ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO CEARÁ ESPECIALIZAÇÃO EM VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA ANA LIGIA DA SILVA BANDEIRA INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA HANSENÍASE NO MUNICÍPIO DE CAMOCIM-CEARÁ. Fortaleza-CE 2009 ANA LIGIA DA SILVA BANDEIRA INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA HANSENÍASE NO MUNICÍPIO DE CAMOCIM-CEARÁ. Monografia a ser apresentada e avaliada pela banca examinadora, da Escola de Saúde Pública do Ceará, com o propósito de obtenção de títulação de Especialista em Vigilância Epidemiológica. Orientadora: Profa. Vilarouca da Silva Fortaleza-CE 2009 Ms. Ana Roberta DEDICATÓRIA A Deus e a minha família. “Cada dia um novo começo, uma nova chance de aprender mais sobre nós mesmos, de se importar mais com os outros, de rir mais do que ríamos, de realizar mais do que pensávamos ser possível, de ser mais do que éramos...” Autor Desconhecido AGRADECIMENTOS Ao Senhor Jesus, por iluminar os meus caminhos. Aos meus pais Moacir e Rosimar, pela valiosa contribuição dada a minha formação. Aos meus sobrinhos, Fernando e Mabel, que amo tanto. Aos meus irmãos e amigos que contribuíram de alguma forma para o meu crescimento como pessoa e profissional. Aos colegas de sala da especialização pelo tempo de convívio com tranqüilidade, onde consegui aprender muito com eles. A orientadora Ana Roberta Vilarouca da Silva pelo grande apoio nesta pesquisa. Ao corpo docente do Curso de Especialização. A Coordenadora professora Jane Cris Cunha, por sua dedicação aos seus alunos. Aos participantes da banca examinadora. RESUMO A Hanseníase, no Brasil constitui um problema de saúde pública apresentando 4,68 doentes em cada 10.000 habitantes sendo a meta da Organização Mundial da Saúde para erradicação da doença no mundo é atingir menos de um doente para cada dez mil habitantes. Considerando a relevância da hanseníase optamos por realizar este estudo a partir da nossa vivência e percepção enquanto profissional. O presente estudo objetiva investigar a ocorrência de casos de hanseníase do Município de Camocim-Ceará, através de informações do DATA-SUS. Trata-se de um estudo epidemiológico, retrospectivo, descritivo e analítico de uma série histórica no período de 2001 a 2007 no minicípio de Camocim-Ceará. Dentre os resultados consta no sistema de informação SINAN o quantitativo de 58 casos diagnosticados, destes tiveram 53 altas por cura e 02 óbitos, restando 03 casos para o fechamento. Temos a percepção de grande possibilidade do acompanhamento destes pacientes estar sendo realizado de uma forma adequada podendo ter algumas falhas, mas no momento analisamos o acompanhamento como satisfatório de acordo com o resultado de alta por cura que nos foi apresentado. É essencial a educação e saúde nas ações de controle da hanseníase buscando a participação do paciente, familiares e comunidade nas decisões que lhes digam respeito, bem como na busca ativa de casos e no diagnóstico precoce, prevenção e tratamento de incapacidades físicas, combate ao eventual estigma e manutenção do paciente no meio social. A vigilância epidemiológica municipal deve ser ativa e intensificada de forma contínua, buscando atingir a eliminação da hanseníase em benefício da comunidade. Palavras chaves: Hanseníase, Prevenção, Controle e Vigilância Epidemiológica. LISTA DE ABREVIATURAS CE- Ceará IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ID- Intradérmica MB- Multibacilar OMS- Organização Mundial de Saúde PB- Paucibacilar PQT – Poliquimioterapia PQT-MB- Poliquimioterapia Multibacilar SINAN- Sistema de Notificações de Agravos Nacional SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO......................................................................................................09 2. OBJETIVO..............................................................................................................11 3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.........................................................................12 3.1 Descrição da Hanseníase.......................................................................................13 3.1.1 Diagnóstico da doença.......................................................................................14 3.1.2 Tratamento da hanseníase..................................................................................16 3.2 Vigilância Epidemiológica da Hanseníase............................................................17 4. METODOLOGIA...................................................................................................20 4.1 Tipo de Estudo.......................................................................................................20 4.2 Local e período da realização do estudo................................................................20 4.3 População e Amostra..............................................................................................21 4.4 Coleta de dados......................................................................................................21 4.5 Análise e discussão dos dados...............................................................................22 5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS ACHADOS........................................................23 6. CONCLUSÃO.........................................................................................................30 