Que Farei de Jesus

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Que Farei de Jesus, Chamado Cristo? www.orvalho.com
ÍNDICE
01 - O maior julgamento da história......................................5
02 - Porque Jesus foi julgado..............................................11
03 - A omissão de Pilatos....................................................27
04 - Se o tivessem conhecido............................................41
05 - O outro lado da crucificação......................................48
Conclusão...............................................................................60
Oração de entrega...............................................................61
Palavras Finais.....................................................................62
Índice
4
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1
O MAIOR JULGAMENTO
DA HISTÓRIA
Recordo-me claramente de uma das aulas de direito
que tive em meu colegial. O professor declarou que o
julgamento de Jesus diante de Pilatos foi muito debatido em
seus dias de faculdade, por ter sido considerado“o maior
julgamento da História”. Até hoje não sei porquê, mas aquela
afirmação marcou-me. Não sei qual o motivo dela ter me
tocado tanto, mas tocou e nunca me esqueci do que ouvi.
Contudo, descobri anos depois, repassando os detalhes
bíblicos, que o julgamento não existiu; foi uma farsa. Pilatos
estava lá como Governador da Judéia e tinha toda autoridade
que o Império romano lhe delegara como tal, mas não julgou
nada. Apenas transferiu a responsabilidade que lhe cabia como
juiz sobre os judeus, e os deixou decidir o que seria feito de
Jesus. Ele não foi justo, não foi ético, não foi nada! Sua omissão
denigre de tal maneira o episódio, que não lhe deixa nenhuma
razão para ser intitulado o maior julgamento da História, exceto
pelo fato de que o réu foi a pessoa mais importante da
História. O que faz especial este julgamento não é o fato dele
ter ou não ocorrido como deveria e nem tampouco a justiça
ou não do veredicto final, mas a grandeza do acusado. E mais:
o paralelo que há entre a decisão de Pilatos do que fazer de
Jesus chamado Cristo, e a decisão que cada um de nós tem
que tomar hoje em relação ao mesmo Jesus.
Permita-me convidá-lo a ler com atenção a
transcrição da narrativa bíblica do evangelista Mateus, de
como foi o tribunal nesta ocasião:
“Jesus estava em pé ante o governador; e este o
interrogou, dizendo: És tu o rei dos judeus? Respondeu-lhe
Jesus: Tu o dizes. E, sendo acusado pelos principais
sacerdotes e pelos anciãos, nada respondeu. Então, lhe
perguntou Pilatos: Não ouves quantas acusações te
fazem? Jesus não respondeu nem uma palavra, vindo com
isto a admirar-se grandemente o governador.
Ora, por ocasião da festa, costumava o governador
soltar ao povo um dos presos, conforme eles quisessem.
Naquela ocasião, tinham eles um preso muito
conhecido, chamado Barrabás. Estando, pois, o povo
reunido, perguntou-lhes Pilatos: A quem quereis que eu
vos solte, a Barrabás ou a Jesus, chamado Cristo? Porque
sabia que, por inveja, o tinham entregado.
E, estando ele no tribunal, sua mulher mandou
dizer-lhe: Não te envolvas com esse justo; porque hoje,
em sonho, muito sofri por seu respeito. Mas os principais
sacerdotes e os anciãos persuadiram o povo a que pedisse
Barrabás e fizesse morrer Jesus.
De novo, perguntou-lhes o governador: Qual dos
dois quereis que eu vos solte? Responderam eles:
Barrabás! Replicou-lhes Pilatos: Que farei, então, de
Jesus, chamado Cristo? Seja crucificado! Responderam
todos. Que mal fez ele? Perguntou Pilatos. Porém cada
O Maior Julgamento da História
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vez clamavam mais: Seja crucificado! Vendo Pilatos que
nada conseguia, antes, pelo contrário, aumentava o
tumulto, mandando vir água, lavou as mãos perante o
povo, dizendo: Estou inocente do sangue deste [justo];
fique o caso convosco! E o povo todo respondeu: Caia
sobre nós o seu sangue e sobre nossos filhos!
Então, Pilatos lhes soltou Barrabás; e, após haver
açoitado a Jesus, entregou-o para ser crucificado.
Logo a seguir, os soldados do governador, levando
Jesus para o pretório, reuniram em torno dele toda a
coorte. Despojando-o das vestes, cobriram-no com um
manto escarlate; tecendo uma coroa de espinhos,
puseram-lha na cabeça e, na mão direita, um caniço; e,
ajoelhando-se diante dele, o escarneciam, dizendo: Salve,
rei dos judeus! E, cuspindo nele, tomaram o caniço e
davam-lhe com ele na cabeça. Depois de o terem
escarnecido, despiram-lhe o manto e o vestiram com as
suas próprias vestes. Em seguida, o levaram para ser
crucificado.”
Mateus 27:11-32
A responsabilidade que estava sobre os ombros do
Governador da Judéia não era pequena; imagine você no
lugar dele, tendo que tomar a decisão do que seria feito
de Jesus Cristo!
TROCANDO DE LUGAR COM PILATOS
Coloque-se no lugar dele nesta hora e tente
imaginar você tendo que decidir o que fazer de Cristo.
Por um lado você sabe que está lidando com alguém sem
igual, cujos milagres e ensino arrebanhava as multidões,
e dele se dizia ser o Filho de Deus. De outro, você tem
uma multidão alvoroçada por seus líderes que exige a
morte dele. A acusação contra Jesus, de que ele era o Rei
dos judeus, não apenas confrontava a autoridade de
Herodes, rei dos judeus, e a de Pilatos, Governador da
Judéia, como também poderia trazer problemas quanto à
autoridade do próprio César e gerar problemas dentro da
estrutura de governo de Roma. Só que Pilatos sabia que o
homem era inocente, e que o entregaram por inveja. Mas
por outro lado, para que comprar briga com a multidão
que ele, como político, deveria agradar em vez de
contrariar, se isto somente colocaria sua cabeça a prêmio?
Mas o juiz não quer ser injusto, principalmente porque
tem que lidar não somente com sua consciência, como
também com o aviso que sua mulher lhe mandara de não
se envolver na questão de tal justo...
Desde a primeira vez em que, mentalmente, troquei
de lugar com Pilatos, assombrei-me com o peso da sua
responsabilidade. Não se tratava apenas de decidir o
futuro de um homem, mas o mundo todo seria afetado
diretamente pelo resultado daquele tribunal; não só na
dimensão natural, mas principalmente na espiritual. A
grandeza do que ocorria ali era tamanha que as
preocupações políticas e religiosas dos judeus e romanos
tornavam-se insignificantes.
Você gostaria de estar ali, no lugar deste
governador?
Quando nos transportamos para o que realmente
era a situação, creio que ninguém gostaria de trocar de
lugar com Pilatos, exceto talvez pelo fato de que iríamos
querer defender Jesus pela luz e conhecimento que hoje
possuímos.
Mas o que tenho aprendido com a Sagrada Escritura
é que cada um de nós terá de enfrentar o papel exercido
por Pilatos. Não num tribunal romano, mas onde vivemos.
