TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO BACHARELADO EM FARMÁCIA “PROFILAXIA COM SULFAMETOXAZOL/TRIMETOPRIM EM PACIENTES PEDIÁTRICOS COM LEUCEMIA LINFÓIDE AGUDA” Aluna: Kenny Rangel da Silva1 Orientadora: Profª Drª Débora Leandro Rama Gomes Rio de Janeiro, 23 de março de 2013. PROFILAXIA COM SULFAMETOXAZOL/TRIMETOPRIM EM PACIENTES PEDIÁTRICOS COM LEUCEMIA LINFÓIDE AGUDA PROPHYLAXIS WITH SULFAMETHOXAZOLE / TRIMETHOPRIM IN PEDIATRIC PATIENTS WITH ACUTE LYMPHOBLASTIC LEUKEMIA Kenny Rangel da Silva1, Débora Leandro Rama Gomes1 1 Curso de Bacharelado em Farmácia – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ) – Campus Realengo SILVA&GOMES E-mail: [email protected] Página 1 RESUMO Leucemias agudas são neoplasias que apresentam uma proliferação descontrolada de células hematopoiéticas precursoras, de origem mielóide ou linfóide, devido a uma alteração genética. As infecções são grandes fatores de risco de morbimortalidade para esses pacientes, devido à imunodepressão causada pela quimioterapia. A associação sulfametoxazol/trimetoprim (SMZ/TMP) tem sido a melhor opção para a profilaxia contra infecções por Pneumocystis jirovecii ― principal agente causador de complicações pulmonares em tais pacientes. Nesse sentido, visou-se avaliar os riscos e os benefícios da profilaxia com SMZ/TMP em pacientes pediátricos com LLA, tendo em vista que essa conduta é frequente em hospitais oncológicos brasileiros. Os dados analisados permitiram observar que a profilaxia com SMZ/TMP possui uma boa eficácia, porém apresenta muitas limitações. Muitos estudos ainda precisam ser realizados em relação ao P. jirovecii para promover o avanço das estratégias terapêuticas contra este patógeno. PALAVRAS-CHAVE: Leucemia Linfóide Aguda; Pneumocystis jirovecii; Profilaxia; Sulfametoxazol/Trimetoprim. SILVA&GOMES Página 2 ABSTRACT Acute leukemias are cancers that present an uncontrolled proliferation of hematopoietic precursor cells, of lymphoid or myeloid origin, due to a genetic mutation. Infections are major risk factors for morbidity and mortality for these patients, due to immunodepression caused by chemotherapy. The association sulfamethoxazole/trimethoprim (SMZ-TMP) has been the best option for prophylaxis against infections by Pneumocystis jirovecii ― the main causative agent of pulmonary complications in such patients. Therefore, this work aimed to assess the risks and benefits of prophylaxis with SMZ/TMP in pediatric patients with LLA. The data collected indicated that prophylaxis with SMZ/TMP has a good efficacy, but presents many limitations. Many studies still need to be carried out in relation to P. jirovecii in order to promote the advance of therapeutic strategies against this pathogen. KEYWORDS: Acute Lymphoblastic Leukemia; Pneumocystis jirovecii; Prophylaxis; Sulfamethoxazole/Trimethoprim. SILVA&GOMES Página 3 INTRODUÇÃO Leucemias agudas são neoplasias onde há uma proliferação descontrolada de células hematopoiéticas precursoras, de origem mielóide ou linfóide, devido a uma alteração genética. A partir dessa mutação, as células perdem a capacidade maturativa acumulando-se em forma de blastos tanto na medula óssea quanto no sangue periférico (OLIVEIRA & NETO, 2004). A proliferação descontrolada de linfoblastos, predominantemente na medula óssea e no sangue periférico, caracteriza a Leucemia Linfóide Aguda (LLA) (ZAGO et al., 2001). A LLA é a neoplasia infantil mais comum, tendo seu pico de incidência entre dois e cinco anos e constitui cerca de um terço de todas as neoplasias malignas da criança (PEDROSA & LINS, 2002; LEITE et al., 2007). Segundo OLIVEIRA & NETO (2004), o acúmulo dos blastos na medula óssea inibe o crescimento e o bom funcionamento das células precursoras das classes eritrocíticas, granulocíticas e megacariocíticas levando a neutropenias, anemias e plaquetopenias. Tendo isso em vista, HAMERSCHLAK (2008) afirma que sintomas como cansaço, falta de ar, sangramentos, febres e infecções estão presentes na doença, bem como, podem aparecer aumento de gânglios, vômitos e dor de cabeça, sugerindo envolvimento do sistema nervoso. Para o diagnóstico, faz-se o hemograma junto com a distensão sanguínea, a fim de evidenciar a leucometria do paciente, que na leucemia pode variar de aumentada, normal ou diminuída, especificando a morfologia celular na distensão. O exame morfológico é essencial ao diagnóstico, pois identifica a presença de células blásticas. Tendo suspeita de leucemia, faz-se o aspirado medular (mielograma), onde segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), devem existir mais de 20% de blastos (FALCÃO, 2002; OLIVEIRA & NETO, 2004). Além do hemograma e do mielograma, exames como fenotipagem e citogenética são feitos para a confirmação do diagnóstico. O tratamento, após a confirmação do diagnóstico, é feito por quimioterapia com o objetivo de remissão da doença e restauração das demais SILVA&GOMES Página 4 células. É utilizada uma combinação de várias drogas em um esquema específico de acordo com as condições do paciente. Faz-se a fase inicial de indução da remissão e ciclos de quimioterapia de pós-remissão. Após isso, o paciente faz uma manutenção de 2 a 3 anos (HAMERSCHLAK, 2008). No entanto, infecções são freqüentes durante a terapia de indução para a LLA em crianças, uma vez que, desencadeia uma queda imunológica no paciente (GABE et al., 2009). Sendo assim, tornam-se grandes fatores de risco de morbimortalidade. Portanto, a terapia profilática antibacteriana pode assim ser justificada (RUNGOE et al., 2010). Complicações pulmonares são as comorbidades mais incidentes em pacientes com LLA podendo ser causadas por vários fatores, dentre eles patógenos oportunistas (OLIVEIRA & NETO, 2004). Dentre os patógenos causadores de pneumonias, o mais frequente ― com 40% de incidência ― é o Pneumocystis jirovecii (ERDUR et al., 2008). Tal agente, conhecido anteriormente por P. carinii, é um patógeno oportunista causador da pneumocistose, que acomete pacientes imunodeprimidos, podendo levar à morte se não receber tratamento adequado (MADDEN et al., 2007). A pneumocistose caracteriza-se como uma pneumonia intersticial severa que decorre da ocupação dos trofozoítos nos espaços intra-alveolares gerando exsudatos ricos em proteínas. Esta ocupação causa fibrose e edema proveniente de um enrijecimento das membranas alveolares e inflamação do parênquima (TOMIO & SILVA, 2005a). Estudos mostram que a pneumonia causada por P. jirovecii (PCP) teve grande participação na descoberta da AIDS, tendo em vista que era uma das primeiras infecções adquiridas pelos pacientes. Entretanto, antes disso, pacientes que faziam uso de quimioterapia já eram infectados. Nesse sentido, ZAHAR et al. (2002), mostraram que tal pneumonia apresenta-se de forma mais grave em pacientes com imunossupressão não relacionada ao HIV. O tratamento com a combinação dos antimicrobianos sulfametoxazol/trimetoprim (SMZ/TMP) tem sido a melhor opção para SILVA&GOMES Página 5 pneumocistose em crianças. Estudos mostram que a associação SMZ/TMP possui ação bactericida, uma vez que associados têm um efeito de sinergismo em micro-organismos sensíveis. Além de uma boa eficácia, o SMZ/TMP possui baixo custo. Todavia, a profilaxia de pacientes em quimioterapia é realizada por longos períodos de tempo, sendo seu uso condicionado a uma avaliação prévia pela equipe médica, uma vez que o mesmo pode se tornar tóxico para o paciente (TAVARES, 1996). Sendo assim, o presente trabalho visou avaliar os riscos e os benefícios da profilaxia com SMZ/TMP em pacientes pediátricos com LLA, tendo em vista que essa conduta é frequente em hospitais oncológicos brasileiros. Avaliando os riscos da terapia com essa associação, será possível evitar danos mais graves para tais pacientes que já se encontram em estado depreciativo de sua saúde. Nesse sentido, os objetivos específicos deste estudo foram: discutir a incidência de LLA em crianças e a alta taxa de mortalidade ocasionada pelas infecções oportunistas nestes pacientes, apresentar as características gerais da pneumocistose e sua incidência e, por fim, mostrar as vantagens e desvantagens do uso do SMZ/TMP como droga de escolha para a profilaxia contra a pneumocistose. METODOLOGIA Foi realizada uma pesquisa bibliográfica com levantamento de dados da literatura científica no período de 2002 a 2013, com exceção de bibliografias essenciais ao estudo, sobre o desempenho da associação de SMZ/TMP na profilaxia antimicrobiana em pacientes pediátricos com LLA. Este levantamento foi realizado através de documentação indireta com busca no banco de dados do Pubmed, Periódicos CAPES, LILACS, Scientific Electronic Library Online (Scielo) e de bibliotecas pertencentes ao Hemorio e à Fundação Oswaldo Cruz, utilizando as seguintes palavras-chave com ou sem combinações entre si: “Leucemia Linfóide Aguda”, “Pacientes Pediátricos”, “Pneumocistis jirovecii”, “Profilaxia” e “Sulfametoxazol/Trimetoprim”. SILVA&GOMES Página 6 A INCIDÊNCIA DE LEUCEMIA LINFÓIDE AGUDA (LLA) EM CRIANÇAS ELMAN & PINTO E SILVA (2007) afirmam que a LLA incide na população infantil entre 0 a 14 sendo sua proporção de 1 em 25.000 crianças e sua probabilidade de ser diagnosticada nos 10 primeiros anos é de 1 em 2.880. PEDROSA & LINS (2002) complementam que a LLA ocorre mais frequentemente em crianças brancas e do sexo masculino. A Figura 1 apresenta o levantamento de dados epidemiológicos feito pelo Instituto Nacional do Câncer em 2008 sobre os cânceres mais frequentes em crianças e adolescentes. De acordo com as estimativas de 2010 do INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER (INCA, 2010), a LLA ainda revela-se como o câncer mais frequente em crianças, correspondendo de 25% a 35% na maioria das populações, exceto a Nigéria, que possui uma taxa de 45%. A LLA caracteriza-se por uma neoplasia maligna no sangue onde as células precursoras de origem linfocítica sofrem um processo mutagênico que acarreta na sua proliferação descontrolada na medula óssea (HAMERSCHLAK, 2008). Figura 1. Percentual de mortalidade por tipo de câncer e faixa etária no Brasil de 2001 a 2005. Fonte: INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, 2008. SILVA&GOMES Página 7 As leucemias agudas provêm de alterações cromossômicas nas células blásticas que impedem a diferenciação celular juntamente com outras mutações moleculares que alteram os mecanismos de proliferação e apoptose das células imaturas. A alteração mais comum ocorre por translocação cromossômica onde podem existir dois processos. A fusão das extremidades 5’ e 3’ de dois cromossomos (9 e 22), gerando o “Cromossomo Filadélfia” que cria um oncogene chamado “BCR-ABL”, que altera a diferenciação celular na fase terminal, sendo um dos processos de translocação. O segundo processo é decorrente de uma alteração total no gene levando-o a uma forma oncogênica. A síndrome de Li-Fraumeni é um exemplo de afecção hereditária que envolve alteração do gene supressor de tumores TP-53 aumentando o risco de leucemia (MARTÍNEZ-MANCILLA et al., 2006; AMERICAN CANCER SOCIETY, 2013). A etiologia da LLA ainda não é conhecida, porém BELSON et al. (2007) afirmam que muitos esforços vêm sendo direcionados para a determinação dos fatores de risco que podem ser genéticos, infecciosos ou ambientais. FARIAS & CASTRO (2004), afirmam que a LLA é classificada pela linhagem celular que expressa os antígenos