SISTEMAS SEXUAIS DE ESPÉCIES ARBÓREAS DE UMA ÁREA DE CERRADO E UMA ÁREA DE RESTINGA NO ESTADO DE SÃO PAULO Profa. Dra. Cibele Cardoso de Castro Prof. Dr. Ricardo Ribeiro Rodrigues Prof. Dr. George Shepherd Prof. Dr. Paulo Eugênio Alves Macedo de Oliveira Fevereiro – 2002 RESUMO. Sistemas sexuais compreendem características das plantas relacionadas à presença e funcionalidade de partes florais masculinas e femininas na flor, na inflorescência e/ou no indivíduo. Apesar do hermafroditismo floral ser comumente observado em espécies arbóreas, seguido pela dioicia e monoicia, comunidades vegetais podem diferir entre si quanto às proporções desses mecanismos reprodutivos, principalmente se suas características ecológicas, influenciadas por fatores abióticos, forem diferentes. O presente projeto tem como objetivo fazer a caracterização dos sistemas sexuais das espécies arbóreas (PAP ≥ 15cm) ocorrentes em 10ha de cerradão e 10ha de floresta de restinga no Estado de São Paulo. Flores de todas as espécies serão dissecadas a fim de detectar a sexualidade morfológica, e a antese será acompanhada em campo a fim de determinar a funcionalidade e a cronologia de amadurecimento das partes sexuais. Os dados obtidos serão comparados dentro e entre as duas comunidades estudadas, e com os trabalhos realizados em outras formações florestais tropicais. 2 1. INTRODUÇÃO As matas tropicais são características por apresentarem baixa densidade populacional de espécies arbóreas e alta diversidade (Kress e Beach 1994), dados que levaram Fedorov (1966) a sugerir que linhagens autocompatíveis teriam vantagem sobre as auto-incompatíveis, por não dependerem de polinizadores para a formação de sementes. Como resultado, espécies autógamas estariam sujeitas a altas taxas de autofecundação, e conseqüente especiação paripátrica. No entanto, Ashton (1969) propôs, anos mais tarde, que a alogamia seria selecionada como resposta à pressão seletiva para a manutenção de variação genética nas populações, o que levaria à especiação por divergência alopátrica, inversamente ao sugerido por Fedorov (1966). A predominância de alogamia como conseqüência de polinização cruzada foi corroborada pela grande maioria dos estudos posteriores (ie, Bawa 1974, Ruiz e Arroyo 1978, Bawa 1979, Bawa et al. 1985a, Bullock 1985, Olmstead 1989, Ibarra-Manríquez e Oyama 1992, Arroyo e Uslar 1993, Jaimes e Ramírez 1999). Outros aspectos podem ter favorecido a manutenção da alogamia em árvores, como o longo ciclo de vida, que aumenta a probabilidade de cruzamentos múltiplos (Ashton 1969) e os ambientes tropicais, onde as interações bióticas são intensas e a recombinação genética torna-se especialmente importante (Jaimes e Ramírez 1999). Apesar dos fatores supracitados terem maximizado a seleção da alogamia, ela só foi possível graças à capacidade dos polinizadores de transportar o pólen entre indivíduos distantes entre si (Janzen 1971). No entanto, devido ao elevado número de flores geralmente apresentado pelas árvores, os polinizadores são mais ativos dentro do que entre copas (Bawa 1974), o que aumenta as chances de autopolinização. Por esta razão os sistemas de auto-incompatibilidade de espécies arbóreas parecem funcionar principalmente como uma barreira para a autofecundação via geitonogamia (Bawa 1974, 1979). Além da predominância da alogamia em espécies arbóreas tropicais, vários estudos mostram a existência de uma gradação de sistemas reprodutivos nestas plantas, que vai da apomixia (produção de frutos sem fecundação) à alogamia obrigatória (Bullock 1985, Richards 1986, Jaimes 3 e Ramírez 1999). É possível afirmar, neste contexto, que nem sempre a ausência da alogamia representa menor aptidão reprodutiva e que, qualquer que seja a estratégia apresentada, ela possui vantagens e desvantagens, constituindo