Não diante dos judeus, mas dos nossos familiares e amigos.
Não fisicamente, mas espiritualmente. Pois o tribunal se
repete nos dias de hoje e na vida de cada um de nós.
O JULGAMENTO SE REPETE
Permita-me provar-lhe pela Bíblia que eventos da
história podem voltar a ocorrer hoje. Logicamente, não se
trata de um círculo natural de repetição, mas espiritual. Por
exemplo, a crucificação de Jesus é um evento histórico
que data quase dois milênios; é algo inegavelmente passado,
mas que pode se repetir espiritualmente na vida daqueles
que agem à semelhança dos que um dia o crucificaram. Veja
o que diz a Palavra de Deus:
“É impossível, pois, que aqueles que uma vez
foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se
tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram
a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro,
e caíram, sim, é impossível outra vez renová-los para
arrependimento, visto que, de novo, estão crucificando
para si mesmos o Filho de Deus e expondo-o à
ignomínia.”
Hebreus 6:4-6
Observe a frase: “visto que, de novo, estão
crucificando para si mesmos o Filho de Deus e
expondo-o à ignomínia”. Não quero fazer nenhuma
análise teológica do texto, apenas mostrar que é possível
repetir, hoje, a crucificação de Cristo. E se é possível
crucificá-lo novamente, então também é possível repetir
o mesmo tribunal que o condenou à cruz! Quando a Bíblia
fala sobre crucificar Jesus de novo, ela está falando em
figura da repetição da rejeição que os judeus tiveram para
com ele. E está também nos mostrando que esta rejeição
começou diante de Pilatos com uma decisão e um
julgamento. E este julgamento, por sua vez, também se
repete em nossos dias e nas nossas vidas a partir do
momento que exercemos o direito de escolha que Deus
nos concedeu, também chamado de livre arbítrio ou
autodeterminação, para tomarmos nossa decisão pessoal
sobre Cristo.
Pode ser que como eu, você nunca quis estar no
lugar de Pôncio Pilatos, mas preciso comunicar-lhe que
você tem que tomar a mesma decisão. O julgamento está
se repetindo em sua vida, e agora é a sua vez de decidir o
que fazer de Jesus, chamado Cristo.
Há um perfeito paralelo entre o que aconteceu
naquele dia em Jerusalém e o que acontece atualmente,
não importa onde estejamos. Este paralelo não é só o da
decisão propriamente dita, mas de todo o “pacote”, por
assim dizer. Pois o que experimentamos hoje são os
mesmos medos, temores e receios que Pilatos também
experimentou. Nesta hora de decisão provamos da mesma
pressão que o governador da Judéia provou, seja por parte
do conceito do povo, dos religiosos, ou mesmo dos
demais governantes.
Portanto, convido você a examinar comigo os
detalhes deste julgamento; sejam aqueles que estão mais
ligados ao juiz, ou aqueles que o pressionam no momento
de decidir. Não há como separá-los. Cada um é parte de
um cenário que se repete, não importa se tem a ver com a
pessoa que julga ou com o que ocorre à sua volta. Estes
detalhes são contemporâneos; não são apenas parte de uma
história envelhecida por cerca de vinte séculos. Ao
examiná-los você conferirá o quanto são atuais!
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POR QUE JESUS FOI JULGADO?
De nada adianta enfatizarmos que o tribunal onde
Cristo foi julgado volta a repetir-se hoje, se não
compreendermos cada detalhe do que ocorreu ali. Sem estas
informações, podemos partir de conceitos errados e julgar
mal; mas com elas, nossa visão se ampliará e a possibilidade
de repetirmos o erro do governador diminuirá.
A pergunta mais importante que deveríamos nos fazer
como ponto de partida, é: “Por que Jesus foi julgado?”
Qual a verdadeira razão dele ter sido levado a juízo?
Da boca do próprio Pilatos encontramos a resposta.
Basta observar a tentativa de interrogar Jesus: “Jesus estava
em pé ante o governador; e este o interrogou, dizendo:
És tu o rei dos judeus? Respondeu-lhe Jesus: Tu o dizes.”
(Mt.27:11).
A acusação contra o Mestre era a de que Ele era o
Rei dos judeus, o que também se percebe claramente quando
vemos o relato da crucificação:
“Por cima da sua cabeça puseram escrita a sua
acusação: ESTE É JESUS, O REI DOS JUDEUS.”
Mateus 27:37
E quero ainda chamar sua atenção para um outro texto,
mais rico em detalhes, e registrado pelo apóstolo João, que
demonstra o quanto Pilatos fez questão de deixar claro qual
era o motivo da acusação terminada em morte (ou execução)
contra Jesus Cristo:
“Pilatos escreveu também um título e o colocou no
cimo da cruz; o que estava escrito era: JESUS NAZARENO,
O REI DOS JUDEUS. Muitos judeus leram este título,
porque o lugar em que Jesus fora crucificado era perto
da cidade; e estava escrito em hebraico, latim e grego. Os
principais sacerdotes diziam a Pilatos: Não escrevas: Rei
dos judeus, e sim que ele disse: Sou o rei dos judeus.
Respondeu Pilatos: O que escrevi, escrevi.”
João 19:19-22
Todo o julgamento de Jesus tinha a ver com o fato de
ele ser ou não Rei. Há detalhes na narrativa do evangelho
segundo João, que Mateus não forneceu, mas eles se
complementam. Creio que é importantíssimo analisá-los:
“Depois, levaram Jesus da casa de Caifás para o
pretório. Era cedo de manhã. Eles não entraram no
pretório para não se contaminarem, mas poderem comer
a Páscoa. Então, Pilatos saiu para lhes falar e lhes disse:
Que acusação trazeis contra este homem? Responderam-lhe:
Se este não fosse malfeitor, não to entregaríamos.
Replicou-lhes, pois, Pilatos: Tomai-o vós outros e
julgai-o segundo a vossa lei. Responderam-lhe os judeus:
A nós não nos é lícito matar ninguém; para que se
cumprisse a palavra de Jesus, significando o modo por
que havia de morrer.
Tornou Pilatos a entrar no pretório, chamou Jesus
e perguntou-lhe: És tu o rei dos judeus?”
João 18:28-33
Até aqui percebemos que o caso só foi levado para
ser julgado por Pilatos no Pretório porque a intenção dos
judeus era a morte de Jesus, e caso o julgassem segundo
suas próprias leis isto de maneira alguma aconteceria. E o
próprio governador compreendeu que a grande polêmica
estava na questão de Jesus ser visto como rei. Mesmo quando
o termo “rei” não era usado claramente, ele era inferido,
pois o termo grego “Cristo” é equivalente ao termo hebraico
“Messias”, e ambos significam “Ungido”, que por sua vez
era uma alusão profética das Escrituras ao descendente de
Davi que viria para reinar com poder e justiça e estabelecer
a paz. Esta era a acusação contra Jesus, e Pilatos tentou
conversar sobre isto:
“Tornou Pilatos a entrar no pretório, chamou
Jesus e perguntou-lhe: És tu o rei dos judeus? Respondeu
Jesus: Vem de ti mesmo esta pergunta ou to disseram
outros a meu respeito? Replicou Pilatos: Porventura, sou
judeu? A tua própria gente e os principais sacerdotes é
que te entregaram a mim. Que fizeste?
Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo.
Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se
empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue
aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui.
Então, lhe disse Pilatos: Logo, tu és rei? Respondeu
Jesus: Tu dizes que sou rei. Eu para isso nasci e para isso
vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo
aquele que é da verdade ouve a minha voz.
Perguntou-lhe Pilatos: Que é a verdade? Tendo
dito isto, voltou aos judeus e lhes disse: Eu não acho
nele crime algum.”
João 18:33-38
Ao ser indagado por Pilatos se era ou não rei, Jesus
lhe faz uma pergunta direta: “Você me pergunta isto por
ser sua opinião, ou somente por causa do que lhe
disseram?” E isto deve nos fazer lembrar que nossa
decisão pessoal sobre o que fazer de Jesus, chamado
Cristo deve ser com base na nossa própria opinião e não
na dos outros!
O Senhor Jesus também deixou claro em seu
diálogo com Pilatos, que não apenas era chamado rei,
mas que nascera e viera ao mundo para isto! Esta era sua
missão celestial, estabelecer o Reino de Deus, e ele
revela a amplitude do seu reinado quando diz: “meu reino
não é deste mundo”. Ou em outras palavras, ele dizia:
“Enquanto vocês se preocupam comigo se vou assumir
ou não um reinado físico, quero que saibam que meu reino
é espiritual”. Ao dizer que seu reino era de outro mundo,
Jesus enfatizou a dimensão espiritual do Reino de Deus.
Mais do que governar uma nação ou reino físico, Deus
está interessado nos nossos corações! Por isso, Cristo já
vinha ensinando os seus discípulos e até opositores que
não criassem uma expectativa da expressão meramente
física do Reino de Deus, pois antes de mais nada o que o
Pai Celestial queria atingir era o íntimo dos homens:
“Interrogado pelos fariseus sobre quando viria
o reino de Deus, Jesus lhes respondeu: Não vem o
reino de Deus com visível aparência. Nem dirão: Eilo
aqui! Ou: Lá está! Porque o reino de Deus está
dentro de vós.”
Lucas 17:20,21
Então, na conversa com Pilatos, fica esclarecido
que Jesus realmente havia vindo ao mundo para reinar,
mas que como o reino que ele estava estabelecendo era
numa outra dimensão - a espiritual - nada daquilo, nem
mesmo a morte poderia atrapalhar o plano divino. E Jesus
ainda afirma que se quisesse, colocava os anjos todos para
fazerem guerra e defendê-lo, mas que isto não era preciso.
Vamos continuar analisando o texto. Pilatos oferece um
preso para ser solto:
“É costume entre vós que eu vos solte alguém
por ocasião da Páscoa; quereis, pois, que vos solte o
rei dos judeus? Então, gritaram todos, novamente: Não
este, mas Barrabás! Ora, Barrabás era salteador.”
João 18:39,40
O julgamento de Jesus não existiu, o que ocorreu
lá foi politicagem, injustiça e abuso de poder. E violência,
muita violência:
“Então, por isso, Pilatos tomou a Jesus e mandou
açoitá-lo. Os soldados, tendo tecido uma coroa de
espinhos, puseram-lha na cabeça e vestiram-no com um
manto de púrpura. Chegavam-se a ele e diziam: Salve,
rei dos judeus! E davam-lhe bofetadas.
Outra vez saiu Pilatos e lhes disse: Eis que eu
vo-lo apresento, para que saibais que eu não acho nele
crime algum.
Saiu, pois, Jesus trazendo a coroa de espinhos e o
manto de púrpura. Disse-lhes Pilatos: Eis o homem!”
João 19:1-5
Não apenas espancaram e machucaram Jesus, mas o
humilharam publicamente com cuspidas e escárnios; e
debocharam dele vestindo-o como rei, com um manto
escarlate e uma coroa, mas não a coroa da qual ele era digno;
foi uma zombaria de coroa, feita com espinhos que lhe
perfuravam a testa e a cabeça. Açoitaram-no também. Mas
nenhuma tortura ou mal que lhe fizeram roubaram seu amor,
doçura, mansidão e dignidade! E sua inocência continou
transparecendo, bem como o fato de ele ali estar se devia às
“acusações” de ser ele rei.
E um novo diálogo aconteceu. Nele o governador
tentou intimidar Jesus reconhecendo que em suas mãos (que
ele lavou depois) estava o poder de soltá-lo ou matá-lo; mas
Cristo demonstrou que estava seguro e confiante nos
desígnios divinos, e que a autoridade e reinado de Deus estava
muito acima do reinado humano, que por sua vez está em
submissão ao primeiro, mesmo que nem saiba! Acompanhe
a narrativa:
“Ao verem-no, os principais sacerdotes e os seus
guardas gritaram: Crucifica-o! Crucifica-o! Disse-lhes
Pilatos: Tomai-o vós outros e crucificai-o; porque eu não
acho nele crime algum.
Responderam-lhe os judeus: Temos uma lei, e, de
conformidade com a lei, ele deve morrer, porque a si
mesmo se fez Filho de Deus.
Pilatos, ouvindo tal declaração, ainda mais
atemorizado ficou, e, tornando a entrar no pretório,
perguntou a Jesus: Donde és tu? Mas Jesus não lhe deu
resposta. Então, Pilatos o advertiu: Não me respondes?
Não sabes que tenho autoridade para te soltar e
autoridade para te crucificar?
Respondeu Jesus: Nenhuma autoridade terias
sobre mim, se de cima não te fosse dada; por isso, quem
me entregou a ti maior pecado tem.”
João 19:6-11
E então João encerra sua descrição do evento
comprovando não somente a preocupação de Pôncio Pilatos
com a repercussão política do assunto, como também que
toda acusação e argumentação ocorrida no pretório girava
em torno de uma só questão: se Jesus era ou não rei:
“A partir deste momento, Pilatos procurava soltálo,
mas os judeus clamavam: Se soltas a este, não és amigo
de César! Todo aquele que se faz rei é contra César!
Ouvindo Pilatos estas palavras, trouxe Jesus para
fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado Pavimento,
no hebraico Gabatá.
E era a parasceve pascal, cerca da hora sexta; e
disse aos judeus: Eis aqui o vosso rei. Eles, porém,
clamavam: Fora! Fora! Crucifica-o! Disse-lhes Pilatos:
Hei de crucificar o vosso rei? Responderam os principais
sacerdotes: Não temos rei, senão César!
Então, Pilatos o entregou para ser crucificado.”
João 19:12-16
E O NOSSO JULGAMENTO?
Diante de todos, naquele pretório, Pilatos teve que
decidir o que fazer de Jesus chamado Cristo. Se o
reconheceria como rei ou se o rejeitaria, mandando-o assim
para a cruz. E infelizmente ele decidiu mal.
