Como e para que estudar Geografia?

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CPREPECEME / CLUBE MILITAR 2017-2018
ANEXO à Mensagem nº 1/2017 – 1ª FORMATIVA
Como e para que estudar Geografia?
O SER HUMANO E O ESPAÇO EM
QUE VIVE
Desejo conversar com vocês
sobre o ser humano, o espaço
em que vive,o que faz e como
faz a sua história. Ilustram nosso
estudo algumas figuras que
postei em nosso grupo no
Yahoo.
A Geografia estuda os espaços
geográficos, suas características
e os povos que os habitam. Estuda como eles influenciam e condicionam o comportamento de
quem neles vive e como o ser humano os modifica a fim de atender a suas necessidades. A
História estuda as ações do ser humano, seja alterando o espaço em que vive, seja disputando
o espaço de que necessita, seja se
integrando a esses espaços.
(G511)
ASPECTOS FISIOGRÁFICOS
Qualquer estudo que fizermos, deverá
levar em conta a lógica com que vive o
AMÉRICA DO SUL
ser humano na terra: ele é uma espécie
BRASIL
gregária; vive em grupos e habita algum
lugar. Este lugar, esse espaço tem
características que influem nas ações
humanas em busca da sobrevivência e do
desenvolvimento da espécie; é o meio
ambiente em que vivemos. No estudo de
situação militar, é a zona de ação ou
teatro de operações ou de guerra; seu
estudo é, no nível tático, o estudo do terreno. Aqui estudamos todos os aspectos que
compõem a fisiografia – posição geográfica absoluta e relativa, extensão, maritimidade e
continentalidade, orografia e hidrografia, vegetação e clima, solo e subsolo, etc. Nos interessa,
como conclusão, como esses fatores facilitam ou dificultam a vida humana.
CARACTERIZAÇÃO DA
ÁREA:
FISIOGRAFIA
POSIÇÃO
EXTENSÃO
LIMITES
MARITIMIDADE
CONTINENTALIDADE
GEOLOGIA
RELEVO
HIDROGRAFIA
CLIMA
VEGETAÇÃO
LITORAL
REGIÕES NATURAIS
SUB-REGIÕES E MICRO-REGIÕES
FIXAÇÃO E CIRCULAÇÃO DO HOMEM - EXPANSÃO E INTEGRAÇÃO DOS NÚCLEOS POPULACIONAIS
Quanto aos grupos humanos – povos – também buscamos suas características: como se
organizam, como exploram o meio ambiente em que vivem, como buscam seu
desenvolvimento, como se comportam em relação a si mesmos e em relação a outros grupos
ou povos. No estudo de situação militar, este isto corresponde ao estudo do inimigo –
organização, poder de combate, etc . Lá, concluímos sobre as possibilidades do inimigo; aqui
deveremos concluir sobre a potencialidade de cada povo, seus interesses e seu
comportamento em relação aos espaços sobre os quais atua ou influi, seu comportamento em
relação aos outros povos.
Aí está o rumo que sugerimos para o nosso estudo. Se o mantivermos, seremos capazes de
identificar e correlacionar os diversos fatores que deveremos considerar na análise dos
assuntos que compõem os planos de disciplinas estabelecidos pela ECEME.
É claro que os mnemônicos (popo) nos ajudam a memorizar tais fatores, mas só a
compreensão das características do espaço geográfico e das características dos povos nos
permitirá concluir sobre a importância do meio ambiente, da economia, da identidade dos
povos, das políticas adotadas para cada setor de atividades, das relações internacionais, das
ações geopolíticas e estratégicas. E das ações para a defesa (de interesse da expressão militar
do poder nacional).
ECONOMIA
Cuidemos da ECONOMIA (ou expressão econômica do poder nacional).
O atual conceito de economia é relativamente recente e podemos reduzi-lo a tudo aquilo que
envolve as atividades produtivas.
Um sistema produtivo, qualquer que seja,
envolve setores de prospecção e
exploração de matérias primas, setores de
infraestrutura – energia, transportes e
informações
(que
permitem
o
funcionamento do sistema) e os setores
produtivos, propriamente ditos, que vão
desde o manejo dos produtos primários,
passam pelos setores de transformação ou
industriais e chegam
ao setor de
comercialização e distribuição de produtos
acabados.
Normalmente
listamos
os
setores
produtivos em primários, secundários e
terciários, envolvendo respectivamente
extrativismo, mineração, agropecuária,
indústria, comércio e serviços.
Os sistemas produtivos, entretanto, dependem de outras áreas da atividade humana, de
outras expressões do poder nacional.
