ARTIGO ORIGINAL ORIGINAL ARTICLE Satisfação dos usuários com o acolhimento implantado em uma unidade de saúde da família User satisfaction with the implanted user embrecement in a family health unity Satisfacción de los usuarios con el acogimiento implantado en una unidad salud de la familia Autores Amanda Pacheco de Carvalho1 Evelyne Nascimento Pedrosa 1 Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira - IMIP. 1 Resumo Objetivo: Conhecer a opinião dos usuários acerca do acolhimento visando a otimização e o aperfeiçoamento dos serviços prestados. Métodos: Trata-se de um estudo transversal onde houve um levantamento de dados no livro de registro do acolhimento de uma unidade básica de saúde e da aplicação de questionários sobre a satisfação aos usuários sobre acolhimento oferecido. Resultados: Os entrevistados, em sua maioria, referiramse satisfeitos com o tempo de espera pelo acolhimento(56,4%); 81,5% demonstraram satisfação com a conduta dos profissionais que os acolheram e 57,8% sentiram-se satisfeitos com o atendimento prestado na recepção da Unidade de Saúde. Conclusão: Apesar da maioria dos entrevistados desconhecerem o conceito e a finalidade do acolhimento, a satisfação dos usuários acolhidos foi positiva e o acolhimento foi considerado uma melhoria no acesso ao serviço de saúde. Palavras-chave: acolhimento, satisfação do paciente, saúde da família. Abstract Objective: To know the opinion of the users about the user embracement aiming optimization and improvement of services. Methods: This is an transversal study where there was a collection of data in the log book ofuser embracementin a basic health center and questionnaires about users satisfaction with user embracementoffered in the same health center. Results: Respondents mostly said they were satisfied with the waiting time for the user embracement(56.4%); 81.5% expressed satisfaction with the conduct of professionals who welcomed and 57.8% felt satisfied with the care provided at the front desk of the Health Center. Conclusion: Although the majority of respondents unaware of the concept and purpose of the user embracement, the satisfaction received was positive and the user embracementwas considered an improvement in access to health services. Keywords: family health, pacient satisfaction, user embracement. Resumen Objetivo: Conocer la opinión de los pacientes sobre lo acogimiento para la optimización y la mejora de los servicios prestados. Métodos: Se trata de un estudio transversal, donde había una recopilación de datos el libro de registro de acogimiento de una unidad básica salud y cuestionarios sobre la satisfacción de los usuarios, en recepción dada en ella. Resultados: Los encuestados, mencionado en su mayoría se mostraron satisfechos con el tiempo espera para el anfitrión (56,4%); 81.5% expresó satisfacción por el desarrollo de profesionales que han dado lo acogimiento y el 57,8% se sentían satisfechos con el servicio prevista en la recepción de la Unidad de Salud. Conclusión: Aunque la mayoría de los encuestados desconocen el concepto y la propósito del acogimiento, la satisfacción recibió fue positivo y el acogimiento era considerado un mejor acceso a los servicios de salud. Palabras-clave: vestibulum; obstructive; vulputate; spirometry. Data de submissão: 20/10/2014. Data de aprovação: 11/12/2014. Correspondência para: Amanda Pacheco de Carvalho. Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira - IMIP. Rua dos Coelhos, nº 300 Boa Vista, Recife, PE, Brasil. CEP: 50070-550. E-mail: [email protected] DOI: 10.5935/2446-5682.20150006 Revista Enfermagem Digital Cuidado e Promoção da Saúde 1 (1) Janeiro/Junho 2015 http://www.redcps.com.br / e-mail: [email protected] 37 Satisfação do Usuário; Acolhimento; Saúde da Família Carvalho AP, Pedrosa EN Rev. Enf. 2015 Jan-Jun; 1(1):37 - 42 INTRODUÇÃO da eficiência, eficácia e efetividade das estruturas, processos e resultados relacionados ao risco, acesso e satisfação dos cidadãos frente aos serviços públicos de saúde, na busca da resolubilidade e qualidade6. A avaliação é, em especial, parte fundamental no planejamento e na gestão do sistema de saúde. Um sistema de avaliação efetivo deve reordenar a execução das ações e serviços, edimensionando-os de forma a contemplar as necessidades de seu público, dando maior racionalidade