FACULDADE SÃO CAMILO - MG INSTITUIÇÃO CHANCELADORA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM NEUROCIÊNCIAS E PSICANÁLISE APLICADAS À EDUCAÇÃO NEUROCIÊNCIAS E EQUOTERAPIA: POSSIBILIDADES TERAPÊUTICAS CONTEMPORÂNEAS PARA O BEM ESTAR PSÍQUICO DANIELA MARINHO SOUSA ORIENTADOR: PROF. LUIZ CARLOS PANISSET TRAVASSOS, MsC BELO HORIZONTE, JULHO DE 2011 DANIELA MARINHO SOUSA NEUROCIÊNCIAS E EQUOTERAPIA: POSSIBILIDADES TERAPÊUTICAS CONTEMPORÂNEAS PARA O BEM ESTAR PSÍQUICO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para obtenção do título de Especialista em NEUROCIÊNCIAS E PSICANÁLISE APLICADAS À EDUCAÇÃO, sob orientação do Professor Luiz Carlos Panisset Travassos, Msc. FACULDADE SÃO CAMILO ± MG INSTITUIÇÃO CHANCELADORA BELO HORIZONTE, JULHO de 2011 NEUROCIÊNCIAS E EQUOTERAPIA: POSSIBILIDADES TERAPÊUTICAS CONTEMPORÂNEAS PARA O BEM ESTAR PSÍQUICO DANIELA MARINHO SOUSA Monografia aprovada pela Faculdade São Camilo ± MG, como exigência parcial para a obtenção do título de Especialista em Neurociências e Psicanálise Aplicadas à Educação. Data: _____________ de _______________ de 2011. BANCA EXAMINADORA _______________________________________________ PROF. LUIZ CARLOS PANISSET TRAVASSOS, MSC _______________________________________________ PROFA. LUCÍLIA PANISSET TRAVASSOS, DRA. _______________________________________________ PROF. EDSON GOMES TRAVASSOS, MsC DECLARAÇÃO DE AUTORIA Eu, DANIELA MARINHO SOUSA, identidade nº M 8.856.321 emitida pela SSP/MG declaro para os devidos fins e sob as penas da lei, que o trabalho que YHUVD VREUH ³NEUROCIÊNCIAS E EQUOTERAPIA: POSSIBILIDADES TERAPÊUTICAS CONTEMPORÂNEAS PARA O BEM ESTAR PSÍQUICO´ é de minha única e exclusiva autoria, estando a FACULDADE SÃO CAMILO-MG autorizada a divulgá-lo, mantendo cópia em biblioteca, sem ônus referentes a direitos autorais, por se tratar de exigência parcial para certificação do CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM Neurociências e Psicanálise Aplicadas à Educação. Belo Horizonte, _________ de _____________ de 2011. __________________________________________ Assinatura 1 INTRODUÇAO ³ePDLVimportante conhecer o tipo de pessoa que tem a doença, do que conhecer DGRHQoDTXHDSHVVRDWHP´ Hipócrates O tema deste projeto nasceu do interesse em pesquisar as relações existentes entre um diagnóstico de transtorno psiquiátrico e as possibilidades de estabilização das queixas através do tratamento médico convencional, com medicação e a psicoterapia complementar utilizando as técnicas da Equoterapia e seus aspectos Neurocientíficos. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 1946), observando o crescente adoecer psíquico é possível estimar que um quarto da população mundial desenvolverá distúrbios psíquicos no decorrer da vida. Normalmente diante de um comportamento diferente, fora do padrão socialmente aceito muitas pessoas são rotuladas como portadoras de alguma doença mental, algum distúrbio, disfunção, dito como anormal. A pesquisa buscará discutir algumas questões eminentes dentro do diagnóstico psiquiátrico, muitas vezes fechado e indiscutível. Trazendo assim, fatores desencadeadores do sofrimento mental, possibilidades terapêuticas para estabilização e/ou promoção de novas habilidades sociais, enfatizando o uso da Equoterapia nesse processo de convergência das abordagens Psiquiátrica e Cognitivo-Comportamentais. Para abordar o tema proposto, foi realizada uma pesquisa bibliográfica na qual foram levantados os critérios de normal e patológico e as possíveis intervenções e contribuições da Equoterapia aplicada como terapia auxiliar as psicopatologias. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS, 1946 apud Sonenreich e Bassitt,1979, p.53), VD~GHp³XPHVWDGRGHcompleto bem-estar físico, mental H VRFLDO TXH QmR FRQVLVWH DSHQDV QD DXVrQFLD GH GRHQoD RX HQIHUPLGDGH´ Esta abordagem amplia o conceito biológico da saúde, pois inclui os componentes psicológicos e sociais do ser humano. Todo ato humano torna-se um ato da pessoa na sua totalidade, envolvendo as dimensões biológicas, emocionais, intelectuais e a capacidade de se adaptar, de criar ou de inovar. Porém, essa definição de saúde dada pela OMS em 1946, apresenta uma ambigüidade: qual é o significado da palavra completo? Quem o atinge, ou TXHPGHILQHHVVHHVWDGRGH³FRPSOHWREHP-HVWDU´" É comum dizer, o que não é sadio é doente; o que não é doente é sadio. O conceito de saúde está intrinsecamente condicionado à ausência de doença, a um completo bem estar físico, mental e social. Porém crenças e conceitos sofrem mudanças, um exemplo é a Carta de Ottawa escrita na 1ª Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, realizada em novembro de 1986, em Ottawa no Canadá, na qual se define saúde não como ausência de doença, PDVFRPR³XPFRQMXQWRGHDo}HVYROWDGDVSDUDSUHYHQomRGHGRHQoDVHULVFRV individuais, considerando a influência de aspectos sociais, econômicos, SROtWLFRV H FXOWXUDLV VREUH DV FRQGLo}HV GH SURPRomR GH YLGD H GH VD~GH´ (Carta de Ottawa, 1986, p.1) Freud, (1951, apud Sonenreich e Bassitt,1979, p.49) também considerava ³LPSRVVtYHO HVWDEHOHFHU FLHQWLILFDmente uma linha de demarcação entre os HVWDGRV QRUPDLV H DQRUPDLV´ SDODYUDV HVVDV FRPXPHQWH XVDGDV SDUD VH dizer de saúde ou doença. Mas então, como avaliar a normalidade ou seria um estado de normalidade? Sonenreich e Bassitt (1979), estabeleceram 5 critérios básicos para se discutir com mais clareza essa tênue linha que distingue o normal e o patológico que são: x Critério Estatístico: Discorre do que a maioria apresenta como normal, quanto mais excêntrico, mais doente e a representação do normal se dará especialmente para os comportamentos socialmente aceitos como critério de normalidade psíquica. A média ou a maioria teria um valor quantitativo. O normal seria então, a função encontrada na maioria da população. ³&RPSRUWDU-se como a média, seria comportar-VH GH PDQHLUD ViELD VDGLD´ Sonenreich e Bassitt (1979). x Critério de Valorização: Não se trata de quantidade, mas de qualidade, à qualidade de vida do indivíduo. Saúde corresponde a um determinado ideal, em oposição a esse ideal está a doença. Voltando a definição da OMS (1946, apud Sonenreich e Bassitt,1979, p. 53), HP TXH VD~GH VHULD R ³HVWDGR FRPSOHWR GH EHP HVWDU ItVLFR PHQWDO H VRFLDO´ SRUWDQWR TXHP DWLQJLU HVWH HVWDGR GH FRPSOHWD qualidade de vida, seria saudável, sendo assim um critério valorativo. Os critérios valorativos, assim como os estatísticos são muito utilizados para definir saúde ou doença. Porém os valores são evidentemente diferentes, a subjetividade, a cultura, a ideologia, a individualidade, tornam esse critério insatisfatório para uma definição precisa da existência ou não de uma doença em tal pessoa. x Critério de Natural igual a normal, igual a sadio 'H DFRUGR FRP 6RQHQUHLFK H %DVVLWW S ³GL]HU QDWXUDO p HP JHUDO GL]HU ERP HVSRQWkQHR GHVHMiYHO p GL]HU QRUPDO H VDGLR´ Essa afirmação demonstra que este é também um critério valorativo, em que o natural é o que está conforme a natureza, onde não há interferência do homem, espontâneo, ordem regular e natural das coisas, portanto sadio. Em oposição estaria a cultura, que é produzida pelo homem, pela sociedade, DV QRUPDV D UD]mR RV DUWLItFLRV ³$ FXOWXUD LQYHQWD QHFHVVLGDGHV TXH VH WRUQDP LPSRVLo}HV SDUD R LQGLYtGXR´ 1mR VHQGR REULJDWRULDPHQWH GRHQWLD segundo os autores, a cultura, o artificial está em oposição a tudo que é natural e o que é natural é sadio. x Critério Nosográfico Conforme este critério, doente mental é aquele cujas características se enquadram em uma das entidades nosográficas, como por exemplo, o DSM-IV ou CID-10. Ou seja, doente mental é aquele que possui um diagnóstico, que HVWiLPEXtGR³HPFDVRVQRVTXDLVDVDOWHUDo}HVSRGHPVHUUHODFLRQDGDVFRP um mesmo mecanismo fisio-SDWRJrQLFR´6RQHQUHLFKH%DVVLWWS É preciso ressaltar que esse critério traz uma importante padronização de linguagem, onde se estabelece uma comunicação comum, porem pode, se cristalizada localizar o indivíduo num ponto imutável, catalogado em seu número, asujeitado às definições do mesmo. x Lesão Orgânica Este critério aponta para a discussão de que se não existe lesão orgânica, não existe doença. Para os autores que defendem essa idéia, a doença mental é um mito. Por exemplo, Fuller-Torrey 1974, (citado por Sonenreich e Bassitt, 1979, p.1 GL] ³D PHQWH QmR SRGH DGRHFHU DVVLP FRPR R LQWHOHFWR QmR pode ter um abscesso... Uma doença é algo que a gente tem, comportamento p DOJR TXH D JHQWH ID]´ &RPR WRGRV RV FULWpULRV DSRQWDGRV DFLPD HVWH também é bastante questionado. E a discussão se HVWHQGHGLDQWHGRVHUSRUWDGRUGHDOJR³XPDGRHQoDpDOJR TXHDJHQWHWHP´VHID]QHFHVViULRDQDOLVDUVHH[LVWHXPDHVFROKD- se ter ou ³SRUWDU´ DOJR TXH VHMD SUHMXGLFLDO HP WRGRV RV GRPtQLRV IDPLOLDU WUDEDOKR H social, é passível de escolha. Mais que critérios determinados para se diagnosticar o que é normal ou patológico, sadio ou doente, deve-se necessariamente adotar uma atitude em favor da vida, da individualidade humana e perceber que o que realmente importa é como cada indivíduo se comporta diante do adoecer, como adere a tratamento e a terapia e/ou quais comportamentos levam ao adoecer, as causas do mesmo. Outro ponto importante a ser destacado no processo terapêutico dos transtornos mentais é a família. Uma família pode desestruturar-se quando um de seus membros adoece. Sabendo que, qualquer adoecimento altera a dinâmica familiar, as implicações do adoecimento mental apresentam-se mais degradantes, pois podem romper barreiras e atingir contextos extra-familiares, o trabalho e a rede social, por exemplo, trazendo muitas vezes preconceito, isolamento, despersonalização e rótulo. O desenvolvimento do tema foi dividido em quatro capítulos, o primeiro apresentará algumas definições de transtorno, distúrbio, características, tipos mais frequentes e implicações na vida cotidiana de pessoas acometidas pelo adoecimento mental (psíquico). O segundo capítulo apresentará através de revisão bibliográfica a definição e uso da Equoterapia, indicações, contra-indicações, tipos e programas de Equoterapia, equitação e movimento tridimensional. No terceiro capítulo, a Equoterapia e a Psicologia, será elucidado pela atuação do psicólogo na Equoterapia e como a mesma se manifesta como grande aliada na Reabilitação Psicossocial do Praticante acometido de doença mental, seus principais benefícios como tratamento de diversos males do corpo e da mente associada à Terapia Cognitiva Comportamental. No quarto capítulo serão apresentados aspectos neurobiológicos da Equoterapia. Serão também abordadas as possibilidades de confluência dos aspectos Neurocientíficos das emoções na Equoterapia e como a Farmacoterapia e a Neurociência podem contribuir para uma melhor qualidade de vida ao praticante de Equoterapia com algum tipo de adoecimento psíquico. Através de evidências clínicas, será possível uma análise qualitativa de melhoria da qualidade de vida dessas pessoas e das possibilidades de alcançar bem estar psicossocial com o auxílio do cavalo e da equipe multidisciplinar envolvida na Equoterapia. E por fim, apresentar algumas considerações que se pretende com este trabalho, especialmente evidenciar as possibilidades de um contexto e equipe multidisciplinar voltada para um atendimento individualizado, personalizado, mais humanitário, buscando meios de amenizar o sofrimento humano. 