oncogênicos. Tais linhagens são de linfócitos B e T. A LLA de linhagem B mostra-se mais comum em crianças obtendo taxas de 75% dos casos frente a 20% de casos de linhagem T e 5% de casos de célula B madura. Esta linhagem se divide em pró-B, comum, pré- B e B- maduro, onde cada fase expressa antígenos de superfícies diferenciados e em momentos diferentes (Tabela 1). A linhagem T ocorre em 25% dos casos adultos e em 15% dos casos em crianças. É dividida em pré-T, T-intermediário e maduro, sendo cada uma diferenciada por antígenos específicos (Tabela 2) (FARIAS & CASTRO, 2004). SILVA&GOMES Página 8 Tabela 1. Imunofenotipagem da LLA de Linhagem B e sua prevalência (FADEL, 2010). Pró-B Comum Pré-B B-maduro HLA-DR, Terminal Antígenos Desoxinucleotidil Transferase (Tdt), CD34, Cadeia µ Cadeias leves citoplasmática, de CD19, CD20 e Imunoglobulin CD10 as 75% 15% 2 a 5% Pediátricos e Pediátricos e Pediátricos e 50% Adultos 10% Adultos Adultos CD10, CD22, CD19 e/ou CD20 CD19 e CD22 Prevalência 5% Pediátricos e 10% Adultos Tabela 2. Imunofenotipagem da LLA de Linhagem T (FADEL, 2010). Antígenos Pré-T T- Intermediário T- maduro CD7, CD2, CD5 e CD3c, CD2, CD1a, CD2, CD5, CD7, CD3, TDC CD8* e CD4* CD4** e CD8** *Expressão variável, frequentemente positiva; ** Expressos duplamente SILVA&GOMES Página 9 Outra forma de classificação da LLA é por sua morfologia celular. Segundo a French-American-British (FAB), existem 3 tipos: a LLA L1 (Figura 2) ― a qual se caracteriza por células blásticas pequenas, sem nucléolo, contorno nuclear pequeno e com pouco citoplasma sem basofilia, a LLA L2 (Figura 3) ― cujas células já possuem tamanhos variados além de variação citoplasmática basófila, com irregularidade de contorno, podendo haver presença de nucléolos, e a LLA L3 ― pertencente à linhagem B devido ao seu imunofenótipo e presença da forma leucêmica do Linfócito de Burkitt, possuindo células grandes com nucléolos, vacúolos e basofilia citoplasmática (Figura 4) (SANCHEZ et al , 2007; FADEL, 2010). Tais características celulares tanto de imunofenotipagem quanto de morfologia citoquímica são fatores cruciais para o diagnóstico leucêmico. O material para analise geralmente é coletado através de punção lombar, biópsia de medula óssea ou aspirado. Adicionalmente, faz-se uma distensão sanguínea com células de sangue periférico, biópsia ou aspirado de medula óssea corado com o método Wrigth-Giemsa, segundo o protocolo da FAB (AMERICAN CANCER SOCIETY, 2013). As manifestações clínicas encontradas nos pacientes leucêmicos são resultantes da substituição das células normais pelas células neoplásicas. Segundo SILVA (2009), dois terços apresentam sintomas inespecíficos quatro semanas antes do diagnóstico como dor óssea, fadiga e letargia. Sintomas relacionados à anemia gerada são os mais frequentes e, em seguida, aparecem os sintomas relacionados à trombocitopenia que são as petéquias, sangramentos nas excreções, equimoses e epistaxe. Outros sintomas e sinais que ocorrem são relacionados às infecções que surgem devido à imunossupressão decorrente das alterações celulares. Tais sintomas e sinais podem ser febre, pneumonias, faringite e sepse. A ocorrência de hepatoesplenomegalia está presente em dois terços dos pacientes e em caso de adenomegalia, não há dores e geralmente mostra-se generalizada. Em 25% a 40% dos casos pode ocorrer dor óssea (SILVA, 2009). SILVA&GOMES Página 10 Figura 2. Células blásticas referentes à LLA, subtipo L1 (FADEL, 2010). Figura 3. Células blásticas referentes à LLA subtipo L2 (FADEL, 2010). Figura 4. Células blásticas referentes à LLA, subtipo L3 (FADEL, 2010). SILVA&GOMES Página 11 Para escolher o tipo de tratamento a ser utilizado deve-se levar em consideração a idade, o quadro clínico do paciente e os resultados laboratoriais obtidos. A indução terapia inicial, também deve inibir a chegada da doença no sistema nervoso central (SNC), por isso, também é aconselhada uma quimioterapia intratecal (HAMERSCHLAK, 2008). Com a observação dos fatores acima, diversos protocolos foram postulados para o tratamento da LLA. Segundo PEDROSA & LINS (2002), o tratamento da leucemia com base nos protocolos terapêuticos teve seu início em 1948 com o Dr. Sidney Farber, o qual publicou um trabalho em que 50 crianças com LLA tratadas com aminopterina obtiveram uma sobrevida de mais 5 anos. Como tal número representava uma percentagem muito pequena do total, outros trabalhos foram desenvolvidos por Farber com o objetivo de descobrir novas drogas eficazes. A partir daí, os corticosteróides, as antipurinas e a vincristina foram descobertas. LAKS et al. (2003) relataram que atualmente cerca de 75% das crianças tratadas podem chegar à cura devido aos protocolos existentes de terapias complementares além da quimioterapia intensiva. O mesmo trabalho cita o protocolo desenvolvido pelo grupo Berlim-Frankfurt-Munique (BFM) como um protocolo de estratificação por grupo de risco. O objetivo do protocolo é induzir uma remissão de <5% de blastos presentes na medula óssea, além de restaurar uma hematopoiese normal. Completa a fase de indução, passa-se para a consolidação, onde basicamente aplicam-se novamente as drogas da indução com o objetivo de reduzir as células presentes não visualizadas na microscopia. Em seguida, põe-se em prática a fase de manutenção que tem por objetivo erradicar as células residuais. Tal fase possui uma intensidade quimioterápica menor. Logo no começo do tratamento, na indução, faz-se concomitantemente uma profilaxia para evitar a chegada da doença ao SNC, sendo esta realizada através de quimioterapia e radioterapia. Em seu estudo, LAKS e colaboradores (2003) compararam as duas versões do Protocolo BFM (91 e 