ao uso dos recursos6,7. Entre os anos de 2003 e 2005, como iniciativa da Organização Mundial de Saúde (OMS) foram realizadas no Brasil duas pesquisas, tendo como objetivo principal avaliar o desempenho do Sistema de Saúde brasileiro. No ano de 2003, essa pesquisa foi realizada em todo território nacional, sendo chamada de Pesquisa Mundial de Saúde (PMS), e em 2005 foi realizada com amostra representativa em dois Estados brasileiros, Rio de Janeiro e Pernambuco, conhecida como Pesquisa Mundial de Saúde com foco na Atenção Básica7. Essas pesquisas refletem a importância dada a nível mundial à opinião dos usuários de um sistema de saúde e à força que tais opiniões possuem na caracterização e funcionalidade do mesmo. Com a promoção do controle social, da prática de avaliação dos serviços por meio de perguntas aos usuários e o fortalecimento da participação da comunidade nos processos de planejamento e avaliação, os estudos de satisfação passaram a ter um importante papel no cenário brasileiro8. Assim, o presente estudo teve como objetivo traçaro perfil dos usuários que foram acolhidos na Unidade de Saúde da Família - Caranguejo, localizada no município de Recife-PE, e avaliar a percepção dos mesmos quanto a satisfação com o processo de acolhimento adotado pelas Equipes de Saúde da Família atuantes na comunidade. O Programa Humaniza SUS, proposto pelo Ministério da Saúde, é hoje um guia para as práticas de atenção e gestão dentro do SUS. Nele, a humanização é encarada como uma oferta de tendimento de qualidade articulando os avanços tecnológicos com acolhimento, com melhorias nos ambientes de cuidado e nas condições de trabalho dos profissionais1. Nessa descrição da humanização proposta pelo programa, deparamo-nos com outro termo comum aos objetivos do Humaniza SUS: o Acolhimento. Este, nada mais é, do que uma forma de humanização do atendimento, o que pressupõe a garantia de acesso a todas as pessoas. Diz respeito, ainda, à escuta de problemas de saúde do usuário, de forma qualificada, dando-lhe sempre uma resposta adequada e responsabilizandose pela resolução do seu problema, inclusive solidarizando-se com o sofrimento. Conseqüentemente, o Acolhimento deve garantir a resolubilidade que é o objetivo final do trabalho em saúde, resolver efetivamente o problema do usuário. A responsabilização para com o problemade saúde vai além do atendimento propriamente dito, diz respeito também ao vínculo necessário entre o serviço e a população usuária1,2. Dada a estreita relação que o acolhimento requer entre os profissionais de saúde e os usuários,o estabelecimento de um vínculo entre eles é fundamental para o sucesso na implantação da escuta qualificada em serviços de saúde. Quando se aborda qualidade nos serviços de saúde, o papel do usuário tem impacto direto na melhoria da relação entre ele e o serviço. Nesse contexto,a portaria Nº 1.654, de julho de 2011 institui, no âmbito do Sistema Único de Saúde, o Programa Nacional de Melhorias do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB) Ela surge com o objetivo de induzir a ampliação do acesso e a melhoria da qualidade da atenção básica, com garantia de um padrão de qualidade comparável nacional, regional e localmente. Nela constam como pontos a implementação do acolhimento, o monitoramento dos indicadores da atenção básica euma fase de avaliação externa, onde a satisfação dos usuários deve ser avaliada pela equipe de saúde para que assim possa haver um diagnóstico dos problemas vivenciados pelo serviço e uma então solução visando ofertar um serviço de excelência3. O vínculo estabelecido entre o profissional eos usuários do serviço de saúde, proposto pela Estratégia de Saúde da Família, amplia a eficácia das ações de saúde e favorece a participação do usuário durante a prestação do serviço. Esse espaço deve ser utilizado para a construção de sujeitos autônomos, tanto profissionais quanto pacientes, pois não há construção de vínculo sem que o usuário seja reconhecido na condição de sujeito, que fala, julga e deseja4 A partir desse vinculo então instituído, é fundamental conhecer como os usuários avaliam o atendimento a eles prestado, para repensar as práticas profissionais ou intervir sobre a forma de organização dos serviços, visando ao seu aperfeiçoamento5. A avaliação em saúde tem como pressuposto a avaliação