Jornal do Commercio - PE 07/04/2011 - 08:53 Tratamento em massa para reduzir tracoma Pobreza, má qualidade de vida e omissão. Tais ingredientes produzem doenças que já deveriam ter sumido. Hoje, Dia Mundial da Saúde, e nas três quintas-feiras deste mês, mostraremos como a negligência de décadas afeta pernambucanos. Esquistossomose, tuberculose, hanseníase e outras negligenciadas serão retratadas nessa página. Veronica Almeida Pernambuco vai adotar tratamento em massa contra tracoma em regiões muito expostas ao problema. O mal leva à cegueira e afeta principalmente crianças em idade escolar. Apesar disso, não tem a visibilidade que merece. Você já ouviu falar na doença? Ao menos sabe o que é? Se não lembra das aulas primárias de ciência, não se preocupe. Tem muito profissional de saúde que não sabe sequer da ocorrência dela no Estado. Embora seja real, não está à mostra na rotina de postos de saúde e centros de oftalmologia. Tracoma é doença ocular, que leva à cegueira. Manifesta-se na forma de infecções repetidas (conjuntivites) pela bactéria Clamídia tracomatis. O último estudo feito pela Secretaria Estadual de Saúde, em 2005, mostrou que há cidades pernambucanas com incidência muito alta. Pesqueira, no Agreste, teve 17% dos escolares examinados com diagnóstico positivo para a doença. Em Moreno, na Região Metropolitana, essa proporção chegou a 8% na época e, no ano passado, levantamento feito pela prefeitura detectou, entre 790 estudantes, 23 doentes. O Estado quer repetir o estudo nas áreas mais vulneráveis e tratar a população em massa nos territórios onde a doença predomina e tem mais chances de se perpetuar. “É muito importante essa ajuda. Deveria existir apoio financeiro de forma regular”, avalia a secretária de Saúde de Moreno, a enfermeira Rufina Coelho. Segundo ela, a busca de casos nas escolas ocorre anualmente e as crianças são tratadas porque o Estado fornece o antibiótico. “Cerca de 80% da nossa população é coberta pelo Programa Saúde da Família, queremos expandir o programa, mas não temos recursos. O ministério repassa R$ 6.400 por equipe do PSF enquanto a prefeitura paga, a cada médico, nada menos que R$ 7 mil”, afirma a secretária. ÁGUA Além da pouca receita, a cidade com quase 60 mil habitantes tem a favor do tracoma casas sem água encanada em vários aglomerados. No Alto do Catito, tomar banho diário não faz parte da rotina. “Só quando dá. As roupas eu lavo no rio”, conta Elizama Silva, mãe de sete filhos de 3 a 13 anos. O abastecimento é feito por carro-pipa, mas a água armazenada nos depósitos domésticos acaba rapidamente. “Meu Deus, quando essa água da Compesa vai chegar?”, indaga Irani Santos, vizinha de Elizama. A agente de saúde Sandra Melo, que atua na comunidade, confirma que são frequentes os casos de diarreia em crianças, fruto do pouco acesso à água tratada. “No ano passado meu filho e muita gente aqui do bairro teve conjuntivite”, acrescenta Fabiano Lima, ajudante de pedreiro. O mesmo drama vivem as famílias do Córrego do Penoso. Lá, água de cacimba serve para tudo. “Faltam também estrada e posto de saúde”, diz a líder comunitária Edileuza Maria de França. Jornal do Commercio - PE 07/04/2011 - 08:53 Mobilização envolverá vários setores O secretário de Vigilância em Saúde do Estado, Eronildo Felisberto, explica que a ação contra o tracoma integra um plano discutido com a Organização Pan-Americana de Saúde, que está dando assessoria técnica ao Estado. “No dia 5 de maio faremos um fórum, para mobilizar as Secretarias Municipais de Saúde e outros setores do Estado. A partir daí o processo será deflagrado para tracoma e demais doenças negligenciadas”, adianta o secretário. Segundo ele, além desse estudo e ação pontual, o Estado pretende montar um programa que se repita na rotina, por outros anos. Em Barbalha, interior do Ceará, projeto de pesquisa mostrou que o tratamento das crianças com tracoma e de seus familiares ajuda a reduzir a propagação da doença. “A proporção de escolares com o problema baixou de 10% para 2% oito semanas depois que os doentes receberam dose única, oral, do antibiótico azitromicina”, relata a oftalmologista Clarice Callou, que desenvolveu o trabalho durante residência médica na Fundação Altino Ventura, conveniada ao SUS em Pernambuco. Clarice é natural de Barbalha e resolveu estudar tracoma por saber que a