apenas mais uma resposta evolutiva da planta às pressões bióticas e abióticas do ambiente (Richards 1986, Ramírez e Brito 1990). A autocompatibilidade e a apomixia, por exemplo, são conhecidas por reduzirem muito as chances de certas recombinações genéticas, mas podem ser vantajosas por manterem um genótipo parental com alta adaptação local, além de aumentarem as chances de sucesso na polinização quando a densidade populacional é muito baixa (McMullen 1987, Ramírez e Brito 1990, Richards 1996, Jaimes e Ramírez 1999). Além disso, estes sistemas de reprodução diminuem os custos da planta com a reprodução, pois requerem uma menor produção de flores em relação à autoincompatibilidade (Bawa 1974, Richards 1996). A autogamia é pouco comum em espécies arbóreas, sendo predominante em espécies herbáceas e/ou anuais, ou relacionadas a estágios sucessionais iniciais, isolamento biológico, fauna de polinizadores depauperada ou ineficiente (Jaimes e Ramírez 1999), apesar de alguns autores discordarem da existência desse padrão (Feinsinger et al. 1987). Espécies arbóreas, assim como a maioria das Angiospermas, são mais comumente hermafroditas (Bullock 1985, Bawa et al. 1985a, Gibbs 1986, Richards 1986). Um problema geral da arquitetura de flores hermafroditas é a interferência entre as funções masculina e feminina que, além de aumentar as chances de autofecundação, constitui uma pressão seletiva influenciando várias características florais (Bawa 1979, Webb e Lloyd 1986a, b). Esta pressão parece ter levado à evolução de mecanismos que minimizem tal interferência e maximizem a fecundação cruzada, tais como a separação espacial (hercogamia) ou temporal (dicogamia) dos órgãos masculinos e femininos da flor ou inflorescência (Bawa 1979, Webb e Lloyd 1986a, b, Bertin e Newman 1993, Castro e Oliveira 2001). 4 Apesar da existência das adaptações florais contra a autogamia, como a hercogamia e a dicogamia, a prevalência de sistemas de auto-incompatibilidade em espécies arbóreas indica que as barreiras para a autofertilização são principalmente genéticas, e não morfológicas. Por outro lado, muitas das adaptações morfológicas podem indicar a probabilidade de autofecundação, pois são manifestações dos sistemas de polinização e reprodução prevalentes nas plantas (Bawa 1979). A dioicia é um mecanismo reprodutivo bem menos freqüente do que o hermafroditismo floral em espécies arbóreas tropicais, apesar de ser mais comum nestes ambientes do que em regiões temperadas. Devido ao menor número de possíveis intercruzantes na população, espécies dióicas são consideradas menos eficientes na formação de frutos do que espécies hermafroditas (Arroyo e Uslar 1993, Jaimes e Ramírez 1999, Oliveira e Gibbs 2000), e são em sua maioria freqüentemente polinizadas por abelhas pequenas em ambientes tropicais (Sobrevilla e Arroyo 1982, House 1993). Em adição à hercogamia, à dicogamia e à dioicia, espécies arbóreas podem também apresentar monoicia como estratégia promotora de polinização cruzada. Assim como o hermafroditismo, a monoicia não é capaz de evitar a autopolinização devido à alta probabilidade de ocorrência de geitonogamia (Bawa 1974, Richards 1986). Apesar de características como o hermafroditismo e a auto-incompatibilidade serem mais comumente registradas em espécies arbóreas, comunidades vegetais podem diferir entre si quanto à prevalência de tais estratégias. Estas diferenças parecem estar relacionadas às características ecológicas das comunidades que, por sua vez, estão associadas direta ou indiretamente a fatores abióticos (Sobrevilla e Arroyo 1982, Ramírez e Brito 1990, Ramírez e Seres 1994, Jaimes e Ramírez 1999). Comunidades vegetais com clima, solo e topografia distintos são ocupados por diferentes grupos de espécies e de interações entre