Mas a história se repete num verdadeiro paralelo
espiritual. E agora é sua vez de decidir o que fazer de Jesus
chamado Cristo. Mas lembre-se, o que está em questão é se
Jesus é ou não rei. Não perca isto de vista e não julgue por
outras razões.
Há muita gente que se simpatiza com Jesus. O próprio
Pilatos ficou impressionado com Jesus; ele não se defendeu
de seus acusadores, não abriu sua boca, antes permaneceu
como ovelha muda em toda tortura que recebeu. Todo o seu
histórico atestado pelo povo, era somente de amor e caridade,
e some-se a isto os milagres e prodígios que Ele realizou.
Pilatos viu sua inocência e justiça e balançou diante do
Senhor Jesus. Mas admiração não basta! Muita gente hoje
acha Jesus uma pessoa maravilhosa, acham seus ensinos
lindos, seus milagres mais ainda; dizem crer nele e tudo o
mais, mas quando olhamos para as suas vidas, percebemos
que Cristo pode ser tudo para elas, menos rei! E ao não aceitá-lo
como rei, estão rejeitando a razão de sua vinda à terra,
pois ele mesmo disse que nasceu e veio a este mundo para
ser rei. Se você não aceita que Jesus é rei, pode até admirá-lo,
mas será uma admiração assassina, como a do governador
da Judéia, que mesmo admirando-o, mandou-o para a cruz.
Será uma fé incompleta que o crucificará de novo.
Quando a Bíblia fala de reino, está falando de governo,
de senhorio. Está dizendo que Jesus deve controlar nossas
vidas, que Ele terá autoridade completa e soberana sobre
nossa vida.
COMPREENDENDO O SENHORIO
Um termo muito usado nas Escrituras é “senhor”. Fala
do amo que governava seu escravo. Senhor era aquela pessoa
que tinha um servo obediente, e podia também ser vista como
“dono”. Portanto, cada vez que a Palavra de Deus usa estes
termos, mostra uma relação de completa submissão ao
Senhor Jesus Cristo.
Quando olhamos para o ensino da salvação, vemos
uma coisa vinculada à outra; é necessário compreender e
submeter-se ao senhorio de Jesus:
“Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor
e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os
mortos, serás salvo.
Porque com o coração se crê para justiça e com a
boca se confessa a respeito da salvação.
Porquanto a Escritura diz: Todo aquele que nele
crê não será confundido.
Pois não há distinção entre judeu e grego, uma vez
que o mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os
que o invocam.
Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor
será salvo.”
Romanos 10:9-13
O que lemos neste texto? Que o coração tem que
crer em Jesus; mas note que não é um tipo de fé genérica,
que crê que Ele existe e só; é um tipo de fé bem específica
que crê em Jesus como SENHOR. Depois a Bíblia enfatiza
que Deus é SENHOR de todos os que o invocam, e termina
dizendo que quem invocar o nome do SENHOR será salvo.
Não há salvação para alma alguma que não reconheça a Jesus
como Senhor. Não interessa se ela simpatiza com Jesus, se
vai à igreja, se é religiosa, se faz boas obras; nada disto tem
valor quando Jesus não é reconhecido como Senhor!
Se em seu julgamento você decidir que ele é de fato
rei e abrir seu coração para servi-lo e segui-lo fielmente,
você será salvo, Mas se o rejeitar e mandá-lo de novo para a
cruz... não há salvação. Portanto cuidado. Sua decisão é séria
demais.
Existe uma diferença muito grande entre começar a
seguir Jesus e segui-lo até o fim. Há os que começam a
edificar sua vida cristã e tentam viver de uma forma correta
mas depois não agüentam as pressões e acabam sucumbindo
e desmoronando na fé. O que os diferencia daqueles outros
que permanecem inabaláveis, aconteça o que acontecer? É
exatamente a forma como edificaram suas vidas, se estavam
ou não baseados no SENHORIO de Cristo. Jesus ensinou
sobre isto:
“Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis
o que vos mando?
Todo aquele que vem a mim, e ouve as minhas
palavras, e as pratica, eu vos mostrarei a quem é
semelhante. É semelhante a um homem que, edificando
uma casa, cavou, abriu profunda vala e lançou o alicerce
sobre a rocha; e, vindo a enchente, arrojou-se o rio contra
aquela casa e não a pôde abalar, por ter sido bem
construída.
Mas o que ouve e não pratica é semelhante a um
homem que edificou uma casa sobre a terra sem alicerces,
e, arrojando-se o rio contra ela, logo desabou; e aconteceu
que foi grande a ruína daquela casa.”
Lucas 6:46-49
As palavras de Jesus foram diretas. Não adianta
chamá-lo de Senhor e não fazer o que Ele manda. Tê-lo como
Senhor é obedecê-lo. Tem muita gente por aí dizendo que
crê em Cristo, e não obedece sua Palavra, não faz nada do
que Ele manda através da Bíblia. A ordem que Jesus deu aos
apóstolos na ocasião em que foi assunto aos céus foi de
fazer discípulos de todas as nações e ensinar-lhes a guardar
todas as coisas que Ele havia ensinado (Mt.28:19).
Discípulo é aquele aprendiz que obedece seu senhor,
que guarda e pratica seus ensinos. Seguir a Cristo é estar
totalmente comprometido com Ele e sua Palavra. Não é ter
uma fé nominal apenas. Não é dizer que é um cristão NÃOPRATICANTE
como tanta gente diz nestes dias; ou você é
praticante ou não é cristão! Quem constrói sua casa espiritual
sem ser praticante, vai vê-la desabar quando vierem as
tempestades da vida. Mas aquele que é obediente e
comprometido em praticar a Palavra de Deus e vive
verdadeiramente sob o senhorio de Jesus Cristo, este ficará
firme e inabalável na hora da adversidade.
Isto é um fato: Jesus não só não reconhece como
discípulo aquele que não pratica seus ensinos, como ainda
declarou que se a pessoa insistir em parecer ser discípulo,
sem contudo ter o vínculo da obediência, ela não agüentará
ir além das tempestades e oposições que virão contra sua fé.
O que nos faz verdadeiramente discípulos é a submissão ao
SENHORIO de Cristo. É reconhecê-lo como Senhor, Amo,
Dono, Governante de nossas vidas. E isto é um compromisso
de alto nível!
ALTO NÍVEL DE COMPROMISSO
Pilatos não aceitou Jesus como Rei; se o tivesse feito,
teria que submeter-se a um compromisso de alto nível, e
ele, como governante que era, sabia muito bem disto. Mas
se você que quer a vida eterna e a salvação que vem por meio
de Jesus, optar pelo único meio que o levará a isto, que é
reconhecê-lo como Senhor, então terá que submeter-se a
um compromisso de alto nível. Ele ensinou sobre isto:
“Grandes multidões o acompanhavam, e ele,
voltando-se, lhes disse: Se alguém vem a mim e não
aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e
irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser meu
discípulo. E qualquer que não tomar a sua cruz e vier
após mim não pode ser meu discípulo.”