doença era endêmica na cidade. Foi o avô dela, no século passado, que fundou o primeiro Posto de Tracoma naquele município. As ações eram federais. Com a criação do SUS e a descentralização, a doença ficou sem acompanhamento, até que na década passada, o Ministério da Saúde criou programa específico. O estudo feito por Clarice, premiado no Congresso Brasileiro de Oftalmologia em 2010, foi executado em 2007. Mais de 300 estudantes de 6 a 16 anos se submeteram ao exame. Os familiares dos doentes também foram tratados. Jornal do Commercio - PE 07/04/2011 - 08:53 Mais Saúde Fique por dentro do debate Hoje, Dia Mundial da Saúde, estreamos novo formato para dar a você, leitor, maior oportunidade de conhecer o SUS e expor suas críticas, dúvidas e sugestões. O perfil da coluna não muda, pois estaremos sempre informando sobre atualização profissional, novas leis, iniciativas de controle social e discutindo política de saúde. Estamos, no entanto, oferecendo mais fontes de atualização e garantindo um espaço onde o leitor possa perguntar diretamente a alguma autoridade do SUS. Na versão online, você tem acesso a outras informações e pode comentar, ampliando o debate. Aproveite a data de hoje para refletir sobre doenças negligenciadas. É vergonhoso termos tuberculose, hanseníase, Chagas, esquistossomose e tracoma, doença que que se dissemina por falta de higiene. Problemas não só da saúde, mas da pobreza, da exclusão, da educação, da moradia e do saneamento. Quem responde JC – Por que o Estado está preocupado com doenças negligenciadas? ERONILDO FELISBERTO – Elas são decorrentes de uma dívida social. Na última década o nível de desenvolvimento melhorou no Brasil, mas o reflexo ainda é lento na vida das pessoas. JC – Quem financiará as ações? ERONILDO FELISBERTO – A Opas dá suporte técnico, vamos usar recursos próprios e captar do Ministério da Saúde. Jornal do Commercio - PE 14/04/2011 - 07:19 Migrações favorecem mais esquistossomose Mobilidade da população e a falta de saneamento são fortes aliadas da doença que no passado foi chamada barriga dágua Veronica Almeida Os doentes diminuíram, mas Pernambuco é o Estado do País com mais mortes anuais em razão da enfermidade. São mais de 150 por ano. A série continua na próxima semana, falando de hanseníase. A vigilância no Sertão de Pernambuco para a esquistossomose aumentou em razão das obras de transposição do Rio São Francisco, que têm atraído à região trabalhadores de áreas endêmicas da doença, como a Zona da Mata. A história mostra que a disseminação da enfermidade no Estado acompanha a mobilidade das pessoas. Infectadas, elas passam a morar em áreas sem saneamento e com o caramujo transmissor, abrindo caminho para que outros tenham contato com a doença. Exames de fezes realizados em grupos da população, no ano passado, encontraram mais de nove mil infectados pelo Schistosoma mansoni, conforme a Secretaria Estadual de Saúde. Em Alagoas foram mais de dez mil casos e, em, Minas Gerais, 17.161, conforme o Ministério da Saúde. A coordenadora do programa de controle da esquistossomose no Estado, Bárbara Silva, explica que são 99 municípios endêmicos em Pernambuco, onde 25% ou mais das pessoas examinadas têm o parasita no corpo. A doença não está disseminada em todo o território dessas cidades, mas em localidades rurais”, esclarece. Os endêmicos, onde há transmissão permanente da doença, estão no litoral, na Zona da Mata e no Agreste. Há ainda outras dez cidades onde há presença do caramujo e menos de 25% da população examinada está infectada. E áreas vulneráveis, como municípios do Sertão e Fernando de Noronha. Já detectamos a presença do caramujo no ambiente, mas como não há água nessa região de seca, ainda não verificamos a transmissão às pessoas, diz Bárbara Silva. Têm ocorrido surtos agudos da doença em praias do Grande Recife. Foi assim em Ipojuca na década passada e, no ano passado, em Pau Amarelo, em Paulista, Litoral Norte da RMR. A médica Ana Lúcia Coutinho, gastroenterologista do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco acompanha há 40 anos a doença, tratando pessoas e desenvolvendo pesquisas. Herdou a missão do pai, Amaury Coutinho. Os casos diminuíram, mas a doença se espalha porque há muitos alagados e rios no Estado, avalia. Embora numa proporção menor que no passado, Ana Lúcia continua recebendo doentes