Políticas econômicas
São as políticas econômicas, gerais e setoriais, aquelas que dão os objetivos e o ritmo da
economia de um país. Mesmo condicionadas pelos diversos fatores que influem sobre o que se
deseja atingir, elas representam a capacidade de gerenciamento do poder político de um país
na condução da economia. Portanto elas regulam os sistemas produtivos, elas regulam a
economia. Uma economia que não existe por existir; existe para garantir a sobrevivência, o
desenvolvimento e o bem estar de um povo, de um país. Uma economia instável, deficitária,
mal administrada, fracassa nos seus objetivos; gera insatisfação, desemprego, instabilidade
social e política.
Mercado
Economia é logística, do ponto de vista militar. Como logística, seu estudo pode ser sintetizado
na permanente comparação entre necessidades e possibilidades, ou demanda e oferta.
Administrar bem a economia é garantir uma oferta que atenda à demanda, seja em
quantidade, seja em qualidade.
A economia depende, portanto mercado, mercados interno e externo, com suas demandas
quantitativas e qualitativas.
Setor financeiro
Desde que a moeda se tornou o instrumento de avaliação do produto e ganhou a condição de
insumo básico a qualquer empreendimento, os investimentos financeiros se tornaram vetor
essencial aos diversos setores da economia. Esses investimentos depende de políticas
financeiras, da estabilidade da moeda e do câmbio, do controle do meio circulante, das
políticas de financiamentos e de juros.
Tecnologia
O avanço tecnológico, em todos os setores da economia, tornou-se a chave da produtividade e
da competitividade. Ele envolve investimento em pesquisa e em qualificação de mão de obra e
nos seus resultados. Envolve no investimento e desenvolvimento em máquinas e ferramentas,
e em técnicas de produção de alto rendimento.
Mão de obra
Nada funcionará a contento sem a competência humana. Qualificação da mão de obra,
emprego, remuneração e seguridade social são essenciais a uma economia eficaz.
A expressão social ou psicossocial
A expressão social, melhor designada psicossocial, diz respeito a maneira de ser de um povo,
seus usos e costumes, seus valores, seu caráter, sua identidade, todo decorrente de sua
formação ao longo do tempo e que condiciona sua organização social.
SER HUM ANO
AUTO-REALIZAÇÃO
CIDADÃO
BEM -ESTAR:
- SAÚDE
- EDUCAÇÃO
- TRABALH O E
REM UNERAÇÃO
- H ABITAÇÃO E
SANEAM ENTO
- CULTURA E LAZER
- SEG URANÇA
LIBERDADE:
- AUSÊNCIA DE
CO ERÇÃO
- AUTO NO M IA
JUSTIÇA:
- IG UALDADE DE
O PO RTUNIDADES
- IG UALDADE NO
TRAM ENTO SO CIAL
E LEG AL
( POL - LCCP )
ATITUDE
PARTICIPAÇÃO
ATIVIDADES ECO NÔ M ICAS:
- PARTICIPAÇÃO NA PRO DUÇÃO
- PARTICIPAÇÃO NA RIQ UEZA
ATIVIDADES SO CIAIS:
- RECO NH ECIM ENTO SO CIAL
- RESPO NSABILIDADE SO CIAL
ATIVIDADES PO LÍTICAS:
- PARTICIPAÇÃO NO PO DER ATRAVÉS DA
PARTICIPAÇÃO NAS DECISÕ ES DE INTERESSE CO M UNITÁRIO E NA G ESTÃO
DA CO ISA PÚBLICA
D E M O C R A C I A
O ser humano, qualquer que seja, tem uma aspiração: sua autorrealização. Ela se faz na
medida em que ele alcança seus próprios objetivos de bem-estar, liberdade e justiça. Na
medida em que se autorrealiza ele terá uma participação maior ou menor, melhor ou pior na
sociedade.
Os setores a que chamamos sociais são os que respondem pelo desenvolvimento humano.