1. Adoecimento Mental: um breve panorama e implicações Este primeiro capítulo será ilustrado pela definição de Transtorno, Distúrbio, Adoecimento mental e suas implicações na vida cotidiana das pessoas. Toda doença mental, pode ser considerada potencialmente grave em função dos impactos lesivos na vida dos pacientes, afetando não só o organismo do doente, mas estendendo-se à família, que se desestrutura diante do inexplicável; ao trabalho, gerando prejuízos na produtividade profissional ou desemprego; e a rede social, através do preconceito e isolamento. ³'DGRVGD2UJDQL]DomR0XQGLDOGH6D~GHDLQGDQDGpFDGDGH evidenciaram que o Transtorno Bipolar (por exemplo) foi a sexta PDLRU FDXVD GH LQFDSDFLWDomR QR PXQGR´ $%7%ï - Associação Brasileira de Transtorno Bipolar) Ainda segundo a Organização Mundial de Saúde, observando o crescente adoecer psíquico é possível estimar que um quarto da população mundial desenvolva distúrbios psíquicos no decorrer da vida. Mas afinal o que é Transtorno? O que é Distúrbio? O que é Doença Mental? De acordo com o dicionário Larousse (2006, vol.23, p.2597), o significado literal de Transtorno é; ³DWRRXHIHLWRGHWUDQVWRUQDU´HWUDQVWRUQDUVHJXQGRDPHVPDIRQWHp ³DOWHUDU UHYLUDU D RUGHP desorganizar, causar problemas a; atrapalhar, perturbar; tornar diferente do que era, transformar, corromper moralmente, desencaminhar, levar a ou perder o equilíbrio, desorientar (-se), perturbar (-se), deixar ou ficar com expressões diferentes, desfigurar (-VH´ -i D GHILQLomR GH 'LVW~UELR p ³DOJR TXH SHUWXUED FRQIXVmR LQTXLHWDomR UHEHOLmRWXPXOWRSHUWXUEDomRHPDOJXPDIXQomRRUJkQLFDGRHQoD´/DURXVVH 2006, vol.8, p.873) Como já citado, o conceito de saúde é abrangente, porém o conceito literal de doença é bem simples, segundo o dicionário Larousse (2006, vol.8, p.877), GRHQoDp³DOWHUDomRQDVD~GHGRVVHUHVYLYRVPROpVWLDHQIHUPLGDGHmal´ Diante desses conceitos, surge então uma outra questão: O que é Saúde Mental? Segundo a ADEB ± Associação de Apoio aos Doentes Depressivos e Bipolares (Portugal), Saúde Menal é; ³VHQWLUPR-nos bem conosco próprios e na relação com os outros. É sermos capazes de lidar de forma positiva com as adversidades. É termos confiança e não temermos o futuro. Mente sã em corpo são! A saúde mental e a saúde física são duas vertentes fundamentais e LQGLVVRFLiYHLVGDVD~GH´ Através da análise desses conceitos é possível compreender o que representa a doença mental, ou como a ausência da saúde mental irá operar no sujeito. O adoecer mental manifesta-se principalmente no pensamento, na percepção, na linguagem e na cognição. E está associado a um alto grau de sofrimento, tanto do paciente, quanto de seus familiares e amigos. As mudanças no humor, na personalidade, no pensamento e nos comportamentos acarretam em fortes efeitos nos relacionamentos interpessoais, desajustes familiares, no trabalho e com amigos. Por esse motivo, afirma a ABTB (Associação Brasileira de Transtorno Bipolar) o índice de mortalidade é bastante elevado, sendo o suicídio a causa mais freqüente de morte, especialmente entre os jovens. Não há uma causa específica, nem um único fator que determine o adoecimento, sua etiologia é multifatorial, como também a variedade de transtornos, distúrbios ou perturbações mentais e por isso, pode se manifestar através da vulnerabilidade genética e biológica, geralmente desencadeada quando a pessoa é submetida a estressores físicos, sociais e psicológicos, ou fatores inexplicáveis, sem nenhuma justificativa aparente. (KEILA, 1999, p 107) O diagnóstico e o tratamento são bastante complexos, freqüentemente há diagnósticos inadequados, e a troca de medicação é uma constante, o que dificulta a adesão ao mesmo. O tratamento deve ser basicamente medicamentoso, mas o tratamento não é razoavelmente satisfatório se for somente através do fármaco, ele sozinho, é insuficiente para combater os efeitos físicos e psicológicos trazidos pela doença. (KEILA,1999, p 107). Deve-se ainda ressaltar que os tratamentos e efeitos detalhados dos fármacos não são a finalidade deste trabalho, embora a sua associação a uma psicoterapia sim. A compreensão dos aspectos psicológicos do adoecimento mental e as peculiaridades de cada indivíduo são de fundamental importância. E hoje, com o avanço dos estudos psicológicos, neurocientíficos e das terapias alternativas; é possível acrescentar outras abordagens ao tratamento, como por exemplo, a que será apresentada neste trabalho: A Equoterapia, que atenta ao desenvolvimento biopisicossocial do praticante. Consta no capítulo seguinte desta pesquisa um aprofundamento da Equoterapia e seus benefícios físicos, psicológicos, educacionais e sociais ao praticante. De acordo com Del Porto (Dep. Psiquiatria/UNIFESP/EPM, 1999, p. 06) ³R diagnóstico (...) deve ser feito com base na história pessoal e familiar do SDFLHQWH´ E o mais importante segundo KEILA (1999, p 108), é considerar o grau de sofrimento do paciente, sua interpretação subjetiva do problema e o sentido que ele confere ao seu sofrimento. Esse processo se fará através da adição medicamentosa com a psicoterapia e com objetivos bem traçados buscando a diminuição dos sintomas e a melhora da qualidade de vida das pessoas envolvidas neste círculo de adoecimento. Como já citado, o adoecer mental é de etiologia multifatorial, e muitas vezes sem justificativa aparente, mas ainda de acordo com KEILA (1999), existem alguns fatores que normalmente ou mais freqüentemente aparecem como desencadeadores de adoecimento mental; que são: Fatores como contratempos na vida (estresse), o uso de substâncias psicoativas (por exemplo, estimulantes como cocaína e anfetaminas), a privação de sono ou outra estimulação excessiva podem levar a um desequilíbrio nos mecanismos que regulam o funcionamento do cérebro. (KEILA, 1999, p.107) De maneira geral ao longo da vida, qualquer pessoa pode ser afetada por problemas de saúde mental, de maior ou menor gravidade. Segundo a ADEB - Associação de Apoio aos Doentes Depressivos e Bipolares (Portugal); ³algumas fases, como a entrada na escola, a adolescência, a menopausa e o envelhecimento, ou acontecimentos e dificuldades, tais como a perda de familiar próximo, o divórcio, o desemprego e a SREUH]D SRGHP VHU FDXVD GH SHUWXUEDo}HV GD VD~GH PHQWDO´ 6LWH ADEB) Entre os problemas de saúde mental citados pela ADEB, os mais freqüentes estão: x x x x x x x Ansiedade / Pânico Mal-estar psicológico ou stress continuado Depressão Dependência de álcool e outras drogas Perturbações psicóticas, como a esquizofrenia Atraso mental Demências A Associação de Apoio aos Doentes Depressivos e Bipolares (ADEB) estima que em ³cada 100 pessoas 30 sofram, ou venham a sofrer, num ou noutro momento da vida, de problemas de saúde mental e que cerca de 12 tenham uma doença mental grave´VLWH$'(% Na maioria dos casos, pessoas com qualquer tipo de adoecimento mental são muitas vezes incompreendidas, estigmatizadas, excluídas ou marginalizadas, devido a falsos conceitos, que devem ser esclarecidos e desmistificados, tais como: x As doenças mentais são fruto da imaginação; x As doenças mentais não têm cura; x As pessoas com problemas mentais são pouco inteligentes, preguiçosas, imprevisíveis ou perigosas. (Site ADEB) Os mitos, o estigma e a discriminação associados à doença mental, provocam vergonha e medo nos pacientes e em seus familiares, prejudicando o tratamento e o reconhecimento dos primeiros sinais ou sintomas de doença. Por isso se fazem necessário novas formas de compreender e tratar as doenças mentais. Lançar nonos olhares para a loucura. 2. A Equoterapia ³>«@RPRWLYRSHORTXDORDGHVtramento tem ação tão benéfica sobre as pessoas dotadas de razão é que aqui é o único lugar no mundo onde é possível entender com o espírito e observar com os olhos a limitação oportuna da ação e a exclusão de qualquer arbítrio e do caso. Aqui homem e animal fundem-se num só ser de tal forma que não saberia dizer qual dos dois está efetivamente adestrando o RXWUR´ Göethe Neste segundo capítulo será apresentado através de revisão bibliográfica, um breve histórico sobre a Equoterapia. Definição, indicações, contra-indicações, equipe e os programas de equoterapia, os tipos de andamento (principalmente o passo), o movimento tridimensional e os principais benefícios do tratamento para diversos males do corpo e da mente. 2.1 Na História: Há muitos anos, a relação entre homem e cavalo intriga pelos destinos que os uniram. Em toda história do homem é possível perceber essa parceria através de lendas e reais conquistas. Medeiros e Dias (2008) relatam que; ³$ UHODomR KRPHP-cavalo provavelmente se iniciou no paleolítico na forma de uma coabitação, que resultou no domínio do homem sobre a manada de cavalos e, mais tarde, evoluiu para a equitação, sendo esta, sem dúvida, a tecnologia biológica mais complexa que a KXPDQLGDGHGHVHQYROYHX´ A utilização do cavalo como forma de terapia aparece registrada com data de 458-370 ou 351 a.C., quando Hipócrates, cognominado Pai da medicina, fez referência à equitação como fator regenerador da saúde, principalmente no tratamento da insônia (Freire, 1999). Asclepíades (124-40 a.C.), médico grego da Prússia, recomendava a equitação para o tratamento da epilepsia e vários tipos de paralisia. De acordo com Uzun (2005), indicava os movimentos do cavalo a pacientes caquéticos, epiléticos, paralíticos, apopléticos, letárgicos, frenéticos, e também para acometidos de febre terçã. Galeno, em 130-199 d.C., como médico, enfatizava os benefícios da atividade eqüestre, recomendando essa prática para o Imperador Romano Marco Aurélio como forma de fazer com que ele imperasse com mais rapidez, visto que era lento em suas decisões (Lermontov, 2004). Em 1569, Mercurialis, também médico, cita uma observação de Galeno em sua obra De arte gymnastica, de que a equitação ocupa uma posição de destaque entre os exercícios e ginásticas, pois exercita não só o corpo, mas também os sentidos. (Usun, 2005) Também Thomas Syndehan (que foi capitão da cavalaria durante a guerra civil) em 1676, em Observationes Medical realça que; ³DHTXLWDomRHUDDFRQVHOKDGDFRPRVHQGRWUDWDPHQWRLGHal até para tuberculose, cólicas biliares e flatulências, chegava a emprestar seus cavalos para pacientes sem recursos. Em 1681, indicava equoterapia em seu livro Tratado sobre gota´ Francisco Fuller, em 1704, descrevia a prática eqüestre como um método para o tratamento da hipocondria. (Uzun, 2005) Já Charles S. Castel, inventou em 1734 uma cadeira vibratória, denominada por ele de ³tremoussoir´TXHID]LDPRYLPHQWRVVLPLODUHVDRVGRFDYDOR8]XQ 2005). Sua intenção era obter os mesmos resultados adquiridos pela equoterapia, porem diminuir os gastos com a manutenção de um cavalo e com a construção de pistas cobertas para utilização em condições climáticas não favoráveis a prática ao ar livre. Em 1747, Samuel Theodor Quelmaz (Leipzig-Alemanha) também inventou uma máquina eqüestre que imitava os efeitos induzidos pelo movimento do cavalo. Em sua obra A saúde através da equitação, faz a primeira referência ao movimento tridimensional do dorso do animal. (Usun, 2005) Através da observação dos militares, John Pringle, em 1752, descreveu que os soldados que combatiam a pé eram mais atingidos por doenças epidêmicas do que aqueles que combatiam a cavalo. (Usun, 2005) De acordo com Usun (2005), Giuseppe Benvenutti (médico das termas dos Banhos de Luccana Itália), em 1772; ³GHGLFRXVHXOLYURD6LJLVPXQGR&KLJLSUtQFLSHGH)DUQHWDGHVHMDQGR µrestabelecimento da saúde com esta prática¶ e em as Reflexões acerca dos efeitos do movimento a cavalo escreve que a equitação mantém o corpo são e promove diferentes funções orgânicas, numa DWLYDIXQomRWHUDSrXWLFD´(Uzun, 2005) Joseph C. Tissot (1782) enumerava os efeitos benéficos da equitação, foi o primeiro a citar as contra-indicações. Ilustra diferentes efeitos dos andamentos e considera o passo como sendo o ideal para a prática equoterápica. Uzun, 2005) Segundo Freire (1999), Göethe (Johann Wolfgang von Göethe, 1749-1832), escritor, poeta, cientista e filósofo alemão (autor da epígrafe deste capítulo), cavalgava diariamente e reconhecia o valor salutar das oscilações do corpo acompanhando os movimentos do animal, a distensão benéfica da coluna vertebral e o estímulo delicado e constante feito à circulação sangüínea. Gustavo Zander, sueco, em 1890, afirmava que as vibrações, transmitidas ao cérebro com 180 oscilações por minuto, estimulavam o sistema nervoso simpático. Em 1984, quase 100 anos depois, o médico e professor Dr. Detlvev Rieder, da Alemanha, mediu essas vibrações sobre o dorso do cavalo e, coincidentemente, estas corresponderam aos valores a que Zander fez referência (Cirilo, 2006) A primeira aplicação em contexto hospitalar se deu em 1901, no Hospital Ortopédico de Oswentry, na Inglaterra. Em 1917 foi fundado o primeiro grupo de Equoterapia, com o objetivo de atender os feridos da Primeira Guerra Mundial. A idéia era proporcionar o lazer e a quebra de monotonia do tratamento, no Hospital Universitário de Oxford (Lermontov, 2004). Segundo Medeiros e Dias (2002), com o término da Primeira Guerra Mundial o cavalo entrou definitivamente na área da reabilitação, sendo empregado como instrumento terapêutico nos soldados seqüelados do pós-guerra. Em 1952 e 1956, Liz Hartel, provou ao mundo a eficiência da equoterapia conquistando nas Olimpíadas desses anos, a medalha de prata na modalidade adestramento, mesmo precisando de ajuda para montar, devido as seqüelas da poliomielite. (Uzun, 2005) Na França, em 1963, surge a Reeducação Equestre, com o manual de Delubersac e Lalleri, com introdução intitulada A reeducação através da equitação. Outra obra é a de Kililea, De Karen com amor, é a história de uma jovem deficiente reeducada com a equitação e a natação. Essa reeducação se afirma rapidamente na França com a possibilidade de o deficiente recuperar e valorizar suas potencialidades. A isso se deve o fato de em 1965, a Universidade de Salpetrière (França) incluir a Equoterapia como matéria didática. Segundo Medeiros e Dias (2008), atualmente a equoterapia é praticada em mais de trinta países, a maioria com suas associações, a primeira, na Inglaterra, foi a RDA (Riding for Disable Association), criada em 1968. 