INFORMÁTICA EDUCATIVA Shayene Vieira Mossi O que é informática educativa? Informática educativa refere-se ao uso do computador e suas ferramentas no âmbito escolar, enquanto recurso pedagógico a ser utilizado pelo profissional docente. Embora o termo informática não seja o mais atual (comum na década de 80), o termo informática educativa continua sendo utilizado pelos profissionais da educação. No âmbito escolar, também podemos considerar o computador como um dispositivo de tecnologia assistiva e, portanto como um facilitador de inclusão escolar e social. O termo "Informática na Educação" tem assumido diversos significados dependendo da visão educacional e da condição pedagógica em que o computador é utilizado. Vive-se um período em que se faz necessário ter ao menos um domínio mínimo das informações. Os benefícios trazidos pelas novas tecnologias são incontáveis, e é indiscutível a proporção de seus reflexos sociais e comportamentais. O símbolo maior dessas inovações da tecnologia é o computador que hoje é acessível à boa parte da população e com isso vem ganhando seu devido valor. Com tantas mudanças, a educação vem se sentindo pressionada a incorporar o computador nos processos pedagógicos, facilitando tanto o ensino como a aprendizagem. A essa interferência tecnológica no ensino dá-se o nome de informática educativa. O objetivo da informática educativa é utilizar o computador para acesso à internet e softwares educativos - enquanto recurso pedagógico para as aulas de diferentes disciplinas, incentivando a descoberta de informações e a construção do conhecimento tanto do aluno quanto do professor. Desta forma, cabe ao profissional docente refletir sobre as possibilidades para que as ferramentas computacionais contribuam efetivamente para a construção do conhecimento por seus alunos, e por isso perguntas sobre: "por que", "quando" e "como" usar o computador é fundamental para auxiliar numa efetiva construção do conhecimento. As vantagens do uso da internet são inúmeras. Uma delas é a criação de salas de aula virtuais, passando de um caráter passivo para um caráter dinâmico, sendo estimulados a desenvolver suas qualidades intelectuais. A internet funciona como uma imensa biblioteca onde as informações estão disponíveis para o pesquisador que será encorajado a desenvolver suas habilidades. Outra vantagem é a possibilidade de interagir com outras pessoas, através de e-mails, chats, videoconferências. Essa aprendizagem cooperativa permite que o aluno aumente sua capacidade de desenvolvimento. É óbvia que para poder usufruir desses benefícios é necessária ao menos uma noção de como usar a internet. Através da Internet, é possível ignorar o espaço físico, conhecer e conversar com pessoas sem sair de casa, digitar textos com imagens em movimento (gifs), inserir sons, ver fotos, desenhos, ao mesmo tempo em que podemos ouvir música, assistir vídeos, fazer compras, estreitar relacionamentos em comunidades virtuais, participar de bate-papos (chats), consultar o extrato bancário, pagar contas, ler as últimas notícias em tempo real, enfim, trabalho e lazer se confundem no cyberespaço. Porém, apesar de vários benefícios que a internet pode promover para a educação, ainda existem vários empecilhos para sua implantação. Um deles é a recusa, principalmente dos pais, na adoção da informática educativa. Isso acontece porque eles ainda não tiveram contato com a tecnologia e não conseguem enxergar a internet como uma benfeitora. Outro obstáculo é o fato de alguns alunos usarem a internet para fins banais. Em relação a este caso, é preciso a elaboração de projetos pedagógicos e roteiros de trabalho que incluam tempo para os estudantes saciarem sua curiosidade para depois se concentrarem nas demais atividades. Em linhas gerais, a Informática na Educação significa a inserção do computador no processo de ensino-aprendizagem dos conteúdos curriculares de todos os níveis e modalidades da educação. Os assuntos de uma determinada disciplina da grade curricular são desenvolvidos por intermédio do computador. Por tudo isso, podemos considerar a informática educativa um caminho acessível para a inclusão digital. Histórico da Informática Educativa no Brasil No Brasil os primeiros passos da informática educativa ocorreram em 1971 com o uso do computador no ensino de física (USP de São Carlos). As primeiras pesquisas foram desenvolvidas pela UFRJ, Unicamp e UFRGS. No final da década de 1970 e início de 1980, novas experiências na UFRGS foram apoiadas nas teorias de Piaget, destacando-se o trabalho realizado pelo Laboratório de Estudos Cognitivos (LEC). Foram desenvolvidos trabalhos com crianças de escola pública que apresentavam dificuldades de aprendizagem. Ações do Governo Federal, a partir de meados de 1970 estabeleceu políticas públicas voltadas para a construção de indústria própria; também surgiram medidas protecionistas para a área. Destacam-se as criações da Comissão de Coordenação das Atividades de Processamento Eletrônico, das Empresas Digitais