ANÁLISE DO CAMPO PSICOSSOCIAL
UM PERFIL DA SOCIEDADE
DESENVOLVIMENTO HUMANO
EDUCAÇÃO - SAÚDE - TRABALHO - HABITAÇÃO - SANEAMENTO BÁSICO
SEGURANÇA PÚBLICA - LAZER - LIBERDADE - JUSTIÇA
COMPORTAMENTO E CULTURA
CARACTERÍSTICAS E IDENTIDADE
ESTRUTURA
ELITES
(BURGUESIA)
CLASSE MÉDIA
ASSALARIADOS
AUTÔNOMOS
OPERARIADO
TRABALHADORES
RURAIS
TRABALHADORES
INFORMAIS
MARGINALIZADOS
OU EXCLUÍDOS
PACTOS
SOCIAIS,
SOCIAL
MOBILIDADE SOCIAL E
ESPACIAL
GRAU DE PARTICIPAÇÃO E DE
REPRESENTAÇÃO
CONFLITOS
FATORES DE COESÃO
DE DESAGREGAÇÃO
E
CLÃS
ASSOCIAÇÕES
CORPORAÇÕES
INSTITUIÇÕES
ORGANIZAÇÕES
PARTIDOS
POLÍTICOS
OUTROS GRUPOS
SOCIAIS
SÓCIO-ECONÔMICOS e SÓCIO-POLÍTICOS
O atendimento eficaz a esses setores resultará no comportamento individual e coletivo que
define a as características, a cultura e a própria identidade de um povo. Serão essas
características as que definirão a organização social, a integração, a coesão desse povo. Serão
essas características, essa identidade, que lhe darão a capacidade de resolver seus conflitos
internos e externos através de pactos que permitam a convivência dos diversos grupos que
formam o povo e a harmonia entre os diversos interesses em jogo.
É indiscutível a importância da educação (e não apenas instrução). É a educação que consolida
no ser humano os valores e o comportamento sociais. É a educação que lhe permite avaliar a si
próprio e a seus semelhantes. É a educação que garante o respeito mútuo, o compromisso
com os deveres sociais, a responsabilidade com o coletivo, o respeito ao outro. É ela também
que, aliada à instrução, lhe dá a competência naquilo que faz. A capacidade de realizar de um
povo decorre da capacidade de realizar de seus cidadãos. É a educação que permite ao ser
humano cuidar de sua saúde e da de seus semelhantes. É a educação que lhe permite trabalho
competente, habitação e saneamento adequado, comportamento que contribui para a
segurança e para a justiça. A educação é a base de uma sociedade produtiva, equânime,
estável. É a base de uma economia eficaz. É a garantia de uma estrutura política
comprometida com o destino de um povo. Isso não é discurso nem utopia; é o objetivo que o
que chamamos civilização busca alcançar.
Prestem atenção, portanto, na importância da educação em todas as atividades humanas, em
todas as expressões do poder. Mas não só nela. Os demais setores sociais também contam.
Não vou me alongar quanto ao setor de saúde em todas as suas facetas. O estado sanitário de
uma população condiciona sua capacidade na economia e em tudo mais. E não há saúde sem
habitação condigna (espaço e funcionalidade) e sem saneamento básico (água, esgoto, lixo,
etc). E não há nada disso sem educação – formação de hábitos e costumes, através do
conhecimento (instrução) – que capacitam o ser humano para a ação.
O trabalho é o elo de ligação mais forte entre as expressões psicossocial e econômica. Ele
representa a capacidade e a sociedade produzir e se realizar. O trabalho e seus setores
correlatos – remuneração e seguridade social (previdência) – são responsáveis pela
autorrealização das pessoas e de seus grupos familiares. O trabalho e seus afins são fatores
fundamentais para a estabilidade social e política de um povo. Política salarial desequilibrada e
desemprego criam tensões sociais e se tornam fatores de desagregação da sociedade; geram
conflitos e comprometem o futuro de um povo.
Por fim, não há que descuidar do lazer, da liberdade e da justiça.
O lazer é uma necessidade fisiológica e interfere diretamente no comportamento do ser
humano. Sua falta ou abstinência comprometem o rendimento, o humor, o relacionamento, o
desenvolvimento humano.
Quanto à liberdade há que se considerar a ausência de coerção e a autonomia do ser humano.
Uma é de fora para dentro. Cada um deve ter a liberdade para exercer seu livre arbítrio e ser
responsável por essa liberdade. Tê-la cerceada de qualquer forma inibe a ação humana,
compromete o rendimento das pessoas naquilo que fazem e estimula o ilícito. É importante
lembrar que a disciplina e a hierarquia não tiram a liberdade. Pelo contrário, representam o
seu exercício deliberado e responsável. É por ser tão importante que o castigo para criminosos
é o seu confinamento temporário, tirando-lhes fisicamente a liberdade de ir e vir e limitando
suas atividades.
Há a perda da liberdade pela incompetência. Queremos fazer, mas não temos capacidade para
fazê-lo. Essa limitação de nossa própria competência pode vir de deficiência física ou mental,
ou da falta de educação e instrução, ou simplesmente por sermos incompetentes para aquela
ação. Em que pese não representar um cerceamento crítico da liberdade, é uma limitação que
todos temos em relação a determinadas muitas atividades.