REFERÊNCIAS..........................................................................................................31 1. INTRODUÇÃO A Hanseníase é uma doença causada pelo bacilo Mycobacterium leprae que foi descrito por Amauer Gerhard Henrik Hansen, em 1873, como a primeira bactéria patógena para o Homem. É uma doença milenar, infecto-contagiosa, crônica, podendo ter períodos de agunização, constituindo-se o que se chama reação Hansênica ou Estados Reacionais, que se não tratar a tempo pode levar as graves deformidades físicas. O bacilo é capaz de infectar grande número de pessoas (alta infectividade), mas poucos adoecem, (baixa patogenicidade) (BRASIL, 2002). A principal fonte de infecção é o doente Multibacilar (MB), pois apresentam elevada carga bacilar na derme e em mucosas e podem eliminar bacilos no meio exterior. Quando, o indivíduo entra em contato com o bacilo pode adoecer ou não, a depender: da carga bacilar adquirida, da imunidade celular, da capacidade dos macrófagos destruírem o bacilo, da subpopulação dos linfócitos T que vão atuar com suas citocinas e se o paciente tem ou não suscetibilidade à doença. O período de incubação da doença é longo, entre três e sete anos. Tendo o bacilo afinidade por pele e nervos (BRASIL, 2002). Os comunicantes têm papel fundamental na epidemiologia da hanseníase, até porque a transmissão acontece, na maioria das vezes, através de contatos diretos e freqüentes com o doente multibacilar. Portanto, é necessário trazê-los para serem examinados e fazer a profilaxia com a vacinação com o BCG (Vacina elaborada para o e que resulta numa melhora da imunidade celular) (BRASIL, 2000). A ocorrência de casos de hanseníase representa um indicador epidemiológico de grande relevância e sua análise amplia a discussão sobre problemas operacionais na rede de serviços de saúde. A hanseníase quando diagnosticada e tratada tardiamente pode trazer graves conseqüências para os portadores e seus familiares, pelas lesões que o incapacitam fisicamente. (BRASIL, 2005). De acordo com o Ministério da Saúde (2001), o quadro social da hanseníase no Brasil passou por modificações e a doença começou a ser encarada como um problema de saúde pública, por conta da alta prevalência, tornou-se necessário ser tratada em serviços gerais de saúde, sendo considerada ação de prioridade para atenção primária à saúde. A Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza a eliminação da Hanseníase, 9 reduzir a prevalência da doença a menos de um caso em cada 10.000 habitantes no mundo ( BRASIL, 2006). Ocorre de forma endêmica nos países do Terceiro Mundo, em particular na Ásia, na África e nas Américas do Sul e Central, locais onde se encontram os focos mais graves da doença no âmbito mundial (DUNCA, 2002). O Brasil ocupa o segundo lugar no mundo em números de casos de hanseníase e apresenta altos níveis endêmicos com distribuição variada nas diferentes regiões, com uma taxa de prevalência considerada alta; de 4,33 por 10.000 habitantes, só perdendo para Índia, que apresenta uma taxa de prevalência de 5,25 por 10.000 habitantes e representa o primeiro lugar no mundo (OMS, 1998). De acordo com os dados do Ministério da Saúde (2000), enquanto estados como Roraima, Mato Grosso e Maranhão apresentam taxas muito altas de prevalência (acima de 20 casos/10.000 hab.); os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul estão com taxas baixas (de menos de 1 caso/10.000 hab.) e dentro do recomendado pela OMS. O estado do Ceará possui 184 municípios sendo considerados os cinco municípios prioritários para a eliminação da hanseníase: Fortaleza, Iguatu, Juazeiro do Norte, Maracanaú e Sobral (BRASIL, 2006). Durante a nossa vivência prática como enfermeira exercendo a vigilância epidemiológica na 16ª Célula Regional de Saúde-Camocim-CE, observando algumas dificuldades para a meta de eliminação da hanseníase, partiu o interesse em desenvolver um estudo relacionado à hanseníase com o objetivo de realizar uma investigação epidemiológica sobre a hanseníase no município de Camocim- CE. 10 2. OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Realizar uma investigação epidemiológica através do sistema de informação do banco de dados do DATA-SUS em relação ao município de Camocim-Ceará sobre a Hanseníase, no período de 2001 a 2007. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Identificar os indicadores Operacionais da Hanseníase no município de Camocim-CE. 11 3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3.1 Descrição da Hanseníase A hanseníase é uma das mais antigas doenças que acomete o homem. As referências mais remotas datam de 600 a.C. e procede da Ásia, que, juntamente com a África, podem ser consideradas o berço da doença. A melhoria das condições de vida e o avanço do conhecimento científico modificaram significativamente esse quadro e, hoje, a hanseníase tem tratamento e cura (BRASIL, 2005). A hanseníase é doença de notificação compulsória em todo o território nacional, sendo objeto de atuação na saúde pública devido à sua magnitude, e potencial incapacitante e por acometer a faixa etária economicamente ativa (BRASIL, 2002). É uma doença crônica infectocontagiosa, granulamatosa, proveniente de infecção causada pelo Mycobacterium leprae. Este bacilo tem a capacidade de infectar grande número de indivíduos (alta infectividade), no entanto poucos adoecem (baixa patogenicidade), propriedades