em estágio avançado das complicações. Há semanas que são três casos. Talvez isso explica o grande número de mortes: foram 153 em 2009. Maria Dias Victor, 62 anos, nascida em Nazaré da Mata, Zona da Mata, viveu na sua cidade até os 20 anos, tomando banho no Rio Tracunhaém. Descobriu só em 1993 que tinha pego o verme, quando já sofria de problemas sérios. Tem varizes no esôfago e sofreu hemorragia digestiva. O pedreiro Edivaldo Pereira, 42, morador do Cabo de Santo Agostinho, passou dez anos sofrendo até descobrir, em 2001, quando operou o baço, que tinha esquistossomose. Sinto dor, perdi peso, tenho problema no pulmão e ainda não consegui me aposentar. Jornal do Commercio - PE 14/04/2011 - 07:20 Escolares serão alvo de tratamento Ao dirigir a atenção às crianças e adolescentes de 7 a 14 anos, a Secretaria de Saúde (SES) quer quebrar o ciclo da doença Da Redação Com apoio da Organização Pan-Americana de Saúde, o Estado planeja um levantamento em escolares e tratamento dirigido a essa faixa da população nas áreas mais críticas de transmissão da doença. Todos os municípios são importantes. Entretanto, vamos eleger prioritários, explica Bárbara Silva. Ao dirigir a atenção às crianças e adolescentes de 7 a 14 anos, a Secretaria de Saúde (SES) quer quebrar o ciclo da doença. Na rotina, explica a coordenadora das ações de controle da esquistossomose no Estado, é dever dos municípios disponibilizarem exames de fezes para a população. Quem mora em área de risco deve procurar o posto de saúde para fazer o exame. O tratamento é fornecido pelo SUS, informa. Ao contrário do passado, quando o tratamento era fornecido pelos guardas da antiga Sucam (hoje Fundação Nacional de Saúde) nos domicílios em que exames de moradores davam resultado positivo, cabe aos médicos dos postos municipais de saúde definirem a dose que o infectado deve tomar. Após quatro meses, o paciente tem que fazer novo exame e, muitas vezes, ele não volta ao serviço ou quando volta não encontra mais o médico, que já se transferiu ou pediu demissão. O plano especial do Estado em parceria com a Opas deve combater as outras verminoses. Prefeituras também estão fazendo ações similares. Muito comuns no mundo, são atreladas à falta de saneamento e higiene. Causam cólicas, vômitos, anemia, perda de peso, apendicite aguda, fraqueza e cansaço. Segundo a SES, no ano passado, foram registrados 12.342 casos da doença, sendo 7.783 de ascaridíase, 699 de ancilostomíase e 3.860 de trichuríase. Jornal do Commercio - PE 21/04/2011 - 08:07 Tarefa escolar ajuda a controlar hanseníase Recife é uma das cidades brasileiras hiperendêmicas em hanseníase, devido ao grande número de casos. Mesmo assim, há subnotificação, o que esconde a real situação Veronica Almeida A tarefa de casa passada pela professora está ajudando a Secretaria de Saúde do Recife a descobrir hanseníase em crianças e adultos. Trata-se de uma fichinha onde o aluno de 7 a 14 anos marca no desenho de um corpo humano a localização de manchas que tem na sua pele. Ao lado, ele assinala se há coceira, falta de sensibilidade ou dor e se alguém da família já teve a doença. Depois de preenchida, a ficha é recolhida na sala de aula e encaminhada à equipe do programa de hanseníase, que seleciona os casos suspeitos para um exame médico na escola. Essa estratégia passou a ser adotada este ano, como parte de uma plano de combate às doenças negligenciadas que tem apoio da Organização Pan Americana de Saúde (Opas). Nas primeiras escolas, pouco mais de 60% das fichas estão sendo respondidas pelos alunos, comemora Milde Cavalcanti, coordenadora da política de controle de hanseníase. Ela e Deyse Maria Silva, epidemiologista e gerente de grandes endemias da Secretaria Municipal de Saúde, esperam a partir das respostas e do diagnóstico nas crianças, chegar até os adultos multibacilares, ou seja, aqueles com mais tempo de doença que disseminam bacilos no ambiente, deixando os mais jovens expostos ao mal de Hansen. Dos 839 casos de hanseníase diagnosticados no ano passado na cidade, mais de 10% foram em menores de 15 anos. De cada 100 mil crianças e adolescentes, 19 têm a doença. Ao todo, foram 91 casos em números absolutos. Quando são mais de 10 casos por 100 mil crianças significa que a cidade é hiperendêmica. Outro dado que confirma essa hiperendemicidade no Recife é o número