espécies. As diferenças relacionadas ao clima, por exemplo, podem afetar diretamente a fauna de polinizadores e resultar em variações na eficiência dos serviços de polinização, que constitui uma pressão seletiva muito importante no 5 estabelecimento de estratégias reprodutivas em plantas (Sobrevilla e Arroyo 1982, Arroyo e Uslar 1993). A previsibilidade em relação ao clima pode também constituir uma forte pressão ambiental que determina a evolução de tais estratégias (Sobrevilla e Arroyo 1982, Ramírez e Brito 1990). A relação entre os fatores abióticos e as estratégias de reprodução também pode ser observada dentro das unidades fitogeográficas. Muitos estudos sugerem que as características físico-químicas do solo e o gradiente topográfico estão fortemente relacionadas ao mosaico vegetacional que constitui as formações florestais (Bullock 1985, Sabatier et al. 1997, Bertani et al. 2001), influenciando as relações planta-polinizador e o sucesso reprodutivo das plantas (Bawa 1979, Herrera 1988, Horvitz e Schenzke 1990, Ibarra-Manríquez e Oyama 1992, Roubik 1993, Seffan-Dewenter e Tscharntke 1999). Existem, ainda, diferenças microclimáticas entre estratos verticais da vegetação, o que afeta tanto a disponibilidade de recursos de cada estrato quanto a evolução da morfologia de plantas e animais que os compõem (Sobrevilla e Arroyo 1982, Kress e Beach 1994). Além do solo e da topografia, o mosaico vegetacional de florestas tropicais é também originado por distúrbios naturais de vários tamanhos e freqüências, como a formação de clareiras pela queda de árvores, criando áreas em diferentes estágios de sucessão (Feinsinger et al. 1987). As clareiras favorecem o estabelecimento de espécies colonizadoras, que podem apresentar estratégias reprodutivas específicas, como flores pequenas e abundantes, pouco especializadas e autocompatíveis (Sobrevilla e Arroyo 1982, Feinsinger et al. 1987, Jaimes e Ramírez 1999). Em contrapartida, espécies de estágios sucessionais mais avançados possuem, de maneira geral, flores maiores, polinizadas por animais maiores e mais especializados, e são freqüentemente autoincompatíveis (Feinsinger et al. 1987). Assim, plantas dependentes de polinizadores maiores teoricamente são beneficiadas com a diminuição da freqüência, área ou intensidade do distúrbio (Feinsinger et al. 1987). 6 A maioria dos estudos que relaciona características reprodutivas a distúrbios ambientais compara plantas de fragmentos antropogênicos com indivíduos de floresta contínua, e atribuem as diferenças encontradas aos diferentes níveis de eficiência dos polinizadores. No entanto, esta comparação parece não ser pertinente, uma vez que as características florais de muitas espécies evoluíram sob regimes naturais de distúrbios pequenos e freqüentes, além de outros maiores e mais raros, se acomodando a eles, diferentemente do que ocorre em distúrbios antropogênicos (Feinsinger et al. 1987, Morato 1994). A escala do distúrbio natural é geralmente pequena em relação à amplitude de forrageamento da maioria dos polinizadores, portanto a variação espacial na efetividade do polinizador parece não ser responsável pela diferenças observadas na biologia reprodutiva entre plantas que ocupam diferentes tipos de áreas de um mosaico natural (Feinsinger et al. 1987). Ainda não são conhecidas as formas através das quais a perda de interações bióticas afeta as comunidades naturais de plantas. Um dos aspectos amplamente aceitos é que a especificidade de polinizadores parece não ser tão importante em ambientes tropicais, onde as interações planta-polinizador são mais generalistas (Herrera 1988, Waser et al. 1996). Apesar das diferenças supracitadas entre fragmentos antropogênicos e o mosaico natural das florestas tropicais, estes ambientes podem conter situações de isolamento