A justiça de que falamos aqui não é o funcionamento do judiciário. Este é apenas o
instrumento da sociedade para tratar do ilícito. Falamos do reconhecimento social e do
tratamento equânime entre os seres humanos. Você é capaz de olhar para outra pessoa e
reconhecê-la como seu semelhante? Ou, ao olhá-la, a vê como alguém a quem você teme ou
desdenha? Muitas vezes nos é difícil sermos justos. Lembramo-nos mais das leis que nos
ameaçam com punições se não “reconhecermos” os “direitos” do outro do que do simples fato
de que ele é um ser humano como nós. Mas ficamos felizes e realizados quando nos
reconhecem, reconhecem nosso trabalho, nos têm atenção. Essa é a justiça que buscamos,
simples assim, embora estejamos sempre atentos e preocupados com a punição ao ilícito, ao
funcionamento eficaz do poder judiciário, aquele que age em meu nome contra os
transgressores das leis que regem o convívio social.
Tentem, agora, correlacionar tudo isso com as nossas atividades nos diversos setores da
economia.
Novamente devo lhes chamar a atenção para o uso dos mnemônicos (popo). Eles listam tudo
isso, são úteis e até indispensáveis no processo de memorização, mas não respondem, por si
só, às questões que nos são propostas.
Diante da servidão, do pedido e das condicionantes da questão, devemos ser capazes de
respondê-la combinando, de forma objetiva e clara, os diversos fatores econômicos, sociais e
políticos (e militares) envolvidos. Só o faremos se soubermos nos expressar adequadamente,
por escrito.
O termo política evoluiu de seu significado inicial – coisa da polis – para significar o
gerenciamento das atividadde humanas através de estruturas para isso estabelecidas que,
hoje, poderíamos chamar de estruturas de estado. Elas correspondem aos usos e contumes
dos diversos povos que se organizam em estados e acompaham o dinamismo da evolução
desses povos e das relações entre eles (relações internacionais).
Podemos dizer, em uma simplificação, que política é o exercício do poder na direção dos
povos, no gerenciamento da coisa pública. A política assim compreendida depende dos atores
políticos (grupos sociais e agentes econômicos), depende de como o poder é distribuído entre
esses diversos atores e segundo os divesos interesses e, por fim, de como é exercido.
Um bom ou um mal gerenciamento terão como resultado o desenvolvimento humano
buscado pelos povos ou a rustração dos objetivos.
Do resumo que lhes oferecemos poderemos armar que sociedade, ecnomia e política
constituem um conjunto de engrenagens que deve ser harmônico. Quando uma delas vai mal,
o conjunto estará comprometido e os povos envolvidos caminharão para o atraso, para a
estagnação e para o conflito social.
Na economia, normalmente, o “alarme” vem do setor financeiro, indicador da retração da
economia. Na sociedade, ele vem do desemprego, indicador de que o trabalho - elo de ligação
entre economia e sociedade- está estagnado ou se retraindo em consequência de uma
economia claudicante. Na política o alarme vem da incompetência dos atores políticos em agir
em face dos poblemas econômicos e dos consequentes problemas sociais.
Tudo isso enfraquece o psicossocial dos povos envolvidos tirando-lhes a autoconfiança e a
capacidade de enfrentar e resolver as dificuldades existentes. Eles se tornam dependentesde
otros povos e periféricos no desenvolvimento humano mundial.
Façam um “giro do horizonte” pelo mundo atual e prestem atenção no que vem acontecendo
no Brasil. Isto é estudar geografia. Qualquer que seja o setor que estudarmos ou que nos
perguntem a respeito, estaremos sempre correlacionando esses diversos fatores desse grande
painel. É claro que só usaremos aqueles que nos interessem sea para o estudo realizado, seja
na resposts a questões que nos forem apresentadas.
FISIOGRAFIA
FATO
GEOGRÁFICO
SOCIEDADE
POLÍTICA
APROPRIAÇÃO E
USO DOS RECURSOS
NATURAIS
ECONOMIA
MODIFICAÇÃO DA
FISIOGRAFIA
PELO HOMEM
CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
DEFESA
Proponho-lhes a seguinte questão, como abertura dessa fase de nossa preparação:
Apresentar as características das atuais crises econômica e política pelas quais passa o Brasil
e suas consequências imediatas para a economia, para a sociedade e para a política externa
do país.
Um abraço
Cel Carneiro
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