METODO Trata-se de um estudo com abordagem quantitativa, do tipo transversal.O estudo foi realizado em uma Unidade de Saúde da Família, que faz parte da rede de serviços da Secretária Municipal de Saúde do Recife em co-gestão com o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira - IMIP. A cidade do Recife está dividida em seis regiões político- administrativa (RPA): RPA1- Centro, RPA2- Norte, RPA3- Nordeste, RPA4- Oeste, RPA5 - Sudoeste e RPA6 Sul. Cada RPA é subdivida em três microrregiões visando à definição das intervenções municipais em nível local e articulação com a população. As RPAs foram definidas para formulação, execução e avaliação permanente das políticas e do planejamento governamentais. A USF escolhida está localizada na RPA4, microrregião 4.1. Conta com duas equipes de saúde da família e uma equipe de saúde bucal A coleta de dados foi realizada na residência dos usuários, seguindo a programação das visitas domiciliares dos agentes comunitários de saúde, através de um instrumento elaborado pela equipe da pesquisa, que é um formulário com perguntas objetivas e subjetivas, sendo dividido em Revista Enfermagem Digital Cuidado e Promoção da Saúde 1 (1) Janeiro/Junho 2015 http://www.redcps.com.br / e-mail: [email protected] 38 Satisfação do Usuário; Acolhimento; Saúde da Família Carvalho AP, Pedrosa EN Rev. Enf. 2015 Jan-Jun; 1(1):37 - 42 oito temas compostos por um conjunto de questões que buscam avaliar determinados aspectos do processo de acolhimento como: perfil do usuário, tempo e freqüência de uso do serviço, tempo de espera, grau de satisfação, estrutura física, atendimento, confiança, expectativa e sugestões. Estas variáveis foram decompostas em uma seqüência de perguntas, com o objetivo de propiciar um melhor atendimento dos usuários. O Instrumento elaborado teve como guia norteador o questionário da Pesquisa de Satisfação dos Usuários elaborado pelo Programa Nacional de Avaliação de Serviços de Saúde PNASS (Ministério da Saúde, 1997). Que tem como objetivo avaliar os serviços de Saúde do Sistema Único de Saúde, buscando a apreensão mais completa e abrangente possível da realidade dos mesmos, em suas diferentes dimensões, a fim de aferir a satisfação dos seus usuários. O Instrumento elaborado visa possibilitar uma avaliação abrangente, contemplando as mais diferentes realidades. A técnica da entrevista semi-estruturada foi utilizada por permitir a interação entre pesquisador e entrevistado, possibilitando conhecer a ótica do usuário no que diz respeito ao atendimento por ele recebido, especialmente no que se refere à facilidade e dificuldades quanto ao acolhimento no serviço estudado. Assim, está técnica possibilita uma melhor avaliação da satisfação do usuário quanto ao acolhimento a ele oferecido. Paralelamente a coleta de dados houve a análise do livro de registro do acolhimento, possibilitando traçar o perfil dos usuários, como: sexo, idade, micro-área, motivo da procura à USF e resolutividade estabelecida a cada caso. Foram analisados os registros dos acolhimentos realizados pela equipe 1 e pela equipe de saúde bucal, uma vez que as pesquisadoras como residentes foram lotadas nessas equipes. Os usuários selecionados para o estudo foram adultos maiores de 18 anos, cadastrados e com prontuários, que haviam sido atendidos em algum momento no acolhimento, residentes na área de abrangência da USF, com sanidade mental preservada e que aceitaram livremente participar da pesquisa, após leitura, aceitação e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A pesquisa teve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira - IMIP, nº 3697-13. Tabela 1. Distribuição dos Usuários acolhidos segundo faixa etária, 2013. Faixa Etária (OMS) Percentual (%) Crianças (0 - 9 anos) 17,5% Adolescentes (10 - 19 anos) 14,7% Jovens (20 - 24 anos) 5,2% Adultos (25 - 59 anos) 48,6% Idosos (60 anos ou mais) 14,0% Total 100% Tabela 2. Distribuição dos Usuários acolhidos segundo microárea de residência, 2013. Micro-área de Residência Valor Absoluto Percentual (%) 1 395 13,7% 2 379 13,1% 3 498 17,2% 4 339 11,7% 5 450 15,6% 6 486 16,8% 7 345 11,9% Total 2892 100 doenças ou condições pré-existentes, 17,7% referiram serem portadores de Hipertensão Arterial, 1,4% de Diabetes e 4,6% de ambas as condições anteriores. 