reprodutivo semelhantes. Populações de espécies que ocorrem exclusivamente em ambientes distantes de outros de mesmo tipo, como as manchas de Cerrado, por exemplo, podem sofrer erosão genética devido à depressão por endogamia (Aizen e Feinsinger 1994a, b). Plantas auto-incompatíveis, por outro lado, têm o sucesso reprodutivo reduzido nestes ambientes, podendo resultar em pressão seletiva para autofertilidade (Seffan-Dewenter e Tscharntke 1999). O Estado de São Paulo possui quatro principais Unidades Fitogeográficas Florestais (IBGE 1992) ou simplesmente formações florestais: Savana Florestada (Cerradão), Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Ombrófila Densa Montana (Floresta Atlântica de Encosta) e Formação 7 Pioneira com Influência Marinha (Floresta de Restinga), cada qual influenciada por fatores abióticos distintos. Apesar de existirem vários estudos a respeito da biologia reprodutiva de comunidades florestais neotropicais (Bawa 1974, Ruiz e Arroyo 1978, Bawa 1979, Sobrevilla e Arroyo 1982, Tanner 1982, Bawa et al. 1985a, b, Bullock 1985, McMullen 1987, Ramírez e Brito 1990, IbarraManríquez e Oyama 1992, Kress e Beach 1994, Jaimes e Ramírez 1999), muito poucos estudos investigaram as comunidades vegetais do Brasil. A grande maioria dos estudos brasileiros relacionados à biologia reprodutiva de plantas investiga espécies taxonomicamente relacionadas, como Anonaceae (Gottsberger 1994), Bombacaceae (Oliveira et al. 1997), Bromeliaceae (Araujo et al. 1994), Euphorbiaceae (Passos 1995), Malpighiaceae (Sigrist 2001), Melastomataceae (Melo et al. 1999), Myrtaceae (Proença e Gibbs 1994), Orchidaceae (Borba 2001), Palmae (Henderson et al. 2000), Passifloraceae (Koschnitzke e Sazima 1997), Piperaceae (Figueiredo e Sazima 2000), Rubiaceae (Castro 2001), Rutaceae (Pombal e Morellato 2000) e Vochysiaceae (Oliveira e Gibbs 1994). Outros estudos incluem apenas uma espécie, e foram realizados em diversas formações vegetais brasileiras, como floresta amazônica (Kuechmeister et al. 1997, Storti 1988, Hopkins et al. 2000), mata-de-galeria (Castro e Oliveira 2001), floresta semi-decídua (Piedade e Ranga 1993, Pombal e Morellato 1995, Piratelli et al. 1998), Cerrado (Crestana e Baitello 1988), floresta ombrófila densa atlântica (Ferrari e Strier 1992, Franco e Buzato 1993, Sazima et al. 1993, Passos e Sazima 1995, Lopes e Machado 1996, 1999, Collevatti et al. 1998, Machado et al. 1998), floresta ripária (Franceschinelli e Kesseli 1999). Dentre os poucos estudos que buscaram caracterizar a biologia reprodutiva de grupos de espécies típicas de uma formação vegetal, os de Silberbauer-Gottsberger e Gottsberger (1988), Oliveira (1996), e Saraiva et al. (1996) foram realizados em formações de Cerrado no Brasil central. Os resultados indicaram semelhanças entre as características reprodutivas das plantas 8 lenhosas dessa formação vegetal e das demais comunidades vegetais tropicais, ou seja, a predominância de espécies melitófilas, hermafroditas e alógamas. Baseando-se nas predições de que as estratégias reprodutivas em plantas influenciam o fluxo gênico dentro e entre populações, e que o conhecimento acerca da biologia reprodutiva pode auxiliar na compreensão dos mecanismos que regem a promoção e manutenção da diversidade nos diferentes ecossistemas, foi estabelecida a seguinte hipótese para este projeto: H0 → os sistemas sexuais das espécies arbóreas do Cerrado e da Floresta de Restinga do Estado de São Paulo são semelhantes entre si e às registradas para outras formações florestais tropicais, ou seja, apresentam predominância de hermafroditismo floral. 2. OBJETIVOS O presente projeto tem como objetivo geral fazer a caracterização dos sistemas sexuais das espécies arbóreas (PAP ≥ 15cm) ocorrentes em 10ha de cerradão e 10ha de mata de restinga no Estado de São Paulo, comparar os dados obtidos entre si e com os trabalhos realizados em outras formações florestais tropicais. 