PE5034 - Pesquisa Clínica em reabilitação cardiovascular em

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CONCURSO PÚBLICO DA FIOCRUZ - 2016
GABARITO DA DISCURSIVA
CARGO: Pesquisador em Saúde Pública, na carreira de Pesquisa em Ciência, Tecnologia,
Produção e Inovação em Saúde Pública (código PE5034)
PERFIL: PE5034 - Pesquisa Clínica em Reabilitação Cardiovascular em Doença de Chagas (INI)
1ª QUESTÃO
ESPERA-SE QUE O(A) CANDIDATO(A), EM CADA UM DOS QUATRO (4) ITENS RELACIONADOS À
1ª QUESTÃO TENHA FEITO CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS ADEQUADAS ESPECÍFICAS SOBRE OS
SEGUINTES PONTOS:
1.1)
O(a) candidato(a) deverá descrever o modelo da história natural proposto no referencial
adaptado de Leavell & Clark (1976), a partir do olhar sobre o processo saúde-doença relativo à
doença de Chagas. Entre as possíveis abordagens para a resposta:
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Indicar os elementos que tipificam o Período de Pré-Patogênese e o Período de
Patogênese dentro deste modelo.
Abordar, para o período pré-patogênico, aspectos relativos ao ambiente bem como à
dinâmica de interação entre Triatomíneos, Trypanosoma cruzi, Reservatórios e
População Humana Susceptível (em um Contexto Ambiental Específico) que podem
produzir estímulo à doença. Indicar o papel da exposição do indivíduo a fatores
potencialmente patogênicos.
Indicar, para o período patogênico, as fases da doença, aguda e crônica, dentro da
perspectiva de interação “susceptível – estímulo – reação”, sinalizando que, caso não
haja intervenção, poderá haver evolução no sentido de recuperação, incapacidade ou
morte.
Abordar em linhas gerais, para a fase aguda, as principais síndromes clínicas associadas
e a probabilidade de progressão para a fase crônica e suas diferentes formas, com
ênfase na cardíaca e na digestiva.
Abordar para a fase crônica, a forma indeterminada e as “determinadas”: cardíaca,
digestiva, (em especial estas duas), neurológica e outras. Na fase crônica, sinalizar
elementos relativos ao referencial de horizonte clínico, com contextualização de
recuperação ou de síndromes clínicas precoces ou tardias, bem como os marcadores de
progressão da evolução da doença, incluindo fatores potenciais associados ao óbito, à
incapacidade e à invalidez.
Indicar ações que compõem os níveis de prevenção potenciais: primário, secundário e
terciário, em uma análise integrativa com a expressão da doença. A prevenção
quaternária, recentemente adaptada ao modelo e inserida no debate, pode ser
indicada, mas sem a obrigatoriedade:
1. Prevenção primária: PROMOÇÃO DA SAÚDE - Educação em Saúde, Educação
Ambiental, Políticas Sociais, Políticas Ambientais, Políticas Habitacionais, Vigilância
Ambiental, Vigilância Sanitária. PROTEÇÃO ESPECÍFICA - Controle Vetorial, Triagem de
Candidatos à Doação de Sangue (para receptores), Vigilância Ambiental, Vigilância
Sanitária, Boas Práticas de Produção alimentar, dentre outros.
2. Prevenção secundária: DIAGNÓSTICO PRECOCE E TRATAMENTO IMEDIATO Diagnóstico no pré-natal, Inquéritos Soro-Epidemiológicos, Vigilância da infecção em
laboratórios, Integração com o Programa de Controle da malária, Tratamento
Específico, dentre outros. LIMITAÇÃO DA INCAPACIDADE - Avaliação de candidatos
excluídos à doação de sangue e órgãos sólidos, Tratamento Específico, Seguimento
Clínico qualificado, Manejo Clínico Precoce das Formas Cardíaca e/ou Digestiva,
Reabilitação Cardiovascular (ênfase), dentre outros.
3. Prevenção terciária: REABILITAÇÃO - Implantação de Marcapassos, Tratamento
cirúrgico, Reintegração na Comunidade, Psicológica, Reabilitação Física, Social, de
Inserção Profissional, dentre outros.