95), porém não encontraram diferença significativa entre as sobrevidas alcançadas em cada um. A Tabela 3 expõe o protocolo BFM 95. SILVA&GOMES Página 12 Segundo CAZÉ et al. (2010), o Grupo Brasileiro de Tratamento de Leucemia na Infância (GBTLI) recomenda para o tratamento de crianças com LLA um protocolo que classifica o paciente pelos seus fatores genéticos, pelo seu grupo de risco, tratamento, parâmetros hematológicos e probabilidade de reincidência da doença. Este protocolo, denominado GBTLI-99, encontra-se demonstrado no Quadro 1, de acordo com sua classificação de risco. Segundo o autor, com sua aplicação, foi alcançado um índice de remissão de 93,5% e uma sobrevida de 88,1% dos pacientes. INFECÇÕES OPORTUNISTAS EM PACIENTES PEDIÁTRICOS COM LLA A submissão à quimioterapia confere um grande débito ao sistema imune do paciente leucêmico. Tal mielossupressão deixa o individuo exposto a uma série de infecções, como já dito anteriormente. ALEXANDER et al. (2011) expuseram em seu estudo que pacientes com LLA reincidente estão mais propensos a desenvolver quadros infecciosos, sendo documentada uma taxa de infecção de 79,4% em pacientes com recaída por bloco de tratamento. CUNHA (2011) relatou que as complicações pulmonares possuem taxas significativas em crianças com leucemias agudas, sendo a infecção a mais incidente causa assumindo uma taxa de 92,4%. Outros fatores associados são reações pulmonares ao tratamento da doença, extensão da leucemia para os pulmões, a decorrência de um novo processo patológico ou a união desses fatores. Portanto, é possível notar que as infecções são as grandes vilãs na tentativa de garantir uma boa sobrevida para pacientes leucêmicos. SILVA&GOMES Página 13 Tabela 3. Planejamento terapêutico do protocolo de tratamento BFM-95 utilizado no tratamento de crianças com LLA (LAKS et al., 2003). SILVA&GOMES Página 14 Tabela 3 (cont.). Planejamento terapêutico do protocolo de tratamento BFM -95 utilizado no tratamento de crianças com LLA (LAKS et al., 2003). SILVA&GOMES Página 15 Quadro 1. Protocolo GBTLI-99 para pacientes com alto risco de recaída (CAZÉ et al., 2010). SILVA&GOMES Página 16 A alteração celular apresentada na leucemia unida à quimioterapia aplicada gera uma forte imunossupressão aos pacientes leucêmicos, sendo que os pacientes infantis ficam ainda mais debilitados, uma vez que seu sistema imune ainda está em formação. A neutropenia complementada com a destruição de barreiras físicas são fatores muitos importantes para a ocorrência das infecções oportunistas, tendo em vista que a maioria delas provém de micro-organismos presentes em nossa microbiota (GABE et al., 2009). Estas infecções se estabelecem na depleção de linfócitos de memória T CD4. Essas células são alteradas na LLA e, por conseguinte, não conseguem fazer um recrutamento eficaz de macrófagos para levar o micro-organismo à morte (MARINELLA, 2010). As infecções pulmonares têm-se mostrado as mais incidentes nos casos de leucemias agudas, compreendendo 40% das infecções (ERDUR et al., 2008). Dentre os micro-organismos responsáveis pelas pneumonias, os fungos ocupam o segundo lugar no ranking dos mais incidentes, estando atrás somente das bactérias Gram-negativas (principalmente Escherichia coli e Pseudomonas aeruginosa) (GABE et al., 2009). Contudo, as infecções fúngicas possuem importante relevância para a morbimortalidade dos pacientes com imunossupressão e alguns dos principais agentes envolvidos são Aspergillus spp. e Candida spp. (ERDUR et al., 2008; BARANDA et al. , 2011). A infecção por Aspergillus spp. garante um número significativo de casos. Um estudo feito por PAGANO et al. (2006) mostrou uma grande incidência de aspergilose e candidíase pulmonar em pacientes com leucemia linfóide. Aspergillus spp. é um fungo que causa infecções graves em pacientes imunodeprimidos e que sobrevive na natureza. Sua transmissão se dá pelas vias aéreas podendo causar, na maioria das vezes, aspergilose broncopulmonar alérgica e aspergilose invasiva pulmonar. Entretanto, existem casos de sinusite causada por aspergilose e de comprometimento do SNC. A aspergilose broncopulmonar se dá pela destruição das vias aéreas em resposta imune ao fungo e apresenta vários episódios de obstrução brônquica, inflamação e impactação mucóide. Nos casos em que não há tratamento a doença pode evoluir para comprometimentos pulmonares irreversíveis, fibrose SILVA&GOMES Página 17 e bronquiectasias. A aspergilose invasiva pulmonar tem se mostrado muito incidente em pacientes com profunda imunossupressão. Pode se apresentar sob a forma broncoinvasiva ou angioinvasiva, sendo a segunda a mais frequente (KALIL et al., 2006; LEÃO et al., 2006; SALES, 2009; FRARE & SILVA, 2010). As infecções por Candida spp. vêm se tornando cada vez mais frequentes em pacientes imunodeprimidos. Aproximadamente 20 espécies patogênicas já foram detectadas, sendo, C. albicans, C. glabrata e C. tropicallis, as mais encontradas e estando, geralmente associadas, à alta taxa de mortalidade, mesmo quando os pacientes estão em terapia antifúngica (MACEDO et al., 2009). Além das infecções por Aspergillus spp. e Candida spp., a pneumonia por Pneumocystis jirovecii também é uma infecção fúngica muito importante em pacientes imunodeprimidos, que se não for tratada ou prevenida corretamente, pode se desenvolver em 75% dos pacientes, podendo levar à morte. (BAEZESCUDERO et al., 2004). Segundo FEIMBERG (2009), a pneumocistose foi o diagnóstico que deu início à descoberta da AIDS em 1981. Todavia, ZAHAR et al. (2002) relatam que antes da AIDS, a pneumocistose já tinha como alvos principais pacientes com leucemia, linfoma, desnutrição, deficiência de células T, pacientes