3. JUSTIFICATIVA Estudos recentes enfatizam a importância de analisar não apenas os padrões de diversidade de um ecossistema, mas também de interações entre organismos, o que inclui a polinização e os sistemas de incompatibilidade (Seffan-Dewenter e Ttscharntke 1999). Além disso, a investigação comparativa entre comunidades vegetais pode melhorar as generalizações aceitas atualmente, principalmente se os fatores fisionômicos, ambientais e taxonômicos também forem levados em consideração (Bullock 1985). 9 Os Cerrados são savanas neotropicais que constituem um dos tipos de vegetação mais importantes do Brasil, ocupando originalmente um quinto do território brasileiro (Ratter et al. 1997). Sua flora é muito rica, com mais de 800 espécies arbóreas (Mendonça et al. 1988). No entanto, a distribuição dos Cerrados foi fortemente restringida, nos últimos 20 anos, principalmente por atividades agrícolas e somente nos últimos anos sua importância foi reconhecida e sua preservação valorizada (Dias 1990, Ratter et al. 1997). As florestas de restinga são formações costeiras intermediárias entre a Vegetação Pioneira de Dunas e a mata Atlântica, que predominam do litoral da Bahia ao Rio de Janeiro e no do Rio Grande do Sul. A heterogeneidade de micro-ambientes da planície de restinga é também verificada na vegetação, podendo-se observar alteração nas características fisionômica, florística e estruturais na medida em que se avança em direção ao interior do continente. Via de regra ocorre um aumento do número de espécies, do porte das árvores, da definição dos estratos arbóreos, da altura do dossel da floresta e dos parâmetros estruturais de uma forma geral. Essa variação geralmente ocorre de forma contínua, exceto quando são verificadas alterações bruscas nas características do meio. Os fatores que determinam este gradiente são de origem abiótica, principalmente ligados ao grau de evolução do solo, mas também à influência (decrescente) da maresia e do vento O presente projeto será inserido no projeto temático intitulado “Diversidade, dinâmica e conservação em Florestas do Estado de São Paulo: 40ha de parcelas permanentes” (em anexo), aprovado pelo programa Biota e coordenado pelo Dr. Ricardo Ribeiro Rodrigues, da Escola Superior de Agricultura “Luis de Queiroz” (ESALQ – USP), com uma equipe de 15 pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento e de diversas instituições nacionais e internacionais. O projeto temático está sendo desenvolvido em quatro Unidades de Conservação que representam as quatro principais formações florestais do Estado de São Paulo: Parque Estadual da Ilha do Cardoso (Floresta de Restinga), Estação Ecológica de Carlos Botelho (Floresta Atlântica de Encosta), Estação Ecológica de Caitetus (Floresta Estacional Semidecidual) e Estação Ecológica de Assis 10 (Cerradão). O projeto temático tem como objetivo correlacionar dados vegetacionais com dados físicos de cada formação, além de compará-los entre as quatro formações, na perspectiva de compreender os fatores mantenedores da diversidade vegetal nesses diferentes tipos florestais e com isso promover uma adequação das práticas de manejo e conservação das mesmas. Os dados do projeto temático serão também comparados com aqueles gerados em parcelas permanentes para as formações tipicamente tropicais, que estão sendo desenvolvidos em diferentes regiões do mundo. A questão da biologia reprodutiva não foi contemplada na versão inicial do projeto temático pois dependia da alocação das parcelas (10,24ha em 256 parcelas de 20x20m em cada área) e da caracterização vegetacional dos indivíduos arbóreos (PAP ≥ 15cm) em cada área. O presente