estas que não são função apenas de suas características intrínsecas, mas que dependem, sobretudo, de sua relação com o hospedeiro e grau de endemicidade do meio, entre outros. O modo de transmissão acontece por contato íntimo e prolongado com pacientes bacilíferos não tratados, sendo considerado o domicílio do portador da hanseníase como importante espaço de transmissão da doença, embora ainda existam lacunas de conhecimento quanto aos prováveis fatores de risco implicados, especialmente aqueles relacionados ao ambiente social (BRASIL, 2006). Agente etiológico Bacilo álcool-ácido resistente, Mycobacterium leprae. É um parasita intracelular obrigatório que apresenta afinidade por células cutâneas e por células dos nervos periféricos. Tendo a hanseníase, alto potencial incapacitante que está diretamente relacionado ao poder imunogênico do Mycobacterium lepra (BRASIL, 2005). Como em outras doenças infecciosas, a conversão de infecção em doença depende de interações entre fatores individuais do hospedeiro, ambientais e do próprio M. leprae. Devido ao longo período de incubação, é menos freqüente na infância. Contudo, em áreas mais endêmicas, a exposição precoce, em focos domiciliares, aumenta a incidência de casos 12 nessa faixa etária. Embora acometa ambos os sexos, observamos predominância do sexo masculino, em uma relação de dois para um. (BRASIL, 2005). O homem é reconhecido como a única fonte de infecção para o Bacilo álcool-ácido resistente, intracelular obrigatório, denominado bacilo de Hansen ou Mycobacterium leprae, embora tenham sido identificados animais naturalmente infectados – o tatu, o macaco mangabei e o chimpanzé. Os doentes multibacilares sem tratamento – hanseníase virchowiana e hanseníase dimorfa – são capazes de eliminar grande quantidade de bacilos para o meio exterior (carga bacilar de cerca de 10 milhões de bacilos presentes na mucosa nasal). Possui período de incubação de três a cinco anos, podendo ir de meses a mais de 10 anos (BRASIL, 2006). Os pacientes multibacilares podem transmitir hanseníase, antes de iniciar o tratamento específico. A primeira dose de rifampicina é capaz de eliminar as cepas viáveis do bacilo de Hansen em até 99,99% da carga bacilar de um indivíduo. (BRASIL, 2002). 3.1.1 Diagnóstico da doença O diagnóstico da hanseníase tem como base os sinais clínicos e os sintomas característicos da doença: presença de lesões ou áreas da pele, com alteração de sensibilidade e o comprometimento ou lesões dos nervos periféricos (BRASIL, 2005). O diagnóstico da hanseníase é realizado através do exame clínico e baciloscopia positiva para Mycobacterium leprae. O diagnóstico clínico da hanseníase é realizado através do exame físico do paciente para a verificação do seu estado geral para a identificação de sinais, sintomas e outras intercorrências da doença. Inclui-se no exame a avaliação dermatológica, a avaliação neurológica, o diagnóstico diferencial. Antes da iniciação do exame físico, é necessário fazer a anamnese para a obtenção das histórias clínicas e epidemiológica do paciente ( BRASIL, 2001). O exame baciloscópico, ou baciloscopia, é um exame laboratorial que fornece informações sobre a presença do bacilo Mycobacterium leprae nas lesões suspeitas. É interessante que esteja disponível e é utilizado como apoio diagnóstico e para a classificação da doença (BRASIL, 2001). Um caso de hanseníase, definido pela Organização Mundial de Saúde(OMS) é uma 13 pessoa que apresenta um ou mais dos critérios listados a seguir, com ou sem história epidemiológica e que requer tratamento quimioterápico específico: lesão ou lesões de pele com alteração de sensibilidade; espessamento de nervo(s) periférico(s), acompanhado de alteração de sensibilidade; e baciloscopia positiva para bacilo de Hansen. A baciloscopia negativa não afasta o diagnóstico de hanseníase. Os aspectos morfológicos das lesões cutâneas e classificação clínica nas quatro formas abaixo devem ser utilizados por profissionais especializados e em investigação científica. No campo, a OMS recomenda, para fins terapêuticos, a classificação operacional baseada no número de lesões cutâneas (BRASIL, 2005). O paciente com hanseníase deve ser examinado minuciosamente e orientado quanto aos auto-cuidados para evitar ferimentos, calos, queimaduras (que podem ocorrer devido à hipoestesia e/ou anestesia), e que, uma vez instalados, podem, potencialmente, levar a incapacidades. Observar que a melhor forma de prevenir incapacidades é fazer o tratamento poliquimioterápico de modo regular e completo. Ratifica-se ainda que o diagnóstico precoce do acometimento neural, com ou sem reação hansênica, e seu tratamento adequado é medida essencial na prevenção de incapacidades (BRASIL, 2002). A ocorrência de episódio reacional após a alta do paciente não significa recidiva da doença. A conduta correta é instituir apenas terapêutica antirreacional (prednisona e/ou talidomida). Todo caso de recidiva deve, após confirmação, ser notificado como recidiva e reintroduzido novo esquema terapêutico. A hanseníase não confere imunidade. Os parâmetros para diferenciar recidiva e reinfecção não estão claros na literatura (BRASIL, 2004). 