ASSISTÊNCIA HUMANIZADA AO PACIENTE REVASCULARIZADO PÓS INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO Nogueira, K.V.S.;Paulani,E.F.; Menegão,L.M.;Veneziano, L.S.N.; Consoni,A.M.C. orientadoran Fundação Municipal de Educação e Cultura de Santa Fé do Sul-FUNEC-FISA/Enfermagem, Avenida Mangará, 477, [email protected] Resumo - A doença das artérias coronárias tornou-se a maior causa isolada de mortalidade em países do mundo inteiro. A importância das artérias coronárias se deve ao fato de serem a única fonte de suprimento sangüíneo do miocárdio. Objetivo: Este estudo tem como objetivo, avaliar através de um levantamento bibliográfico, os sentimentos e anseios do paciente revascularizado e a abordagem humanizada do enfermeiro. Metodologia: Para a presente pesquisa foram utilizadas fontes bibliográficas tais como livros, revistas e periódicos. Discussão: A humanização deve fazer parte da filosofia de enfermagem. O ambiente físico, os recursos materiais e tecnológicos são importantes, porém não mais significativos do que a essência humana. Esta, sim, irá conduzir o pensamento e as ações da equipe de enfermagem, principalmente do enfermeiro, tornando-o capaz de criticar e construir uma realidade mais humana, menos agressiva e hostil para as pessoas que diariamente vivenciam na UTI. Conclusão: Concluímos com este estudo que fazer enfermagem significa demonstrar disposição para cuidar de outras pessoas por meio da valorização das sentimentalidades humanas, sendo imprescindível à sinalização de atitude ética. Palavras-chave: Revascularização, Abordagem Humanizada, Enfermeiro. Área do Conhecimento: Saúde. Introdução Meltzer, Pinneo, Kitchell (2000) citam que quando se considera a incrível complexidade dos sistemas do corpo humano, juntamente com o vasto número de possíveis fontes de doenças e de análise do bom estado de duas pequenas artérias; observa-se que a doença das artérias coronárias tornou-se a maior causa isolada de mortalidade em países industrializados do mundo inteiro. A extrema importância das artérias coronárias se deve ao fato de serem a única fonte de suprimento sangüíneo do miocárdio. Qualquer alteração significante no fluxo sangüíneo através destes vasos pode prejudicar toda a função do miocárdio, com sérias conseqüências incluindo a morte súbita. Figueiredo, Stipp, Leite (2008) descrevem que de acordo com dados epidemiológicos, as doenças cardiovasculares constituem importante causa de morbidade e mortalidade em vários países, no que diz respeito à população adulta com mais de 30 anos. Estudos recentes mostram que essas doenças respondem por quase metade das mortes entre homens e mulheres. Vila e Rossi (2002) descrevem que o paciente internado na UTI necessita de cuidados de excelência, dirigidos não apenas para os problemas fisiopatológicos, mas também para as questões psicossociais, ambientais e familiares que se tornam intimamente interligadas à doença física. A essência da enfermagem em cuidados intensivos não está nos ambientes ou nos equipamentos especiais, mas no processo de tomada de decisões, baseado na sólida compreensão das condições fisiológicas e psicológicas do paciente. Este estudo tem como objetivo principal, avaliar através de um levantamento de dados bibliográficos, os sentimentos e anseios do paciente revascularizado e a abordagem humanizada do enfermeiro durante sua assistência. Metodologia O presente estudo do tipo bibliográfico, que de acordo com Parra e Santos (2000) permite ao pesquisador conhecer mais sobre o que já se estudou, utilizando-se desta forma livros, revistas, documentos,periódicos,enfim, registros impressos. Segundo Gil (1996), é desenvolvido a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisa desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. Já Ruiz (2002) descreve bibliografia como um conjunto dos livros escritos sobre determinado assunto, por autores conhecidos e identificados ou anônimos, pertencentes a correntes de XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 1 pensamento diverso entre si, ao longo da evolução da humanidade. E a pesquisa bibliográfica consiste no exame desse manancial, para levantamento e análise do que já se produziu sobre determinado assunto que assumimos como tema de pesquisa científica. Consideramos nesse estudo as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A pesquisa foi realizada de outubro de 2008 a junho de 2009, na biblioteca das Faculdades Integradas de Santa Fé do Sul, e na Fundação Educacional de Fernandópolis, situadas nas cidades de Santa Fé do Sul e Fernandópolis respectivamente. Para a presente pesquisa foram utilizadas fontes bibliográficas que são em grande número, e podem ser classificadas e definidas segundo Gil (1996) como: livros de leitura corrente, livros de referência e publicações periódicas. Como instrumentos para coleta utilizamos de livros, revistas, periódicos e internet. O material coletado foi lido e selecionado visando atender o objetivo proposto. Após essa leitura foram destacados aspectos relevantes da temática, distribuindo-os em tópicos a fim de facilitar a compreensão da temática bem como a explanação do assunto. Discussão Segundo Cintra, Nishide, Nunes (2003) a Unidade Coronária (UCO) surgiu na década de 60, fundamentalmente com o intuito de servir como uma área especializada no atendimento a pacientes portadores de infarto agudo do miocárdio (IAM), desde que nela estaria assegurado o pronto atendimento às arritmias fatais, em especial a fibrilação ventricular, freqüente na fase aguda do infarto e grande causa de morte até então. De fato, a criação desta unidade foi um marco no tratamento do infarto, pois com o maior controle sobre as arritmias fatais houve uma redução significativa da mortalidade dos pacientes na fase aguda do evento. A evolução tecnológica no que se referem os equipamentos, esquemas terapêuticos, traduzidos na monitorização hemodinâmica mais refinada, advento da terapia trombolítica, utilização de balão intra-aórtico, entre outros, tem acentuado a importância da UCO, pois a centralização destes recursos em uma determinada unidade resulta na utilização mais eficiente por uma equipe treinada, além de maior acesso a setores críticos, como laboratório de hemodinâmica e centro cirúrgico. (CINTRA; NISHIDE; NUNES;2003. p.271) De acordo com Cintra, Nishide, Nunes (2003), devido ao grande sucesso obtido, o conceito de UCO expandiu-se pelo mundo, passando a atender não apenas pacientes com IAM, mas todo aquele indivíduo com doença cardíaca grave potencialmente recuperável, ampliando muito o número de pacientes internados nestas unidades. Segundo Figueiredo, Stipp, Leite (2008) a unidade de tratamento coronariano intensivo, objetiva a prevenção e a otimização do tratamento das complicações provenientes do IAM. Somente num local como este, onde há profissionais capacitados e recursos materiais adequados em quantidade e qualidade, as complicações podem ser evitadas e/ou tratadas a tempo, fazendo com que o cliente tenha melhores perspectivas de vida. Nascimento e Trentini (2004) afirmam que a vivência em UTI possibilita afirmar que essas unidades possuem algumas características próprias, como: a convivência diária dos profissionais e dos sujeitos doentes com situações de risco; a ênfase no conhecimento técnicocientífico e na tecnologia para o atendimento biológico, com vistas a manter o ser humano vivo; a constante presença da morte; a ansiedade, tanto dos sujeitos hospitalizados quanto dos familiares e trabalhadores de saúde; as rotinas, muitas vezes, rígidas e inflexíveis; e a rapidez de ação no atendimento. Figueiredo, Stipp, Leite (2008) citam que após a intervenção cirúrgica, o cliente é encaminhado para a unidade de tratamento intensivo, para recuperação anestésica e permanência sob observação da equipe de enfermagem. O tempo de permanência varia de acordo com as rotinas dos serviços, mas existe o consenso de manter