terminais e também aqueles que faziam terapias com esteróides. Até os dias de hoje a pneumocistose está no topo do ranking de infecções oportunistas com risco de morte. Cabe ressaltar que em pacientes imunocompetentes apresenta-se geralmente assintomática. CARMONA et al. (2010) explicaram a citação feita por ZAHAR et al. (2002) de que a pneumocistose pode ser mais grave em pacientes que recebem quimioterapia do que em pacientes portadores do vírus HIV: na verdade, a infecção por tal fungo gera uma resposta inflamatória exagerada, o que agrava ainda mais o estado de oxigenação dos pacinetes oncológicos. SILVA&GOMES Página 18 INFECÇÃO POR Pneumocystis jirovecii Pneumocystis jirovecii, antes conhecido por Pneumocystis carinii, por muitos anos não teve sua classificação conhecida. Porém, recentemente foi classificado como um fungo, devido a sua análise de DNA, sendo incluído na família dos Aschomycetos. O primeiro a caracterizar este micro-organismo foi o pesquisador Carlos Chagas em 1909, o qual confundiu o agente com o Trypanosoma cruzi. Mais tarde, Antonio Carinii ao observar cistos em ratos com tripanossomíase enviou o material para Laveran no Institute Pasteur em Paris. Dois anos depois, Laveran observou tais cistos em ratos sem tripanossomíase e, com isso, nomeou o agente como Pneumocystis carinii, em homenagem a Antonio Carinii. A princípio, P. carinii era classificado como um protozoário, pois não possuía alguns fenótipos referentes aos fungos, não respondia a tratamento com antifúngicos e sim a medicamentos usados contra protozoários, além de sua morfologia e patologia serem bastante semelhantes as de protozoários (TOMIO & SILVA, 2005b). Entretanto, foi descoberto que o DNA de cepas de Pneumocystis que infectam humanos pertence a outra espécie. Sendo assim, em homenagem ao parasitologista Otto Jirovec, o nome deste fungo foi alterado para Pneumocystis jirovecii ― apesar de não oficialmente, devido à falta de estudos confirmatórios (TOMIO & SILVA, 2005b). Todavia, recentemente, com o avanço das pesquisas, foi descoberto que P. jirovecii é um fungo ubíquo de tropismo pulmonar que infecta somente mamíferos (VARELA AGUILAR et al., 2006). Nesse sentido, ainda existem muitas pesquisas para incluir P. jirovecii em outra classificação taxonômica, tendo em vista que sua posição filogenética ainda não foi bem estabelecida pela incerteza dos critérios de aceite para fungo ou protozoário: seu RNA ribossomal o encaixa na classificação de fungo, porém outros fatores como sua variação de antígenos de superfície, assemelham aos observados em protozoários. Tais identificações tornam o P. jirovecii um organismo órfão (WAZIR & ANSARI, 2004). SILVA&GOMES Página 19 Tais indefinições também existem quanto à dificuldade no isolamento e cultivo de P. jirovecii: sua cultura in vitro ainda não é possível, tornando ainda mais complicada a descoberta de seu genoma. Por exemplo, para se obter uma boa amostra, é preciso coletar grande quantidade de material biológico ― o qual muitas vezes se apresenta contaminado ―, pois é necessário de 2 a 5µg de DNA puro para realizar o sequenciamento gênico (CISSÉ et al., 2013). Alguns estudos descreveram que P. jirovecii possui uma espessa cápsula rica em carboidratos, como manose, glicose e β-1,3,D- glucano, o que facilita o escape de mecanismos de defesa do organismo, como a fagocitose. A presença de fitoesteróis também é notada em sua fração lipídica, sendo este comum em membranas de plantas e fungos (Figura 4) (MORALES-AGUIRRE et al., 2004). A pneumonia causada por P. jirovecii (PCP) é uma pneumonia intersticial severa. A ocupação dos trofozoítos nos espaços aéreos provoca a formação de exsudatos ricos em proteínas formando um shunt arteriovenoso intrapulmonar, espessamento da membrana alveolar e inflamação parenquimatosa. Esses processos resultam em edemas e fibrose pulmonar (TOMIO & SILVA, 2005 a). Os pacientes que desenvolvem PCP apresentam como sintomas principais dispnéia progressiva, tosse não produtiva e febre baixa. Pode ocorrer o aparecimento de pneumotórax, o qual é notado com dor pleurítica e dispneia aguda. (THOMAS & LIMPER, 2004). A transmissão do PCP se dá através das vias respiratórias. Estudos mostram que a infecção se dá na primeira infância: em crianças saudáveis, os sintomas se apresentam subclínicos e brandos. Em contrapartida, em crianças imunodeprimidas a forma grave da doença pode se desenvolver. Em relação a sua patogenia, acredita-se que ao ser infectado nos primeiros anos de vida, o individuo permanece com o micro-organismo na forma latente no pulmão até que haja uma imunossupressão grave. No entanto, outros estudos apresentam a hipótese de haver uma nova aquisição do patógeno, tendo em vista que a análise genotípica das cepas de alguns pacientes relacionou-as com o local do diagnóstico e não com o local de origem do paciente (FEIMBERG, 2009). SILVA&GOMES Página 20 Como mencionado anteriormente, a morfologia do P. jirovecii é semelhante a do reino Protozoa. Sendo assim, ele possui formas extracísticas e intracísticas. Seus cistos possuem o diâmetro de 5 – 8 µm e apresentam-se na forma oval com 4 à 8 esporozoítos nucleados. Na maioria das vezes, assumem um formato de capacete tendo em vista que tem facilidade de se colapsarem. Os trofozoítos são as formas mais vistas. Possuem um diâmetro de 2 – 5 µm e assumem formato pleomórfico com um núcleo geralmente central (FEIMBERG, 2009). MORALES–AGUIRRE et al. (2004) relataram que no ciclo de vida do P. jirovecii, os trofozoítos (forma assexuada) se replicam e os cistos (forma sexuada) se reproduzem, liberando corpos intracísticos. Seu processo se dá no pulmão, tendo em vista que os trofozoítos tem tropismo pelas