1969 foi o ano da realização do primeiro trabalho científico de reeducação eqüestre no Centro Hospitalar Universitário de Salpetrière, Paris. (Uzun, 2005) Também em 1969, foi criada a NARHA (North American Riding for the Handicapeed Association), e é o mais importante centro de referência para equitação de deficientes dos EUA e do Canadá. (Medeiros e Dias, 2008) Em 1970, foi criada a ANDRE (Association Nationale de Reeducation par /¶(TXLWDWLRQQD)UDQoD0HGHLURVH'LDV Então, em 1971 chegam ao Brasil as primeiras experiências na área, trazidas por Elly Kogler e Gabriele B. Walter, fisioterapeutas (Uzun, 2005). Em 1972, Dr. Collete Picart Trintelin, apresenta a primeira tese de doutorado sobre equoterapia, em medicina, na Universidade de Paris. (Uzun, 2005) A partir de 1974, começam a surgir os Congressos Internacionais sobre equoterapia. (Uzun, 2005) Em 1977, na Itália surge a ANIERE (Associação Nacional Italiana de Reeducação Eqüestre). (Medeiros e Dias, 2008) Na Bélgica em 1980, foi fundada a FRDI (Federation of Riding for the Disabled International), entidade internacional voltada para a Equoterapia. (Medeiros e Dias, 2008) Nove anos depois, em 1989, é fundada a ANDE-Brasil (Associação Nacional de Equoterapia- Brasil), localizada na Granja do Torto em Brasília- Distrito Federal. (Medeiros e Dias, 2008) No dia 09 de Abril de 1997, ocorre a oficialização da Equoterapia como Método Terapêutico de Reabilitação Motora, pelo Conselho Federal de Medicina, por meio do parecer número 06/97. Em 1999 foi realizado o primeiro Congresso Brasileiro de Equoterapia. E em 2002 o segundo. No ano de 2000, o Congresso Internacional de Equoterapia já estava em sua décima edição, e foi realizado na França. Uzun, 2005) Já em 2004, ocorreu o I Congresso Ibero-Americano de Equoterapia e o III Congresso Brasileiro de Equoterapia, em Salvador, Bahia. Em 2006, pela primeira vez no Brasil, foi realizado o XII International Congress of Therapeutic Riding, em Brasília-DF. Os congressos mostram que a área de Equoterapia está se desenvolvendo de forma surpreendente e tende a se sobressair muito mais. Analisando esse histórico desde as descobertas longínquas sobre a utilização do cavalo como um instrumento terapêutico, observa-se a importância desse método para a ciência, uma vez que origens remotas denotam força e solidez para descobertas recentes. "Os destinos do cavalo e do homem são inseparáveis. É conhecido e admirado o valor do cavalo na vida do homem e o quanto tem sido útil no progresso da humanidade associado à nossa evolução. O cavalo foi utilizado como meio de conquista, de imigração, de transporte, de trabalho, de veneração e de crença, na mitologia, na fabricação de soro e vacina, no lazer e no esporte. Hoje lhe é dado um grande destaque como instrumento de reabilitação e educaçãR´ DEUTSCHES KURTORIUM, 1998, p.6 apud UZUN, 2005) 2.2 Definição, indicações e contra-indicações ³A palavra EQUOTERAPIA foi criada pela ANDE-BRASIL para caracterizar todas as práticas que utilizem o cavalo com técnicas de equitação e atividades eqüestres, objetivando a reabilitação e, ou, educação de pessoas portadoras de deficiência ou necessidades HVSHFLDLV´ (WALTER e VENDRAMINI, 2000, p.7) A criação deste termo pela ANDE-BRASIL (Associação Nacional de Equoterapia), está abalizada em três intenções. De acordo com WALTER e VENDRAMINI (2000, p.7); x A primeira, homenagear a nossa língua mãe ± o latim ± adotando o radical EQUO que vem de EQUUS. (...) x A segunda, homenagear o pai da medicina ocidental, o grego HIPÓCRATES de LOO (458 a 377 a.C.) que, QR VHX OLYUR ³'$6 ',(7$6´, já aconselhava a prática eqüestre para regenerar a saúde, preservar o corpo humano de muitas doenças e no tratamento de insônia e mencionava que a prática eqüestre, ao ar livre, faz com que os cavaleiros melhorem seu tônus. Por isso, adotou-se TERAPIA que vem do grego THERAPEIA, parte da medicina que trata da aplicação de conhecimento técnico-científico no campo da reabilitação e reeducação; x A terceira foi estratégica: quem utilizasse a palavra EQUOTERAPIA, totalmente desconhecida até então, estaria engajado nos princípios e normas fundamentais que norteiam esta prática no Brasil, o que facilitaria o reconhecimento do método terapêutico pelos órgãos competentes. A palavra Equoterapia está registrada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial ± INPI, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, com o Certificado de Registro de marca n.º 819392529, de 26 de julho de 1999. (ANDE-BRASIL) De acordo com o conceito da ANDE-BRASIL, EQUOTERAPIA é um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar, aplicadas nas áreas de saúde, educação e equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiência e/ou com necessidades especiais. Essas pessoas são chamadas dentro da prática de equoterapia de Praticante. Este termo é utilizado para instituir a pessoa com deficiência e/ou com necessidades especiais quando em atividades equoterápicas como sujeito do processo, pois participa de sua reabilitação, na medida em que interage com o cavalo. Conceitos estes reconhecidos e aprovados pelo Conselho Federal de Medicina desde 1997. O Conselho Federal de Medicina (CFM), em Sessão Plenária de 9 de abril de 1997, aprovou o Parecer 06/97, que diz: A Equoterapia tal como conceitua a Associação Nacional de Equoterapia - ANDEBRASIL, é um método terapêutico que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar aplicada nas áreas de saúde e educação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com necessidades especiais. Tornando-se, portanto, a Equoterapia, pelo reconhecimento do CFM um método a ser incorporado ao arsenal de métodos e técnicas direcionados aos programas de reabilitação de pessoas com necessidades especiais. (ANDEBRASIL) Pela estratégia traçada pela ANDE-BRASIL e dentro da legislação brasileira, há necessidade de comprovação científica, feita por profissionais brasileiros, e dentro do que prescreve a resolução n.º 196/96, do Conselho Nacional de Saúde, que trata das normas de pesquisa envolvendo seres humanos. Diz ainda o parecer que: Os dados levantados nas pesquisas devem ser concentrados na ANDE-BRASIL que, juntamente com a Sociedade Brasileira de Medicina Física e Reabilitação, encaminhará ao CFM para avaliação e posicionamento definitivo desta Casa. Também a Divisão de Ensino Especial da Secretaria de Educação do Distrito Federal, calçada nas pesquisas realizadas pela ANDE-BRASIL e pela Secretaria, após anos de convênio, reconhece a equoterapia como um método educacional que favorece a alfabetização, a socialização e o desenvolvimento global dos alunos portadores de necessidades educativas especiais. De acordo com a ANDE-BRASIL, a prática da Equoterapia deve ter objetivos bem traçados na busca de benefícios biopsicossociais às pessoas com deficiências físicas ou mentais e/ou com necessidades especiais, tais como: Lesões neuromotoras de origem encefálica ou medular; Patologias ortopédicas congênitas ou adquiridas por acidentes diversos; 'isfunções sensório-motoras. 1ecessidades educativas especiais; 'istúrbios e ou Transtornos: - evolutivos; - comportamentais; - de aprendizagem; - emocionais. E é biopsicossocial, pois suas principais áreas de aplicação são: 6aúde, para pessoas com deficiência física e/ou mental (PCD); (ducação, para pessoas com necessidades educativas especiais (PNE) e outros; 6ocial, para pessoas com distúrbios evolutivos ou comportamentais. Fig.1: Apostila do Curso Básico de Equoterapia/ Brasília/ 2010. ANDE-BRASIL De acordo com Medeiros e Dias (2008), o campo de ação da Equoterapia é bastante amplo, e está indicada para pessoas portadoras de deficiências neuromotoras, como: x x Encefalopatia crônica da Infância. Déficits sensoriais. x Atraso maturativo. x Síndromes Neurológicas (Down, West, Rett, Soto, e outras) x Acidente Vascular Cerebral. x Traumatismo Cranioencefálico. x Seqüelas de processos inflamatórios do Sistema Nervoso Central (Meningo-encefalite e encefalite) x Lesão raquimedular, entre outras. (Medeiros e Dias, 2008) Também nos distúrbios neuropsíquicos como: x x x x x Autismo Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade Deficiência Mental Alterações Comportamentais. Entre outras. (Medeiros e Dias, 2008) Ainda segundo as autoras, existem algumas contra-indicações relativas e absolutas para a prática da Equoterapia. Dentre as relativas estão: x Alergia ao pêlo do cavalo, quando houver intolerância por rinite alérgica. x Subluxação de quadril, na presença de dor e/ou dificuldade no alinhamento postural. x Hipertensão arterial, quando esta não for controlada. x Medo excessivo, após tentativas de aproximação com insucesso. x Atividade reflexa intensa, dificultando o posicionamento correto sobre o animal. x Alterações biomecânicas da cintura pélvica, como contraturas musculares ou anquiloses articulares que impeçam o posicionamento biomecânico correto na postura de montaria. x Mielomeningocele, quando esta apresentar desalinhamentos estruturais na coluna vertebral. (Medeiros e Dias, 2008) As contra-indicações absolutas, segundo Medeiros e Dias (2008) são: x Instabilidade atlatoaxial presente em crianças portadoras de Síndrome de Down, podendo ocasionar lesão medular. x Luxação de quadril pela descoaptação coxofemoral. x Escoliose estrutural acima de 35 graus, por acentuar, com a movimentação do cavalo, o grau da deformidade. x Osteoporose, pelo risco de micro fraturas. x Hérnia de disco, pela compressão discal. x Cardiopatia grave, pela sobrecarga cardíaca. x Insuficiência respiratória, pela possibilidade de diminuição da saturação de oxigênio. (Medeiros e Dias, 2008) 2.3 Equipe Multidisciplinar e Programas de Equoterapia O grande diferencial da Equoterapia é que tem por base o atendimento interdisciplinar, vários profissionais voltados para um praticante, considerandoo como único em sua totalidade. Segundo UZUN (2005), a equipe da Equoterapia pode contar com Fisioterapeuta, Psicólogo, Pedagogo ou Psicopedagogo, Psicomotricista, Fonoaudiólogo, Terapeuta Ocupacional, Educador Físico, Equipe Médica, Auxiliar Guia, Auxiliar Lateral. Acrescento o Equitador e o Assistente Social. Segundo a ANDE-BRASIL, a equipe deverá ser o mais ampla possível, mas fim de filiação à Associação, a equipe deverá obrigatoriamente ser composta por Fisioterapeuta, Psicólogo e instrutor de equitação, todos com habilitação em curso específico de Equoterapia. Essa equipe deverá se reunir semanalmente para reavaliar cada caso de forma individualizada e assim se necessário, alterar o programa da prática equoterápica. A equipe multiprofissional deve levar em consideração: 23URJUDPDDVHUH[HFXWDGR $)LQDOLGDGHGRSURJUDma; 2V2EMHWLYRVDVHUHPDWLQJLGRV Além é claro da individualidade de cada praticante, pois; É sabido que cada indivíduo, com deficiência e/ou com necessidades HVSHFLDLV WHP R VHX ³SHUILO´ R TXH R WRUQD ~QLFR ,VWR HYLGHQFLD D necessidade de formular programas individualizados, que levem em consideração as demandas daquele indivíduo, naquela determinada fase de seu processo evolutivo. (WALTER e VENDRAMINI, 2000, p.17) Por isso a Equoterapia é aplicada por intermédio de programas individualizados organizados de acordo com: - As necessidades e potencialidades do praticante; - A finalidade do programa; - Os objetivos a serem alcançados, com duas ênfases: D SULPHLUD FRP LQWHQo}HV HVSHFLILFDPHQWH WHUDSrXWLFDV XWLOL]DQGR técnicas que visem, principalmente, à reabilitação física e/ou mental; DVHJXQGDFRPILQVHGXFDFLRQDLVHRXVRFLDLV com a aplicação de técnicas pedagógicas aliadas às terapêuticas, visando à integração ou reintegração sócio-familiar. (ANDE-BRASIL) Os Programas de Equoterapia podem ser: x Programas de Reabilitação para pessoas portadoras de deficiência física e /ou mental; x Programa de Educação para pessoas com necessidades educativas especiais e outros; x Programas sócio-educativos para pessoas com distúrbios evolutivos ou comportamentais. Para abarcar os programas acima a ANDE-BRASIL os qualificou como Programas Básicos de Equoterapia, que são: +LSRWHUDSLD (GXFDomR5HHGXFDomR 3Up-esportivo 3UiWLFD(VSRUWLYD3DUDHTHVWUH Embora o detalhamento dos programas de Equoterapia não seja o foco principal deste trabalho, segue abaixo uma descrição detalhada dos objetivos e ações de cada um, para melhor entendimento das técnicas. A descrição abaixo foi transcrita da Apostila do Curso Básico de Equoterapia realizado em dezembro de 2010, na sede da ANDE-BRASIL. Programa de Hipoterapia (ANDE-BRASIL, 2010) Programa essencialmente da área de saúde, voltado para as pessoas com deficiência física e/ou mental; é chamado em várias partes do mundo de hipoterapia; a ANDE-BRASIL também adota tal nome para este programa da Equoterapia. Neste caso o praticante não tem condições físicas e/ou mentais para se manter sozinho a cavalo. Portanto, não pratica equitação. Necessita de um auxiliar-guia para conduzir o cavalo. Na maioria dos casos, também do auxiliar lateral para mantê-lo montado, dando-lhe segurança. A ênfase das ações é dos profissionais da área de saúde, precisando, portanto, de um terapeuta ou mediador, a pé ou montado, para a execução dos exercícios programados. O cavalo é usado principalmente como instrumento cinesioterapêutico. (ANDEBRASIL/2010) Programa de Educação/Reeducação (ANDE-BRASIL, 2010) Este programa pode ser aplicado tanto na área de saúde quanto na de educação/reeducação. Neste caso o praticante tem condições de exercer alguma atuação sobre o cavalo e pode até conduzi-lo, dependendo em menor grau do auxiliar-guia e do auxiliar lateral. A ação dos profissionais de equitação tem mais intensidade, embora os exercícios devam ser programados por toda a equipe, segundo os objetivos a serem alcançados. O cavalo continua propiciando benefícios pelo seu movimento tridimensional e multidirecional e o praticante passa a interagir com o animal e o meio com intensidade. Ainda não pratica equitação e/ou hipismo. O cavalo atua como agente pedagógico. (ANDE-BRASIL/2010) Programa Pré-esportivo (ANDE-BRASIL, 2010) Também pode ser aplicado nas áreas de saúde ou educativa. O praticante tem boas condições para atuar e conduzir o cavalo e embora não pratique equitação, pode participar de pequenos exercícios específicos de hipismo, programados pela equipe. A ação do profissional de equitação é mais intensa, necessitando, contudo, da orientação dos profissionais das áreas de