projeto será supervisionado pelo Prof. Dr. Ricardo Ribeiro Rodrigues (ESALQ – USP) e proporcionará a integração de dois professores-pesquisadores de diferentes instituições ao projeto temático: os Drs. George Shepherd (Universidade Estadual de Campinas) e Paulo Eugênio Alves Macedo de Oliveira (Universidade Federal de Uberlândia). A Estação Ecológica de Assis (EEA) e o Parque Estadual da Ilha do Cardoso (PEIC) foram as formações florestais escolhidas para o estudo devido à menor altura do dossel e ao relevo relativamente plano, características que facilitam o acesso e a manipulação das flores dos indivíduos arbóreos, procedimentos imprescindíveis para a coleta dos dados. O presente projeto e o referido projeto temático serão relacionados de várias maneiras. O presente projeto será desenvolvido na mesma infra-estrutura básica do projeto temático, além de fazer uso da marcação das parcelas para orientação em campo, da identificação das espécies, da localização dos indivíduos e, ainda, do material coletado para verificação preliminar da sexualidade de flores e inflorescências. Por outro lado, os dados coletados no presente projeto poderão auxiliar na compreensão dos possíveis mecanismos mantenedores da diversidade na área de estudo, uma vez que indicarão tendências gerais nos padrões de sexualidade, que representam características que regem o fluxo gênico dentro e entre populações. Estas informações, além de 11 questões que certamente surgirão ao longo do estudo, poderão ser utilizadas para nortear futuros trabalhos na área de estudo, ou ainda cursos de treinamento em ecologia florestal e visitas monitoradas, conforme também proposto pelo projeto temático. As informações a respeito da sexualidade floral (hermafroditismo, dioicia, heterostilia etc) poderão ser anexadas às etiquetas de herbário das plantas coletadas na área de estudo, e os registros fotográficos de flores e inflorescências poderão ser utilizados no guia ilustrado de reconhecimento das plantas no campo. 4. MATERIAL E MÉTODOS 4.1. Áreas de estudo A EEA foi fundada em 1992, e está localizada no centro-oeste do Estado de São Paulo (22o41’ a 22o46’S, 49o10’a 49o16’W), a uma altitude de 520 a 590m. Possui clima tipo mesotérmico com chuvas concentradas no verão e precipitação média anual em torno de 1400mm, com geadas esporádicas (Cwa sensu Köppen 1948, SMA 1997). A temperatura mínima absoluta registrada em um período de 20 anos foi de -2oC (SMA, 1997). O relevo é suave-ondulado (SMA 1997), e os solos são de três tipos: Latossolo Vermelho-Escuro álico, A moderado, textura média (LEd); Podzólico Vermelho-Amarelo Eutrófico abrupto, A moderado, textura arenosa média (PV2) e Areia Quartzosa Hidromórfica (AQ). A vegetação da EEA é classificada como Cerrado lato-sensu com predominância de cerradão (Kronka 1998). Estudos relacionados à florística e à estrutura das formações remanescentes de Cerrado “stricto sensu” (incluindo cerradão) da EEA estão sendo desenvolvidos por membros da equipe do projeto temático, com enfoque nos pequenos fragmentos deste tipo de formação vegetal. Segundo Durigan et al. (1999), na área de cerradão da EEA existem 155 espécies dentre arvoretas (adultos com altura entre 4 e 9m) e árvores (adulto com altura superior a 9m), com predominância da família Myrtaceae. 