14 Quadro 1. Sintetiza as formas clínicas de hanseníase, com suas principais características. . CARACTERÍSTICAS Clínica Baciloscopia Forma Clínica Áreas de hipo ou anestesia, parestesias, manchas hipocrômicas e/ou eritematohipocrômicas, com ou sem diminuição da sudorese e rarefação de pelos Negativa indeterminada (HI) Placas eritematosas, eritematohipocrômicas, bem definidas, hipo ou anestésicas, comprometi mento de nervo. Negativa Tuberculóide (HT) Positiva (bacilos e globias ou com raros bacilos) ou Negativa Dimorfa (HD) Positiva (bacilos abundantes e globias) Virchoviana (HV) Lesões pré-foveolares (eritematosas, planas com o centro claro). Lesões foveolares (eritematopigmentares, de tonalidade ferruginosa ou pardacenta). Apresenta alterações de sensibilidade. Eritema e infiltração difusas, placas eritematosas infiltradas e de bordas mal definidas, tubérculos e nódulos, madarose, lesões das mucosas, com alteração de sensibilidade. Classificação Operacional vigente para rede básica FONTE: BRASIL, 2005 Os doentes paucibacilares (indeterminados e tuberculóides) não são considerados importantes como fonte de transmissão da doença, devido à baixa carga bacilar. Os pacientes multibacilares, no entanto, constituem o grupo contagiante, assim se mantendo enquanto não se iniciar o tratamento específico (BRASIL, 2005). Susceptibilidade e imunidade Como em outras doenças infecciosas, a conversão de 15 infecção em doença depende de interações entre fatores individuais do hospedeiro, ambientais e do próprio M. leprae (BRASIL, 2005). Devido ao longo período de incubação, é menos freqüente na infância. Contudo, em áreas mais endêmicas, a exposição precoce, em focos domiciliares, aumenta a incidência de casos nessa faixa etária. Embora acometa ambos os sexos, observamos predominância do sexo masculino, em uma relação de dois para um (BRASIL, 2006). Os aspectos morfológicos das lesões cutâneas e classificação nas quatro formas clínicas podem ser utilizados nas áreas com profissionais especializados e em investigação científica. Entretanto, a ampliação da cobertura de diagnóstico e tratamento impõe a adoção da classificação operacional, baseada no número de lesões (BRASIL, 2006). 3.1.2 Tratamento da hanseníase O tratamento é ambulatorial devendo o paciente comparecer, mensalmente, à unidade de saúde para a consulta e para receber a dose supervisionada da medicação do tratamento quimioterápico. O tratamento específico da hanseníase é quimioterápico e consiste na utilização de um conjunto de medicamentos associados (drogas bactericidas e bacteriostáticas) padronizado pela OMS e recomendado pelo Ministério da Saúde através da portaria de número 1073/GM (Gabinete Ministerial) de 26 de setembro de 2000 (BRASIL, 2001). A PQT (polioquimioterapia) destrói o bacilo, tornado-o incapaz de infectar outras pessoas, rompendo assim a cadeia epidemiológica da doença (BRASIL, 2006). Para pacientes Paucibacilares o tratamento é com polioquimioterápico de 6 (seis) meses com doses mensais ou em até 9 (nove) meses de tratamento, já com pacientes Multibacilares o tratamento é de doze 12 doses mensais, em até 18 meses. Casos multibacilares que iniciam o tratamento com numerosas lesões e/ou extensas áreas de infiltração cutânea poderão apresentar uma regressão mais lenta das lesões de pele. A maioria desses doentes continuará melhorando após a conclusão do tratamento com 12 doses. É possível, no entanto, que alguns desses casos demonstrem pouca melhora e por isso poderão necessitar de 12 doses adicionais de PQT-MB (polioquimioterapia Multibacilar) (BRASIL, 2005). 16 Quadro 2. Sinopse para classificação das formas clínicas da hanseníase e tratamento recomendado Paucibacilar Multibacilar Lesão única, sem envolvimento de tronco nervoso1 600mg, 1 vez por mês, supervisionada 600mg, 1 vez por mês, supervisionada 600mg, em dose única, supervisionada 100mg/dia autoadministrada 100mg/dia auto-administrada - Clofazimina(CFZ) - 300 mg, 1 vez por mês, supervisionada + 100mg em dias alternados ou 50mg/dia autoadministrada - Minociclina (Mino) - - 100mg, em dose única supervisionada Ofloxacina (Oflô) ) - - 400mg, em dose única supervisionada Formas/Medicamento Rifampicina (RFM) Dapsona (DDS) (1) Este esquema é conhecido como ROM (Rifampicina, Ofloxocina e Minociclina) e deve ser usado exclusivamente para tratar pacientes PB com lesão única, sem envolvimento de tronco nervoso. Sua utilização deve ser restrita a Centros de Referência. Fonte: BRASIL, 2005 No tratamento na infância as medicações são as mesmas do adulto o que modifica é no que se refere às doses dos medicamentos que devem ser adequadas à idade e ao peso da criança (CÉSAR e MACHADO, 2002). No tratamento de gestantes os hansenostáticos (rifampcina, dapsona e clofazimida) têm sido usados, sem relatos conclusivos acerca de complicações para o feto e/ou a gestante (CÉSAR e MACHADO, 2002). 