saúde e educação. O praticante exerce maior influência sobre o cavalo. O cavalo é utilizado principalmente como agente de inserção social. (ANDEBRASIL/2010) Programa Prática Esportiva Paraeqüestre (ANDE-BRASIL, 2010) Após quinze anos de institucionalização da ANDE-BRASIL, já tendo apoiado competições Paraolímpicas e o aparecimento da atividade chamada de Hipismo Adaptado, resolveu criar o Programa Prática Esportiva Paraeqüestre. Depois do Programa Pré-esportivo, que já tem um sentido de inserção social, abre o caminho para o PROGRAMA PRÁTICA ESPORTIVA PARAEQÜESTRE. Este programa tem como finalidade preparar a pessoa com deficiência para competições paraeqüestres com os seguintes objetivos: x Prazer pelo esporte enquanto estimulador de efeitos terapêuticos; x Melhoria da auto-estima, autoconfiança e da qualidade de vida; x Inserção social; x Preparar atletas de alta performance. Este programa abre caminho para competições paraeqüestres tais como: - HIPÍSMO ADAPTADO modalidade de competição, dentro de um conceito festivo, adaptada ao praticante de equoterapia, normatizada, coordenada, em âmbito nacional pela Associação Nacional de Desportes para Deficientes e que já realiza competições desta modalidade. - PARAOLIMPÍADAS organizadas paralelamente às Olimpíadas e que se destinam às pessoas com deficiência física. Nela, os atletas competem em SURYDV ROtPSLFDV HP SDUWLFXODU QR ³DGHVWUDPHQWR SDUDROtPSLFR´ É regulada pela Federação Eqüestre Internacional (FEI) e no Brasil pela Confederação Brasileira de Hipismo (C-BH), em parceria com o Comitê Paraolímpico Brasileiro. - OLIMPÍADAS ESPECIAIS, criada para pessoas com deficiência mental que buscam somente a participação e não a alta performance. Esta modalidade está sendo regulamentada pela SPECIAL OLYMPICS BRASIL. - VOLTEIO EQÜESTRE ADAPTADO, são exercícios realizados sobre o cavalo que se movimenta em círculos, conduzido por um cavaleiro por intermédio de XPD ³JXLD ORQJD´ 'HYHUi VHU UHJXODPHQWDGR SHOD )(, WRUQDQGR-se, portanto, mais uma modalidade provavelmente terá um Paraolímpica. progresso O bem Volteio maior Eqüestre que o Adaptado, Adestramento Paraolímpico, pelos seguintes motivos: SRGHUi VHU SUDWLFDGR LQGLYLGXDOPHQWH HP GXSla e o mais importante, em equipe; DXWLOL]DomRGHXPPHVPRFDYDORSRUYiULDVHTXLSHVWRUQDQGRDFRPSHWLomR mais fácil de organizar e mais econômica em relação ao Adestramento; R QXPHUR GH DWOHWDV EHQHILFLDGRV SHOD FRPSHWLomR VHUi EHP PDLRU reforçando os conceitos de colaboração, respeito e espírito de equipe. (ANDEBRASIL, 2010) Toda atividade equoterápica deve se basear em fundamentos e normas fundamentais que norteiam e caracterizam a Equoterapia. Segundo WALTER e VENDRAMINI (2000) esses princípios e normas são: x x x x x x x x Embasamento técnico-científico; Atendimento Equoterápico de diagnóstico, indicação médica e avaliação por profissionais das áreas de saúde, educação e equitação, a fim de planejar um atendimento personalizado; Execução equoterápica, feita por equipe interdisciplinar, a mais ampla possível; Avaliação e controle sistemático da evolução do praticante; Respeito à ética; Filantropia; Segurança física dos praticantes; Atenção às normas de seguridade. Discorrendo sobre as normas e princípios acima, a ANDE-BRASIL constitui que: x O atendimento equoterápico deve ser iniciado mediante parecer favorável em avaliação médica, psicológica e fisioterápica. x As atividades equoterápicas devem ser desenvolvidas por equipe multiprofissional com atuação interdisciplinar, que envolva o maior número possível de áreas profissionais nos campos da saúde, educação e equitação. x As sessões de equoterapia podem ser realizadas em grupo, porém o planejamento e o acompanhamento devem ser individualizados. x Para acompanhar a evolução do trabalho e avaliar os resultados obtidos, deve haver registros periódicos e sistemáticos das atividades desenvolvidas com os praticantes. x A ética profissional e a preservação da imagem dos cidadãos praticantes de equoterapia devem ser constantemente observadas. x O atendimento equoterápico tem que ter um componente de filantropia para que possa, também, atingir classes sociais menos favorecidas, a fim de não se constituir em atividade elitizada. x A segurança física do praticante deve ser uma preocupação constante de toda a equipe, com vistas, particularmente: DR FRPSRUWDPHQWR H DWLWXGHV KDELWXDLV GR FDvalo e às circunstâncias que podem vir a modificá-los, como por exemplo, uma bola arremessada ou um tecido esvoaçando, nas proximidades do animal; DR HTXLSDPHQWR GH PRQWDULD SDUWLFXODUPHQWH FRUUHLDV SUHVLOKDV HVWULERV sela e manta; j YHVWLPHQWD Go praticante, principalmente nos itens que podem trazer desconforto ou riscos à segurança; DRORFDOGDVVHVV}HVRQGHSRVVDPRFRUUHUSRUexemplo, ruídos anormais que venham assustar os animais. 2.4 Sobre Equitação De acordo com a ANDE-BRASIL, Equitação é a arte de montar a cavalo, adestrá-lo e prepará-lo para as diversas atividades em que pode ser utilizado e é baseada em doutrina consagrada em todo o mundo. Todo esporte proporciona ao praticante: atividade física, destreza, robustez e qualidades morais. A equitação desenvolve com mais harmonia estas qualidades e ainda o equilíbrio, a coordenação motora, a agilidade, a destreza; dá um sentimento de força física e faz aumentar a autoconfiança; aumenta a vontade, o espírito de decisão, a iniciativa e a resolução. O adestramento do cavalo desenvolve no cavaleiro a tenacidade, a perseverança, a calma e o domínio de si mesmo. Por tudo que foi dito acima, a equitação, além de ser uma prática esportiva salutar, pode constituir-se em importante instrumento de educação e formação do caráter dos jovens, desde que ministrada de forma didático-pedagógica e por instrutor credenciado. A equitação praticada por pessoa com deficiência física e/ou sensorial, sem contra-indicação médica, busca tão somente o efeito lúdico, isto é, prazer e esporte, como estimuladores de efeitos terapêuticos, ou seja, melhorar a qualidade de vida e saúde, sua inserção social e o bem estar, um exemplo é a dinamarquesa Elisabeth Hartel, medalha olímpica de prata duas vezes. Países com grande tradição na equitação iniciaram a prática da equitação para pessoas com deficiência com sessões ministradas por instrutores de equitação especializados, que denominaram a atividade de equitação terapêutica (therapeutic riding). Na medida em que se aprofundaram nesta prática, através da experiência adquirida, de pesquisas e participação em reuniões e congressos internacionais, foram ampliando a utilização do cavalo como instrumento cinesioterapêutico, abrangendo patologias mais graves e abarcando, também, problemas mentais. Não é, portanto, um tratamento de reabilitação física. É um tratamento de reabilitação BIOPSICOSSOCIAL. 2.5 O Movimento Tridimensional ³DQGDUVHPSHUQDV´ Strauss, 2000 apud UZUN, 2005 Sigmund Freud (1856-1939) recomendava o cavalo para os casos de histeria e de insônia. E sobre o movimento do cavalo citou: ³eR~QLFRPRYLPHQWRTXHVH assemelha ao mRYLPHQWRGR~WHURPDWHUQR´ Esse movimento ritimado, cadenciado, compassado e preciso recebeu o nome de Movimento Tridimensional do Cavalo. Ao caminhar o cavalo se desloca para frente e para trás, para a esquerda e para a direita, e para cima e para baixo, simultaneamente, e esse movimento pode ser comparado com a ação da pelve humana no andar, permitindo a todo instante entradas sensoriais em forma de propriocepção profunda, estimulações vestibular, olfativa, visual, auditiva e cinestésica. (Lermontov, 2004) Dessa forma o praticante da equoterapia acompanha os movimentos do cavalo, tendo que manter o equilíbrio e coordenação para movimentar simultaneamente tronco, braços, ombros, cabeça e o restante do corpo, dentro de seus limites. O movimento tridimensional do cavalo provoca a todo o momento um deslocamento do centro gravitacional do praticante, forçando-o a desenvolver o equilíbrio, a normalização do tônus, o controle postural, a coordenação, a redução de espasmos, respiração, e informações proprioceptivas, estimulando não apenas o funcionamento de ângulos articulares, como o de músculos e circulação sangüínea. (Lermontov, 2004) O andamento do cavalo assemelha-se ao da marcha humana; passando ao praticante três ondas vibratórias simultaneamente. Nenhum outro aparelho mecânico consegue imitar esses movimentos. Uzun (2005, p. 65 FKDPRX HVVH SURFHVVR GH ³'LiORJR GR 0RYLPHQWR 7HUDSrXWLFRHQWUHR6HU+XPDQRHR&DYDOR´ Segundo Strauss (2000 apud UZUN, 2005); Quando o praticante está sentado corretamente sobre o cavalo, sendo sua base o assento em contato com o dorso animal, acontece o estímulo do equilíbrio da pelve, coluna e cabeça. Durante o passo do cavalo, essa estimulação é transmitida pelos movimentos multidirecional e multiespacial, tendo-se como resposta, por parte do paciente, um movimento Antero-posterior em cima de um eixo frontaltransversal, sendo a pelve impulsionada para uma flexão e extensão num movimento rítmico. Além do movimento tridimensional, o praticante recebe também estímulos do ambiente, pois a Equoterapia é uma atividade realizada normalmente ao ar livre, em locais abertos, cercados da natureza. São os mais diversos estímulos possíveis, auditivos, olfativos, visuais, táteis, sensoriais, etc. Portanto, pode-se concluir que o movimento tridimensional do cavalo, proporciona ao praticante estímulos biopsicossociais, Strauss (2000, apud UZUN, 2005) ainda acrescenta que esse movimento vivenciado pelo praticante VREUHRDQLPDOVHULDFRPRXP³DQGDUVHPSHUQDV´ pois o cavalo caminha pelo praticante. Figura 2. Movimento tridimensional. 1º estimulação infra-superior; 2º estimulação antero-posterior; PIEROBON, 2005) 3º estimulação látero - lateral. (Fonte: 3. Equoterapia e Psicologia: 8PµPasso¶ em busca do bem estar psíquico ³$ORXFXUDWHPPXLWDVIDFHVHQmRKiXPDGHVFULomR~QLFDGHVVH estado mental que causa medo, aversão e ± não raro ± IDFtQLR´ (Paulus, 2010) Neste terceiro capítulo; Equoterapia e Psicologia: Um ³Passo´ em busca do bem estar psíquico; será elucidado como a Equoterapia se manifesta como grande aliada na Reabilitação Psicossocial do Praticante acometido de doença mental, e os principais benefícios da Equoterapia como tratamento de diversos males do corpo e da mente associada à Terapia cognitivo-comportamental enfatizando as bases psicológicas na Equoterapia. É muito importante ressaltar que a Psicologia, vem gradativamente ampliando seu campo de atuação, buscando cada vez mais recursos para a saúde, seu objetivo é sempre o bem estar do indivíduo. E o aumento dessa diversidade de recursos terapêuticos, amplia as condições para o desenvolvimento, crescimento e melhoria na qualidade de vida das pessoas. Quando pensamos sobre a atuação do Psicólogo, normalmente nos vem à mente um tratamento que ocorre individualmente, fechado entre quatro paredes, mitificado ao extremo, ou seja, uma relação terapêutica superestimada, elevada ao mito, e é exercida em sua maioria entre paciente e terapeuta. O grande diferencial da Equoterapia, além do uso do cavalo, é que o atendimento ocorre de maneira interdisciplinar, isto é, há uma equipe de profissionais das áreas de equitação, educação e saúde, envolvidos no tratamento do praticante. Esse trabalho é um processo enriquecedor tanto para a equipe quanto para o praticante, nele há parceria e troca de conhecimento de profissionais de áreas diferentes, assim o indivíduo é visto como um todo e não fragmentado com dificuldades específicas, ele torna-se Sujeito do tratamento. Como em qualquer psicoterapia ou análise, a Equoterapia também se baseia numa relação transferencial e aqui, essa relação se torna mais complexa, pois na Equoterapia essa relação se constitui de forma triangular entre terapeuta, praticante e o cavalo. O trabalho lúdico e o ambiente, normalmente ao ar livre ou em pistas, o acolhimento da equipe, a aproximação do cavalo, toda essa aceitação incondicional proporcionarão ao indivíduo o acesso entre seu mundo imaginário, pensamentos disfuncionais, automáticos, sonhos, e a realidade, suas vivências e comportamentos. Assim segundo ARLAQUE et al (1997), o cavalo emprega uma função de intermediário entre o mundo intrapsíquico do praticante, composto de desejos, fantasmas, angústias, e o mundo externo, ocupando o espaço lúdico do praticante (LALLERY, 1988; HERZOG, 1989 apud ARLAQUE et al., 1997). O psicólogo é um profissional indispensável para a formação de uma equipe de Equoterapia, segundo a ANDE-BRASIL (2010), é ele quem irá estabelecer no processo terapêutico, um vínculo de respeito, confiança recíproca, aceitação, e afeto entre a equipe, cavalo e praticante. Primeiramente ele fará a anamnese com a família ou próprio praticante, deverá também analisar e avaliar a situação atual do praticante, bem como sua condição de montar, acompanhar diretamente o trabalho de aproximação e adaptação, cuidar da integridade do trabalho da equipe favorecendo o interrelacionamento dos profissionais envolvidos, entre outras funções. Portanto de acordo com a ANDE-BRASIL (2010), o Psicólogo deve: Em relação ao Praticante: x x x Prioriza o trabalho emocional, não esquecendo o ser global (fatores biológicos, mentais e sociais); Dar atenção a frustração, auto-estima, rejeição, carência afetiva, criatividade, noção de espaço (no sentido da descoberta do