total de enfermos, são 45 casos por 100 mil moradores, explica Milde. Na busca por novos casos, já foram detectadas crianças de até 3 anos com a doença na fase inicial. Só existe criança ou adolescentes com doença ativa porque há um adulto multibacilífero sem tratamento, enfatiza a coordenadora. Por anos consecutivos, a quantidade de casos novos tem sido a mesma. O ideal, segundo Milde, era haver aumento de diagnóstico. Existe subnotificação. Por isso, além dos exames de rotina nos postos de saúde, estamos fazendo as buscas em escolas com a ajuda dos professores, informa. O trabalho nos estabelecimentos de ensino é mais amplo do que a tarefa de casa dirigida. Equipes da saúde programaram com diretores e professores como poderia ser a inserção do tema ao longo de todo o ano letivo. Nas dez escolas selecionadas para o programa, baners com texto e fotos sobre a manifestação da doença foram afixados, promovendo uma sensibilização permanente para o tema. Assim como ocorre em outras cidades brasileiras, a hanseníase, predominantemente, é mais presente entre os de menor renda, que vivem em moradias insalubres e alimentamse mal. Com baixa imunidade, ficam mais sujeitos à infecção e desenvolvimento da doença. Pessoas que vivem confinadas também adoecem pelo contato com o doente. No cotidiano e mesmo na atual estratégia, o tratamento da hanseníase é oferecido no posto de saúde, com orientação médica, que define a dose da terapia. Quando não há posto perto de casa ou reação ao tratamento, o paciente é encaminhado a centros de referência. Jornal do Commercio - PE 21/04/2011 - 08:08 Terapia em grupo contra a doença Reunimos pacientes, a equipe do PSF, ONG e residentes de fisioterapia e terapia ocupacional que se especializam na área, explica a médica Maria das Graças Silva Da Redação Na Brasilit, Várzea, Zona Oeste do Recife, um grupo de autoajuda formado por moradores doentes e profissionais da Unidade de Saúde da Família vem ajudando a comunidade a desmistificar a hanseníase, doença curável, a se cuidar melhor. Os encontros ocorrem toda última quinta-feira do mês. Reunimos pacientes, a equipe do PSF, ONG e residentes de fisioterapia e terapia ocupacional que se especializam na área, explica a médica Maria das Graças Silva. Na reunião, as pessoas com hanseníase falam de seus sintomas, esclarecem dúvidas e recebem orientação. No nosso próximo encontro vamos falar das neurites, inflamação nos nervos, causada pela doença, acrescenta a médica. A doutora Gal, como é carinhosamente chamada na comunidade, lida com o problema desde a década de 80, quando iniciou a carreira de clínica geral no serviço público. No PSF do Recife desde 2007, é considerada uma atuante colaboradora do programa de hanseníase. Há discriminação e abandono. Uma doença de quem fica ao Deus dará, comenta, justificando sua atenção à enfermidade. Quando ela começou a cuidar de pessoas com hanseníase até dermartologistas evitavam tratar os doentes. Na Brasilit, a médica não espera o doente no posto de saúde. São feitas buscas nas casas, pelos agentes comunitários de saúde. Antes de fazer o diagnóstico, esclarecemos o que é hanseníase e a importância do tratamento. Assim, as pessoas ficam mais à vontade quando sabem que estão doentes, diz. Por mês, Gal descobre dois a três casos novos na comunidade. As pessoas são tratadas no posto de saúde por seis ou 12 meses, dependendo do estágio da doença. Para Milde Cavalcanti, coordenadora da política de controle de hanseníase no Recife, o grupo de autoajuda é fundamental para educar a população e ter a comunidade como parceira do tratamento. Segundo ela, o preconceito ainda é forte contra a doença, inclusive entre profissionais de saúde. Nas formas graves, 15 dias depois do tratamento já não há mais risco de transmissão do bacilo. Também existe o autopreconceito do paciente. Muitos, por exemplo, preferem ser tratados em serviços de saúde fora de sua comunidade, temendo seres apontados como portadores do mal. As referências sobre hanseníase são tão antigas que estão na Bíblia e a segregação foi usada até o século passado no Brasil. Pessoas com hanseníase eram isoladas do convívio social e sofriam o abandono familiar. Jornal do Commercio - PE 28/04/2011 - 07:30 Tuberculose avança entre pernambucanos De todas as capitais brasileiras, o Recife é a que tem a maior taxa de