o cliente no local pelo menos 24 a 48 horas. É objetivo de a enfermagem garantir a manutenção adequada do suporte ventilatório, da oxigenação e do equilíbrio hemodinâmico, sem esquecer a garantia de conforto durante a estadia na unidade de tratamento intensivo (UTI). Conforme cita Cintra, Nishide, Nunes (2003) no ambiente da Unidade Coronariana, onde estão reunidos pacientes graves, complexidade tecnológica e necessidade de utilização de uma racionalidade que vise ao melhor atendimento, no tempo adequado, com eficiência e eficácia, o enfermeiro tem diante de si uma grande responsabilidade. Aliás, o papel do enfermeiro nas UCOs sempre é ressaltado, sendo destacada a importância do seu conhecimento técnicocientífico, sua habilidade no relacionamento interpessoal e sua capacidade de liderança, que lhe conferem grande autonomia para o desempenho de suas ações. Os cuidados dispensados aos pacientes coronariopatas em uma unidade coronária devem advir de profissionais especializados, dos quais se requer, dentre outras características, capacidade de trabalho, iniciativa, profundidade de conhecimentos e aprendizado de novas técnicas, associadas ao julgamento inteligente, à observação e ao contato direto à beira do leito, os quais nunca devem ser substituídos por qualquer XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 2 equipamento. (CINTRA; NISHIDE; NUNES;2003. p.284) Figueiredo, Stipp, Leite (2008) relatam que para que o cliente tenha máxima qualidade de vida após um episódio de infarto, é necessário uma rápida intervenção. Para tanto, é fundamental que os profissionais de saúde, em especial os da enfermagem (pelo fato de estarem a maior parte do tempo com o cliente), tenham conhecimento de questões inerentes a essa cardiopatia, ou seja, a etiologia, a fisiopatologia, o quadro clínico, os exames diagnósticos, o tratamento e orientações que possibilitem melhor reabilitação desse cliente à sociedade. Munido de tais informações, um profissional poderá assistir adequadamente o cliente no transcurso do infarto. Cintra, Nishide, Nunes (2003) afirmam que o grande desafio no trabalho em uma unidade coronária para o enfermeiro reside, porém, na busca contínua da prestação de uma assistência individualizada e humana em um ambiente onde impera a complexidade tecnológica, ao admitir um paciente na UCO, o primeiro passo do enfermeiro é conhecer este paciente. Como em qualquer outra unidade de tratamento intensivo ou simplesmente unidade de internação, o emprego da sistematização da assistência de enfermagem viabiliza uma organização mais cuidadosa do planejamento dos cuidados a serem prestados. Figueiredo, Stipp, Leite (2008) descrevem que ao assistir o cliente que sofreu um IAM, é fundamental que o enfermeiro tenha uma visão abrangente e valorize os aspectos biopsicossociais que integram a vida do ser humano. A compreensão de que cada pessoa é singular e que experiência sua doença e hospitalização também de forma única permitem ao enfermeiro abordar seu cliente de maneira individualizada. Outro aspecto que confere qualidade às práticas da equipe de enfermagem junto a esse cliente é a sistematização da assistência. Realizando o processo de enfermagem, é possível identificar as necessidades do cliente e, a partir disso, estabelecer prioridades nas intervenções, assim como realizar avaliação periódica da evolução do cliente. Segundo Sampaio; Freitas; Pedreira (2005) o paciente no pós-operatório imediato (POI) de cirurgia cardíaca, ao despertar na UTI, vivencia sensações diversas quando entra em contato com o ambiente e com a equipe multidisciplinar, e é neste momento que o enfermeiro deve estar presente para confortá-lo e explicá-lo o porquê do tubo endotraqueal, dos cateteres e da contenção no leito, tornando o seu pós-operatório mais tranqüilo. O fato de não poder se expressar convenientemente ao retornar a consciência, muitas vezes o faz adotar os mais variados comportamentos, desde a passividade e a