próprio EU e do seu espaço no mundo); O Psicólogo deve sempre que necessário, intervir no sentido de atuar para que haja melhor compreensão global do praticante, da família e da equipe. Em relação à Família: x Trabalha sentimentos advindos do fato de ter uma pessoa com necessidade especial em casa: superproteção, rejeição, negação, sempre com o objetivo de melhoria da Qualidade de Vida de todos. Em relação à Equipe: x x Traduz para toda a equipe o funcionamento mental do praticante e as implicações e decorrências nos aspectos social, familiar e pessoal; Junto à equipe, elabora o mais indicado plano de intervenções, enfatizando a afetividade. O cavalo foi citado na história da psicologia, por alguns autores de grande eminência, entre eles se destacam segundo a ANDE-BRASIL: Sigmund Freud (1856-1939): Freud recomendava o cavalo para os casos de histeria e de insônia. E sobre o movimento do cavalo citou: ³e o único movimento que se DVVHPHOKDDRPRYLPHQWRGR~WHURPDWHUQR´ Carl Gustav Jung (1875-1961): Nossa relação com o mundo é por meio de símbolos (arquétipos idéias). Um dos símbolos arquetípicos mais fortes para a teoria jungiana é o cavalo; ele evoca poder, força, autoridade e transmite em quem o monta, a sensação de controle e domínio. Donald Woolds Winnicott (1896- 1971): Objeto transicional ± Cavalo (facilitador de novas condições, de novas experiências) A relação com um cavalo é de troca ± Formação de vínculo afetivo. De acordo com a ANDE-BRASIL, podemos citar alguns benefícios da Equoterapia do ponto de vista do Psicólogo: x x x x x x x x Melhora da auto-estima e autoconfiança; Sensação generalizada de bem estar; Condições para desenvolver afetividade, vínculo; Desenvolvimento psicomotor; Aquisição de autonomia; Estimulação de linguagem e de área sensório-perceptiva; Socialização e autocontrole; Re (inserção) social. Para Carl Rogers (1977, apud Ramos, 2007, p.25), percussor da Psicologia Humanista e Pai da Abordagem Centrada na Pessoa, propunha o seguinte ao papel de terapeuta; O terapeuta é a pessoa autêntica que realmente compreende as vacilações e fraquezas do cliente e as aceita sem tentar negar ou corrigi-las. Aceita, preza e valoriza o indivíduo todo, dando-lhe incondicionalmente, a segurança e a estabilidade no relacionamento de que ele precisa para correr o risco de explorar novos sentimentos, atitudes e condutas. O terapeuta respeita a pessoa como ela é, com seus anseios e medos, portanto, não lhe impõe critérios de como ela deve ser. Acompanha-o no caminho que ela própria constrói, e participa como elemento presente e ativo, deste processo de auto criação, facilitando a percepção, a cada instante, dos recursos pessoais e dos rumos deste caminho, tais como a pessoa os vivencia. Segundo RAMOS (2007, p.25); Na Equoterapia, o terapeuta também é um mediador, pois ele media a interação do praticante com o cavalo, acompanhando-o em seu processo evolutivo para que benefícios psíquicos, cognitivos e físicos que se alcançam ali se estendam para outras áreas da sua vida. A Psicologia tem obtido resultados consideráveis através da Equoterapia, o apoio à família e analisados com base na se deve ao fato de utilizar o animal, permitindo assim, trabalhar o afeto, a autonomia de ir e vir. As emoções e as sensações provocadas por ele levam o indivíduo a um confronto consigo mesmo, que é corporal e ao mesmo tempo psico-afetivo. É por meio de vibrações corporais que o cavaleiro vivencia uma experiência que remete ao seu mundo interior, construindo e realizando seu próprio bem estar, pelo viés do cavalo, este seu outro eu (BRENTEGANI, 2004). A Equoterapia admite várias possibilidades psicoterápicas, é possível utilizar fundamentos da teoria Psicanalítica, Sistêmica, Behaviorista, Gestalt, Existencial Humanista e também a que neste trabalho se dará maior ênfase, a Teoria Cognitivo Comportamental, considerando que, não se pode abrir mão de nenhuma outra, a TCC ± Teoria Cognitivo Comportamental, foi aqui eleita como embasamento teórico em função das bases Neurobiológicas envolvidas na Equoterapia. Gongora (2003, p. 94), relata que alguns pesquisadores da década de 60, iniciaram a então chamada Análise Comportamental Aplicada. O livro ³3HVTXLVDVVREUH0RGLILFDo}HVGH&RPSRUWDPHQWR´RUJDQL]DGRSRU8OOPDQQH Krasner IRL XP PDUFR TXH OHYRX ³D XP HQWXVLDVPR TXDQWR jV possibilidades de se resolver diversos problemas comportamentais com a aplicação dos princípios básicos de Análise de Comportamento, também GHQRPLQDGRV3ULQFtSLRVGH$SUHQGL]DJHP´ Fundamentados noV SUHVVXSRVWRV GD ³WHRULD GD DSUHQGL]DJHP´ RV behavioristas formularam uma crítica consistente ao conjunto de conceitos médicos relativos às doenças mentais. E em substituição ao modelo médico sugeriram um modelo alternativo para explicar aqueles mesmos fenômenos comportamentais descritos pela psiquiatria como síndromes das doenças mentais. Esse modelo psicológico tem como pressuposto fundamental a idéia que todo FRPSRUWDPHQWR DSUHQGLGR VHMD HOH ³SDWROyJLFR RX VDXGiYHO´ QRUPDO RX anormal, desejável ou indesejável, segue os mesmos princípios de aprendizagem. Ullmann e Krasner (1975 apud *RQJRUDS³DILUPDP que o comportamento patológico ou anormal não é diferente do comportamento saudável ou normal em seu desenvolvimento, em sua manutenção ou maneira HPTXHHOHSRGHVHUPXGDGR´ Ullmann e Krasner (1975, apud Gongora 2003, p.106), ainda apontam uma importante possibilidade de análise de problemas clínicos; afirmando que: ´ JUDQGH SDUWH GRV FRPSRUWDPHQWRV FRQVLGHUDGRV VRFLDOPHQWH indesejáveis, em uma perspectiva operante, podem ser avaliados como disfuncionais ou desadaptativos. Isso significa que as pessoas SRGHP VHU FRQVLGHUDGDV ³DQRUPDLV´ VLPSOHVPHQWH SRUTXH QmR aprenderam certos comportamentos que se esperam delas, ou porque aquilo que aprenderam não é eficaz em determinado FRQWH[WR´ Desta forma, segundo o modelo psicológico defendido por Ullmann e Krasner (1975, apud *RQJRUDS³DTXLORTXHWHPVLGRGHQRPLQDGR³VLQWRPD GH GRHQoD PHQWDO´ SDUHFH IHQ{PHQR GH QDWXUH]D GLIHUHQWH de outras patologias médicas, parece mais tratar-VHGHIHQ{PHQRGHQDWXUH]DVRFLDO´ Porém os mesmo autores reconhecem que esta mudança de interpretação das doenças mentais não simplifica a questão, pelo contrário, revela sua complexidade. Também ressalva-se que essa linha de pensamento não minimiza a gravidade e a existência de tais problemas, nem assume dar conta de tais comportamentos indesejáveis (ou transtornos) sozinhos. Mas abre caminho para a discussão dos fatores psicológicos e sociais inseridos no cotidiano dessas pessoas. Considera principalmente a individualidade do homem e como ele responde ao seu ambiente físico, social e interpessoal, experimentando e tentando alterá-lo. Diante desta constatação, muito tem se tentado fazer para unir forças e buscar, senão a cura, o estabelecimento de condições razoáveis de aceitação e manutenção dos desconfortos trazidos pelo adoecimento mental. Neste sentido, muito já se ganhou, hoje já existem equipes multidisciplinares e um diálogo se faz constante entre as partes médica e psicológica, em tons de respeito e busca constante de informações recíprocas. Knapp e Isolan (2005, p. 99), em estudos sobre o transtorno bipolar por exemplo, afirmam que ³KiHYLGrQFLDVFUHVFHQWHVTXHVXJHUHPTXe o curso do transtorno SRGH VHU PRGLILFDGR SRU PHLR GH DERUGDJHQV SVLFRWHUiSLFDV´ ( continuam: As abordagens psicoterápicas no tratamento do transtorno bipolar têm por objetivos principalmente o aumento da adesão ao tratamento, a redução dos sintomas residuais, a identificação de pródromos sindrômicos com a conseqüente prevenção das recaídas/recorrências, a diminuição das taxas e períodos de hospitalização e a melhora na qualidade de vida dos pacientes e de seus familiares. Tais abordagens também podem aumentar o funcionamento social e ocupacional desses pacientes e as capacidades de manejarem situações estressantes em suas vidas. Pode-se notar no discurso acima, que a psiquiatria adere e aprova os princípios das abordagens psicoterápicas, levantando inclusive várias possibilidades de ajuda vinda de diferentes modalidades de psicoterapia. E são muitas, das mais diferentes abordagens teóricas, segundo Scheidhacker (1998): As referencias psicoterapêuticas utilizadas possuem aspectos das terapias voltadas para o corpo e ao movimento, terapias cognitivistas e comportamentais, como também das terapias psicanalíticas ou as chamadas psicoterapias profundas. (Scheidhacher, 1998, pág. 16 ± tradução Ute Hesse,2009) Porem neste trabalho foi eleito para exposição e aprofundamento a Terapia Cognitivo Comportamental aplicada nas sessões de Equoterapia. O surgimento do modelo cognitivo comportamental se deu a partir dos anos 50, com os trabalhos de Albert Ellis e depois nos anos 60 com Aron T. Beck., tal movimento teve seu início nos Estados Unidos, marcado pelo estudo dos quadros depressivos, onde ³foram identificados alguns aspectos do funcionamento das estruturas cognitivas, como os esquemas negativos, a tríade FRJQLWLYDHDVGLVWRUo}HVFRJQLWLYDV´%(&.- Desde então vem desempenhando importante papel tanto na formulação de novos modelos etiológicos como para o tratamento de transtornos mentais. Até então era chamada de terapia cognitiva (CT). (CORDIOLI; KNAPP, 2008, p. 51) A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) como é designada hoje, é mais abrangente pelo fato de através de várias pesquisas ao longo dos anos, ter incluído muitos fatores da teoria comportamental. A terapia cognitivocomportamental utiliza intervenções do modelo cognitivo, como técnicas destinadas à correção de crenças e pensamentos disfuncionais e soma às técnicas comportamentais da terapia comportamental como a exposição e o uso de reforçadores, entre outras. (CORDIOLI; KNAPP, 2008, p. 52) De acordo com Beck e Alford, (2000, apud Junior et al. 2003, p. 93): ³(...) a teoria cognitiva é uma teoria sobre o papel da cognição no desenvolvimento, na manutenção, no tratamento e na prevenção de transtornos clínicos. Cognição inclui toda a gama de variáveis implicadas no processamento de informação e significado. No atual contexto, significado refere-se à consciência de relações entre FRPSRUWDPHQWRHFRQVHTrQFLDV´%HFN$OIRUGS De acordo com a terapia cognitivo-comportamental os pensamentos e crenças disfuncionais, não são apenas sintomas, mas importantes fatores que afetam o modo de pensar da pessoa. (Neto et al., 2001, p. 278) Para Neto et al., (2001, p. 278) o objetivo da terapia cognitivo comportamental é; ³possibilitar ao indivíduo um novo hábito de pensar, ampliando sua consciência, ajudando-o a interpretar a realidade de modo realista e justo e colaborando para a reconstrução de seu sistema de crenças´. De acordo com Hesse (2009), as pessoas que manifestam algum tipo de transtorno com dificuldade de relacionamento, ³(...) possuem uma tendência a distorções da auto-imagem, complexo de inferioridade e desejo de regressão a estágios primários. O cavalo na proposta terapêutica, atua aqui como um elemento que possibilita reforçar a personalidade fragilizada, proporcionando equilíbrio nos aspectos narcisísticos da pessoa, pois o praticante projeta no cavalo seu desejo de posse, beneficiando-se da imponência e da beleza do animal.´ Neto et al., (2001, p. 278) ainda considera que quando a pessoa compreende melhor suas emoções e pensamentos torna-se capaz de desenvolver uma atitude mais eficiente para lidar com seus problemas e promover mudanças mais duradouras e cônscias. O foco da terapia cognitivo comportamental é dirigido para as investigações de pensamentos e sentimentos do paciente, a pessoa precisa primeiramente aprender a decompor seu raciocínio de forma discriminativa, separando situação, sentimento e pensamento. (Neto et al., 2001, p. 279) Hesse (2009), ainda ressalta que na prática equoterápica; O cavalo pode significar um objeto de projeção ou um meio de catarse para os praticantes, no qual podem ser eliminadas excitações nervosas e tensões. Os SUDWLFDQWHV PXLWDV YH]HV ³FRQIHVVDQGR-VH´ ao cavalo passam por uma descarga afetiva com lágrimas e cólera, podendo obter certo alívio momentâneo. É possível registrar no setting com o cavalo, o papel que este desempenha para os praticantes na elaboração de certos conflitos. (Hesse, 2009) ³2VSHQVDPHQWRVDXWRPiWLFRVGLVIXQFLRQDLVVXUJHPDSDUWLUGHFUHQoDVDFHUFD GHVLSUySULRHGRPXQGRDVTXDLVVmRGHVHQYROYLGDVDRORQJRGDYLGD´1HWR et al., 2001, p. 280). Essas crenças influenciam pensamentos, sentimentos e comportamentos, determinam o entendimento sobre como a pessoa e as coisas são, consideradas assim verdades absolutas. De acordo com Neto et al. (2001, p. 282); as crenças são idéias sobre si mesmo, as pessoas e o mundo, se desenvolvem desde a infância, são para a pessoa verdades absolutas, caracterizam-se como idéias globais e rígidas e começam a influenciar o indivíduo por meio de pensamentos automáticos, em períodos de crise ou sofrimento emocional.