mortalidade por tuberculose. De cada 100 mil habitantes, 97 morrem com a doença por ano Veronica Almeida Alcoolistas, drogados, moradores de rua, presidiários, pessoas em extrema pobreza e doentes de aids. A lista de vulneráveis à tuberculose permanece assim e cresce com portadores de doenças crônicas, como diabete, câncer e insuficiência renal. No ano passado, nada menos que 1.825 recifenses fizeram tratamento contra TB, 1.400 diagnosticados pela primeira vez. Os diabéticos e outros com doenças que diminuem a imunidade passaram a ser uma preocupação a mais no Recife e no País, explica a coordenadora do programa de controle da tuberculose na capital, Maria Júlia Vilela. A enfermeira sanitarista com duas décadas de atuação na área explica que buscar, entre essas pessoas, os tossidores crônicos (neologismo para quem tosse por mais de três semanas) é prioridade também nas ações de vigilância e controle da doença. O trabalho ganhou reforço recente em parceria com o Programa Saúde na Escola e a Organização Pan-Americana de Saúde, no projeto de combate às doenças negligenciadas. A Organização Mundial de Saúde preconiza que até 2015 o Brasil tenha menos de 10 casos de TB por 100 mil habitantes. A média brasileira é de 32 por 100 mil e, em Pernambuco, 48 por 100 mil. Na capital, são 97 doentes em cada grupo de 100 mil. No Presídio Aníbal Bruno, Zona Oeste da capital, onde por ano são mais de 100 casos, o confinamento faz com que a taxa ultrapasse o equivalente a 1.500 doentes por 100 mil. Diagnosticar e tratar os doentes é fundamental, daí a nova campanha do Ministério da Saúde, fazendo alerta a quem tem tosse por mais de três semanas. A Secretaria de Saúde do Recife vem mobilizando comunidades e atuando nas escolas, informando professores e alunos. A criança leva a informação para casa e convence o adulto doente a buscar ajuda, lembra Maria Júlia. Outra estratégia é fazer com que equipes do Saúde da Família (agentes, enfermeiros e médicos) fiquem de olho nos diabéticos e outros de imunidade baixa. Além da doença, a dieta de baixa qualidade nutricional deixa essas pessoas fragilizadas e a tuberculose se manifesta, esclarece. A Secretaria de Saúde do Recife também pretende retomar a ação conjunta com o Instituo de Assistência Social na atenção aos moradores de rua. A tomada diária do remédio por seis meses ou mais fica sob cuidado do agente do Iasc. Um problema em todo o Estado é a ausência de um espaço para acolher moradores de rua e outros excluídos para um tratamento intensivo. A solução seria um hospital de retaguarda social, como existe em São Paulo, o de Campos do Jordão, que foi um dispensário no passado, afirma Maria Júlia. Jornal do Commercio - PE 28/04/2011 - 07:31 Estado e Fiocruz vão mapear áreas críticas Ideia é o usar o geoprocessamento, ferramenta comum a pesquisadores da unidade da Fiocruz em Pernambuco Da Redação O projeto de controle das doenças negligenciadas, lançado este ano em Pernambuco pela Secretaria Estadual de Saúde, prevê uma parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para mapear em território estadual as áreas com maior concentração de casos de tuberculose e hanseníase. Vamos agregar ao mapa as unidades de saúde mais próximas para ajudar no diagnóstico e no acompanhamento do paciente, adianta o secretário-executivo de Vigilância em Saúde do Estado, Eronildo Felisberto. A ideia é o usar o geoprocessamento, ferramenta comum a pesquisadores da unidade da Fiocruz em Pernambuco, o Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (CPqAM), para estudar outras doenças, como a dengue. No caso da virose causada pelo mosquito Aedes aegypti, o geoprocessamento foi útil, inclusive no tratamento dos focos nas áreas de maior concentração populacional. O vice-diretor de ensino da Fiocruz PE, Wayner Vieira, explica que a parceria, inicialmente, deve durar três anos, com a perspectiva de se tornar uma ação permanente. Os trabalhos devem ter início no segundo semestre deste ano, mapeando estatísticas geradas em 2010 e na sequência, as mais recentes, informa. Segundo ele, a proposta é trabalhar em tempo real, para facilitar a intervenção das equipes de saúde. Devem ser estudados 50 municípios prioritários para tuberculose e 25 para hanseníase. No próximo dia 5, a Secretaria Estadual de Saúde realizará fórum sobre controle de doenças negligenciadas.