Conceito e âmbito da epidemiologia - Epidemiologia

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CONCEITUAÇÃO E ÂMBITO DA EPIDEMIOLOGIA
Prof. Francisco Baptista
A Epidemiologia (Gr. Epi = sobre, Demos = povo e Logos = estudo) pode ser
definida como o ramo do conhecimento científico que se ocupa dos eventos
saúde - doença nas populações e das medidas de defesa e promoção da saúde
coletiva.
A Epidemiologia é base da defesa da saúde populacional porque descreve e
analisa os agravos à saúde nas populações e avalia as medidas corretivas
(curativas ou profiláticas) a serem aplicadas.
A Epidemiologia contribui para a avaliação da qualidade de vida das populações,
da produtividade dos rebanhos (epidemiologia veterinária) e do custo social das
doenças, permitindo a definição e aplicação prioritária de ações de defesa da
saúde, em meio a um cenário de necessidades ilimitadas e recursos sempre
escassos.
No estudo das doenças, a abordagem epidemiológica compreende a quantificação
da doença em populações e em agrupamentos constituídos segundo
características como idade, sexo, modo de vida, local de residência, entre outras.
A classificação das populações segundo determinadas características permite a
identificação de grupos de risco para a doença. Nestes, a frequência do agravo
deve ser significativamente maior, embora não se exclua a possibilidade da sua
ocorrência em grupos sem a característica considerada.
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Definindo-se saúde como um estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo
animal e forças endógenas ou exógenas capazes de romper esse equilíbrio e
provocar doença, compreende-se que a Epidemiologia se deve ocupar também
dessas forças, sejam elas físicas, químicas, biológicas ou sociais. Assim, esta
disciplina, para além de se ocupar das doenças, também se refere aos
determinantes, fazendo o mapeamento espacial (geográfico) e temporal de
ambos, medindo a sua magnitude e definindo as medidas de controle ou
erradicação dos agravos à saúde nas populações.
O conhecimento gerado pela Epidemiologia é fundamental para a descrição de
como as doenças se originam, progridem e mantêm nas populações, o que se
constitui na história natural das mesmas. Esse conhecimento permite antever o
desfecho (prognóstico) e, consequentemente, a aplicação de medidas que ao
modificarem a história natural das doenças podem defender a saúde individual ou
populacional.
Do acima exposto pode-se definir Epidemiologia como o ramo do
conhecimento científico que se ocupa da distribuição e frequência das
doenças e dos seus determinantes nas populações e das medidas de defesa,
recuperação e promoção da saúde coletiva. São determinantes de doença os
fatores, inerentes aos hospedeiros, aos agentes ou ao meio, capazes de afetar a
saúde e provocarem doença ou morte.
Enquanto que na clínica o principal objetivo é a recuperação da saúde dos
pacientes (enfermos) e a sua ação termina quando o desfecho é a cura ou a
morte, na Epidemiologia interessam tanto os doentes quanto os saudáveis,
incapacitados ou mortos.
A compreensão do fenômeno epidemiológico passa, necessariamente, pelo
conhecimento de cada elemento que dele pode participar e das relações que
esses elementos mantêm ou podem manter entre si. Dessa forma, a
Epidemiologia assenta no conhecimento dos hospedeiros, das causas de
doença e do ambiente endógeno ou exógeno, o qual modela e influencia a
ocorrência, progressão e desfecho dos processos mórbidos. Assim, A
epidemiologia é capaz não só de descrever e analisar a doença, mas também
avaliar e propor medidas de restabelecimento e promoção da saúde
populacional. Para tanto, a Epidemiologia recorre ao marco teórico de outras
disciplinas científicas como a Citologia, Fisiologia, Microbiologia, Ecologia,
Patologia, Parasitologia, Demografia, Estatística, entre outras. O avanço do
conhecimento, em qualquer uma das áreas com as quais se relaciona, permite à
Epidemiologia a formulação e reformulação da abordagem dos eventos saúde doença nas populações e, consequentemente, o enriquecimento do seu próprio
acervo.
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Diferentes denominações, como epidemiologia clínica, epidemiologia genética,
epidemiologia molecular, podem ser encontradas na literatura, representando
apenas enfoques distintos dentro de uma mesma ciência, a Epidemiologia. Esta,
como todas as outras ciências, para estudar os eventos saúde-doença nas
populações, identifica problemas, adianta soluções para eles (formulação de
hipóteses), testa essas soluções (hipóteses) e, em função dos resultados e com
certo grau de confiança, aceita ou rejeita essas soluções.
Bibliografia
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