(Neto et al. 2001, p.282) E cita algumas estratégias para modificação de pensamentos automáticos e crenças disfuncionais que consistem em experiências de aprendizagem especificas; a) Observar e controlar pensamentos automáticos, b) Reconhecer os vínculos entre cognição, afeto e comportamento, c) Examinar as evidências a favor e contra pensamentos automáticos distorcidos, d) Substituir cognições tendenciosas por interpretações mais orientadas para o real, e, e) Aprender a identificar e alterar as crenças disfuncionais que o predispõe a distorcer suas experiências. (Neto et al. 2001, p.282) Neto et al. (2001, p. 282), continua descrevendo outras técnicas importantes para modificação de pensamentos automáticos e crenças disfuncionais: x x x x x x x x x x x Questionamento socrático: (...) o objetivo é ajudar a descobrir a verdade sobre si mesmo, quem eu sou verdadeiramente, o que está sendo encoberto por essas crenças irrealistas, injustas e distorcidas. Experimentos comportamentais: têm a finalidade de testar o pensamento ou a crença em uma situação experimental real.(...) Continuum cognitivo: é uma técnica útil pra encontrar um meio termo quando o paciente utiliza um pensamento dicotomizado. Propõe a construção de uma escala para verificar se há realmente somente duas categorias, ou se é necessário considerar graus entre elas. Dramatização (Role-play) racional-emocional: é utilizado quando a pessoa alega que entende o ponto de vista racional que a crença é disfuncional, mas a sente como verdadeira. Então, terapeuta e cliente encenam um diálogo argumentativo em que cada um representa a seu tempo os papéis racional e emocional. Essa troca de papéis possibilita que a pessoa verbalize os argumentos racionais que foram modelados anteriormente pelo terapeuta. Usar os outros como um ponto de referencia: o distanciamento facilita a avaliação das inconsistências. Quando a pessoa identifica alguém com uma crença disfuncional parecida com a sua, pode reconhecer a distorção e usar esse insight para si. (QFHQDQGR ³FRPR VH´ SDUWH GR SULQFtSLR GH TXH PXGDU XPD crença transforma o comportamento e reforça essa crença, mesmo quando ainda não se acredita muito nela. Auto-revelação: o terapeuta relata ao paciente uma experiência particular, por meio de um exemplo genuíno e relevante. Reforço da nova crença central: descrições que contradizem a crença anterior, mas apóiam a nova, facilitando sua reestruturação. Contrastes externos: comparação com alguém real ou imaginário que está no extremo negativo da qualidade relacionada ao pensamento ou à crença central. Desenvolvimento de metáforas: propicia um distanciamento seguro para promover uma reflexão análoga à experiência sofrida pela pessoa. Reestruturar memórias antigas: consiste em estimular o afeto do paciente por meio de uma reestruturação do sentido atribuído a um evento anterior relacionado a uma situação conflitiva atual. Há a oportunidade de resgatar o acontecimento anterior traumático e atribuir-lhe um novo significado. Segundo Junior et al (2003, p.92-93), existem muitas pesquisas que mostram a terapia cognitivo-comportamental como importante adjunto no tratamento dos pacientes com transtornos mentais H FLWD -XUXHQD TXH GL] TXH ³RV sujeitos que compreendem o que significa possuir esse transtorno estarão mais KDELOLWDGRVDWHUXPDDWLWXGHDWLYD´ A terapia cognitivo-comportamental consiste em uma terapia breve, mas estruturada com objetivos bem definidos, voltados especificamente para a solução de problemas. Envolve uma colaboração mútua e ativa entre o paciente e o terapeuta. (Knapp e Isolan, 2005, p.100) É notável a concordância de objetivos entre a Terapia Cognitivo- Comportamental e a Equoterapia ambas aspiram a independência e autonomia do praticante, todas as sessões são estruturadas de forma que o praticante seja agente no processo terapêutico. Através da terapia cognitiva comportamental e do envolvimento recíproco o paciente desenvolva papéis mais ativos diante do adoecer, que entenda o significado de ter um determinado transtorno por isso a terapia cognitivocomportamental se inicia com o processo de educação/ orientação do mesmo, para então de posse de todas as informações ele possa se reconhecer, reconhecer os sentimentos e comportamentos que são próprios de sua personalidade, os que estão alterados e/ou quais fatores tem causado tais alterações. Só então serão utilizadas as técnicas. Na Equoterapia há parceria e troca de conhecimento entre os profissionais das diferentes áreas, assim o praticante com algum tipo de adoecimento mental é visto como um todo, sua personalidade, sua história de vida, sua família, seu ambiente e tudo que o afeta, ali ele não deverá ser tratado pelo rótulo do transtorno ou distúrbio que carrega e não será fragmentado em suas dificuldades, o terapeuta insere o praticante nesse contexto de forma que ele se sinta parte da equipe, ele torna-se Sujeito do seu processo de tratamento, reconhecendo-se nele. De acordo com Juruena (2001, p. 323), a terapia cognitivo-comportamental é baseada na noção de que sentimentos e comportamentos são interrelacionados, e se influenciam reciprocamente. Desta forma os pacientes são ensinados a reconhecer sentimentos e comportamentos que pioram seus sintomas, podendo assim através das técnicas da terapia cognitivocomportamental, modificar respostas buscando não entrar em crise maníaca ou depressiva, no caso de um transtorno bipolar por exemplo. Esses sinais reconhecidos pelo paciente precocemente irão contribuir de forma significativa para o tratamento, a Equoterapia somada à terapia cognitivo comportamental irão trabalhar de forma efetiva no melhor manejo dos problemas psicossociais que estressam os pacientes impedindo recaídas ou recorrências. (Juruena, 2001, p.324) Segundo Dalgalarrondo (2000, pág 154, apud HESSE, 2009), ³RGHSULPLGRYLYH seu corpo como algo pesado, lento, difícil, fonte de sofrimento e não de prazer. Sente-se fraco, HVJRWDGRLQFDSD]GHID]HUIUHQWHjVH[LJrQFLDVGDYLGD´ Assim como nos quadros ansiosos graves, os praticantes sentem o corpo como comprimido, asfixiado, com despersonalização corporal e com a sensação que o corpo entra em colapso ou a desorganizar-se. Nestes casos o movimento tridimensional do cavalo faz com que o praticante seja estimulado a uma percepção corporal adequada e a uma busca constante do equilíbrio. Esta busca do equilíbrio não se restringe a aspectos físicos do praticante, mas está inerentemente ligado a autopercepção do ³HXTXHUR´ H³HXSRVVR´ (Gäng 2003, p.75 apud Hesse, 2009). Verriere (apud HERMANT, 1988; apud UZUN, 2005), descreve sobre a imagem GR FRUSR UHYHODGD D FDYDOR SRU XP VHQWLPHQWR GR FRUSR ³$ cavalo, somos HVFXOWRUGDQoDULQRDWRUGHQRVVRFRUSR´ Para a teoria freudiana, ³RFRUSRpRSDOFRRQGHRLQFRQVFLHQWHVHPDQLIHVWD´. (QUINET, 2011) Na Equoterapia, de acordo com Uzun (2005); (...) a vivência sensitiva é uma vivência muito profunda que toca as massas musculares, ósseas, articulares e também as viscerais. É na sensação recriada, e depois reencontrada, que o corpo vai se reconhecer e não apenas na lembrança mental de uma experiência anterior. (Uzun, 2005) Na Equoterapia o praticante pode enfrentar suas limitações e aos poucos reconhecer suas competências, aumentando seu autoconhecimento, sua autoconfiança, e conseqüentemente aumentando sua auto-estima. Isso é de suma importância para um paciente psiquiátrico, pois eles se veem na maior parte do tempo como pessoas incapazes, improdutivas, com grande dificuldade de comunicação e relacionamento, o que gera medo, insegurança e vergonha, agravando cada vez mais o quadro de adoecimento e fechamento psíquico. Uzun (2005), ainda ressalta que muitas vezes ³o homem precisa reviver suas lembranças e que às vezes basta uma evocação tátil, olfativa ou auditiva, para que o corpo volte a sentir a emoção passada, memorizada inconscientemente´ (VARRIERE apud HERMANT, 1988; apud UZUN, 2005) E o cavalo pode nos remeter a essas lembranças, pois sua estimulação sensório-motora, seu afeto, seu ritmo, sua cadência, seu balançar criam segundo Uzun (2005), um efeito tranqüilizador e caloroso da maternagem. Freud citou o movimento do cavalo como ³R ~QLFR PRYLPHQWR TXH VH DVVHPHOKDDRPRYLPHQWRGR~WHURPDWHUQR´ Segundo Walter (2004 apud HESSE 2009), A união pode ser tal que o cavalo é sentido como um companheiro muito próximo, mesmo como um prolongamento do corpo que agita, companheiro de fantasias e de loucuras, permitindo talvez, ao cavaleiro, a descoberta de si mesmo. (Walter, 2004 apud Hesse 2010) Embora a Terapia Cognitivo-Comportamental esteja alicerçada na cognição e suas técnicas pareçam de certa forma, bem racionais, é bom ressaltar que a terapia cognitivo-comportamental considera essencialmente o caráter subjetivo e individual de cada paciente. A terapia cognitivo-comportamental estará envolvida, através da aliança entre terapeuta e paciente, com as questões particulares daquele indivíduo, qual significado ele dá para aqueles acontecimentos, como o adoecimento o afeta, seus relacionamentos familiares, profissionais, sociais, enfim, como ele pessoa única, percebe o ambiente e se percebe nele. O significado do tratamento para a pessoa deve ser discutido, seus medos, o papel dos acontecimentos da vida no desencadeamento de sintomas, o uso da medicação pelo resto da vida, o casamento e os filhos, a gravidez e a amamentação, os filhos e familiares sendo afetados psicologicamente, contar ou não sobre a doença ao patrão ou aos colegas, a possibilidade de os filhos apresentarem a doença. (Neto et al., 2001, p. 284) Portanto, a união da Equoterapia e da Terapia Cognitivo-comportamental pode ser grande facilitadora da reabilitação psicossocial do praticante, o cavalo se torna co-terapeuta, pois segundo Hesse (2010), O montar a cavalo com autonomia, passa pelo volteio até a condução independente na sela ou na manta. Esta estratégia estimula as capacidades como tomada de decisões, a autonomia nos aspectos subjetivos e na estruturação do ego do praticante. Também o passeio externo na natureza, estimula a vontade e a alegria de viver, motivando assim, para novos desafios e maturidade pessoal dos praticantes psiquiátricos. A terapia Cognitivo e a Equoterapia têm basicamente o mesmo objetivo, tornar o praticante autônomo, capaz de conhecer-se e reconhecer-se no ambiente, dotado de certas dificuldades, mas também de potencialidades, levando-o a condução de um Self ideal. Abaixo seguem alguns objetivos e práticas da Terapia Cognitivo- comportamental, utilizada da forma tradicional, em consultório, porém, pode-se dizer que todas são passíveis de trabalho no setting equoterápico. Neto et al., (2001, p. 284), descrevem os objetivos da terapia cognitivocomportamental para o tratamento do transtorno de forma esquematizada, conforme a seguir: x x x x x x x x Educar pacientes e familiares sobre o transtorno, seu tratamento e suas dificuldades associadas à doença. Ensinar métodos para monitorar a ocorrência, a gravidade e o curso dos sintomas. Facilitar a aceitação à medicação e a cooperação do tratamento. Oferecer técnicas não-famacológicas para lidar com sintomas e problemas. Ajudar o paciente a enfrentar fatores de estresse que estejam interferindo no tratamento. Estimular a aceitação da doença. Aumentar o efeito protetor da família. Diminuir o trauma e o estigma associados ao diagnóstico. A terapia cognitivo-comportamental terá uma agenda a ser seguida visando primeiramente orientar e informar, como descrito acima, para então ensinar gradativamente as técnicas a serem utilizadas. Neto (et al., 2001, p. 284), descrevem ainda algumas variáveis que devem ser consideradas para um tratamento eficaz: x Variáveis Intrapessoais: negação da doença crônica e fásica, (crônica, pois dura muito tempo e fásica no sentido oscilatório, periódica, cíclica) diminuição da energia e da criatividade, depressão, crenças e medos, etc. x Variáveis do tratamento: efeitos colaterais, horário para tomar medicação, dificuldade em ir à terapia, e outros. x Variáveis do sistema social: estressores, conselho médico ou psicoterápico em discordância, diferentes opiniões de familiares e da mídia, entre outros. x Variáveis Interpessoais: relacionamento ruim com terapeuta ou psiquiatra. x Variáveis cognitivas: dependência do remédio, não conseguir controlar os sentimentos, distorções cognitivas próprias do depressivo, personalizar experiências ruins dos outros, etc. (Neto et al., 2001, p. 284), Após ter seguido o protocolo de orientação e consideração do paciente em questão, é hora de ensiná-lo algumas técnicas para monitoração dos sintomas. As principais técnicas são descritas por Neto et al. ( 2001, p. 284-285), no livro organizado por Bernard Rangé. x Mapeamento da vida: essa técnica ajuda o paciente a identificar o curso de sua doença. Localizando as fases adoecimento e os possíveis fatores estressores antecedentes a estas fases. x Folha de resumo dos sintomas: o objetivo dessa técnica é aumentar a consciência do paciente a respeito do seu adoecimento. Com isso espera-se a identificação precoce de recaídas. Também auxilia o paciente e sua família a discriminar comportamentos característicos de sua personalidade e do transtorno. x Gráfico do humor: tem por objetivo acentuar a percepção do paciente sobre mudanças de humor, pensamentos e comportamentos, identificando sintomas subsindrômicos para então entrar em contato com o terapeuta ou psiquiatra em caso de necessidade. x Afetivograma: consiste na observação do terapeuta a cada consulta, ele irá acompanhar o estado de humor, eventos vitais, dados sobre o tratamento, exames laboratoriais e registrá-los, para que o médico e terapeuta tenham controle do que já foi feito. Neto et al. (2001, p. 284285) Segundo Junior et al. (2003, p. 93-101) também são utilizadas outras técnicas comportamentais, de singular importância, como: x Solução de problemas: estratégia clínica geralmente rápida, lógica e sistemática para lidar com situações que estão provocando algum tipo de sofrimento ao paciente; x Treino de habilidades sociais e comunicação: auxilia os pacientes a retomar ou aprender determinados comportamentos que são inseridos e colocados em prática de acordo com o repertório comportamental da pessoa. Pode utilizar técnicas comportamentais como: x x x x Modelação: o paciente é submetido a situações cujo objetivo é fazer com que ele observe o funcionamento de quem lhe acompanha, podendo o próprio terapeuta servir de modelo; Ensaio comportamental: é solicitado ao paciente quando este não consegue realizar determinados comportamentos, que os faça como se fossem um treino, uma imitação da realidade; Reforçamento: quando a conseqüência da resposta é positiva, agradável, de maneira que o indivíduo realize mais vezes a atitude em função da recompensa positiva que terá, faz com que o comportamento seja mantido em função de sua conseqüência. (Junior et al., 2003, p. 101) Reestruturação cognitiva, modificação de crenças: de acordo com Arnold Lazaurus (1972:165) apud Junior et al.