3,1% referiram portar outros tipos de condição de saúde (Gestação, Saúde mental, etc). Ao analisar as causas que levaram os usuários a procurarem o acolhimento 22,4% buscavam agendar uma consulta médica de rotina, 17,4% chegaram a USF com um quadro clínico considerado, pelos profissionais do acolhimento, como Urgência Médica, 16,5% apresentavam alguma queixa, sinal ou sintoma classificados como não urgentes, 12,4% dos pacientes necessitavam da transcrição de receita de medicamentos e 10,7% retornaram para mostrar resultados de exames. Os demais referiram outras necessidades como Saúde da Mulher, pré-natal e puericultura, urgência odontológica, orientações sobre tratamento em andamento, dentre outros. Quanto a resolutividadedos casos, 54,5% dos usuários saíram da USF com uma consulta médica agendada, 22,9% foram atendidos pelas respectivas equipes na mesma data em que procuraram o acolhimento. 11,0% dos pacientes tiveram suas receitas transcritas e/ou foram medicados. No que tange ao questionário de avaliação da satisfação dos usuários com o acolhimento realizado na USF, o perfil dos entrevistados se mostrou com 90,6% do sexo feminino. Sobre o grau de escolaridade, 44,5% referiram possuir o ensino Fundamental II completo, 33,6% o Ensino Fundamental I completo, 14,8% concluíram o Ensino Médio e 5,5% se disseram analfabetos. Quanto a faixa etária, 7% eram jovens de 18 a 24 anos, 79,7% eram adultos de 25 a 59 anos e 20,3% eram Idosos com 60 anos ou mais. RESULTADOS Os resultados foram analisados pelo software IBM SPSS Statistics 20, através de estatística descritiva. Foram acolhidos pela Equipe 1da USF Caranguejo e pela Equipe de Saúde Bucal, 2892 usuários no período de fevereiro a dezembro de 2012. Quanto ao perfil dos usuários acolhidos, 67,1% eram do sexo feminino. No que se refere a idades dos usuários amaioria foi de adultos (25 -59 anos) com 48,6%, seguida pelas crianças (0-9 anos) com 17,5% (Tabela 1). A distribuição quanto a microárea de residência foi bastante equilibrada, como pode ser observada na Tabela 2. Quando questionados sobre as Revista Enfermagem Digital Cuidado e Promoção da Saúde 1 (1) Janeiro/Junho 2015 http://www.redcps.com.br / e-mail: [email protected] 39 Satisfação do Usuário; Acolhimento; Saúde da Família Carvalho AP, Pedrosa EN Rev. Enf. 2015 Jan-Jun; 1(1):37 - 42 Quando questionados sobre a freqüência com a qual os usuários procuram a Unidade de Saúde, a maioria (46,9%) respondeu que a procura apenas quando adoece e 35,2% afirmou que comparece a Unidade ao menos uma vez ao mês. O tempo médio de espera pelo atendimento foi de 145 minutos, com relatos tanto de pacientes que foram atendidos imediatamente após sua chegada quanto de pacientes que aguardaram até 300 minutos para serem atendidos. Os usuários também foram abordados sobre a demora para serem atendidos. A maior parte, (31,3%) achou que o atendimento “demorou muito” para acontecer. Seguido dos 30,5% que acharam que “demorou” e dos 18,8% que acharam que “demorou pouco”. O mesmo percentual afirmou que a espera “não demorou”. Em referência à satisfação dos usuários com otempo de espera, 59,4% se disseram satisfeitos ao esperar esse determinado tempo para serem acolhidos. 39,9% se disseram insatisfeitos oumuito insatisfeitos. Os usuários foram também questionados quanto a conduta do profissional que o acolheu. A Tabela 3 mostra as repostas referentes à educação, ao respeito e ao interesse demonstrado pelos profissionais para com esses pacientes. obtiveram a as informações e os esclarecimentos que foram procurar no acolhimento. Quanto ao reconhecimento individual dos profissionaispelos usuários, 85,2% afirmaram que lembravam o nome do profissional que o acolheu. Tabela 5. Distribuição da classificação dada pelos usuários à qualidade do atendimento dado na Recepção e às informações oferecidas pelos profissionais que nela atuam, 2013. Classificação Sim (%) Não (%) Educação 96,1% 3,9% Respeito 96,9% 3,1% Interesse 93,0% 7,0% Tabela 4. Distribuição da classificação dada pelos usuários à limpeza e ao conforto encontrados na Unidade de Saúde, 2013. Limpeza (%) Conforto (%) Muito Bom 7,8% 2,3% Bom 78,1% 50,0% Regular 10,9% 33,6% Ruim 1,6% 11,7% Muito Ruim 1,6% 2,3% Total 100% 100% Muito Bom 2,3% 3,1% Bom 54,7% 54,7% Regular 25,8% 18,8% Ruim 11,7% 20,3% Muito Ruim 5,5% 3,1% Total 100% 100% Tabela 6. Distribuição