Quinta-feira 25 de fevereiro de 2016 Jornal do Comércio - Porto Alegre Política 17 Editora: Paula Coutinho [email protected] Visão pessimista do País é exagerada, avalia Temer O vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), afirmou, na manhã de ontem, que há uma visão demasiado pessimista sobre a situação do Brasil, argumentando que o País tem muitas oportunidades, “não parou e vai continuar”. A declaração foi dada durante evento promovido pela revista Carta Capital em São Paulo. Em nenhum momento ele mencionou a decisão da Moody’s, que, na manhã de ontem, rebaixou o rating do Brasil em dois graus. “Eu tenho recebido investidores estrangeiros interessados em investir no Brasil. E o empresário investe em função do futuro, se (a perspectiva) não for saudável, ninguém fará investimentos”, comentou. Ele lembrou o programa de concessões em logística e disse que esses projetos também ajudam na geração de empregos. “Na área de portos, cada milhão de tonelada processada no porto representa 300 novos empregos. Em 2015 houve 1 bilhão de toneladas processadas, então imagine quanto se mantém de emprego e quanto se pode desenvolver mais ainda nos próximos tempos”, disse. O vice-presidente ressaltou que o governo só consegue avançar se houver cooperação com VALTER CAMPANATO/ABR/JC Vice não mencionou a Moody’s que rebaixou o rating do Brasil Ofensiva contra a dívida Michel Temer faz avaliação da atual situação política e econômica a iniciativa privada. “Neste momento estamos em fase passageira de eliminação de empregos, mas a infraestrutura tem por objetivo a recuperação do emprego”, afirmou Temer. “Estamos precisando de certa injeção de otimismo”, acrescentou. O vice-presidente comentou que estabeleceu-se uma tese muito acentuada de que o Brasil está em crise, mas disse que essa palavra é usada de forma indiscriminada. “Ela tem gradações, pode ser uma crise administrativa, que se resolve com mudança de ministros, por exemplo. Pode ser política, que significa inexistência de apoio ao governo, que se resolve pelo diálogo com o Congresso. E pode ser econômica, que é um pouco mais dramática, e é resolvida pela integração do setor produtivo com o governo.” Segundo ele, o Brasil passa por um momento de “ajustamento, reprogramação da economia”. Temer lembrou que no Brasil a ideia de lucro ainda é ligada ao pecado, e é preciso eliminar esse preconceito. O vice-presidente lembrou que o povo agora deseja uma democracia da eficiência e minimizou os recentes protestos populares contra o governo. “Isso é da democracia.” Desempenho de Dilma melhora, avalia pesquisa CNT Pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT), divulgada ontem, mostra que a avaliação positiva do governo Dilma Rousseff (PT) subiu de 8,8% para 11,4%, enquanto a avaliação negativa do governo da petista caiu de 70%, em outubro de 2015, para 62,4% agora. O desempenho pessoal de Dilma também melhorou e subiu de 15,9% para 21,8%. Já a reprovação caiu de 80,7% para 73,9%. A margem de erro é 2,2 pontos percentuais. Os 2.002 entrevistados foram ouvidos entre os dias de 18 a 21 de fevereiro sobre o afastamento de Dilma e 55,6% se posicionaram a favor do impeachment. Esse percentual caiu em relação à última pesquisa. Em julho de 2015, 62,8% defendiam sua saída do governo. Do total dos entrevistados, 67,8% consideram Dilma culpada pela corrupção. RENAN AIRES /DIVULGAÇÃO/JC GOVERNO FEDERAL Antes, esse índice era de 69,2%. Para 70,3% dos entrevistados, Lula (PT) é culpado pela corrupção. Antes, 68,4% tinham essa posição. A pesquisa também tratou das intenções de voto para presidente da República, se as eleições fossem hoje. O senador Aécio Neves (PSDB) aparece em primeiro com 10,7%. O tucano, em outubro, liderava com 13,7%. Lula aparece em segundo com 8,3%, contra 7,9% que detinha em outubro. Marina Silva (Rede) aparece em terceiro lugar com 3,9%. Ela detinha 4,7% em outubro. A supresa nessa aferição foi o crescimento do deputado federal Jair Bolsonaro (PP), que subiu de 0,9% para 3,2%. Num cenário de voto estimulado, Aécio lidera com 24,6%; seguido de Lula, com 19,1%; Marina Silva, 14,7%; Jair Bolsonaro, 6,1%; e Ciro Gomes (PDT), com 5,8%. Lula vence na pesquisa estimulada num cenário que Aécio está ausente. Ele supera o governador Geraldo Alckmin e o senador José Serra, ambos do PSDB. Foram feitas seis simulações de segundo turno e Aécio vence todas que disputa. Ele supera Lula: 40,6% contra 27,5% do petista. Essa diferença já foi maior. Aécio supera o ex-governador Ciro Gomes: 43,1% a 16,7%; e vence também Marina Silva: 38,4% a 26,6%. A maioria dos entrevistados, 64% deles, está pessimista quanto à velocidade da recuperação da economia. Eles acreditam que o País só irá melhorar a longo prazo. Para os consultados, a crise econômica supera a crise política: 52% entendem que os problemas da economia são os principais no momento e 44,1% entendem ser as questões políticas que têm mais peso. O governador José Ivo Sartori (PMDB) veio a Brasília nesta semana para conversar com o ministro dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues, e aproveitou para encontrar a bancada gaúcha no Senado e conversar um pouco sobre a dívida do Estado. Sartori, que pretendia resolver o problema apenas dentro do Ministério da Fazenda, mudou de ideia e entrou na Justiça para que a dívida seja cobrada por juros simples, e não capitalizados, o famoso juro sobre juro. Ele também pretende articular a bancada gaúcha numa ofensiva para aprovar o Projeto de Lei nº 561/15, apresentado pelos três senadores gaúchos, Ana Amélia (PP), Lasier Martins (PDT) e Paulo Paim (PT). A iniciativa prevê que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), passa a ser o único encargo financeiro incidente sobre os valores emprestados, financiados ou refinanciados pelo governo federal às unidades da federação. Além disso, proíbe a utilização de qualquer outra taxa ou a cobrança de juros sobre os valores devidos. Os três senadores já começaram a fazer o corpo a corpo para votar a proposta, que, nas projeções mais otimistas, poderá até quitar a dívida do Rio Grande do Sul. O Planalto deu apoio tímido à proposta, mas o medo é que a equipe econômica do governo mude de ideia e fique contrária ao texto. Crise na segurança Um discurso do deputado federal Dionilso Marcon (PT) sobre a crise na segurança pública gaúcha virou uma briga entre o PT e o PMDB quando o deputado federal Mauro Pereira (PMDB) respondeu. Marcon afirmou que o contingente de 15 mil pessoas da Brigada Militar está longe de ser suficiente, já que teria 20 mil brigadianos a menos. “Os trabalhadores da segurança pública, hoje, sejam da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), ligada aos presídios, sejam da Polícia Civil, sejam da Brigada Militar, sofrem um descaso total. Eles não têm viaturas para o trabalho, pois não têm combustível. E mais: como o contingente de pessoas é pequeno, não pagam hora extra. E, ainda, o governador José Ivo Sartori fala em parcelar salários, não dar aumento e não fazer concurso público”, afirmou o deputado, que culpou Sartori pelo aumento de até 40% na violência entre 2014 e 2015.