(S³SRGH-se dizer que a maior parte dos esforços psicoterapêuticos gira em torno da FRUUHODomR GH FRQFHSo}HV HUU{QHDV´ H VHJXQGR R PHVPR DXWRU HVVD correção de concepções errôneas (crenças disfuncionais) pode preceder ou seguir a mudança do comportamento. A reestruturação cognitiva está ligada ao questionamento socrático que tem a finalidade de modificar os pensamentos, interpretações e verdades que causam o sofrimento da pessoa. Todas as técnicas citadas acima são utilizadas com a finalidade de se conhecer o paciente e fazer com que ele se conheça; ³&RQKHFH-WHDWLPHVPR´ (Sócrates, 470-399 a.c, apud Tommasi, 1999, p. 36) e estabelecer um vínculo terapêutico essencial à aderência ao tratamento medicamentoso associado à terapia cognitivo-comportamental e à equoterapia. As mesmas técnicas deverão se estender à família, pois é comum que os familiares enfrentem dificuldades para lidar com as instabilidades comportamentais causadas pelo adoecer de seu ente. Com isso a família desenvolverá assim como o paciente, maiores habilidades para identificar sintomas, reconhecer e contribuir para o enfrentamento do cotidiano. Compreende-se, portanto, que a meta da Equoterapia associada às técnicas da terapia cognitivo comportamental e a farmacologia (quando necessário), para o tratamento dos transtornos psíquicos, é que o paciente se conhecendo, identificando suas limitações, os fatores estressores inerentes e suas respostas comportamentais ao ambiente; desenvolva autonomia e seja seu próprio terapeuta, criando estratégias para lidar com seus altos e baixos, buscando alcançar uma reestruturação cognitiva suficiente para obter uma melhor qualidade de vida. 4. Aspectos Neurocientíficos na Equoterapia: As possibilidades da Neurociência da Emoção Estranha coincidência que todos os homens cujo crânio foi aberto tivessem um cérebro! Wittgenstein, Da certeza, § 207apud Serpa Jr. 2004 Neste capítulo serão enfatizadas as bases neurobiológicas ativadas com a Equoterapia. Serão abordados os aspectos Neurocientíficos das emoções na Equoterapia potencializando a plasticidade cerebral. Essa abordagem se justifica por ser a emoção fortemente afetada pelo adoecer mental. De forma sucinta será elucidado como a Farmacoterapia pode contribuir para uma melhor qualidade de vida do praticante de Equoterapia, principalmente aquele com algum tipo de perturbação mental, uma vez que a estabilidade neuroquímica é uma condicionante para inserção em qualquer processo terapêutico. 4.1 Neurociências e Equoterapia Segundo Medeiros e Dias (2008), no século XIX, vários cientistas, incluindo Darwin e Freud, consideravam o papel do cérebro na expressão das emoções. Surgiram várias teorias sobre o assunto, destacando-se a de James Lange de 1884. SXD SURSRVWD HUD GH TXH ³H[SHULPHQWDPRV HPRo}HV em resposta a mudanças psicológicas TXHRFRUUHPHPQRVVRFRUSR´ Para Lange (1884), nosso sistema sensorial envia informações ao nosso cérebro de uma situação e, em resposta nosso cérebro envia sinais para fora do corpo, mudando o tônus muscular, a frequência cardíaca, o humor, a sudorese, a temperatura corporal, as expressões e comportamentos. De acordo com Medeiros e Dias (2008), os sistemas sensoriais reagem às mudanças evocadas pelo cérebro, e é essa sensação que constitui a emoção. Medeiros e Dias (2008) completam ainda que; Como resultado dessas sensações, mobilizamos processos internos, ativando neurotransmissores, como serotonina, dopamina, acetilcolina, noradrenalina, endorfinas, etc., capazes de criar uma linguagem química complexa entre mente e corpo. (Medeiros e Dias 2008, p.20) Ainda segundo Medeiros e Dias (2008), esta interconexão entre as respostas autonômicas, endócrinas, e imunológicas, fornece uma base experimental para as influências das emoções sobre o corpo e a saúde. O sentimento de prazer e bem estar proporcionado pela Equoterapia, que envolve afetividade e harmonia na relação com o cavalo aliadas à atividade física realizada ao montar, desencadeará mudanças biológicas armazenando memórias agradáveis. De acordo com Serpa Jr. (2004) a Neuropsicologia através da reabilitação cognitiva, conjunto de procedimentos que buscam resgatar funções cerebrais comprometidas, está proporcionando mais qualidade de vida às pessoas. Com o avanço da Neurociência, novas técnicas de imagens permitem observar o cérebro e ver em atividade áreas específicas associadas ao pensamento e às emoções. Essa técnica torna possível a validade das intervenções de reabilitação cognitiva, pois áreas inoperantes ou sequeladas após as intervenções são vistas novamente ativadas, revitalizadas. Segundo Nunes (et al 2002); (...) estímulos aos padrões normais de movimento e inibição dos padrões anormais, provoca um aumento e aceleração no processo de recuperação funcional cerebral. Em um estudo realizado em pacientes com AVC crônico concluiu-se que houve um aumento da representação motora cortical antes reduzida, graças a um efetivo programa de reabilitação que induzia ao movimento. (Nunes et al 2002) Com a estimulação sensório-motora, auditiva, visual, tátil, olfativa, emocional, relacional e educativa recebida através da Equoterapia espera-se um aumento da plasticidade cerebral, que segundo Serpa Jr (2004) é a capacidade adaptativa do Sistema Nervoso Central, que modifica sua organização estrutural e seu funcionamento, é a possibilidade real de outra área do cérebro saudável, ou melhor, de outros neurônios, de outras áreas, estabelecerem novas sinapses e assumirem a função que ficou ou está momentaneamente comprometida em conseqüência de algum trauma ou transtorno. A cada nova experiência, a cada estimulação redes de neurônios são rearranjadas, novas conexões são estabelecidas, outras sinapses acontecem e são reforçadas possibilitando novas respostas a estímulos ambientais dos mais diversos. Segundo Damásio (2003, apud Serpa Jr. 2004) as ³HPRo}HVSURYrPXPPHLR natural para o cérebro e a mente avaliarem o ambiente ± dentro e ao redor ± do organismo e UHVSRQGHUHPDGHTXDGDHDGDSWDWLYDPHQWH´ O estudo da neurobiologia das emoções e sentimentos vai explorar a função avaliativa que possuem estes estados corporais e mentais e o seu papel na regulação das interações do organismo com o meio em que vive. De acordo com Serpa Jr. (2004), (...) um evento descrito na primeira pessoa corresponde a uma experiência vivida associada com eventos mentais (percepção, dor, memória, imaginação, pensamento). Para o autor, estes eventos se expressam, nesta descrição, como relevantes e manifestos para um self, ou sujeito, que pode relatá-los. Portanto essa redescoberta do cérebro se dá num momento em que a neurobiologia e a psiquiatria se integram em prol do sujeito como um todo, com sua subjetividade preservada, sendo extremamente relevante sua concepção dos acontecimentos. A Equoterapia e a teoria cognitivo comportamental corroboram com essa concepção valorizando e trabalhando o ser humano na sua dimensão biopsicossocial. 4.2 Os Fármacos Intensos questionamentos cercam a interação entre Farmacoterapia e Psicoterapias. Nas discussões excludentes e separatistas todos os envolvidos saem perdendo (Piccoloto, et al. 2003, p. 247), afinal a psiquiatria deixa de aprofundar-se sobre mecanismos e processos psicológicos e a psicologia não se familiariza com as bases biológicas dos transtornos mentais. Mas, na verdade quem mais perde com essa divergência são os pacientes que recebem intervenções psicoterápicas pouco efetivas para seu sofrimento. De acordo com Piccoloto (2003, et al.) as vantagens desse tratamento combinado veem sendo avaliadas em inúmeros estudos ao longo de anos e constatando-se que o uso de fármacos, devidamente prescritos, proporciona ao paciente uma redução do desconforto eliciado pelas manifestações físicas dos transtornos mentais, permitindo assim um maior e melhor rendimento e aproveitamento na psicoterapia. (Piccoloto, et al. 2003 p. 249) Faz-se ressDOYD j REUD ³$ 1DWXUH]D GR +RPHP´ GH +LSyFUDWHV DF apud Tommasi, 1999, p. 40), indiscutivelmente o médico mais conhecido do seu tempo e também conominado Pai da Medicina, pois foi o iniciador da observação clínica, mostra as relações entre o que se come, bebe, e os exercícios. Tommasi (1999, p.40) cita que; Para Hipócrates, o verdadeiro médico deve observar minuciosamente e empiricamente, registrar e descrever cada caso concreto e, após suas conclusões receitar adequadamente a quantidade de caldos, poções banhos e exercícios, pois cada indivíduo possui constituição diferente. Para ele era inadmissível que se generalizasse a natureza humana. (Tommasi, 1999, p. 40) Ele ainda usou uma gama de 300 remédios diferentes que, juntamente com uma mudança no estilo de vida e dieta, foram usados para corrigir desequilíbrios no corpo. É recordado por utilizar massagens e aquaterapia. (Tommasi, 1999, p. 40), e para completar a obra, fez referência à equitação como fator regenerador da saúde, principalmente no tratamento da insônia (Freire, 1999). Diante disso, pode-se sugerir aí o início de uma confluência entre medicina e o uso de diferentes técnicas psicoterápicas, ou acompanhamentos terapêuticos associados às medicações prescritas pela medicina tradicional. Hipócrates era um homem que se preocupava com a pessoa em sua individualidade e interação com meio, e não com o sintoma isoladamente. Isso fica evidente em suas palavras descritas na epígrafe deste trabalho; ³e PDLV importante conhecer o tipo de pessoa que tem a doença, do que conhecer o WLSRGHGRHQoDTXHDSHVVRDWHP´ (Hipócrates, 462 a.c., apud Tommasi, 1999) Para Socrátes (470-399 a.c, apud Tommasi, 1999, p. 36), cuja principal característica filosófica era a introspecção, que ficou marcada pelo lema: ³&RQKHFH-WH D WL PHVPR´ R HVVHQFLDO HUD TXH R KRPHP VH FRQKHFHVVH ³2 homem deve tomar conhecimento de si, de sua ignorância. O conhecimento de VL PHVPR p D FRQGLomR EiVLFD SDUD VH FKHJDU j VDEHGRULD H j YLUWXGH´ TXH eram então demonstradas pelo bem estar físico e mental. É possível a partir das afirmações acima concordar tanto com Hipócrates, quanto com Sócrates, pois, a Equoterapia e a terapia cognitivo-comportamental se baseiam na identificação e na modificação de esquemas cognitivos e estão intrinsecamente ligadas à maneira como o indivíduo se coloca no mundo, à sua capacidade de prever e de compreender as experiências e situações necessárias para o funcionamento normal. Segundo Neto et al. (2001, p.281) os esquemas cognitivos são baseados; (...) na hipótese de que as emoções e os comportamentos das pessoas são influenciados por sua percepção dos eventos. As experiências e as situações levam-nas a fazerem suposições ou concepções gerais sobre si mesmas e o mundo, as quais são subsequentemente usadas para organizar a percepção e orientar e avaliar o comportamento. (Neto et al., 2001, p.281) Tendo em vista que a reestruturação cognitiva é o principal objetivo da teoria cognitivo-comportamental, e que a Equoterapia tem como meta a autonomia do praticante, faz-se necessário a ascensão das contribuições dos fármacos no caso específico do transtornos mentais, pois os medicamentos favorecem as funções mentais necessárias para a participação efetiva na psicoterapia. (Piccoloto et al., 2003, p. 252) A farmacoterapia pode, desta forma, minimizar ou até mesmo suprimir alterações sensoperceptivas, como alucinações auditivas ou visuais em pacientes psicóticos; alterações do curso do pensamento, como fuga de idéias em pacientes maníacos; alterações do conteúdo do pensamento, como ideação delirante de ruína em pacientes depressivos graves; alterações da atenção, como hipervigilância em pacientes paranóides; alterações da concentração. Como hipotenacidade em crianças hiperativas; alterações da memória, como déficit mnemônico em idosos depressivos; alterações da atividade psicomotora, como agitação intensa em pacientes ansiosos e alterações de linguagem, com aumento da capacidade de verbalização em pacientes com fobia social. (Piccoloto et al., 2003, p. 252) Segundo Piccoloto et al. (2003, p. 252) a melhoria proporcionada pelo medicamento de qualquer sintoma citado acima intensifica a habilidade do praticante perante os processos de mudança ou reestruturação cognitiva proposto pela Equoterapia. Diante dessa afirmação, pode-se observar uma relação de contribuição mútua ao tratamento dos transtornos mentais. associada a psicoterapia A confluência da Equoterapia cognitivo-comportamental com o tratamento psiquiátrico, através dos medicamentos, traz uma conseqüência efetivamente favorável ao praticante. De acordo com Piccoloto (2003, et al.) recentes pesquisas sobre os tratamentos de doenças psiquiátricas apontam para as psicoterapias como principal fator de favorecimento à adesão ao tratamento medicamentoso. Existe uma distância, bastante tortuosa, entre receber uma prescrição medicamentosa e aderir a um tratamento farmacológico. Neste ponto, destaca-se o papel da psicoterapia que, entre tantas outras finalidades, têm participação ativa no processo de aceitação da ajuda farmacológica. (Piccoloto et al., 2003, p. 253) Para tanto, durante as sessões de Equoterapia, o psicoterapeuta cognitivocomportamental deverá encontrar espaço para a avaliação de pensamentos disfuncionais a respeito da farmacoterapia, buscando reconhecer crenças errôneas sobre os medicamentos. 