indiferença até a agressividade. Segundo Meltzer, Pinneo, Kitchell (2000) uma parte extremamente importante da enfermagem no tratamento coronariano é ajudar o paciente a enfrentar o profundo estresse emocional que acompanha o enfarte agudo do miocárdio. Tal intervenção é essencial não somente por razões humanitárias (inerentes a todas as enfermeiras), mas também porque o estresse emocional pode afetar desfavoravelmente o curso clínico da doença. Figueiredo, Stipp, Leite (2008) descrevem que a ansiedade e o medo precipitam a resposta de estresse do organismo, resultando na elevação dos níveis das catecolaminas endógenas (por exemplo, a adrenalina), o que aumenta o consumo de oxigênio pelo miocárdio. Um ambiente tranqüilo e confortável ajuda o cliente a amenizar essas emoções, reduzindo as reações descritas. Um ambiente seguro também é importante para evitar quedas, equimoses ou lesões. Cintra, Nishide, Nunes (2003) citam que muito embora as enfermeiras qualificadas sejam bem preparadas para identificar e procurar e solucionar as reações emocionais ás doenças, os efeitos psicológicos do enfarte agudo do miocárdio são sui generis em muitos aspectos e requerem atenção especial. Figueiredo, Stipp, Leite (2008) citam que o desenvolvimento de uma relação de confiança entre enfermeiro e cliente favorece a expressão da ansiedade e do medo sentido por este último diante de sua situação atual e futura. É necessário estar disponível para dialogar com o cliente de modo que ele compartilhe seus sentimentos, preocupações e temores, orientando-o acerca das medicações, dos equipamentos e procedimentos etc. O enfermeiro também deve incluir orientações à família, pois dessa forma, ela poderá apoiar e ajudar o cliente na adesão ao seu tratamento póshospitalar. Cintra, Nishide, Nunes (2003) um dos métodos mais úteis para ajudar o paciente a se ajustarem ao estresse emocional pós-enfarte do miocárdio é explicar a sua doença para ele. O principal objetivo disto é se desmistificarem certos conceitos errôneos sobre doenças cardíacas e suas conseqüências. O conceito da grande maioria dos pacientes sobre o ataque cardíaco é de um modo geral muito distorcido e, portanto, muitos dos seus temores são irreais e desnecessários. Cintra, Nishide, Nunes (2003) afirmam que para combater estes temores, a enfermeira deve oferecer explicações repetidas sobre os vários aspectos do enfarte agudo do miocárdio, sempre tentando identificar e esclarecer qualquer dúvida que o paciente possa ter. É importante responder as perguntas do paciente de maneira direta e XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 3 objetiva, estimular o otimismo, ou seja, a equipe da UC deve enfatizar a sobrevivência e a ampla recuperação, ao invés de falar de riscos e perigos, tranqüilizar o paciente, podendo proporcionar tranqüilidade de duas maneiras: pela sua atitude e conversando com o paciente do modo mais encorajador possível, agindo de maneira calma, positiva e eficiente. Escutar, uma vez que escutando atentamente e demonstrando um interesse genuíno, a enfermeira pode ajudar o paciente a expressar os seus sentimentos, a expressão das emoções é uma maneira eficaz de terapêutica, uma vez que ao descrever os seus temores o paciente pode identificar as (fontes) origens de seus problemas, e ser capaz de lidar com os mesmos. Segundo Figueiredo, Stipp, Leite (2008) os principais objetivos das ações de enfermagem junto ao cliente com IAM, são: Aliviar os sintomas de isquemia Promover o autocuidado Prevenir e identificar possíveis complicações Cliente com IAM Estabelecer relacionamento terapêutico Prevenir lesões miocárdica Envolver a família no tratamento Vila e Rossi (2002) citam que a humanização deve fazer parte da filosofia de enfermagem. O ambiente físico, os recursos materiais e tecnológicos são importantes, porém não mais significativos do que a essência humana. Esta, sim, irá conduzir o pensamento e as ações da equipe de enfermagem, principalmente