Lucas 14:25-27
Deus exige que o coloquemos em primeiro lugar,
antes mesmo dos relacionamentos de maior vínculo como
é o caso de nossos familiares. Jesus não disse haver a
possibilidade de dois tipos de discípulo: um comprometido
e outro não. De jeito nenhum! Ele afirmou taxativamente
que ou a pessoa assume o alto nível de compromisso
renunciando até a si mesma, ou NÃO PODE ser discípulo!
Esta é uma declaração forte: não poder ser discípulo. Ou a
pessoa veste a camisa e submete-se mesmo ao senhorio de
Jesus, ou não será aceita. E não é uma questão de ser ou não
aceita por um grupo ou igreja; não se trata de aceitação
humana, mas divina. É Jesus quem não aceita!
E sabe porque o Mestre disse isto? O texto bíblico
começa dizendo que as multidões o seguiam. E Jesus sabia
que eles não estavam entendendo o que era segui-lo. Enquanto
Ele estava operando milagres, curando os enfermos,
libertando os oprimidos, o povo estava lá; mas o evangelho
não é apenas isto. Não é só bênçãos e milagres; não é apenas
a provisão de necessidades, mas há o lado da submissão ao
senhorio de Jesus! Não importa quais sejam as
circunstâncias, boas ou ruins; não importa qual seja o clima,
se faz sol ou chuva, frio ou calor, dia normal ou de eclipse,
temos que seguir sempre a Jesus. Muita gente o abandona na
primeira dificuldade. Outros seguem-no desde que isto não
lhes crie problemas. Mas o que o Senhor espera de nós é
entrega total; é alto nível de compromisso. É colocá-lo acima
de nós mesmos e de nossos familiares.
A cruz era um símbolo de morte naqueles dias, pois
era onde o império romano executava muitos condenados.
Tomar a cruz, nas palavras de Jesus, significava decidir
morrer; significava voluntariamente entregar-se à morte. É
claro que não se trata de morte física, mas de morrer para si
mesmo, para os sonhos, desejos e vontades pessoais, se
necessário.
Antes de seguirmos a Cristo precisamos entender
claramente o que é isto. Temos que calcular o custo do
compromisso e saber se iremos até o fim, caso contrário é
Porque Jesus Foi Julgado?
Que Farei de Jesus, Chamado Cristo?
melhor nem entrar nele. As duas alegorias que Jesus conta
nos versículos que vem imediatamente após estas palavras
de renúncia que transcrevemos, ilustra com perfeição isto:
“Pois qual de vós, pretendendo construir uma torre,
não se assenta primeiro para calcular a despesa e verificar
se tem os meios para a concluir? Para não suceder que,
tendo lançado os alicerces e não a podendo acabar, todos
os que a virem zombem dele, dizendo: Este homem
começou a construir e não pôde acabar.
Ou qual é o rei que, indo para combater outro rei,
não se assenta primeiro para calcular se com dez mil
homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte
mil? Caso contrário, estando o outro ainda longe, envia-lhe
uma embaixada, pedindo condições de paz.
Assim, pois, todo aquele que dentre vós não
renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo.”
Lucas 14:28-33
Temos aqui dois tipos de empreendimentos: um é
construir uma torre e o outro é guerrear contra um outro
reino. Jesus diz que tanto em um como outro, é melhor
calcular o quanto isto custará e ver se dará para ir até o fim;
caso contrário, é melhor nem começar. Seguir Jesus é como
edificar esta torre, pois há toda uma vida de crescimento
espiritual que será vivida e não podemos parar no meio da
construção. Seguir Jesus também é semelhante a entrar numa
guerra, e saiba que é isto o que acontecerá mesmo; as pessoas
se colocarão contra você, às vezes até mesmo os familiares
e amigos. É guerra contra o pecado, contra alguns desejos
da carne, contra o sistema maligno que domina este mundo
e é guerra contra os poderes das trevas e do inferno.
Precisamos pegar papel e caneta e alistar o quanto
nos custa para ver se podemos ir até o fim, e o que Jesus
está fazendo é nos mostrar o quanto custa. Custa tudo o que
você tem. Custa tudo o que você é. Ele passa a ser prioridade
total. Custa tomar a cruz e negar-se a si mesmo. Custa
RENUNCIAR a familiares e a amigos se isto comprometer
sua obediência a Cristo. Não falo de deixar de relacionar-se
com eles, mas de ter confrontos. Custa caro! E você deve
calcular para decidir com consciência. E tendo decidido deve
ficar firme até o fim!
À semelhança de Pôncio Pilatos você tem que decidir.
Não se Jesus é ou não inocente, pois o governador sabia que
Jesus tinha sido entregue por inveja, e o sonho de sua mulher
havia sido bem claro em alertar: Ele era justo. Nestas
questões Pilatos foi bem em reconhecer as coisas como
eram. Lavou as mãos dizendo estar inocente do sangue de
um justo, e até aí ele foi bem. Mas não reconheceu Jesus
como o Cristo, o Ungido de Deus. Não o reconheceu como
Rei, como Senhor a quem prestar obediência. A maioria das
pessoas decide bem em sua repetição do tribunal de Cristo,
só até aí. Reconhecem Jesus como justo e inocente. Falam
de seu ensino como algo lindo. Crêem nele e até o adoram e
reverenciam. Mas na hora de obedecer e viver sua Palavra e
seus ensinos não o fazem. Na hora de reconhecerem-no
como Rei e Senhor não o fazem. Então, não interessa se o
acharam inocente e justo, se não o reconhecem como Senhor
a ponto de prestar obediência e submissão, então, estão
condenando-o à cruz como Pilatos fez. Estão crucificandoo
de novo e expondo-o à vergonha novamente. Estão
rejeitando-o, embora não admitam isto.
Porque Jesus Foi Julgado?
Que Farei de Jesus, Chamado Cristo
E você, amigo?
O que fará de Jesus, chamado Cristo?
Vai reconhecê-lo como Senhor e Rei e viver uma nova
vida de fé e submissão a Ele, experimentando o gozo do reino
de Deus, ou só vai reconhecê-lo como justo e inocente e
ainda assim crucificá-lo de novo? Pois ajuntar-se com os
que crucificaram a Jesus, por rejeição, corresponde a
crucificá-lo de novo, aos olhos de Deus.
A OMISSÃO DE PILATOS
Logo no início procurei deixar claro que o
julgamento não existiu; na verdade foi uma farsa. Estou
dizendo que o que se entende por julgamento, que é analisar
justa e imparcialmente uma causa e defendê-la com justiça,
transparência e integridade, não aconteceu. É lógico que
como evento histórico ele existiu e a Bíblia atesta isto.
Ele também se repete em nossas vidas num perfeito paralelo
espiritual e cada um de nós tem de decidir o que fazer de
Jesus chamado Cristo. Mas o governador romano não agiu
como deveria, e quero alertá-lo para que não siga seu
exemplo e possa decidir bem. Fora isto, ele tinha quase
tudo o que cada tribunal num julgamento tem: o juiz, o réu,
os acusadores, platéia, só não teve quem o defendesse. E o
único que poderia ter feito isto - Pilatos - não fez.
