Coinfecção pulmonar por Pneumocystis jirovecii e citomegalovírus em paciente com Aids: relato de caso de uma associação rara Maria Luiza Benevides1, Olga Francis Pita Chagas2, Renata Zomer de Albernaz Muniz3, Sérgio Beduschi Filho3. (1) Estudante NE S RE U AMO R de Medicina, Unisul-SC; (2) Médica Residente de Neurologia do Hospital Governador Celso Ramos– Florianópolis/SC; (3)Médico infectologista do Hospital Nereu Ramos – Florianópolis/SC INTRODUÇÃO A pneumonia por citomegalovírus (CMV) em pacientes com Aids é rara e seu diagnóstico requer achados clínicos, radiológicos e anatomopatológicos consistentes. Seu tratamento é controverso na presença de outro patógeno causador de pneumonia. OBJETIVO Descrever caso de paciente com Aids e diagnóstico de pneumonia por Pneumocystis jirovecii e CMV, que só obteve sucesso terapêutico após associação de Ganciclovir. MÉTODOS Revisão de prontuário médico e de literatura. RESULTADOS Paciente masculino, 39 anos, previamente hígido, com emagrecimento de 10Kg em 2 meses, foi diagnosticada infecção por HIV, com carga viral (CV) de 341.570 cópias/mm³ e linfócitos TCD4+ de 23 células/mm³. Foram iniciados Tenofovir, Lamivudina, Lopinavir/ Ritonavir. Dez dias após o diagnóstico, procurou serviço de pronto atendimento devido à dispneia aos pequenos esforços. Encontrava-se alerta, pouco contactuante, hemodinamicamente estável, sem alterações na ausculta pulmonar Foi transferido para Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e necessitou de ventilação mecânica invasiva. Exames de imagem mostraram infiltrado micronodular difuso (radiografia de tórax) e opacidades em vidro fosco, espessamento de septos interlobulares e linfonodomegalias mediastinais (tomografia computadorizada). Iniciouse tratamento empírico para pneumonia (Ceftriaxona e Azitromicina), pneumocistose (Sulfametoxazol/Trimetoprim) e tuberculose (Rifampicina, Isoniazida, Pirazinamida, Etambutol). Após 7 dias, sem melhora do quadro pulmonar, realizou-se biópsia pulmonar; perante resultado negativo da baciloscopia de lavado brônquico, suspendeu-se terapia para tuberculose. O resultado da biópsia pulmonar, no 11º dia de internação, evidenciou Pneumocystis jirovecii e inclusões citomegálicas. Ainda sem evolução clínica favorável, associou-se Ganciclovir ao tratamento. Em 5 dias, devido à melhora clínica, foi extubado e recebeu alta da UTI. Completou 28 dias de tratamento para Pneumocistose e 21 para CMV. Manteve profilaxia secundária com Ganciclovir em Hospital-Dia até recuperação imune, quando recebeu alta aproximadamente 9 meses após início do quadro, com CV indetectável e linfócitos TCD4+ de 106 células/mm³. FIGURA 1 Opacidades com atenuação em vidro fosco difusas e linfonodomegalias mediastinais. Os aspectos tomográficos são compatíveis com Pneumocistose. CONCLUSÕES O diagnóstico de pneumonia por CMV é controverso e usualmente requer ausência de outros patógenos, mas, neste caso, mesmo na presença e tratamento para Pneumocystis jirovecii, a recuperação clínica e imune ocorreu somente após tratamento para CMV. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. 2. ! Lourenço, S; Amaral, M; Almeida, R; Marcelino, P; Marum, S; Milheiro, MA; et al. Pneumocystis and cytomegalovirus pneumonia in HIV patients – Two clinical cases. Rev Port Pneumol. 2008 Jan-Feb;14(1):151-7. ESTADOS UNIDOS. Dhhs Panel On Antiretroviral Guidelines For Adults And Adolescents. Office Of Aids Research Advisory Council (Org.). Guidelines for the Use of Antiretroviral Agents in HIV-1-Infected Adults and Adolescents. Rockville: Dhhs, 2015. Disponível em: http:// aidsinfo.nih.gov/contentfiles/lvguidelines/AdultandAdolescentGL.pdf. Acesso em: 30 set. 2015. ! Contato - Maria Luiza Benevides: [email protected]