4. Prevenção quaternária: como conjunto de ações com foco em evitar danos associados
às intervenções em saúde, médicas ou não, como por exemplo, excesso de medicação
ou cirurgias desnecessárias (iatrogenias), bem como de utilização excessiva, sem
indicação, de métodos complementares para diagnóstico.
1.2)
O(a) candidato(a) deverá compor texto crítico sobre o perfil de morbimortalidade da doença
de Chagas no Brasil, com foco em uma perspectiva histórica, considerando-se dimensões e
especificidades regionais que possibilitam diferentes processos de transição epidemiológica,
Entre as possíveis abordagens para a resposta:
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Reconhecer a doença de Chagas como uma doença crônica transmissível, tipificada
como doença negligenciada.
Abordar aspectos relativos à infecção por T. cruzi com estimativas de prevalência no
Brasil. Reflexão sobre a carga da doença de Chagas, e a limitação dos dados da vigilância
epidemiológica por focalizarem a fase aguda da doença. Para a mortalidade, analisar
criticamente o peso ainda presente da doença de Chagas no país. Inserção de aspectos
relativos à saúde do trabalhador.
Abordar a contínua redução da incidência de doença de Chagas, mas com prevalência
ainda elevada (casos não detectados), sinalizando envelhecimento da população já
diagnosticada com a doença e que o país ainda terá a expressão de diagnósticos de
casos com formas clínicas da fase crônica.
Apresentar as formas clínicas diferenciadas por transmissão oral, imunodepressão
(infecção por HIV/aids, transplantes, outras modalidades...), comorbidades não
transmissíveis (em geral crônicas, em especial as cardiovasculares), dentre outros.
Aprofundar os elementos que corroboram a maior ou menor gravidade das formas
determinadas da doença, em especial às relacionadas à forma cardíaca, como por
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exemplo, diagnóstico e intervenção oportunas, a sobreposição com outras
comorbidades, como doenças isquêmicas do coração, doenças cerebrovasculares,
neoplasias, dentre outras.
Indicar os principais elementos que compõem as diretrizes para tratamento
farmacológico e não farmacológico da doença de Chagas no Brasil que podem estar
influenciando nos diferentes perfis de morbimortalidade.
1.3)
O(a) candidato(a) deverá descrever criticamente o atual perfil epidemiológico da doença de
Chagas a partir dos diferentes modos de transmissão de Trypanosoma cruzi, relacionando as
mudanças aos processos de transição demográfica como desafios ainda presentes para o
Brasil. Entre as possíveis abordagens para a resposta:
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Descrever pautada na epidemiologia descritiva, pautando o perfil em dimensões
relativas à pessoa acometida, ao espaço (lugar, território) e ao tempo, bem como alguns
possíveis indicadores.
Descrever temáticas a serem abordadas: Transmissão vetorial, Transmissão oral,
Transmissão por transfusão de sangue e transplante de tecidos/órgãos, Transmissão
Vertical (Congênita), Transmissão Acidental.
Descrição de processos de controle vetorial de Triatoma infestans (e persistência de
espécies vetoras secundárias nativas), e do alcance de maior segurança transfusional.
Situar os “novos” padrões que têm sido observados, em especial na região Norte, com
transmissão oral e as respectivas formas clínicas diferenciadas.
Indicação do papel de contextos de migração, urbanização, envelhecimento
populacional, baixa expressividade da transmissão vertical.
Novos cenários clínico-epidemiológicos por interseção / superposição de endemias e
outras comorbidades, imunodepressão (infecção por HIV/aids, transplantes, outras
modalidades...), comorbidades não transmissíveis (em geral crônicas), dentre outros.
Descrever e contextualizar criticamente os elementos relativos à Vigilância
Epidemiológica - Vigilância de Casos de Doença de Chagas (aguda) - e Vigilância
Entomológica que podem contribuir para a dificuldade de estimar a real carga da doença
no país.
1.4)
O(a) candidato(a) deverá delinear um estudo observacional, transversal analítico (seccional ou
de prevalência), para estimativa da prevalência da doença de Chagas no Estado do Rio de
Janeiro e possíveis fatores associados, dentro do cenário do Instituto Nacional de Infectologia,
Fiocruz. Entre as possíveis abordagens para a resposta:
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Apresentar e descrever o problema selecionado (infecção por T. cruzi, elementos
relativos à forma clínica da doença, gravidade, dentre outros), com indicação da
pergunta de pesquisa.