Mas Jesus poderia ter feito sua própria defesa, e
não fez. E hoje o paralelo continua se repetindo. Ele não
vai aparecer para você em nenhum sonho ou visão para
tentar convencê-lo de que é Rei e deve ser seguido. Cristo
apenas afirmou a Pilatos que para isto nasceu e veio ao
mundo: para ser rei. Também disse que seu reino não é
daqui mostrando a natureza espiritual e não física do reino
(embora haja claras promessas na Bíblia de que Jesus virá
A Omissão de Pilatos
Que Farei de Jesus, Chamado Cristo?
novamente a este mundo para estabelecer seu reino numa
dimensão física); mas em momento nenhum tentou
convencer Pilatos a nada. Ele não se defendeu naquela
ocasião há dois mil anos atrás e não vai defender-se hoje.
No livro do profeta Isaías, no velho Testamento,
encontramos centenas de anos antes da manifestação do
Cristo, uma profecia que já mostrava esta característica
em Jesus:
“Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a
boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como
ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu
a boca.”
Isaías 53:7
Sua decisão também não contará com a autodefesa
de Cristo. Você deve analisar muito bem esta questão, e
decidir prá valer. Mas decida amigo, decida por você
mesmo!
Permita-me mostrar-lhe neste capítulo que o grande
erro de Pilatos foi sua omissão na decisão. Ele deixou que
decidissem por ele e não fez O QUE SÓ ELE DEVERIA
FAZER: tomar sua própria decisão e emitir seu próprio
juízo! E é importantíssimo entender o que o levou a isto
para que nós não sejamos igualmente induzidos a transferir
a responsabilidade de julgar e decidir.
Existe um ensino enganoso por aí que diz que é Deus
quem decide quem vai e quem não vai ser salvo, e que nada
podemos fazer a respeito. Isto é distorção da Bíblia, pois
Deus nunca escolheu uma pessoa para salvação e outra para
perdição; as Escrituras são claras quando afirmam que
“Deus deseja que todos os homens se salvem e cheguem
ao pleno conhecimento da verdade” (I Tm.2:5). Quem
decide o que fazer com a salvação que Deus oferece por
meio de Jesus, somos nós. E tudo começa com uma
decisão: o que fazer de Jesus chamado Cristo. Foi Jesus
mesmo quem ensinou isto:
“Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que
deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê
não pereça, mas tenha a vida eterna.”.
João 3:16
A expressão “todo o que nele crê” mostra que é quem
crê em Jesus que recebe a vida eterna. E crer no Senhor
Jesus é uma decisão que pertence a cada um.
A NECESSIDADE DE DECISÃO
Há vários textos na Palavra de Deus que mostram
que ao homem é facultado o direito de escolha. É o que
chamamos de auto-determinação ou livre arbítrio.
O Pai celestial não nos criou como se fôssemos
robôs programados para fazer só a sua vontade. Deu-nos o
direito de escolha e, ainda que isto nos pudesse fazer voltarse
contra ele, capacitou-nos com o poder de escolha e
decisão, o que valoriza a atitude de amor e obediência de
nossa parte porque não é imposta.
Desde o início da relação Deus-homem apresentada
na Bíblia, no jardim do Éden, o homem é visto com o direito
de escolha. O Senhor lhe disse o que deveria fazer: lavrar e
guardar o jardim (Gn.2:15); e também a única coisa que
não poderia fazer: comer da árvore do conhecimento do
bem e do mal (Gn.2:16,17). E por favor, não diga que era
um pé de maçã, pois não suporto ouvir isto! A Bíblia diz
que era uma árvore espiritual, com o poder de afetar
espiritualmente a vida do homem. Até ser separado de Deus
pelo pecado o homem convivia livremente com as duas
dimensões: o reino natural e o espiritual. Enfim, Deus disse
o que não podia e porque não podia, mas não impediu o
homem de desobedecer. Boas escolhas trariam boas
conseqüências, e más escolhas trariam más conseqüências,
mas quem tinha que pesar as coisas e decidir era o homem,
e isto nunca foi inibido por Deus.
Um texto que mostra nitidamente que o Senhor nos
faculta a escolha, encontra-se no Pentateuco, uma das
primeiras porções escritas da Bíblia:
“Vê que proponho, hoje, a vida e o bem, a morte e
o mal; se guardares o mandamento que hoje te ordeno,
que ames o Senhor, teu Deus, andes nos seus caminhos,
e guardes os seus mandamentos, e os seus estatutos, e
os seus juízos, então, viverás e te multiplicarás, e o
Senhor, teu Deus, te abençoará na terra à qual passas
para possuí-la.
Porém, se o teu coração se desviar, e não quiseres
dar ouvidos, e fores seduzido, e te inclinares a outros
deuses, e os servires, então, hoje, te declaro que,
certamente, perecerás; não permanecerás longo tempo na
terra à qual vais, passando o Jordão, para a possuíres.”
Deuteronômio 30:15-18
Note que o Senhor Deus não apenas diz que há dois
caminhos, mas é justo em advertir quais as conseqüências
de cada caminho. Depois, na continuação da mesma palavra,
Ele enfatiza a escolha e opina qual a escolha correta:
“Os céus e a terra tomo, hoje, por testemunhas
contra ti, que te propus a vida e a morte, a bênção e a
maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a
tua descendência, amando o Senhor, teu Deus, dando
ouvidos à sua voz e apegando-te a ele; pois disto
depende a tua vida e a tua longevidade; para que habites
na terra que o Senhor, sob juramento, prometeu dar a
teus pais, Abraão, Isaque e Jacó.”
Deuteronômio 30:19,20
Durante a história de Israel (o primeiro povo a quem
Deus se revelou, fazendo uma aliança com os patriarcas da
nação), muitas vezes esse povo misturava suas crenças com
as dos outros povos que não temiam a Deus, e em vez de
escolhas, faziam misturas. Ainda hoje isto acontece muito;
em vez de escolherem entre Deus e o pecado, as pessoas
tentam misturar os dois e ficar com um pouco de cada. Um
exemplo vivo disto é o carnaval, onde depois de vários dias
de festa, imoralidade, bebedeira, drogas e tantas outras
coisas nocivas ao ser humano, a religião ainda sustenta que
tudo deve terminar numa quarta-feira de cinzas e
“arrependimento”! Planeja-se o pecado e seu posterior
arrependimento antes de tudo acontecer. Isto é uma forma
de não ter que escolher, mas poder misturar as duas coisas...
Só que o detalhe é que Deus não aceita isto. Nunca aceitou
e jamais aceitará! Cada vez que isto aconteceu com o seu
povo, o Senhor exigiu uma postura, uma decisão. Quero
A Omissão de Pilatos
Que Farei de Jesus, Chamado Cristo?
mostrar isto em dois textos que refletem esta exigência
em duas ocasiões distintas:
“Agora, pois, temei ao Senhor e servi-o com
integridade e com fidelidade; deitai fora os deuses aos
quais serviram vossos pais dalém do Eufrates e no Egito
e servi ao Senhor. Porém, se vos parece mal servir ao
Senhor, ESCOLHEI, hoje, a quem sirvais: se aos deuses a
quem serviram vossos pais que estavam dalém do
Eufrates ou aos deuses dos amorreus em cuja terra
habitais. Eu e a minha casa serviremos ao Senhor”.