2IDWRGHSHQVDUHPDQLIHVWDUHVVDVFUHQoDVDFHUFDGRVVHXV³UHPpGLRV´OHYD necessariamente à reflexão de outras crenças em torno do adoecer, como o significado de sua doença, sua capacidade pessoal para enfrentá-la, os poderes atribuídos ao tratamento químico, enfim todas as nuances do tratamento levarão a questionamentos afins para uma reestruturação das representações mentais do praticante. (Piccoloto et al., 2003, p. 253) Segue abaixo um quadro fidedigno ao autor contendo exemplos de crenças disfuncionais a respeito da farmacoterapia com dados da realidade importantes para o seu questionamento citado por Piccoloto (et al. 2001 p.254-255): Exemplos de Crenças Disfuncionais sobre Farmacoterapia ³7RPDUPHGLFDPHQWRpXPVLQDOGHIUDTXH]D de que não tenho capacidade de enfrentar os PHXVSUREOHPDV´ Evidências contrárias às Crenças Disfuncionais A adesão ao uso correto dos medicamentos representa um sinal de força, de utilização de mais um recurso de enfrentamento na busca dos resultados. ³6H FRPHoDU D WRPDU XP PHGLFDPHQWR Ter o mesmo conceito a respeito de todos os SVLTXLiWULFRYRXILFDUGHSHQGHQWH´ medicamentos é um extremo reducionismo. Existem várias classes diferentes de psicofármacos, sendo que a grande maioria não apresentam esse risco de dependência. Mesmo aqueles que apresentam esse risco, o têm minimizado através do uso racional, sob supervisão médica. ³7RGR PHGLFDPHQWR SVLTXLiWULFR GHYHUi VHU O que determina o tempo de utilização do tomado pelo resto da vida.´ medicamento são os aspectos da patologia, e não do fármaco. Se o paciente necessita utilizar o fármaco novamente após uma interrupção, isto deve-se à recorrência da sua doença, e não à dependência do fármaco. É importante não confundir o tratamento disponível para a doença com a doença em si. ³0HGLFDPHQWRSVtTXLFRpSDUDORXFRV´ Os psicofármacos estão entre os medicamentos mais prescritos na atualidade, para pessoas com vários tipos de problemas, transitórios ou permanentes, e que mantêm a sua capacidade crítica e produtiva. O próprio conceito de loucura é bastante variável e abstrato, tendo o paciente suas próprias crenças e a este respeito, que devem ser devidamente avaliadas. ³2 PHGLFDPHQWR LUi PXGDU D PLQKD O medicamento não tem o poder de modificar personalidade, me transformará em outra traços característicos de personalidade. O SHVVRD´ objetivo da farmacoterapia não é deixar o paciente irreativo ou hiperreativo aos acontecimentos, mas devolver ao paciente a capacidade de empregar os recursos cognitivos e emocionais da sua personalidade de uma forma equilibrada e proveitosa. ³6HWRPDUPHGLFDPHQWRVYRXHQJRUGDU´ O ganho de peso é um efeito adverso associado a determinados psicofármacos, mas em graus diferentes. Hoje existem medicamentos onde este efeito é inexistente ou bastante minimizado. O controle da dieta e exercícios regulares também são recursos utilizados para o controle deste efeito. ³6H WRPDU PHGLFDPHQWRV YRX ILFDU Atualmente, com o advento de psicofármacos LPSRWHQWH´ mais modernos e seletivos, houve uma redução desta manifestação. Quando ela ocorre, normalmente incide sobre a libido, e não sobre a potência, de uma forma totalmente reversível. O aprimoramento da estimulação sexual, o ajuste de dosagens e a troca do fármaco (hoje existem muitas alternativas de escolha) são exemplos de estratégias aplicadas para contornar o problema. ³(VWH HIHLWR FRODWHUDO SHUPDQHFHUi HQTXDQWR Em muitos tipos de psicofármacos, certos HXHVWLYHUWRPDQGRRPHGLFDPHQWR´ efeitos adversos precedem em alguns dias ou até semanas o surgimento dos efeitos terapêuticos, o que aumenta o risco de abandono do tratamento. Na verdade, esses efeitos adversos costumam ser pouco intensos e desaparecer gradativamente ao longo dos primeiros dias, na medida em que ocorre uma adaptação do organismo ao medicamento. Basta que o paciente tolere essa fase inicial até que o benefício do tratamento possa se estabelecer. ³7RPDQGR PHGLFDPHQWRV HX QmR HVWRX Novamente, considerar uma psicopatologia tratando a causa do problema, somente como tendo uma única causa ou causas UHGX]LQGRDVPDQLIHVWDo}HVVXSHUILFLDLV´ restritas a um único aspecto é uma simplificação extremamente limitante, que ignora avanços científicos. O componente biológico também faz parte da etiologia do problema e pode ser tratado com fármacos, desde que bem indicados. ³7RPDU PHGLFDPHQWRV VXEVWLWXL D DomR GD A Famacoterapia é um tratamento que SVLFRWHUDSLD´ complementa a Psicoterapia e não a substitui. O componente biológico é um aspecto importante, mas parcial da Psicopatologia. ³7RPDU PHGLFDPHQWRV p D VROXomR ~QLFD H A Farmacoterapia é um recurso indicado para LPHGLDWDSDUDRVPHXVSUREOHPDV´ determinadas situações ou psicopatologias, como parte do tratamento. A melhora clínica passa por uma série de fatores associados ao paciente, sendo que a tomada do fármaco é somente um desses fatores. Figura 3: -Exemplos de crenças disfuncionais sobre farmacoterapia. Piccoloto (et al. 2001 p.254-255) É de extrema importância que o psicoterapeuta tenha conhecimento básico de psicofarmacologia, uma familiarização com classes, tipos, mecanismos de ação, indicações e efeitos adversos dos principais psicofármacos, e seu real papel no contexto terapêutico, sem idealizá-los e sem vilipendiá-los. Pois para identificar e questionar crenças disfuncionais o terapeuta terá que ter passado por tais questionamentos e identificado suas próprias crenças. (Piccoloto et al., 2003, p. 253) Piccoloto et al. (2003, p. 255) cita que o tratamento combinado que se faz entre a terapia cognitivo-comportamental e a psicofarmacologia também podem trazer alguns efeitos negativos, como por exemplo: x Efeitos Negativos dos Medicamentos sobre a psicoterapia: é quando o praticante/paciente atribui aos medicamentos um efeito milagroso, como mágica para seus problemas, esse efeito é desmotivador da psicoterapia, pois a melhora dos sintomas proporcionada pelo fármaco WUiV XP DOtYLR TXH HUURQHDPHQWH SRGH VHU FRQVLGHUDGR FRPR ³PHOKRUD GHILQLWLYD´ OHYDQGR D XP ERLFRWH GD SVLFRWHUDSLD H D uma super valorização da medicação. x Efeitos Negativos da Psicoterapia sobre o Tratamento Medicamentoso: acontece quando as crenças disfuncionais do praticante/paciente não encontram no terapeuta um referencial de questionamento das mesmas, assim as idéias preconcebidas do paciente encontram reforço no terapeuta, desenvolvendo uma cisão do tratamento combinado, privando o paciente da união dos recursos disponíveis a sua melhora. (Piccoloto et al. (2003, p. 255) Na relação terapêutica algumas distorções errôneas acerca da farmacoterapia costumam surgir de forma automatizada, associadas a sentimentos de temor ou angústia , gerando o abandono do tratamento medicamentoso. Piccoloto et al. (2003, p. 256) listou alguns desses erros mais comuns que ocorrem no processamento de informação sobre a farmacoterapia: x Pensamento Dicotômico ou tudo-ou-nada: ora o medicamento recebe a categoria de causa de todas as melhoras, ora é causa de todos os sentimentos negativos e de incapacidades física. x Maximização/Minimização: Valoriza os efeitos adversos da medicação e despreza os benefícios atingidos, ou o contrário. x Abstração seletiva: Abstrai vivências e informações de outras pessoas, familiares, amigos e noticias, acumula elementos do seu passado, tudo que se relacionar com efeitos adversos da medicação e impõe estes fatos como realidade absoluta. x Hipergeneralização: acredita que terá todos os efeitos adversos descritos na bula do medicamento, após manifestar um efeito. x Catastrofização: acredita que o efeito adverso manifestado lhe causará grande sofrimento. x Pensamento irracional: acredita que assim que usar o fármaco, efeitos positivos e/ou negativos irão se estabelecer em seguida (efeito placebo). Piccoloto et al. (2003, p. 256) Portanto, diante das afirmações dos autores citados, pôde-se verificar que o tratamento combinado favorece a acessibilidade psicoterapêutica do praticante portador de adoecimento psiquico, pois a medicação reduz a instabilidade favorecendo uma posição ativa de reconhecimento de si e de comportamentos estressores que facilitam o desencadeamento de crises. Mais uma vez faz-se imprescindível a participação da família, pois também no tratamento medicamentoso, assim como o praticante, a família tem suas crenças à respeito dos medicamentos, a informação e os resultados atingidos através do tratamento combinado aumentam significativamente a aderência ao tratamento. Neto (et al., 2001, p. 284), descreve que pesquisas recentes, mostram que pacientes que receberam intervenções combinadas como terapia de casal associada à terapia medicamentosa, aumentaram a aderência ao tratamento, confirmando assim o papel essencial da participação da família ao tratamento. 5 Considerações finais Diante da pesquisa realizada pôde-se concluir que nenhum critério, seja ele estatístico, valorativo, natural, nosográfico ou orgânico, consegue responder à subjetividade e individualidade humana, todos são falhos e questionáveis. Também que, o conceito de saúde e doença, normal e patológico, esbarra na mesma singularidade. Contudo, faz-se necessário um diagnóstico como ponto de partida, e para que em associação, os conhecimentos multidisciplinares alcancem respostas e novas propostas de trabalho na busca do bem estar psíquico, inclusive no âmbito da prevenção. Percebeu-se ao longo da pesquisa que o acompanhamento adequado para o tratamento do adoecer psíquico reduz a incapacitação e a mortalidade dos portadores deste mal. E que geralmente, faz-se necessário a prescrição de um ou mais medicamentos para estabilização neuroquímica da saúde mental. Porem percebeu-se também que o tratamento combinado que se constitui na interconexão entre a psiquiatria através dos fármacos e psicoterapia especialmente a Cognitivo-Comportamental aplicada nas sessões de Equoterapia é perfeitamente admissível e recomendável. Pois a interação do tratamento combinado proporciona respostas significativas para a melhora da qualidade de vida do paciente com algum transtorno mental. Essa associação entre a psiquiatria, psicoterapia e o os benefícios da Equoterapia com seu olhar multidisciplinar, apresenta um novo significado de saúde e doença, normal e patológico, identifica o psicopatológico não como uma rotulação, um diagnóstico fechado, determinista e indiscutível, mas abre os horizontes terapêuticos. Ele servirá para identificar e dar nome às formas de sofrimento humano para melhor entendê-lo e enfrentá-lo, mas não mais como limitador das capacidades e sim como facilitador das potencialidades. Nessa perspectiva o diagnóstico deixa de ser um ponto final na observação clínica do indivíduo e passa a ser um ponto de partida para a terapêutica, no TXDO ³R SURILVVLRQDO GHYH HVWHQGHU R VHX FDPSR GH YLVmR SDUD DVSHFWRV SHVVRDLV QmR QHFHVVDULDPHQWH HQFRQWUDGRV QD OLWHUDWXUD´ 3LFFRORWR et al., 2003, p. 249) Especialmente os aspectos sociais e familiares, envolvendo o paciente como ele se apresenta na descrição e enfrentamento diário como um ser biopsicossocial. Portanto, pode-se dizer que mais que critérios para diagnósticos determinados, a psiquiatria, a neurociência e a psicologia devem adotar uma posição a favor da vida. É imprescindível a necessidade de atrelar forças, juntar as peças deste quebra-cabeça num trabalho multidisciplinar em função de um atendimento individualizado, personalizado, de forma mais humana e sensível, buscando meios de amenizar o sofrimento humano, promovendo maior qualidade de vida. Com esta pesquisa foi possível compreender que com o método da Equoterapia, a afirmação acima se torna real, palpável, pois o trabalho da Equoterapia se apresenta com essas características, de um trabalho feito por muitas bases de conhecimento visando o bem de um único ser, ser único no palco de sua existência. 6 Referências Bibliográficas ABTB: Associação Brasileira de Transtorno Bipolar Disponível em http://www.abtb.org.br/transtorno.php Consulta realizada em 02/05/2009. ALVES, Eveli Maluf Rodrigues. 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