da expectativa dos usuários de maneira geral sobre o acolhimento, 2013. Sobre a satisfação dos usuários quanto ao acolhimento prestado, 71,9% se disseram satisfeitos e 19,5 muito satisfeitos com a conduta dos profissionais (Tabela 4). Classificação Informações oferecidas (%) Os 85,2% dos entrevistados não sabiam da existência da Ouvidoria Municipal como órgão responsável pela escuta às reclamações e elogios aos serviços de saúde. Referindo-se à expectativa da população e como ela julga o acolhimento implantado na Unidade de Saúde da Família de uma forma geral,a Tabela 6 expõe que a maioria dos entrevistados considerou que o acolhimento foi uma estratégia boa na abordagem dos usuários. Tabela 3. Comportamento demonstrado pelos profissionais durante o acolhimento no que se refere à educação, ao respeito e ao interesse segundo as respostas dadas pelos usuários, 2013. Comportamento dos profissionais durante o Acolhimento Atendimento da Recepção (%) Expectativa N (%) Muito Bom 6 4,7% Bom 77 60,2% Regular 25 19,5% Ruim 18 14,1% Muito Ruim Total 1 0,8% 128 100% Por fim, os usuários foram questionados acerca do conceito de Acolhimento eapesar da maioria das pessoas acharem que o Acolhimento era uma coisa boa na Unidade de saúde, contrastantes 63,3% disseram que não sabiam o que era o acolhimento nem o porque dele ser realizado. DISCUSSÃO Outro ponto abordado foi a recepção. A Tabela 5 mostra os resultadosdos questionamentos sobre qualidade no atendimento oferecido na recepção e sobre as informações fornecidas pelos profissionais que nela atuam. No tocante a satisfação dos usuários com o atendimento oferecido na recepção, 3,1% se disseram “muito satisfeitos”, 54,7% “ satisfeitos”, 35,9% “ insatisfeitos” e 6,3% “muito insatisfeitos”. A confiança na equipe de saúde e nas informações por ela prestada foi referida por 93% dos entrevistados; 85,9% Satisfação é uma palavra que expressa o contentamento de um indivíduo com uma situação, serviço ou até mesmo com outros indivíduos. Diz-se que uma pessoa é satisfeita quando sua expectativa é alcançada. Portanto, a satisfação não é um ponto fixo para a população, ela pode ser diferente para cada indivíduo. Numa pesquisa que avalie a satisfação do usuário de um serviço é importante o monitoramento de atributos como acesso, tempo de espera, acolhimento, bem como outros aspectos. Assim, a pesquisa com os usuários do Revista Enfermagem Digital Cuidado e Promoção da Saúde 1 (1) Janeiro/Junho 2015 http://www.redcps.com.br / e-mail: [email protected] 40 Satisfação do Usuário; Acolhimento; Saúde da Família Carvalho AP, Pedrosa EN Rev. Enf. 2015 Jan-Jun; 1(1):37 - 42 SUS traz elementos importantes que podem subsidiar a gestão em ações voltadas para a melhoria do acesso e qualidade do atendimento prestado9. O perfil do usuário que procura uma unidade as saúde também pode ser determinante para o planejamento das equipes. Apopulação acolhida e entrevistada foi majoritariamente de pessoas do sexo feminino, o que também está de acordo com outros achados na literatura5,10,11. É o que Anjos et al.,12 define como uma maior demanda maternoinfantil nas unidades, reafirmada pela condição de cuidadora de si e dos familiares como uma questão envolvendo o gênero feminino. Também éimportante ressaltar que os serviços da ESF estão melhor estruturados para oferecer ações voltadas para a saúdeda mulher e da criança, pois, as políticas públicas para essas populações específicas supracitadas são pautas prioritárias no campo da Saúde da Família.Isso também pode ser evidenciado quando vemos que a maioria dos que procuraram atendimento e foram acolhidos, segundo a faixa etária, foram os adultos seguidos pelas crianças. Esses dados estão consoantes ao que Gouveia et al.8 e Cabral11, afirmam em seus estudo. Dos usuários que tiveram atendimento ambulatorial na PMS-AB, aproximadamente 60% tinham entre 18 e 39 anos de idade, com predominância do sexo feminino. Para Degani, a consulta médica constitui-se como um fator determinante da procura pelo atendimento e como principal motivo para a busca do serviço de saúde pelo usuário. Assim foi demonstrado quando a maioria dos pacientes que procuraram o acolhimento desejavam marcar uma consulta médica de rotina ou necessitavam de consulta médica de urgênciaou ainda apresentavam um sinal ou sintoma não urgente, mas