3.2 Vigilância Epidemiológica da Hanseníase A vigilância epidemiológica corresponde a um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou a prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual e coletiva, tendo a finalidade de recomendar e adotar medidas de prevenção e controle das doenças e agravos (BRASIL, 2001). O objetivo da vigilância epidemiológica é reduzir os coeficientes de detecção e 17 prevalência da doença, através do diagnóstico e tratamentos precoces dos casos, procurando assim interromper a cadeia de transmissão, um dos pontos essenciais é a notificação compulsória no Brasil (BRASIL, 2005). As Medidas de controle devem visar o diagnóstico precoce dos casos, através do atendimento de demanda espontânea, de busca ativa e de exame dos contatos para tratamento específico, que deve ser feito em regime eminentemente ambulatorial. Sendo interessante a integração no atendimento a estas pessoas entendendo que é necessário trabalhar a prevenção e o controle desta doença (BRASIL, 2005). A vigilância epidemiológica da hanseníase é realizada através de um conjunto de atividades que fornecem informações sobre a doença e sobre o seu comportamento epidemiológico, com o propósito de recomendar, executar e avaliar as atividades de controle da hanseníase, devendo está presente um sistema de informação efetivo e ágil (BRASIL, 2002). A hanseníase é mais comum em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento. Tem baixa letalidade e baixa mortalidade, podendo ocorrer em qualquer idade, raça ou gênero (BRASIL, 2004). É objetivo da vigilância epidemiológica da Hanseníase reduzir o coeficiente de prevalência para menos de um doente em cada 10.000 habitantes. Esta meta será alcançada, diagnosticando-se precocemente os casos, tratando-os, interrompendo, assim, a cadeia de transmissão. Com isso faz-se necessário ao controle a notificação compulsória no Brasil (BRASIL, 2006). Para a operacionalização e eficácia da vigilância epidemiológica da hanseníase na obtenção e fornecimento de informações fidedignas e atualizadas sobre a doença, seu comportamento epidemiológico e atividades de controle é necessário um sistema de informação efetivo e ágil (BRASIL, 2005). É indispensável realizar a investigação epidemiológica dos contatos de todo caso novo de hanseníase com o objetivo de romper a cadeia de transmissão da doença. Deve-se procurar identificar a fonte de contágio do doente, descobrindo novos casos de hanseníase entre os conviventes no mesmo domicílio e realizar exame dos contatos intradomiciliares. 18 Contato intradomiciliar é toda pessoa que resida ou tenha residido com o paciente nos últimos 5 anos ( BRASIL, 2005). É necessário examinar todos os contatos de casos novos; os doentes devem ser notificados como caso novo e tratados. Os contatos sãos devem receber duas doses da vacina BCG-ID. Quando houver a cicatriz por BCG-ID, considerar como 1ª dose e aplicar a 2ª dose. Quando não houver a cicatriz, aplicar a 1ª dose e a 2ª após 6 meses. Paralelamente, os contatos sãos devem ser orientados quanto aos sinais e sintomas da hanseníase (BRASIL,2005). Concluído o diagnóstico da doença, o caso deve ser notificado ao órgão de vigilância epidemiológica hierarquicamente superior, através de uma ficha de notificação/investigação do Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN) (BRASIL, 2006). No Brasil, apesar da redução na taxa de prevalência observada, de 19 para 4,52 doentes em cada 10 mil habitantes, no período de 1985 a 2003, a hanseníase ainda constitui problema de saúde pública que exige uma vigilância resolutiva (BRASIL, 2006). Desde 1985, o país vem reestruturando suas ações voltadas para este problema. Em 1999, ratificou o compromisso de eliminar a hanseníase até 2005, quando se objetiva alcançar o índice nacional de menos de um doente em cada 10 mil habitantes e, até 2010, sustentar os níveis de eliminação nos estados e conquistá-los em cada município. (BRASIL, 2005). Dentro das ações de controle e eliminação da hanseníase no Brasil a unidade básica de saúde é considerada como porta de entrada do doente e desenvolve a maioria das atividades de controle da doença. Caso haja necessidade o paciente poderá ser encaminhado para uma unidade de referência ou unidade especializada, ou para hospitais gerais dos demais níveis de complexidade do SUS (Sistema Único de Saúde), com a finalidade que este receba atenção secundária e atenção terciária. Buscando-se a integralidade da assistência ao portador de hanseníase (BRASIL, 2001). As unidades básicas de saúde devem ser organizadas e os seus profissionais devem ser capacitados para a implantação das atividades de controle da hanseníase, como também para o desenvolvimento de atividades educativas. Com isso é necessário que aconteça o planejamento da organização da unidade de saúde na busca de se ter o atendimento com boa qualidade ao paciente (BRASIL, 2002). 19 4. METODOLOGIA 4.1 Tipo de Estudo Trata-se de um estudo epidemiológico, retrospectivo, descritivo e analítico de uma série histórica no período de 2001 a 2007 no minicípio de Camocim-Ceará. De acordo com Polit e Hungler (1995), a pesquisa descritiva retrata as características dos indivíduos, situações ou grupos, e da frequência com que ocorre determinados fenômenos ou eventos, no caso em estudo abordaremos sobre o perfil epidemiológico da Hanseníase no município de Camocim- Ceará. Optamos por esse tipo de estudo para termos uma aproximação da realidade local do município em relação ao controle da hanseníase, ao visializarmos uma série histórica da hanseníase do período de 2001 a 2007 neste município. 4.2 Local e período da realização do estudo O município de Camocim-CE, fica a 379km de Fortaleza, foi uma cidade portuária e atualmente participa da economia cearense como um dos principais pólos pesqueiros do Estado. População do município é de aproximadamente 60 mil habitantes (IBGE, 2006). É um dos municípios componentes da 16ª Célula Regional de Saúde que é composta por mais quatro municípios: Barroquinha, Chaval, Granja e Martinópole. Ultimo dos municípios do litoral Oeste do Estado do Ceará. O trajeto de Fortaleza a Camocim pode ser feito pela a BR - 222 saindo de Fortaleza até chegar em Sobral. Depois segue pela CE - 085, passando pelas cidades Massapé, Senador Sá, Uruoca, Martinopole e Granja. O período do estudo foi de junho a setembro de 2009. Onde o primeiro passo foi a busca de informações sobre a prevalência da hanseníase no Brasil, Ceará e Camocim-CE. 20 4.3 População e amostra Os casos notificados de hanseníase no município de Camocim-CE no período de 2001 a 2007. 