VARIAÇÃO NA DENSIDADE DA MADEIRA DE ESPÉCIES ARBÓREAS DE RESTINGA AO LONGO DE UM GRADIENTE DE UMIDADE DO SOLO. Douglas Tinoco Wandekoken1, Jehová Lourenço Junior1, Luciana Dias Thomaz1, Camilla Rozindo Dias Milanez2, Daniele Bindaco Hirato2 1 Centro de Ciências Humanas e Naturais - Universidade Federal do Espírito Santo, Departamento de Ciências Biológicas, Herbário-VIES, Vitória-ES, Brasil. 2 Centro de Ciências Humanas e Naturais - Universidade Federal do Espírito Santo, Departamento de Ciências Biológicas, Laboratório de Anatomia Vegetal, Vitória-ES, Brasil. Espécies vegetais apresentam grande variação quanto à atributos funcionais sendo que a variação na densidade da madeira (DM) tem relação com diferentes estratégias ecológicas. Áreas de restinga são compostas por uma mosaico de diferentes formações vegetais devido a diversos gradientes ambientais, o que afeta a distribuição de espécies. Esse trabalho objetivou detectar a variação na DM de espécies arbóreas ao longo de um gradiente de umidade do solo. Para isso, foi realizado o levantamento fitossociológico de um trecho de floresta na restinga do Parque Paulo Cesar Vinha (PEPCV) em três comunidades, a floresta não-inundável (FNI), a floresta de transição (FT) e a floresta inundável (FI). O levantamento considerou indivíduos com DAP ≥5 cm e foi distribuído ao longo de 14 parcelas (5x25m) por comunidade, totalizando 42 parcelas. Porções do caule foram coletadas de 5 indivíduos de cada uma das 46 espécies que compõe 80% da abundância relativa (AR). A AR de cada espécie foi calculada pela razão entre o número de indivíduos da espécie (n sp ) e o número total de indivíduos da amostra (N), segundo a fórmula AR= n sp /N. Para determinação da densidade da madeira foram obtidos os volumes do lenho através do princípio de Arquimedes, e a massa seca do lenho a partir da pesagem do material após suasecagem em estufa a 60ºC. Os valores de DM para cada comunidade foram obtidos através do índice CWM (Communty Wheighted Mean) do pacote dbFD do software R. Em seguida, os dados foram submetidos ao teste Turkey a 5% de significância. Os resultados mostram que a DM é maior na FNI (0,608 g/mL) e na FT (0,590 g/mL), do que na FI (0,502 g/mL). Maiores valores de DM podem ter relação com o adensamento e redução do calibre dos elementos de vaso, o que reduziria a chance de cavitação por embolia sob baixos teores de umidade no solo. Assim, espécies com elevada DM possuem uma maior segurança no transporte de água, além de maior resistência à tensão e menores chances de predação, proporcionando uma alta capacidade competitiva. Já espécies com baixa DM apresentam elementos de vaso com maior diâmetro, favorecendo rápidas taxas de crescimento. Portanto, essa variação de DM entre as espécies predizem diferenças no nicho ecológico em relação à disponibilidade hídrica, permitindo inferir que a escassez de chuvas possa afetar a coexistência dessas comunidades vegetais, exercendo forte pressão sobre as espécies de florestas inundáveis. Palavras-chave: Ecologia funcional, comunidade vegetal, densidade da madeira, restinga, transporte de água.