que também requereria a intervenção do profissional médico. Um estudo realizado com usuários acolhidos numa Unidade Básica de Saúde na cidade de São Paulo (SP) corrobora com esse dados ao afirmar maior parte desses usuários procuramo acolhimento devido a uma sintomatologia. E que a conduta mais repetida durante o acolhimento foi a prescrição medicamentosa11. O reflexo desses dados é visto quando analisamos a resolutividade dos casos e nos deparamos com 54,5% dos usuários tendo saído do acolhimento com uma consulta médica agendada. Isso sugere a resolutividade do processo e a importância do profissional médico na equipe, por esse dispor da maior demanda de usuários na Unidade de Saúde. Cunha e Giovanela13 ressaltam que mesmo o profissional médico sendo imprescindível, a divisão de responsabilidades com uma equipe traz como vantagem a maior possibilidade de atender ao atributo da integralidade e garantir o vínculo longitudinal. De acordo com os resultados obtidos na pesquisa mundial realizada em 2003, o tempo de espera e a liberdade de escolha do profissional representaram os maiores motivos de insatisfação entre os usuários da rede pública de saúde no país.14 No presente estudo, apesar da variação encontrada no tempo de espera pelo acolhimento e da classificação da demora como excessiva pela maioria dos entrevistados, a satisfação dos utentes não foi abalada. Isso demonstraa conscientização do usuário com a espera sendo algo necessário na rotina de uma unidade de saúde. Os usuários dão grande importância à relação trabalhador-usuário, classificando-a como respeitável e culminando com a compreensão de um atendimento humanizado8. Isso pode ser confirmado quando vimos que os usuáriosaceitaram positivamente o atendimento oferecido pelos profissionais no que tange a educação, o respeito a o interesse demonstrados por esses no momento do acolhimento. O encontro entre esses sujeitos proporciona uma relação de escuta e responsabilização, a partir do que se constituem vínculos e compromissos que norteiam o processo de acesso à saúde, segundo Franco15 Tal vínculo também pode ser observado ao analisar que a maioria dos entrevistados conheciam pelo nome o profissional que o acolheu e confiam no que eles lhes orientaram, isso demonstra uma relação de proximidade e a efetivação desse laços formados. Mesmo sendo maioria, o percentual de usuários satisfeitos com o atendimento e as informações passadas na recepção foi a menor satisfação dentre todas as avaliados. Segundo Sá et al., a recepção de uma UBS é o espaço de expressão das necessidades dos usuários e nela se efetivam ou não os princípios do SUS16. Para Souza et al., os usuários se queixam da acolhida na recepção quando não há o atendimento médico imediato, com a falta de organização das filas e com o modo diferente de trato por cada profissional. Já os profissionais afirmam que a pressão dos usuários pelo atendimento imediato e a sobrecarga de trabalho das equipes, o estresse e o cansaço influenciam no processo de trabalho e na forma de acolher17. Por fim, a satisfação dos usuários de uma forma geral foi positiva. Trad et al.18 expõe que há clara associação dessa satisfação com itens como maior acesso aos cuidados médicos e melhoria do nível de informação sobre o processo saúdedoença (situação de risco e proteção, cuidados básicos). No que tange o acolhimento, a satisfação está mais associada ao vínculo que os profissionais formam com a população assistida19,20. Em contrapartida, o fato de grande parcela dos entrevistados demonstrar o desconhecimento quanto ao acolhimento em si e suas funções, enaltece uma contrariedade à PNH, que preza pela comunicação entre os atores, profissionais e usuários e esta não deve acontecer apenas dentro dos consultórios, mas de uma forma permanente e continuada seja na sala de espera ou demais lugares da Unidade. CONCLUSÃO A satisfação dos usuários com o acolhimento prestado na Unidade Básica de Saúde foi avaliada positivamente. Assim sendo, o acolhimento foi considerado um ganho para o processo de trabalho das Equipes, o que facilitou o acesso dos usuários desta comunidade aos serviços básicos de Saúde. REFERÊNCIAS 1. Carvalho CAP et AL. Acolhimento aos usuários: uma revisão sistemática do atendimento no Sistema Único de Saúde. 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