4.4 Coleta de dados Os dados foram coletados através da base de dados DATASUS. Casos notificados no município através do SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) no município de Camocim. O SINAN foi desenvolvido no início da década de 90, tendo como objetivo a coleta e processamento dos dados sobre agravos de notificação em todo o território nacional, fornecendo informações para a análise do perfil da mortalidade e contribuindo, dessa forma, para a tomada de decisões nos níveis municipal, estadual e federal (BRASIL, 2004). O SINAN teve sua aplicação iniciada em 1993, tendo sido precedida por testes-piloto realizados em Santa Catarina e Pernambuco. Somente em 1998, o uso do SINAN foi regulamentado por meio de portaria ministerial, tornando obrigatória a alimentação regular da base de dados nacional pelos Municípios, Estados e Distrito Federal (BRASIL,2004). Os dados populacionais e demográficos foram obtidos através do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Foram analisados os aspectos para o estudo: Casos Confirmados por Ano Diagnóstico segundo ano diagnóstico; faixa etária; distribuição quanto ao sexo; Forma de Entrada; forma clínica; classificação operacional e Tipo de Alta. A coleta foi através da fonte secundária da base de dados DATASUS, onde optamos por construirmos tabelas semelhantes as existentes no sistema. Nossa coleta de dados foi realizada por partes onde colocamos as variáveis no sistema e coletamos os respectivos resultados sendo estes levados diretamente para as tabelas construídas por nós. 21 4.5 Análise e Discussão dos Dados Os resultados foram apresentados e comentados no decorrer do texto, com utilização de tabelas com as discussões cabíveis. Para a análise dos dados tivemos como subsídio a pesquisa de literaturas que abordavam sobre a hanseníase como forma de enriquecermos nosso conhecimento sobre o assunto. 22 5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS ACHADOS 5.1. Casos Confirmados por Ano Diagnóstico segundo ano diagnóstico Usamos em nossa busca: UF Residência e atual Ceará, município de notificação, município de atendimento, município de residência e residência atual Camocim. Tabela 3. Notificações da Hanseníase por ano do diagnóstico. Ano 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Total 12 13 11 01 08 06 07 58 diagnóstico Total de casos Fonte: DATA SUS SINAN Na tabela apresentada foram excluídos casos não residentes no Brasil ou encerrado com erro diagnóstico. Os períodos disponíveis ou período - correspondem ao ano de notificação dos casos. De acordo com os resultados encontrados do período em estudo observamos um número maior de notificação no ano de 2002 com 13 casos e o menor número em 2004 com 1 caso ficando o questionamento, o que aconteceu para essa diminuição significativa? ocorreram nos anos anteriores uma maior assistência da atenção primária? E por que nos anos seguintes ocorreram aumento significativo? Caso tenha ocorrido um maior controle nos anos anteriores a 2004 esse controle deveria ter sido contínuo e com maior intensidade, pois não consta no sistema pesquisado casos de entrada de outro município da mesma UF, nem estado e nem outro país, considerando todos os casos do próprio município. Analisamos pelo seguinte aspecto, observamos em alguns municípios a questão relacionada a rotatividade de profissionais e isso entendemos como sendo bastante prejudicial no acompanhamento na atenção primária aos pacientes, principalmente os portadores de Hanseníase e Tuberculose, no caso em estudo discutimos a hanseníase, entendemos a notificação dos casos e acompanhamento adequado com ferramentas que não 23 podem faltar na busca ela eliminação desta doença. De acordo com Brasil, 2001 é relevante a observação no que se refere à notificação da hanseníase, pois esta doença é uma doença de notificação compulsória em todo o território nacional sendo necessário que todo caso seja notificado ao órgão de vigilância epidemiológica. Quando colocamos este item relacionado ao fechamento diagnóstico e a notificação, focalizamos esta necessidade por conta das possíveis medidas profiláticas da hanseníase (DUNCAN, 2002). A profilaxia da hanseníase deve ser feita por meio de: exames de todos os contatos de novos doentes, sendo interessante a detecção dos casos de forma precoce negativa desta forma os novos focos para a doença. 5.2. Divisão dos casos quanto ao sexo Utilizamos as variáveis: masculino, feminino e ignorado. Não encontramos a divisão dos casos nestas variáveis. Acreditamos que a divisão dos casos quanto ao sexo contribuiria com a nossa análise. Há a necessidade de informações mais completas para uma análise mais objetiva e direcionada para a realidade local. 5.3. Divisão por faixa etária Na divisão dos casos por faixa etária colocamos como relevante, pois a equipe de vigilância pode direcionar a educação em saúde para o grupo que for mais prevalente os casos de hanseníase facilitando a atividade das equipes de saúde municipal. Quando colocamos a divisão por faixa etária em nossa pesquisa acreditamos que esta informação é necessária, pois há diferença no tratamento do adulto para a criança no que se refere as doses dos medicamentos que devem ser adequadas à idade e ao peso da criança. 