células alveolares do tipo I (CUSHION et al., 2010). O ciclo da infecção causada por este micro-organismo foi descrito por THOMAS & LIMPER (2004). Segundo os autores, o trofozoíto adere firmemente às células alveolares do tipo I, estabelecendo a infecção. Estes ainda afirmam que o ciclo do Pneumocystis é bastante complexo (Figura 5). Figura 4. Diagrama da membrana celular fúngica. Fonte: DIOMEDI, 2004. SILVA&GOMES Página 21 Para se chegar ao diagnóstico de pneumocistose, uma série de exames deve ser realizada, dentre eles o lavado bronco-alveolar (LBA), a detecção por anticorpos e a reação em cadeia da polimerase (PCR). A escolha do diagnóstico a ser usado será dada pelo médico. Exames laboratoriais como o de hipoxemia são muito importantes, pois uma PaO 2 menor que 80mm Hg ocorre em 80% dos casos, sendo um ótimo marcador (FEIMBERG, 2009). A radiografia pulmonar apontando as infiltrações intersticiais iniciadas nas áreas perihilares e que se espalham para os campos pulmonares mais baixos e mais altos em formato de “borboleta” também auxilia no diagnostico. O LBA é o exame alternativo ao escarro: sua sensibilidade é de 95% a 99%. Geralmente faz-se o lavado unilateral, entretanto, sabe-se que o bilateral aumenta em 10% a confirmação do diagnóstico. A biópsia transbrônquica é um exame que pode ser adicional ao LBA, se forem realizados os dois procedimentos a sensibilidade fica próximo a 100%, porém, por seu risco de formar pneumotórax e por sua maior complexidade, tendo em vista que não pode haver esmagamento celular e deve haver coleta de no mínimo 20 alvéolos (FEIMBERG, 2009). Por fim, o método mais seguro e mais barato é o escarro induzido, utilizado em centros com mais experiência em diagnostico de P. jirovecii. A sensibilidade deste teste varia de 75% a 95%, de acordo com a coleta da amostra e da coloração. O teste é mais bem sucedido quando a amostra é coletada por nebulização ultrassônica de salina tratada com agentes mucolíticos para solubilizar os fragmentos orais antes da centrifugação. A utilização de anticorpos monoclonais e coloração fluorescente também são fatores que aumentam as chances de identificação do micro-organismo, no entanto, devido à sensibilidade do teste ter uma variação larga, em caso negativo confirma-se com outro método (FEIMBERG, 2009). SILVA&GOMES Página 22 Figura 5. Ciclo do Pneumocystis jirovecii. Figuras A, B e C: fotomicrografias de microscopia eletrônica de transmissão. A: trofozoíto firmemente aderido à parede alveolar. Durante a infecção, o número de trofozoítos é bem maior do que o de cistos (cerca de 9:1), sendo a maioria haplóide. B: os trofozoítos se agregam. C: os eventos que conduzem à formação do cisto não são claros, mas acredita-se que os trofozoítos formem cistos que contêm dois, quatro, ou oito núcleos, de acordo com seu amadurecimento (THOMAS & LIMPER, 2004). SILVA&GOMES Página 23 O tratamento de primeira escolha para pneumocistose é a combinação dos antimicrobianos sulfametoxazol/trimetoprim (SMZ/TMP). O sulfametoxazol (SMZ) pertence à classe das sulfonamidas, que são drogas bacteriostáticas que inibem a síntese de purinas e pirimidinas nas bactérias. Já o trimetoprim (TMP) é um derivado das pirimidinas que inibe a dihidrofolato redutase. Juntos, os dois antimicrobianos agem inibindo a formação do ácido dihidrofólico, componente importante na síntese de proteínas de micro-organismos (Figura 6) (TAVARES, 1996; PHILIP et al., 2003). Estudos mostram que a associação SMZ/TMP possui ação bactericida, uma vez que associados têm um efeito de sinergismo em micro-organismos sensíveis, além de possuir alta biodisponibilidade oral. Os mecanismos de ação bactericidas seriam a inibição da síntese de proteínas, além da inibição da síntese de parede celular (devido à inibição da síntese de fosfatídeos). Além de uma boa eficácia, o SMZ/TMP possui baixo custo e apresenta poucos efeitos adversos ao paciente. Todavia, a profilaxia de pacientes em quimioterapia é realizada por longos períodos de tempo, sendo seu uso condicionado a uma avaliação prévia pela equipe médica, uma vez que o mesmo pode se tornar tóxico para o paciente devido ao seu comprometimento da via do ácido fólico, muito importante para a renovação das células sanguíneas humanas (TAVARES, 1996). P. jirovecii não é sensível a muitos antifúngicos por não fazer a síntese de esteróides (MORALES-AGUIRRE et al., 2004). Segundo WAZIR & ANSARI (2004), a utilização do SMZ/TMP na terapia em pacientes HIV-positivo é feita por 21 dias, contrastando com a terapia utilizada em pacientes “não HIV”, que possui a duração de 14 a 17 dias. ZULUAGA (2012) citou que a dose recomendada para tal medicamento é de 75-100 mg/kg/dia de SMZ e 15 a 20 mg/kg/día de TMP, sendo aplicada por via intravenosa ou oral de 6-8 horas/dia. Vale ressaltar que o Formulário Terapêutico Nacional (BRASIL, 2010) especifica que as doses devem ser de 6-12 horas/dia. Entretanto, muitos pacientes são intolerantes ou alérgicos a tal associação, sendo necessário utilizar outras opções como a pentamidina, atovaquona, a dapsona e clindamicina/primaquina. SILVA&GOMES Página 24 Figura 6. Mecanismo de ação do SMZ/TMP. Fonte: LIMA et al., 2004. O uso associado de corticosteróides é feito quando o paciente apresenta saturação de oxigênio < 70 mmHg ou quando a diferença aovéolo-arterial se mostra >35mmHg. Estudos mostram que tal associação aumenta a oxigenação e reduz em 40% o risco de morte (ZULUAGA, 2012). A pentamidina é um antiprotozoário que tem seu mecanismo de ação ainda desconhecido. Em sua estrutura química observa-se um sal isetionato formado por diaminas aromáticas. Estudos mostraram sua utilização também na profillaxia ao PCP (ROSENTHAL, 2010). A