do enfermeiro, tornando-o capaz de criticar e construir uma realidade mais humana, menos agressiva e hostil para as pessoas que diariamente vivenciam na UTI. De acordo com Vila e Rossi (2002) é importante abordar a necessidade de humanização do cuidado de enfermagem na UTI, com a finalidade de provocar uma reflexão da equipe e, em especial, dos enfermeiros. Entende-se que humanizar é uma medida que visa, sobretudo, tornar efetiva a assistência ao individuo criticamente doente, considerando-o como um ser biopsicossocioespiritual. Além de envolver o cuidado ao paciente, a humanização estende-se a todos aqueles que estão envolvidos no processo saúde-doença neste contexto, que são, além do paciente, a família, a equipe multiprofissional e o ambiente. (VILA; ROSSI, 2002.) Vargas e Meyer (2005) citam que muito tem se falado sobre Humanização das Unidades de Terapia Intensiva, especialmente durante esta última década. Este tema não apenas se tem apresentado de forma cada vez mais marcante na literatura mundial, como tem conseguido competir em condições mais paritárias com temas científicos tradicionais de nossa especialidade. A prova disso é que vem recebendo tratamento de destaque, como “vedete” de muitos congressos médicos, inclusive internacionais. A Terapia Intensiva,vem mudando o enfoque predominantemente tecnicista do pacientedoença, para uma abordagem mais humanista do paciente-pessoa. Talvez esta nova tendência esteja a sinalizar as sensações e impressões subjetivas dos profissionais que atuam nas Utis de que a excelência técnica, isoladamente, embora necessária, não é suficiente para alcançar a recuperação do paciente crítico, em sua plenitude biopsicossocial. Segundo Vila e Rossi (2002) não deixa de ser interessante e necessário refletirmos sobre o fato de que, apesar das discussões e posições teóricas sobre humanizar, ainda hoje é impressionante a flagrante violação dos direitos do homem e de sua dignidade. Ninguém questiona a importância da existência da tecnologia, porque ela em si mesma não é benéfica nem maléfica, tudo depende do uso que se faz dela. A UTI precisa e deve utilizar recursos tecnológicos cada vez mais avançados, porém os profissionais não deveriam esquecer que jamais a máquina substituirá a essência humana. Segundo Nascimento e Trentini (2004) a internação em unidade de terapia intensiva é precedida de comprometimentos orgânicos, presentes e potenciais, que colocam em risco a vida do ser doente. Acreditamos que esse fato tem contribuído para que a assistência de enfermagem, nessa unidade, seja norteada pelo modelo biomédico. Insatisfações com esse modo de cuidar em UTI, nas décadas de 70 e 80, levaram estudiosas de enfermagem nessa área, a alertar para que seja considerada a existência de outras necessidades tão importantes quanto aquelas pertinentes à esfera física, quando da implementação da assistência. Porém, ao longo de nossa experiência, nessas unidades, temos percebido que, embora exista a necessidade de focalizar o sensível, ainda predomina o cuidado XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 4 voltado para os aspectos físicos, como controle e manutenção das funções vitais. Segundo Silva e Damasceno (2005) as enfermeiras ao se posicionarem acerca do cuidado de enfermagem, o destacam como demonstração de atitude humanística, considerando-o tudo que a equipe faz pelos pacientes e este tudo corresponde por assim dizer ao próprio cotidiano de estar-junto das pessoas de quem ela cuida. Conforme revelado, no momento em que a enfermeira começa sua jornada de trabalho, se aproxima dos pacientes e os cumprimenta, já dá início ao processo de cuidar. Assim, elas dirigiram seu discurso para a compreensão do cuidado de enfermagem globalizado e subsidiado por atitudes humanísticas na relação interpessoal com o paciente. De acordo Vila e Rossi (2002) o aspecto humano do cuidado de enfermagem, com certeza, é um dos mais difíceis de ser implementado. A