Brasileiras e da Secretaria Especial de Informática. No final de 1981 houve subsídios do governo para a Implantação do Programa Nacional de Informática na Educação. Tal programa recomendava que as iniciativas nacionais devessem estar centradas nas universidades e não diretamente nas Secretarias de Educação. O desenvolvimento de softwares educativos, demarcados por valores culturais, sociopolíticos e pedagógicos da realidade brasileira e a formação de recursos humanos eram ações do programa. A partir de todas essas iniciativas foi estabelecida uma sólida base para a criação de um Programa Nacional de Informática Educativa - PRONINFE, o que foi efetivado em outubro de 1989, através da Portaria Ministerial nº 549/GM. O PRONINFE tinha por finalidade: desenvolver a informática educativa no Brasil, através de projetos e atividades, articulados e convergentes, apoiados em fundamentação pedagógica sólida e atualizada, de modo a assegurar a unidade política, técnica e científica imprescindível ao êxito dos esforços e investimentos envolvidos. Assim foi-se construindo a história da Informática Educativa no Brasil, que tem como objetivo utilizar o computador como recurso didático para as práticas pedagógicas nos diversos componentes curriculares, incentivando a descoberta tanto do aluno quanto do professor e preocupando-se com "quando", "por que" e "como" usar a informática para que a mesma contribua efetivamente para a construção do conhecimento. A informática educativa e a escola O ensino da informática possui duas vias quando se trata de educação, primeiro a educação para o conhecimento e segundo o acesso dos alunos as novas tecnologias. A primeira, a educação para o conhecimento, possuí como objetivo transmitir informação para professores e alunos e que todos consigam obter através, das informações recebidas o conhecimento educacional. O segundo de acesso às novas tecnologias, trás alguns problemas, como: muitas escolas pelo país não tem acesso ao ensino de informática, a internet, professores com dificuldades de lidar com a informática, resistência de professores com a utilização de novas tecnologias. Apesar desses problemas todos enfrentados no acesso às tecnologias, muitas escolas possuem laboratórios de informática, professores capacitados para utilização da informática, bem como toda a escola envolvida no desenvolvimento do conhecimento do aluno a cerca das novas tecnologias. A chegada das tecnologias no ambiente escolar provoca uma mudança de paradigmas. A Informática Educativa nos oferece uma vastidão de recursos que, se bem aproveitados, nos dão suporte para o desenvolvimento de diversas atividades com os alunos. Todavia, a escola contemporânea continua muito arraigada ao padrão jesuítico, no qual o professor fala, o aluno escuta, o professor manda, o aluno obedece. A chegada da era digital coloca a figura do professor como um “mediador” de processos que são estes sim, capitaneados pelo próprio sujeito aprendiz. Porém, para que isso ocorra de fato, é preciso que o professor não tenha “medo” da possibilidade de autonomia do aluno, pois muitos acreditam que com o computador em sala de aula, o professor pede o seu lugar. Pelo contrário, as máquinas nunca substituirão o professor, desde que ele ressignifique seu papel e sua identidade a partir da utilização das novas abordagens pedagógicas que as tecnologias facilitam. A adoção das TIC’s em sala de aula traz para os educandos, muitos caminhos a percorrer e para isso é preciso à presença do professor, pois é ele quem vai dinamizar todo este novo processo de ensino-aprendizagem por intermédio dessa ferramenta, explorando-a ao máximo com criatividade, conseguindo o intuito maior da Informática Educativa: mudança, dinamização, envolvimento, por parte do aluno na aprendizagem. Oferecer recursos aos professores para facilitar a gestão da educação pode ter bons retornos no futuro. Sabe-se que o desenvolvimento da educação é um investimento ao longo prazo. É preciso investir na capacitação dos alunos, mas é importante encontrar meios que atraiam a vontade do aluno em querer aprender e frequentar a escola. A utilização da Informática Educativa pode juntar elementos da educação formal com outros da não formal, beneficiando tanto o aspecto prático dos meios não formais quanto a teoria mais generalizada presente nos meios acadêmicos. Por intermédio de sites na Internet, por exemplo, pode trazer para dentro da sala de aula, filmes ilustrando a vida de grandes vultos do passado, ou documentários detalhando as etapas no desenvolvimento de seres vivos, dentre outros. A democratização do acesso a esses produtos tecnológicos é talvez o maior desafio para esta sociedade demandando esforços e mudanças nas esferas econômica e educacional. Para que todos possam ter informações e utilizar-se de modo confortável as novas tecnologias, é preciso um grande esforço político. Como as tecnologias estão permanentemente em mudança à aprendizagem contínua é consequência natural do momento social e tecnológico que