pentamidina pode ser usada nas formas de aerossol e endovenosa. A pentamidina venosa é uma alternativa ao SMZ/TMP para o tratamento da pneumocistose, porém possui efeitos adversos indesejáveis como nefrotoxicidade, hipoglicemia e hipotensão postural (FEINBERG, 2009). Contudo, atualmente também tem sido empregada em aerossol. Estudos mostraram que suas partículas chegam diretamente aos pulmões, evitando o alcance sanguíneo e diminuindo os efeitos adversos (LIMA et al., 2004). SILVA&GOMES Página 25 A atovaquona é um antifúngico que atua na cadeia de transporte de elétrons. Tem como efeitos adversos: exantema, diarreia, alteração das transaminases e cefaleia. Sua desvantagem é a de não ter ação em bactérias, sendo bastante restrito em seu espectro de ação (GRAMBA et al. , 2012). O mecanismo da dapsona é semelhante ao do SMZ/ TMP: ela inibe a síntese do ácido fólico e associada ao trimetoprim ganha um efeito sinérgico, porém, há incidência de metemoglobinemia em pacientes em uso de dapsona. Tal observação também restringe seu uso (GRAMBA et al., 2012). O uso da clindamicina associada à primaquina é feito em casos de doença leve ou moderada ou em alternativa ao SMZ/TMP. A primaquina é um antimalárico e, quando associada à clindamicina (que é um inibidor de síntese proteica), possui uma boa ação contra PCP, embora não alcance a eficácia do SMZ/TMP. O mecanismo de ação da associação é desconhecido (FEIMBERG, 2009; CHAMBERS, 2010). Antimicóticos que atuam bloqueando a síntese de β-1,3, glucano, como as equinocandinas e a papulocandina, têm se mostrado eficazes na terapia contra pneumocistose. As equinocandinas, como a caspofungina, agem inibindo a β-1,3, glucano sintetase na parede celular, causando o colapso osmótico e, consequentemente, a lise celular (DIOMEDI, 2004; MORALESAGUIRRE & ANSERI, 2004). Entretanto, ainda existem muitos efeitos indesejáveis associados a todos esses medicamentos. Por isso, pesquisas para a descoberta de um medicamento para o tratamento da pneumocistose vêm sendo cada vez mais incentivadas (KAMBOJ et al., 2006). O USO DO SMZ/TMP NA PROFILAXIA CONTRA P. jirovecii Devido à alta incidência da pneumocistose em imunodeprimidos, o uso da profilaxia é necessário para diminuir o aparecimento de casos, sendo esta sugerida quando os pacientes apresentarem contagem de linfócitos T CD4 abaixo de 200/mm3 (MARINELLA, 2010). Diversas pesquisas mostram uma SILVA&GOMES Página 26 boa eficácia do SMZ/TMP para a profilaxia da pneumocistose em pacientes leucêmicos. A profilaxia utilizada em pacientes pediátricos não possui diferença da profilaxia realizada em pacientes adultos. Além de ser eficaz contra a pneumocistose, este medicamento também atua contra outras infecções frequentes em pacientes imunocomprometidos, justificando sua opção como de primeira escolha (MACHADO, 2009). Sua dose recomendada para profilaxia em crianças maiores de 1 mês é de 25mg/Kg de sulfametoxazol + 5 mg/Kg de trimetoprim a cada 12 horas, 3 vezes na semana, sendo dias alternados ou consecutivos (BRASIL, 2010). Muitos autores defendem o uso do SMZ/TMP tendo em vista sua eficácia, que alcança taxas de 89% a 100% de proteção (GREEN et al., 2007). Porém, seus efeitos adversos podem ser danosos para os pacientes, principalmente aqueles com imunossupressão. LINDEMULDER & ALBANO (2007) relataram em seu estudo com crianças leucêmicas o aparecimento de neutropenia em pacientes fazendo o uso profilático de SMZ/TMP duas vezes por semana. Esta neutropenia permaneceu por mais tempo, aproximadamente o dobro, quando comparada a outras drogas profiláticas. WORTH et al. (2005) também citaram a anemia megaloblástica, devido a deficiência de folato, insuficiência renal grave e porfiria. Segundo os autores, outros estudos relataram que a concomitância de uso deste medicamento com o metotrexato aumenta a toxicidade do último, havendo pancitopenia e reduzindo a excreção renal. Porém, THOMAS & LIMPER (2004), citaram que em um estudo com crianças administrando até 25 mg de metotrexato não houve nenhuma alteração, porém ele atenta que deve ser realizada a monitoração das funções sanguíneas e hepáticas, além de reposição de folato diária. Com isso, WORTH et al. (2005), advertem para a necessidade de uma alternativa medicamentosa para esses casos por questão de prevenção. Além de causar efeitos indesejáveis, MADDEN et al. (2006) afirmaram que é comum haver alergia ou intolerância em pacientes tratados com SMZ/TMP. GELLER et al. (2008), atribuiu a alergia à sulfonamidas à processos como: a deficiência na redução das hidroxilaminas, metabólitos reativos oxidativos, pelas reservas de glutationa; a expressão de citocinas e a oxidação das sulfas em metabólitos nitrosos. SILVA&GOMES Página 27 Tendo como base os riscos supracitados, mostra-se necessário a disposição de outra droga de escolha. As alternativas para a profilaxia com SMZ/TMP são parecidas com as alternativas para o tratamento. A pentamidina inalatória é uma opção na profilaxia com pacientes não responsivos ou com alguma incompatibilidade com o SMZ/TMP. GRAMBRA et al. (2012) recomendaram a profilaxia com 300 mg de pentamidina inalatória por mês. KIM e colaboradores (2008) acrescentaram que apesar de não possuir uma eficácia equivalente ao SMZ/TMP, a pentamidina inalatória tem avançado em seus resultados, sendo sua maior desvantagem a necessidade de uma aparelhagem especializada e de manipuladores disponíveis para a administração. Além disso, eles compararam a profilaxia realizada com atovaquona com a realizada com SMZ/TMP em crianças leucêmicas e/ou transplantadas de medula óssea. Em seus resultados, os pacientes que utilizaram a atovaquona não desenvolveram PCP. Entretanto, não foi