Josué 24:14,15
Estas palavras são de Josué, o sucessor de Moisés
e quem fez o povo entrar na terra prometida. Note que ele
usa a palavra “escolhei”. As seguintes são de Elias, profeta
que confrontou muito sua geração por seus pecados:
“Então, Elias se chegou a todo o povo e disse:
Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o
Senhor é Deus, segui-o; se é Baal, segui-o. Porém o povo
nada lhe respondeu.”
I Reis 18:21
Inicialmente o povo nada respondeu, embora depois
de terem visto uma grande manifestação de Deus tenham
se prostrado e declarado que o Senhor era Deus e não Baal.
Mas este silêncio mostra que as pessoas não somente tem
uma tendência às misturas (em vez de escolhas), como
teimam em permanecer nelas! Precisamos aprender a
decidir, e decidir bem.
33
reprodução proibida
A OMISSÃO DE PILATOS
A grande e principal falha de Pilatos foi não ter usado
seu direito e também dever de decisão. Ele não culpou
nem absolveu Cristo, deixou o povo fazer isto.
Mencionamos a pressão política na qual ele se
encontrava. Os judeus o pressionaram publicamente com
estas palavras: “Se soltares a este, não és amigo de César;
todo aquele que se faz rei é contra César” (Jo.19:12).
Mas não era apenas o temor de se indispor com Roma,
mas também o de perder a influência sobre os judeus; ele
precisava agradar, manter sua popularidade e um confronto
e desgaste tinha que ter uma razão muito séria, o que ele
não via no julgamento de Jesus. Além disto havia o lado
pessoal; inocentar Jesus publicamente implicava em
parecer-se com um seguidor dele; implicava em estar
admitindo que Jesus era rei, e isto lhe custaria caro, não só
politicamente como também para seu próprio orgulho.
No meio de toda esta pressão, parecia-lhe mais sábio
não decidir. Mas uma decisão tinha que ser tomada, afinal de
contas era um julgamento! Que fazer, então? E aí que ele toma
a atitude de decidir sem ter que decidir. Ou seja, apenas
administrar a decisão coletiva, transferindo a responsabilidade
ao povo e deixando que eles conduzissem a situação.
O governador queria fazer isto sem parecer que
estava fazendo. Ele sabia que o povo estava contra Cristo,
e não o entregou assim abertamente aos acusadores. Pilatos
tentou uma saída mais clássica, soltar Jesus sem parecer
que o soltava por achá-lo inocente. Era comum perdoar e
soltar um preso (culpado e julgado como tal) na páscoa,
uma data religiosa no calendário judeu. Então, em vez de
A Omissão de Pilatos
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Que Farei de Jesus, Chamado Cristo? www.orvalho.com
defender a inocência de Jesus, o que não seria aceito pelos
judeus, ele propõe soltar Jesus como se fosse um preso
sendo perdoado. Com isto ele estaria condenando Jesus e
ao mesmo tempo aplacava sua consciência ao soltá-lo. Só
que Pilatos não queria fazer isto tendo a decisão sobre si.
Ele faz o povo escolher entre o que lhe parecia ruim e o
pior. O ruim era ter Jesus tão perto da prisão e vê-lo solto,
mas aos olhos de Pilatos, o que ele lhes propõe em seguida
parecia ser pior: soltar Barrabás, um preso notório da época
condenado à pena de morte por sedição e homicídio. O
governador achou que o povo morderia a isca, e preferiria
soltar Jesus em vez de Barrabás, mas não deu certo! O povo
escolheu o homicida e pediu a morte de Jesus. Pilatos
tentou contra- argumentar, mas somente tentando mudar a
opinião da multidão, sem tomar sua própria decisão. Foi
em vão. Vendo que não conseguia manipular o povo,
entregou-se à vontade da maioria e condenou Jesus, fazendo
um teatro para sua própria consciência – lavar as mãos e
dizer com isto: eu sou inocente e vocês culpados. Mas o
que ele não parecia perceber era que sua omissão significava
CUMPLICIDADE; ou seja, o governador lavou as mãos,
mas elas permaneceram sujas com sangue inocente.
O grande erro de Pilatos foi não decidir. Ele
deixou que os outros fizessem isto por ele. Deus espera
que você decida, mas não pense que você está assim tão
distante de sofrer a pressão que sofreu o governador
romano, só pelo fato de não ser um político. O problema
de Pilatos não era a política, mas um sentimento que vive
na carne de todo ser humano, e que eu chamo de
transferência de responsabilidade. A humanidade é assim
desde o princípio. A Bíblia relata que desde que o primeiro
35
reprodução proibida
casal pecou já passou a existir este comportamento:
“Quando ouviram a voz do Senhor Deus, que
andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se
da presença do Senhor Deus, o homem e sua mulher, por
entre as árvores do jardim.
E chamou o Senhor Deus ao homem e lhe
perguntou: Onde estás? Ele respondeu: Ouvi a tua voz
no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi.
Perguntou-lhe Deus: Quem te fez saber que estavas nu?
Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses?
Então, disse o homem: A mulher que me deste por
esposa, ela me deu da árvore, e eu comi. Disse o Senhor
Deus à mulher: Que é isso que fizeste? Respondeu a
mulher: A serpente me enganou, e eu comi.”
Gênesis 3:8-13
Observe que quando Deus pergunta a Adão o que
ele fez, não há uma admissão de culpa, mas uma
transferência de responsabilidade. Ele diz: “A mulher que
o Senhor me deu foi quem me deu de comer”. Com isto
ele está praticamente dizendo duas coisas:
1) Se o Senhor não tivesse me arrumado a mulher,
nada teria acontecido;
2) Se alguém tem que ser punido não sou eu, é ela.
Com isto ele transferiu parte da culpa (de modo indireto) a
Deus e o resto à sua esposa. E ela, por sua vez, ao ser
questionada, também nada admitiu, mas transferiu a
responsabilidade para a serpente: “A serpente me enganou,
e eu comi”; com isto ela estava dizendo que errou não
porque quis, mas porque foi enganada e pressionada a isto.
A Omissão de Pilatos
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Que Farei de Jesus, Chamado Cristo? www.orvalho.com
Todo ser humano sofre disto e ainda tem que lutar
com sua necessidade de aceitação, porque é um ser social
e não consegue viver isolado, o que leva a ceder muitas
vezes à pressão da maioria. Pilatos ouviu dois tipos de
vozes: a advertência divina que veio pelo sonho de sua
esposa e a voz do povo, da maioria.
A primeira voz, a advertência divina, veio sem
pressão e sem cobrança, apenas como um aviso, como um
conselho. É assim que Deus muitas vezes tem falado ao
seu coração de muitas maneiras. Pode ser por uma pregação,
pelo testemunho de alguém que já tem se decidido quanto
ao senhorio de Jesus, pode ser por leituras bíblicas, e creio
que nesta hora Ele está usando esta literatura como um canal
para que a advertência divina chegue ao seu coração... São
muitos os meios e maneiras que Deus usa, mas o fato é
que Ele continuamente está enviando sua advertência a cada
um de nós: “Veja bem o que você vai decidir; decida bem”.