Apresentar objetivos geral e específicos que norteiam o estudo.
Delinear uma proposta de desenho de um estudo transversal para a estimativa da
prevalência da doença de Chagas, salientando para análise de fatores potencialmente
associados, exposição e efeito (a serem indicadas) são verificados em um único
momento - fazendo com que a hipótese de causalidade deva ser apontada pelo
investigador e não a partir do próprio desenho de estudo.
Descrever em linhas gerais, local de estudo, população de estudo (processo amostral
não obrigatória), indicando casos e controles
Apresentar em linhas gerais do processo de coleta e de análise de dados.
Indicar que estudos como este possibilitam um olhar sobre as características das
populações no que diz respeito a determinadas variáveis e aos seus padrões de
distribuição.
Descrever o potencial uso do estudo para a verificação de associações (por meio da
Razão da Prevalência) entre variáveis independentes e dependentes – que deverão ser
sinalizadas.
Descrever possíveis limitações deste estudo.
Indicar os principais aspectos éticos envolvidos.
2ª QUESTÃO
ESPERA-SE QUE O(A) CANDIDATO(A), EM CADA UM DOS TRÊS (3) ITENS RELACIONADOS À 2ª
QUESTÃO TENHA FEITO CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS ADEQUADAS ESPECÍFICAS SOBRE OS
SEGUINTES PONTOS:
2.1)
O(a) candidato(a) deverá conceituar reabilitação cardiovascular em geral, e descrever os
componentes para um programa de reabilitação cardiovascular específico em doença de
Chagas a ser desenvolvido no Instituto Nacional de Infectologia, Fiocruz. Entre as possíveis
abordagens para a resposta:
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Descrever a reabilitação cardiovascular em consonância com a perspectiva da OMS,
como: um conjunto de atividades necessárias para assegurar às pessoas com doenças
cardiovasculares condição física, mental e social ótima, que lhes permita ocupar pelos
seus próprios meios um lugar tão normal quanto seja possível na sociedade.
Reconhecer a reabilitação cardiovascular como ação de prevenção secundária, e
justificativa como um instrumento importante no cuidado das pessoas com doença
cardiovascular associada à doença de Chagas (carga da doença, comorbidades,
envelhecimento, dentre outras).
Indicar objetivos desta modalidade de reabilitação e critérios de elegibilidade em
pessoas com doença de Chagas na estrutura do Instituto Nacional de Infectologia.
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Indicar modelos e propostas de estratificação de risco das pessoas com doença de
Chagas que são indicadas para um programa de reabilitação cardiovascular bem como
de aspectos relativos à segurança e monitoramento destas pessoas (segurança,
complicações potenciais).
Descrever componentes recomendáveis:
1- Avaliação do paciente -- por meio de História clínica, Exame físico, Exames
complementares (como ECG, Teste de exercício, Teste de Caminhada de 6 min; Análises
de Laboratório; Informe psicológico de depressão e qualidade de vida, Prescrição do
exercício.
2- Educação -- Conselho nutricional à família e ao paciente sobre: Controle do diabetes;
Controle do peso; Controle do tabagismo; Controle da pressão arterial; Manejo
psicológico; Dieta.
3- Equipe habilitada e integrada (interprofissional): A- Médico cardiologista ou médico
do exercício habilitado para dirigir o programa e prescrever os limites de segurança do
exercício; fazer avaliação do paciente e elabora história clínica; realizar o teste de
exercício. B- Enfermeiro para executa as indicações do médico; contribuir na educação
do paciente em relação ao conhecimento da própria doença, sinais e sintomas, uso
correto de medicações, adoção de hábitos de vida saudáveis e importância da prática
regular dos exercícios. C- Especialista em exercício (Educador físico e/ou fisioterapeuta)
para educar os pacientes em relação aos exercícios e hábitos de vida saudáveis, aplicar o
exercício físico aeróbico, de resistência muscular e de flexibilidade; prescrever o modo
de execução dos exercícios de acordo com os limites de segurança definidos pelo
médico, quadro clínico do paciente, preferências individuais, experiências prévias com
exercício e eventuais limitações osteo-mio-articulares. D- Nutricionista para avaliar e
fornecer ao paciente uma dieta individualizada para controlar os fatores de risco, além
de abordar aspectos educativos sobre o assunto. E- Psicólogo para realizar o exame de
qualidade de vida e o teste de depressão e proporcionar apoio psicológico e terapias de
relaxamento para os pacientes que as requeiram. F- Assistente social para educar e
aconselhar o paciente e a família para enfrentar a doença; coordenar, com o paciente e
a família, os problemas relativos à sua hospitalização ou ao seu trabalho, além de lidar
com a suspensão do fumo.
