio genético que nossa região apresenta. Portanto, a contribuição das
universidades para a conservação e preservação do uso racional das plantas
fitoterápicas é de suma importância, pois através das pesquisas e da conscientização
da população não corremos o risco de perder essa herança cultural e genética. Fatores
de ordem cultural, relacionados com o uso de agrobiodiversidade, ligados à saúde, com
a revalorização do “natural”, mas também de ordem econômica, têm contribuído para
esta mudança.
O crescimento do mercado mundial de fitoterápicos é estimado em 10% a 20%
ao ano e as principais razões que impulsionaram esse grande crescimento nas últimas
décadas foram: a valorização de uma vida de hábitos mais saudáveis e,
conseqüentemente, o consumo de produtos naturais; os evidentes efeitos colaterais dos
medicamentos sintéticos; a descoberta de novos princípios ativos nas plantas; a
comprovação científica de fitoterápicos; e o preço que, de maneira geral, é mais
acessível à população com menor poder aquisitivo.
É atento a essas importâncias, que se fará a construção de uma espiral de ervas
permacultural para se obter uma farmácia viva no intuito de fornecer conhecimentos
básicos sobre o cultivo, manejo, manipulação e subprodutos desse tipo de prática com o
uso das plantas medicinais, servindo também como uma alternativa de mercado para
promoção do grupo Iara. Por não requerer uma área muito grande nem depender de
custos elevados para a sua implantação, o cultivo destas plantas passa a ser uma
alternativa agroecológica de difusão e prática no interior da universidade, refletindo
uma experiência de construção coletiva e de benefícios compartilhados entre todos os
setores envolvidos.
4.
Metodologia:
Para uma melhor aplicabilidade das ações ou objetivos do projeto dividiremos
em cinco fases operacionais, assim descritas: capacitação, estruturação, monitoramento,
manipulação e comercialização.
A fase de capacitação será a primeira fase e contará com a formação das pessoas
envolvidas no projeto na forma de cursos, oficinas, encontros e dias de campo acerca do
cultivo, manejo e manipulação das plantas medicinais.
A segunda fase é a estruturação que corresponde à etapa operacional do projeto,
onde serão feitas: o reconhecimento da área de implantação do ervário medicinal,
coletas e análises de solo, levantamento dos recursos naturais disponíveis, aquisição de
materiais para implemento do projeto, adequação do espaço, seleção e identificação das
espécies de plantas e construção do espiral de ervas. A construção do ervário de plantas
medicinais levará em consideração o nivelamento do solo, as espirais podem ser de
qualquer tamanho o mais importante é que todas as ervas, desde o topo até a base,
estejam ao alcance das mãos. Em geral elas têm de 1 a 1,6 metros de diâmetro e entre
0,6 a 1,3 metros de altura. Sua estrutura espiralada propicia a criação de diversos
microclimas úteis, no alto da espiral geralmente o ambiente é mais seco e ensolarado, no
percurso curvo até a base temos cantinhos mais úmidos e sombreados. Sua estrutura
pode ser feita com pedras, tijolos, bambú ou pequenas toras de madeira. Os vãos na
estrutura servirão de abrigo para pequenos predadores e polinizadores, são
acrescentadas em seu interior solo onde as mudas são plantadas. Para o "recheio",
mistura-se terra de jardim, areia, húmus de minhoca, e um pouco de adubo orgânico,
como esterco de curral curtido, farinha de ossos, torta de mamona, etc. Uma boa
cobertura morta, como folhas, palha ou serragem, vai ajudar a manter a umidade e
proteger a espiral da erosão no início.
A terceira fase compreende o monitoramento das ervas medicinais, como o
acompanhamento de: cultivo, crescimento das mudas, regas, comportamento,
manutenção, polinização, potencial das plantas para fins fitoterápicos e cosméticos em
laboratório e coleta.
A etapa de manipulação diz respeito à extração dos princípios bio-ativos das
plantas para obtenção de fármacos tais como: sabonete de enxofre, sabonete de
barbatimão, pomada cicatrizante, óleo para massagem, xampu contra parasitas, suco de
ervas, xarope de ervas com mel, garrafadas e tintura, além do preparo de cosméticos
como: óleos, perfumes, sabonetes aromáticos e xampu em laboratório.
A fase final do projeto é a comercialização dos sub-produtos das plantas
medicinais em feiras agroecológicas, servindo como uma etapa de difusão
agroecológica e alternativa de mercado para divulgação e agregação de valor dos
fitoterápicos e cosméticos produzidos.
5.
Materiais:
Os materiais necessários para execução do projeto são:
1. tijolos;
2. telhas;
3. pedras;
4. colher de jardineiro;
5. transplantador;
6. sachos;
7. tesoura de poda;
8. canivetes;
9. sementeiras em isopor e sacos plásticos (tamanhos variados) para a
propagação e transplantio de mudas;
10. carrinho de mão;
11. regador;
12. sementes ou mudas de plantas medicinais;
13. materias adequados para o preparo de fitoterápicos e cosméticos;
14. embalagens adequadas para armazenamento dos sub-produtos.
6.
Cronograma de Execução:
Meses
1
Articulação com a equipe do
projeto
Reunião com as partes
interesadas
Capacitação do Grupo Iara
Estruturação do projeto
Monitoramento da espiral de
ervas
Manipulação das plantas
Comercialização
Coleta de resultados
Apresentação dos resultados
alcançados
2
3
4
5
6
7
8
9
10 11
12
7. Referências:
NARDELLI, Rita. Para Saber 100 Plantas Medicinais: A Sabedoria da
Natureza; Editora, 2005; Belém/PA.
SHANLEY, Patrícia. HOHN, Irene. SERRA, Murilo. HADEDANK, Hannelore.
(edts). Receitas Sem Palavras: Plantas Medicinais da Amazônia; 2ª edição, Belém –
CIFOR-EMBRAPA, 2008.
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