vivemos, a ponto de podermos chamar nossa de sociedade de “sociedade de aprendizagem”. Todavia, a utilização de ferramentas computacionais em sala de aula, ainda parece ser um desafio para alguns professores que se sentem inseguros em conciliar os conteúdos acadêmicos com instrumentos e ambientes multimídia, os quais ainda não têm pleno domínio. Certamente, o papel do professor está mudando, seu maior desafio é reaprender a aprender. Compreender que não é mais a única fonte de informação, o transmissor do conhecimento, aquele que ensina, mas aquele que faz aprender, tornando-se um mediador entre o conhecimento e a realidade, um especialista no processo de aprendizagem, em prol de uma educação que priorize não apenas o domínio dos conteúdos, mas o desenvolvimento de habilidades, competências, inteligências, atitudes e valores. Compete ao professor e aluno explorarem ao máximo todos os recursos que a tecnologia nos apresenta, de forma a colaborar mais e mais com a aquisição de conhecimento. Ressalta-se ainda que o educando é antes de tudo, o fim, para quem se aplica o desenvolvimento das práticas educativas, levando-o a se inteirar e construir seu conhecimento, por intermédio da interatividade com o ambiente de aprendizado. É papel da escola democratizar o acesso ao computador, promovendo a inclusão sócio-digital de nossos alunos. É preciso também que os dirigentes discutam e compreendam as possibilidades pedagógicas deste valioso recurso. Contudo, é preciso estar conscientes de que não é somente a introdução da tecnologia em sala de aula, que trará mudanças na aprendizagem dos alunos, o computador não é uma algo vai resolver todos os problemas educacionais. As ferramentas computacionais, especialmente a Internet, podem ser um recurso rico em possibilidades que contribuam com a melhoria do nível de aprendizagem, desde que haja uma reformulação no currículo, que se criem novos modelos metodológicos, que se repense qual o significado da aprendizagem. Uma aprendizagem onde haja espaço para que se promova a construção do conhecimento. Conhecimento, não como algo que se recebe, mas concebido como relação, ou produto da relação entre o sujeito e seu conhecimento. Onde esse sujeito descobre, constrói e modifica, de forma criativa seu próprio conhecimento. O grande desafio da atualidade consiste em trazer essa nova realidade para dentro da sala de aula, o que implica em mudar, de maneira significativa, o processo educacional como um todo. Enfim, Informática Educativa vai muito além de ensinar o aluno sobre competências computacionais, onde o mesmo é treinado em aplicativos comerciais. Podemos dizer que não basta ter conhecimento técnico e conhecer a fundo os componentes do computador, ou saber programar com diversas linguagens. Há outras diversas vertentes que devem ser levadas em consideração neste processo. O mais importante e necessário é ter consciência das implicações sociais do computador na sociedade. Pensando nisso, as escolas vêm adotando cada vez mais o uso de computadores, mas será que na prática estão atingindo seu objetivo, ou estão apenas ensinando os alunos a trabalhar com um sistema operacional e alguns aplicativos? Será que basta ter um bom laboratório, com equipamentos de última geração? Bastaria ter recursos suficientes para adquirir aparelhos eletrônicos e tecnológicos de custo alto? Notamos que algumas instituições se equipam e buscam uma boa estrutura técnica, porém visando o marketing. A adoção da Informática Educativa numa instituição educacional significa o desenvolvimento do conteúdo de disciplinas curriculares por intermédio do computador. Este processo não depende diretamente de recursos físicos! É um processo de conscientização por parte dos alunos, direção e, principalmente, dos professores. É preciso entender a função dos professores das disciplinas e do professor especialista em informática: O professor da disciplina (seja ela qual for) não deve substituir seus métodos e estratégias de ensino/aprendizagem e sim enriquecê-los com as novas possibilidades. O fator ou podemos dizer que o papel fundamental do ensino da informática nas escolas é disponibilizar para os alunos aulas mais dinâmicas, lúdicas e mais interativas. Dessa forma os profissionais da educação precisam conheceras funcionalidades e as tecnologias que envolvem a informática, para assim disponibilizar para seus alunos novos conhecimentos, através de novas formas de ensinar. A utilização da informática educativa requer uma implementação de projeto de ensino de informática, pois este planejamento deve estar atrelado com as diretrizes pedagógicas da escola. Todas as atividades, conteúdos e recursos didáticos devem ser planejados em conjunto, entre professores regentes e professores do ensino de informática. REFERÊNCIAS ALMEIDA, M E de. Informática e formação de professores. Brasília: Ministério da Educação, 2000. LUFT, C.P Dicionário Luft. São Paulo: Ática, 2006. VALENTE, J. A. Computadores e conhecimento: repensando a educação. Campinas: UNICAMP. 1993.