rotina diária e complexa que envolve o ambiente da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) faz com que os membros da equipe de enfermagem, na maioria das vezes, esqueçam de tocar, conversar e ouvir o ser humano que está à sua frente. Já para Nascimento e Trentini (2004) a consciência de que a ênfase tecnocrática da sociedade moderna provocava um distanciamento maior entre as pessoas. Esse fato é constatado nas UTIs, visto que os profissionais, muitas vezes, relacionem-se mais com as máquinas do que com as pessoas que compõem o cenário nessa unidade. O ser humano, doente, familiares e profissionais, nesse ambiente, é visto como um ser em si e não um ser-com-o outro. Silva e Damasceno (2005) citam que no contexto do discurso da humanização, as enfermeiras lembram à necessidade da participação da família no processo de cuidar, considerando que quando propiciam a aproximação entre paciente de terapia intensiva e seus entes queridos, estão lhes prestando cuidados. Isso porque, diante da presença da família, os doentes costumam apresentar melhora do quadro clínico e demonstram bem-estar psicológico e emocional. Ainda segundo Silva e Damasceno (2005) conclui-se que no processo continuado do trabalho desses profissionais foi possível perceber que o cuidado relacionado aos aspectos físicobiológicos, relativos a preservação da vida, dispensando em uma unidade intensiva é quase sempre viabilizado pela utilização de instrumentos elétricos, eletrônicos e computadorizados. Esses, em virtude do seu papel de monitorizar ou manter as funções vitais, impõe tamanha relevância à observação continua do seu funcionamento que seu manuseio pode, por assim dizer suplantar o interesse dos profissionais pelos pacientes. Muitas vezes, é comum a atenção se voltar para os aparelhos em detrimento da pessoa que os utiliza. Nascimento e Trentini (2004) descrevem que a equipe de enfermagem da UTI far-se-á presente ao ser cuidado, pela competência técnica, por um olhar carinhoso, um afago, um ouvir com atenção, um tom de voz amável, dentre outros. A presença também envolve reciprocidade, os seres envolvidos no diálogo, o ser cuidado e o ser cuidador devem ser vistos como pessoa, em vez de um objeto. Conclusão Concluímos com este estudo que os profissionais de enfermagem da Unidade de Terapia Intensiva ou Unidade Coronariana, bem como a todos que atuam na área, devem ter como objetivo principal agir com humanização para promover o bem estar físico e emocional do paciente, e com o potencial enfoque no doente e seus familiares. Os profissionais de enfermagem, da unidade, devem procurar ajudar uns aos outros, e durante a assistência ao paciente ser o mais humano possível nesse momento, delicado e complexo que inclui o processo de adoecimento e recuperação do mesmo, e que apesar de o doente de UTI estar ligado a máquinas, fios, soros, drenos, dentre outros, poderá estar melhor se a sua relação com a equipe de enfermagem da UTI e com os seus familiares, o ajudar a encontrar sentido para a vida e para a situação vivenciada. Afinal, fazer enfermagem significa demonstrar disposição para cuidar de outras pessoas por meio da valorização das sentimentalidades humanas, sendo imprescindível a abordagem humanizada, com compromisso e respeito ao paciente envolvido na relação interpessoal do cuidado. Referências -CINTRA, E.A.; NISHIDE, V.M.; NUNES, W.A. Assistência de Enfermagem ao Paciente Gravemente Enfermo. 2 ed. São Paulo: Atheneu, 2003. p. 1-10. -FIGUEIREDO, N.M.A.; STIPP, M.A. C; LEITE, J.L. Cardiopatias: Avaliação e Intervenção em Enfermagem. 1 ed. São Paulo: Yendis, 2008. p.103-104. -GIL, A.C. Como Elaborar Projeto de Pés-quisa. 3° Ed. São Paulo: Atlas, 1996. p. 36. -MELTZER, L.E.; PINNEO, R.; KITCHELL, J.R. Enfermagem na Unidade Coronária. 3 ed. São Paulo: Atheneu, 2000. p.1-73. XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 5 -NASCIMENTO, E.R.P.; TRENTINI,M. 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