5.4. Forma de Entrada Realizamos a busca utilizando as seguintes variáveis: modo de entrada caso novo; transferência do mesmo município; transferência de outro município da mesma UF; 24 transferência de outro estado e transferência de outro país. Não encontramos nenhum caso registrado. Entendemos que ser de grande relevância essas informações para a nossa análise, pois temos o propósito de contribuir de alguma forma com o serviço de saúde deste município, mesmo não tendo esta informação, vemos a importância fundamental do preenchimento de todos os campos da ficha de notificação e a alimentação adequada do sistema de informação do município para o repasse de informações à regional de saúde, desta para a secretaria de saúde do estado seguindo para o nível federal, observando a importância da análise da qualidade da informação e repasse em tempo hábil. Com essa colocação torna-se relevante colocarmos em evidência a necessidade de treinamento dos profissionais da saúde no sentido de conscientizá-los a prática da notificação com qualidade para que seja feito análise posterior das notificações beneficiando a população e o serviço, pois encontraremos informações reais e precisas. A educação em saúde não pode ser esquecida nesta busca, pois dentro da nossa prática profissional colocamos em prática grupos de educação em saúde em escolas e em igrejas com a participação da comunidade para informações sobre esta doença e sensibilizar a população na busca a unidade de saúde em caso de suspeita e para o não preconceito com os pacientes. A forma de entrada dos casos de hanseníase no sistema de informação municipal é muito importante na análise relacionada as ações de hanseníase a nível municipal, onde podemos observar o quanto a vigilância epidemiológica municipal está sendo ativa ou passiva no que se refere a detecção dos casos de hanseníase. Conforme Brasil, 2001 a detecção ativa dos casos de hanseníase é feita através da busca sistemática de doentes pela equipe das unidades de saúde, nas seguintes situações: - investigação epidemiológica de um caso de hanseníase através do exame dermatoneurológico de todas as pessoas que vivem, ou tenham convivido, nos últimos cinco anos, com o doente de hanseníase; - busca de sintomáticos dermatológicos de hanseníase (pessoas com sinais e sintomas da 25 doença) através do exame dermatoneurológico de pessoas: - que procuram a unidade de saúde por outro motivo, demanda espontânea da população por outros serviços da unidade de saúde; - da comunidade, através do programa de saúde da família, do programa de agentes comunitários de saúde ou outros existentes; - da coletividade em áreas de alta prevalência da doença (mais de cinco doentes em 10.000 habitantes); - de grupos específicos (prisões, quartéis, escolas etc.) na ocorrência de casos de hanseníase. 5.5 Classificação Operacional Utilizamos a classificação Paucibacilar e multibacilar nenhum registro conforme a classificação. A análise da classificação operacional é relevante ao considerarmos a carga bacilar e a duração do tratamento, pois sendo a doença classificada como multibacilar o tratamento recomendado pela OMS é de 12 meses de duração e assim observamos um maior potencial de desistência do tratamento se este paciente não tiver um acompanhamento de qualidade como é preconizado nos protocolos do Ministério da Saúde do Brasil. Assim lamentamos não encontrarmos informações sobre a divisão quantitativa da classificação operacional. 5.6 Forma Clínica Utilizamos os caracteres de acordo com a forma clínica: Ignorada; Indeterminada; Tuberculóide; Vichoviana; Dimorfa e Não classificada: Nenhum registro encontrado. Dentro da nossa vivência como enfermeira assistencial, colocamos em prática a ação da vigilância epidemiológica observamos em vários casos a presença da subnotificação das doenças. Ou mesmo a notificação incompleta dificultando o encontro de informações necessárias para uma análise do perfil de adoecimento da população analisada. 26 A notificação das doenças de forma organizada e completa gera grandes benefícios para a população, pois serve como fonte de pesquisa e estudos voltados para a realidade local, onde se pode adequar as intervenções para a eliminação ou diminuição dos agravos ou doenças que atingem determinada população (BRASIL, 2002). 5.7. Tipo de Alta Tabela 4 : Tipos de altas por ano. Tipo de alta 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Total Alta por cura 11 13 11 01 07 05 05 53 Alta por 0 0 0 0 0 0 0 0 Alta por erro 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Alta por óbito 1 0 0 0 1 0 0 2 Transferência 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 abandono diagnóstico Alta por transferência não especificada para outro país Transferência para outro estado Fonte: DATA SUS - SINAN Consta no sistema a informação de 53 altas por cura e 02 óbitos, fazendo a análise do tipo de alta, observamos bom resultado ao considerarmos o total de alta por cura e as várias dificuldades para o tratamento deste tipo de clientela. Ao considerarmos vários fatores de desistência do tratamento dentre eles a duração do tratamento e o estigma social. 