12 O PEIC foi fundado em 1962 e situa-se no município de Cananéia, extremo sul do litoral do Estado de São Paulo (25o03’ a 25o18’, 47o53’ a 48o05’), fazendo parte do complexo estuarino lagunar de Iguape-Cananéia-Paranaguá, considerado o terceiro do mundo em termos de produtividade pela União Internacional de Conservação da Natureza (IUCN). A média das temperaturas mínimas está em torno de 19oC, a média das máximas em torno de 27oC e a precipitação anual entre 1800-2000 mm (Melo e Mantovani 1994). A topografia é predominantemente montanhosa, e os solos são dos tipos podzol hidromórfico (nas planícies), Latossolo Vermelho-Amarelo-Orto (LV, nas meias encostas e morros isolados) e Podzol VermelhoAmarelo com transição para Latossolo Vermelho-Amarelo (PVL, nas encostas mais acidentadas, Pfeifer 1989). No PEIC são encontradas diferentes formações vegetais naturais, como campo de altitude (nos altos dos morros), floresta atlântica de encosta (nos terrenos de maior declive), vegetação de dunas (próximo à zona de maré), floresta de restinga (na planície litorânea), e manguezais (nas várzeas dos rios). Na restinga foram registradas 53 espécies e 23 famílias em 0,27 ha na restinga alta, e 867 indivíduos com DAP≥ 1,6 cm em 0,1 ha, pertencentes a 31 espécies e 17 famílias com predomínio de Myrtaceae na restinga alta e de Theaceae na restinga baixa (Sugiyama 1993). 4.2. Escolha das espécies, marcação dos indivíduos e acesso às inflorescências Todas as espécies arbóreas amostradas nos 10,24ha do projeto temático na EEA e no PEIC serão classificadas quanto aos sistemas sexuais. Os dados serão coletados em, no mínimo, duas populações para cada espécie. Além da marcação e numeração atribuída aos indivíduos amostrados pelo projeto temático, todos os indivíduos estudados no presente projeto serão marcados com fita de campo. Estes dados, além da localização nas parcelas e de pontos de referência visuais para localização das plantas, serão 13 registrados em um caderno de campo à prova d’água, e arquivados em computador a cada retorno do campo. A presença de inflorescências com botões e flores será observada com auxílio de binóculo previamente ao acesso às mesmas, que será realizado através de escada, andaime ou equipamento de escalada, conforme a necessidade. 4.3. Sistemas sexuais As flores em pré-antese serão coletadas de, no mínimo, seis indivíduos por espécie (n=3 flores por indivíduo, provenientes de inflorescências diferentes) e fixadas em FAA 70. Em laboratório, estas flores serão observadas sob lupa para registro da posição dos elementos reprodutivos, e serão dissecadas a fim de detectar a sexualidade morfológica, ou seja, a presença de anteras com pólen e de pistilos com óvulos. Para determinar a funcionalidade dos elementos masculinos, a viabilidade do pólen será estimada utilizando-se carmim acético (Dafni 1992) para um mínimo de seis indivíduos por espécie (n=3 flores por indivíduo, provenientes de inflorescências diferentes; será utilizada uma antera por flor, avaliando-se a viabilidade dos primeiros 200 grãos por lâmina). Caso haja alguma dúvida em relação à viabilidade dos grãos, como, por exemplo, a presença de polimorfismos, os grãos serão colocados para germinar em ágar (Dafni 1992). A funcionalidade dos elementos femininos, isto é, a capacidade de desenvolvimento de frutos em flores pistiladas, será testada pelo acompanhamento da formação de frutos provenientes de polinização natural em um mínimo de seis indivíduos (n=30 flores marcadas no campo). Durante as viagens de campo, ramos com botões em pré-antese de cada espécie serão coletados e mantidos em água, no alojamento, para a observação de eventos florais como horário de antese (checada em intervalos regulares), de receptividade estigmática (testada com água 14 oxigenada, Dafni 1992), de deiscência de anteras e de movimento de órgãos sexuais ao longo da vida da flor. O material botânico de todas as espécies será depositado no Herbário ESA. Caso alguma(s) espécie(s) apresentar(em) impedimentos para a coleta de dados, como, por exemplo, indivíduos com flores inacessíveis para o teste de funcionalidade da parte feminina da flor (formação de frutos) ou impossibilidade de germinação dos grãos de pólen em ágar, os dados serão apresentados com as devidas ressalvas. 