possível a comparação devido à descontinuação do uso de SMZ/TMP, tendo em vista o grande número de pacientes com intolerância. PRASAD et al., (2008) publicaram uma pesquisa referente a alternativas de profilaxia para PCP e em seus resultados o uso do SMZ/TMP permaneceu com excelência na prevenção. Dos 143 pacientes que fizeram o uso do SMZ/TMP, apenas 5% desenvolveram PCP. Em contrapartida, a profilaxia com pentamidina intravenosa não obteve sucesso em seus resultados, tendo em vista que cerca de 15% dos pacientes que a utilizaram desenvolveram PCP. Tais números unidos a outros estudos feitos pelos autores restringem o uso da pentamidina intravenosa como agente profilático para PCP. A caspofungina é uma equinocandina e atua inibindo a síntese de β 1 -3glucano. Sua real eficácia ainda está sendo estudada. CUSHION et al. (2010) fizeram um estudo comparativo entre as equinocandinas (micafungina, caspofungina e anidulafungina). A caspofungina mostrou-se a mais eficaz no estudo e em uma terapia de associação com SMZ/TMP poderia ser mais rápida na eliminação da doença, diminuindo o índice de mortalidade. Além disso, não SILVA&GOMES Página 28 houve aparecimento de eventos adversos tóxicos para tal medicamento. Porém, KIM et al. (2013) mostraram resultados insatisfatórios em relação à caspofungina. Segundo estes autores, a taxa de sobrevivência a infecção com a profilaxia com caspofungina foi mínima, sendo a associação clindamicinaprimaquina e a pentamidina mais eficazes que esta. Já XIANG-DONG e colaboradores (2009) defenderam o uso da caspofungina como alternativa para casos severos de PCP, complementando que sua ação também é destinada a outras infecções como as causadas por Candida spp. e Aspergillus spp. Estudos apontam a grande eficácia do SMZ/TMP no combate à PCP em imunodeprimidos. RUNGOE et al. (2010) publicaram um estudo feito com 171 crianças portadoras de LLA com uma média de idade de 4 anos. Em seu estudo, eles fizeram comparações com outros autores os quais também provaram a eficácia desta profilaxia. Porém, sabe-se que tal associação é responsável por relevantes efeitos adversos em pacientes que fazem seu uso. MORI et al. (2003) analisaram as desordens eletrolíticas (hipercalemia e hipernatremia) causadas em altas doses de SMZ/TMP, sendo o efeito dosedependente e podendo levar a insuficiência renal. Além do distúrbio eletrolítico, outros efeitos são apontados na utilização do SMZ/TMP, como rash cutâneo, síndrome de Steves Johnson e efeitos gastrointestinais (GELLER et al., 2008). Por outro lado, AGRAWAL et al. (2011) publicaram um estudo feito em crianças com LLA mostrando que a diminuição da frequência da administração de SMZ/TMP para 2 vezes por semana diminuía a mielossupressão causada pelo medicamento. Além da existência das limitações ao uso do SMZ/TMP, deve ser lembrado o conceito de resistência microbiana. O uso intenso deste medicamento para a profilaxia pode selecionar micro-organismos resistentes e facilitar o desenvolvimento de infecção, onde o patógeno provavelmente não responderá ao tratamento com este medicamento de escolha (ALEXANDER et al., 2012). Apesar da dificuldade no cultivo de P. jirovecii, dados epidemiológicos de pacientes que não respondem ao SMZ/TMP e análises moleculares apontam para a existência de espécies resistentes (KIM et al., 2008). A suspeita da origem de tal resistência é baseada em experiências de SILVA&GOMES Página 29 outros patógenos tratados com sulfas. Mutações no gene dhps (proteína dihidropteroato sintetase) inviabilizam o mecanismo de ação do SMZ/TMP e dapsona. Também foi demonstrado que tal resistência não é conferida somente ao Pneumocystis, mas também a outras bactérias existentes no hospedeiro (HUANG et al., 2004). MATOS et al. (2010) afirmaram que a mutação é apresentada nos loci 55 e 57 do gene dhps. Porém, existem pacientes que conseguem obter êxito no tratamento com sulfas mesmo com a mutação presente. Isso, os leva a discutir a existência de outra mutação relacionada ao gene. Nesse sentido, CISSÉ e colaboradores (2008) discutiram a importância do sequenciamento gênico de P. jirovecii. Segundo os autores, aí está a chave para o desenvolvimento de novos medicamentos, vacinas e meios de cultura para habilitar o cultivo de tal micro-organismo. CONSIDERAÇÕES FINAIS A PCP é a principal causa de mortalidade em pacientes imunocomprometidos, possuindo alta relevância clínica em pacientes com câncer, principalmente os pediátricos, o que aumenta a necessidade da profilaxia. Além disso, com base nos dados analisados, pode-se sugerir que a associação SMZ/TMP permanece sendo a melhor escolha para a prevenção de pneumocistose intersticial na criança com LLA. Contudo, seu uso traz diversas limitações, baseadas em seus potenciais efeitos adversos e ao grande número de pacientes intolerantes e alérgicos. Todavia, medicamentos alternativos ainda não possuem eficácia equivalente ao SMZ/TMP, deixando o paciente mais exposto ao risco de infecção. Para tanto, faz-se necessário o investimento em estudos que busquem novas alternativas que apresentem eficácia maior ou semelhante para a profilaxia contra a PCP, principalmente por já terem sido observadas cepas resistentes. Finalmente, o conhecimento acerca dos aspectos biológicos e patológicos de P. jirovecii está cem anos atrasado. Além disso, o desenvolvimento de medicamentos e estudos mais aprofundados sobre os possíveis mecanismos SILVA&GOMES Página 30 de resistência são dificultados pela impossibilidade de cultivo in vitro deste patógeno. Sendo assim, seu sequenciamento gênico apresenta-se como opção mais viável para alcançar tais avanços terapêuticos. 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