27 Em relação a alta por abandono não foi registrado no período nenhum caso de acordo com esta informação entendemos como sendo muito satisfatório para esse tipo de tratamento, pois o tratamento pode ser considerado por muitos pacientes longo e neste sentido pode ser potencializado o abandono de tratamento. Enquanto a questão relacionada com o diagnóstico, não há no período estudado alta por erro diagnóstico consideramos outro ponto positivo para o paciente e equipe, pois gera uma maior confiança pela qualidade do serviço, evitando transtornos para o paciente e equipe de saúde. Em relação às altas por transferências não ocorreram nenhum registro sendo considerado o fechamento dos casos em estudos todos encerrados pelo acompanhamento do serviço de saúde de Camocim por cura 53 e sendo registrado 02 óbitos: 01 no ano de 2001 e 01 no ano de 2005. No fechamento da alta por óbitos não temos a informação se o óbito foi por conta da hanseníase. Consta no sistema de informação SINAN o quantitativo de 58 casos diagnosticados e 55 casos, sendo 53 altas por cura e 02 óbitos, restando 03 casos para o fechamento. Temos a percepção de grande possibilidade do acompanhamento destes pacientes estar sendo realizado de uma forma adequada podendo ter algumas falhas, mas no momento analizamos o acompanhamento como satisfatório de acordo com o resultado de alta por cura que nos foi apresentado. Observamos isso como positivo, o município conseguiu no período em estudo realizar um bom acompanhamento, esperamos que seja de qualidade e que siga de forma contínua em benefício dos pacientes, profissionais de saúde e população. De acordo com Brasil, 2001 a alta por cura é dada após a administração do número de doses preconizadas pelo esquema terapêutico indicado. Sendo fundamental que medicamentos com qualidade estejam disponíveis em todas as unidades de saúde; que seja utilizado o esquema adequado ao caso; que haja administração correta e regularidade do tratamento durante todo o período previsto. Conforme Dunca, 2004 os critérios de alta por cura são: para hanseníases 28 paucibacilares, pós seis doses de polioquimioterapia com supervisões em até 9 meses e para hanseníases multibacilares, após 24 doses de polioquimioterapia supervisionada em até 36 meses ou 12 doses em até 18 meses nos esquemas de curta duração; pacientes que incorreram em quatro faltas consecutivas deverão reiniciar o tratamento. Quando se tem a alta por cura observamos na nossa prática profissional que deve ser repassado aos pacientes a importância de se finalizar o tratamento polioquimioterápico de forma organizada, é essencial que a equipe de saúde demonstre interesse pelo o tratamento do pacientes e os coloquem como sujeitos ativos do processo. 29 6. CONCLUSÃO Diante dos resultados colocamos como necessário a eliminação e controle da hanseníase a prática de uma vigilância epidemiológica ativa e de qualidade, treinamento dos profissionais da saúde em todos os níveis de atenção e apoio da população. Deve ser otimizada cada vez mais atividades de prevenção e controle dessa doença. A educação em saúde nas ações de controle da hanseníase buscando a participação do paciente, familiares e comunidade nas decisões que lhes digam respeito, bem como na busca ativa de casos e no diagnóstico precoce, prevenção e tratamento de incapacidades físicas, combate ao eventual estigma e manutenção do paciente no meio social. Sendo importante que a comunidade tenha participação ativa no processo de eliminação da hanseníase. O município tem que priorizar a busca por informações precisas para que seja alimentado o sistema de informação que é um componente fundamental da vigilância epidemiológica, subsidiando-a na tomada de decisão de planejamento das atividades de controle da doença, bem como na sua execução: informação resultando em decisão direcionando para a ação. Seria ideal cada unidade de saúde de atenção primária manter um arquivo organizado com a definição do fluxo das informações, atribuição de responsabilidades, prazos e periodicidade para o repasse de informações. As informações geradas são úteis para o diagnóstico e análise da situação de saúde da população e para o processo de planejamento (identificação de prioridades, programação de atividades, alocação de recursos, avaliação das ações). Portanto, é necessário que todos os profissionais de saúde, bem como a comunidade, tenham acesso a essas informações. Encontramos dificuldade de acesso a algumas informações no sistema do DATA SUS acreditamos que seja indispensável a consciência dos profissionais envolvidos na vigilância epidemiológica para termos informações, as quais julgamos ser primordial para as pesquisas e conhecimento mais próximo da realidade. 30 REFERÊNCIAS ANDRADE, V. et al. Uma nova perspectiva para acelerar a eliminação da hanseníase no Brasil a integração na atenção básica. Bol.Pneum. Sanit., v. 8, n. 2, 2000. ARAÚJO, M.G. Hanseníase no Brasil. Rev. Soc. Bras Med Trop. 2003. BRASIL. Doenças Infecciosas e Parasitárias: Guia de Bolso, Volume 1, 3ª edição, p 193 Ministério da Saúde Brasília/DF - junho 2004. ______. Ministério da Saúde. Guia para implantar/ implementar as atividades de controle da hanseníase nos planos estaduais e municipais de saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 1999. ______. Ministério da Saúde. Epidemiologia e Serviços de Saúde. Revista do Sistema Único de Saúde. vol. 13.n. 3. Jul-set, 2004. ______. 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