5. ANÁLISE DOS RESULTADOS De acordo com os dados relacionados ao sistema sexual, as espécies serão incluídas nas seguintes categorias (sensu Richards 1986): • hermafroditas: indivíduos com flores hermafroditas, com estames e pistilos funcionais, i.é., anteras deiscentes, pólen viável e ovário capaz de produzir fruto; • dióicas: indivíduos com flores unissexuais; • monóicas: indivíduos com flores masculinas e femininas, separadamente. • androdióicas ou ginodióicas: populações com indivíduos hermafroditas e indivíduos masculinos ou femininos, respectivamente; • andromonóicas ou ginomonóicas: indivíduos com flores hermafroditas e unissexuais (masculinas ou femininas, respectivamente); • hercogâmicas: possuem flores com separação espacial entre órgãos sexuais. • dicogâmicas: possuem flores com separação temporal no amadurecimento dos órgãos sexuais. Espécies dicogâmicas serão classificadas como protândricas ou protogínicas, nas quais as inflorescências ou flores possuem anteras ou pistilo amadurecendo previamente, respectivamente. Os dados de cada comunidade serão compostos em uma tabela que incluirá as espécies estudadas e a classificação do respectivo sistema sexual. As proporções dos diferentes sistemas 15 sexuais de cada comunidade serão comparadas entre si e entre as duas áreas estudadas através de análises de Qui-quadrado (Sokal e Rohlf 1981), e com dados de outras comunidades florestais tropicais (Bawa 1974, Ruiz e Arroyo 1978, Sobrevilla e Arroyo 1982, Bawa et al. 1985, Bullock 1985, McMullen 1987, Ramírez e Brito 1990, Ibarra-Manríquez e Oyama 1992, Kress e Beach 1994, Jaimes e Ramírez 1999). 6. PLANO DE TRABALHO O projeto terá duração mínima de dois anos, com viagens mensais às áreas de estudo. No primeiro ano serão coletados os dados das espécies de restinga (PEIC), e no ano seguinte as de cerrado (EEA). O terceiro ano será utilizado no caso da interpretação dos dados de alguma espécie for duvidosa. Em cada viagem para coleta de dados de sistemas sexuais, o seguinte protocolo será seguido: • localização e marcação de indivíduos floridos acessíveis; • coleta de flores e botões de todas as espécies em flor, e fixação dos mesmos em FAA 70 para dissecação em laboratório; • marcação de flores em campo para acompanhamento de duração de antese e para observação de capacidade de desenvolvimento de frutos em flores pistiladas (teste da funcionalidade sexual feminina; ver item 5); • acompanhamento da antese em botões de ramos mantidos em água no alojamento; • coleta de material botânico para depósito em herbário; • registro fotográfico de flores e inflorescências. Após cada viagem de campo, o material coletado será avaliado em laboratório e os resultados serão interpretados e armazenados, conforme descrito respectivamente nas seções 4.3. e 5. 16 7. CRONOGRAMA Tabela 1. Cronograma proposto para o desenvolvimento do projeto "Sistemas sexuais de espécies arbóreas em uma área de cerrado e uma área de restinga no Estado de São Paulo”. PERÍODO ATIVIDADE 2003 2004 2005 (semestres) (semestres) (semestre) 1o 2o 1o 2o 1o 2o Revisão bibliográfica X X X X X X Coleta: floresta de restingaa X X Xb Xb Coleta: cerrado X X Xb Xb Análise dos dados X X X X X X Relatórios Parciais X X X X X X Relatório Final a X A floresta de restinga será a primeira a ser amostrada pois o trabalho de marcação de parcelas e de plaqueamento dos indivíduos (realizado por profissionais ligados ao projeto temático) está mais adiantado nessa área do que na área de cerrado. b Necessário somente no caso de resultados duvidosos. 8. RFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Aizen MA, Feinsinger P. 1994a. Forest fragmentation, pollination, and plant reproduction in a Chaco dry forest, Argentina. Ecology 75: 330-351. ___b. 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