4- Recurso materiais para a academia de reabilitação cardiovascular: Esteiras
ergométricas, Bicicletas estáticas, Simulador de caminhadas, Macas, Pesos, Ergômetro
de mão, Bandas elásticas, Cronômetros, Carro de parada totalmente equipado,
Esfigmomanômetros, Estetoscópios, Eletrocardiógrafo, dentre outros.
2.2)
O(a) candidato(a) deverá dissertar criticamente sobre os princípios de prescrição do
treinamento físico para reabilitação cardiovascular em doença de Chagas. Entre as possíveis
abordagens para a resposta:
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Como elemento basilar, e na perspectiva crítica do Instituto Nacional de Infectologia,
Fiocruz, indicar que a prescrição do treinamento físico sempre deve ser considerada
individualmente levando em conta os cenários de atuação, as fases do programa e as
limitações individuais ou comorbidades (ortopédicas, neurológicas, respiratórias,
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nefrológicas, psicológicas, entre outras). Indicar os elementos críticos ao se considerar
prescrição do treinamento físico para a reabilitação cardiovascular de pessoas com
doença de Chagas.
Indicar as fases de um programa de reabilitação cardiovascular para pessoas com
doença de Chagas, relacionando-as por meio de indicativos de duração das sessões,
objetivos a serem alcançados, recomendações para seu desenvolvimento e metas a
serem alcançadas.
Descrever e analisar criticamente os componentes relativos à quantidade para a correta
prescrição: Frequência de treinamento, Duração de cada sessão, Intensidade do
treinamento e Especificidade do treinamento, indicando os referenciais/metas para
cada um dos componentes e como proceder ao monitoramento, em especial da
intensidade (por exemplo, cálculo da frequência cardíaca de treinamento (FCT), da
frequência cardíaca de reserva, utilizando-se a fórmula de Karvonen) ou percepção
subjetiva do esforço. Para a qualidade, descrição dos componentes específicos para
prescrição de exercícios de resistência (força), de flexibilidade e aeróbicos.
Descrever os componentes de cada sessão: Aquecimento, Treinamento propriamente
dito, Volta à calma e de sua importância.
Descrever de tipos de exercício e de treinamento mais adequados para esta população,
sempre relacionando a ações de educação das pessoas com doença de Chagas.
2.3)
O(a) candidato(a) deverá delinear um estudo de intervenção (pesquisa clínica) para avaliar o
efeito de uma nova intervenção em reabilitação cardiovascular para doença de Chagas, dentro
do cenário do Instituto Nacional de Infectologia, Fiocruz. Entre as possíveis abordagens para a
resposta:
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Apresentar e descrever a potencial intervenção selecionada para reabilitação
cardiovascular, com indicação da relevância, da pergunta e hipóteses da pesquisa.
Apresentar objetivos geral e específicos que norteiam o estudo.
Descrever o delineamento global do desenho de um estudo de intervenção e o desafio
inerente à sua condução (tempo de seguimento, comparador de exposição, perdas
potenciais, dentre outros).
Descrever suscintamente o local de estudo, população de estudo (processo amostral
não obrigatório), indicando os grupos com ou sem intervenção. Abordagem da
necessidade de comparabilidade a priori entre os grupos para que se analisem
potenciais diferenças em termos de desfechos (e seus parâmetros) e eventuais
confundidores.
Apresentar em linhas gerais do processo de coleta e de análise de dados, sinalizando as
medidas que indicam o efeito esperado de proteção.
Descrever criticamente que estudos como este complexificam a definição comparativa
da intervenção ou não intervenção (placebo, intervenção padrão).
Descrever a verificação do efeito de intervenções por meio de medidas de associação,
controladas para potenciais confundidores.
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Descrever possíveis limitações deste estudo.
Indicar os principais aspectos éticos envolvidos.
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