A segunda voz que o governador ouviu, a voz da
maioria, também chega a nós constantemente; mas, diferente
da advertência divina, ela vem fazendo pressão, vem com
cobranças e até com deboches: “Se o soltares não és amigo
de César... você está reconhecendo-o como rei?” Esta voz
se manifesta todos os dias, nas casas, lugares de trabalho,
salas de aula, entre os amigos, em todo lugar! Cada vez que
alguém tentar ouvir a advertência divina, ela estará lá dando
contra. Ela não dá sossego a ninguém e confronta
continuamente. A mentalidade da maioria das pessoas está
contra o verdadeiro evangelho. Até aceitam um pouco de
religião, mas ao evangelho em sua essência e pureza, com
seu alto nível de compromisso chamam de fanatismo,
exagero, e coisas assim. Cristo nos advertiu que seria assim:
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reprodução proibida
“Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do
que a vós outros, me odiou a mim. Se vós fôsseis do
mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia,
não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por
isso, o mundo vos odeia.”
João 15:18,19
Pôncio Pilatos fraquejou e não teve coragem de
encarar a maioria. E se você decidir corretamente e aceitar
o senhorio de Cristo, estará nadando contra a correnteza,
estará andando na contra-mão do sistema. Terá de enfrentar
a oposição de muita gente, e isto não acontece quando
alguém se emociona com Jesus, mas quando se DECIDE
por Ele. A decisão é algo racional e envolve fé e
determinação; precisa de perseverança para não se ficar no
meio do caminho. Mas temos uma promessa: “Aquele,
porém, que perseverar até o fim, esse será salvo.”
(Mt.24:14).
Muita gente deixa de decidir e acaba permitindo que
outros decidam por elas. Querem seguir a Cristo, mas não
sabem lidar com a zombaria dos amigos que vão intitulá-lo
como “careta” e “crente”. Não conseguem encarar a
pressão e cobrança dos familiares por ferir a tradição.
Mesmo que a maioria nem pratique o que herdou dos
ancestrais vivem dizendo: “Eu nasci assim e vou morrer
assim”. E se alguém levar muito a sério a fé em Jesus vai
parecer fora do normal!
Mas você não pode se espelhar em Pilatos, tem que
fazer a diferença, tem que confrontar se for necessário, mas
tem que decidir. Quase ninguém rejeita Cristo porque pondera
a respeito e acha de fato melhor ficar sem ele; a verdade é que
A Omissão de Pilatos
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Que Farei de Jesus, Chamado Cristo? www.orvalho.com
quem não se submete ao senhorio de Cristo está deixando os
outros decidirem em seu lugar; a pessoa pode até estar
querendo, mas não tem coragem de se decidir por Jesus!
Não vá no embalo da maioria, tome sua própria
decisão e deixe que os outros tomem as deles. E não se
esqueça: no que diz respeito à salvação de sua alma eterna,
a omissão é seu pior inimigo. Foi o de Pilatos e será o seu.
Podemos cair no engano de pensar que a omissão é
mais amena do que ir contra, mas é a mesma coisa; é
cumplicidade. E o Senhor Jesus posicionou-se acerca disto,
ensinando um princípio para o qual devemos atentar:
“Quem não é por mim é contra mim; e quem
comigo não ajunta espalha.”
Mateus 12:30
Se você não se posiciona decidindo-se por Jesus,
ainda que esteja apenas deixando que outros escolham em
seu lugar, você está em falta. Se não está defendendo ao
Senhor Jesus como rei que é, então você está contra. Se
não está ajuntando, então está espalhando. E se você acha
radical, eu concordo, mas é assim, e quem decidiu que fosse
assim foi o próprio Cristo. Se alguém tentar amenizar esta
mensagem estará indo contra Cristo e a autoridade de sua
Palavra. Não há desculpas, não há justificativas, temos que
decidir o que fazer de Jesus chamado Cristo. E uma vez
tomada a decisão, sustentá-la.
Já nos dias de Jesus havia aqueles que criam nele
mas não tinham coragem de enfrentar a maioria para não
perderem sua aceitação no meio dos judeus. A psicologia
de grupo falava mais alto do que a fé do coração:
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“Contudo, muitos dentre as próprias autoridades
creram nele, mas, por causa dos fariseus, não o
confessavam, para não serem expulsos da sinagoga;
porque amaram mais a glória dos homens do que a glória
de Deus.”
João 12:42,43
Não me admira que isto tenha ocorrido entre as
autoridades! O orgulho sempre leva o homem a esforçarse
para parecer o que não é. Quanta pose, quanto
fingimento, quanta falsidade! Que falta de caráter, de
identidade! Crer e fingir que não se crê a fim de não perder
privilégios. Deus não aceita isto. Jesus disse que se alguém
não quiser experimentar AS RENÚNCIAS, não pode ser
seu discípulo.
Omissão – este foi o erro de Pilatos. Ele tinha uma
decisão pessoal no coração, mas não teve coragem de
sustentá-la. O mesmo ocorreu com estas autoridades em
Israel. Criam em Jesus mas não tinham coragem de
sustentar sua fé para não sofrer perda de privilégios.
Precisamos aprender não com estes, mas com os
que fizeram as escolhas certas, ainda que custosas, como
Moisés, por exemplo:
“Pela fé, Moisés, quando já homem feito, recusou
ser chamado filho da filha de Faraó, preferindo ser
maltratado junto com o povo de Deus a usufruir prazeres
transitórios do pecado; porquanto considerou o
opróbrio de Cristo por maiores riquezas do que os
tesouros do Egito, porque contemplava o galardão.
Pela fé, ele abandonou o Egito, não ficando
A Omissão de Pilatos
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Que Farei de Jesus, Chamado Cristo? www.orvalho.com
amedrontado com a cólera do rei; antes, permaneceu
firme como quem vê aquele que é invisível.”
Hebreus 11:24-27
Este homem de Deus trocou o palácio em que
crescera e fora educado, para estar entre os escravos de
seu povo. Depois abandonou o Egito, passando anos no
deserto. E sabe por que Ele fez estas trocas? O texto diz
que foi porque contemplava o galardão. Há uma recompensa
para todo o que crê e sustenta sua fé, e é isto que tornava
para Moisés a vergonha de Cristo (da perseguição por causa
da fé) mais valiosa que os prazeres do palácio. A Bíblia
ainda diz que ele ficou firme “como quem vê o invisível”.
Ninguém via o que ele via, mas ele não se importava e nem
ligava para o que os outros achavam ou deixavam de achar;
o que interessava é que ele sabia o que tinha escolhido.
Isto é decisão e não omissão!
Pilatos figura a omissão que se deriva da falta de
conhecimento e Moisés figura a decisão firme daquele que
decide conhecendo o motivo e a recompensa de sua
decisão. O conselho divino é que nos espelhemos na atitude
de Moisés e procedamos de igual maneira.
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SE O TIVESSEM CONHECIDO
Conhecer ou não uma verdade espiritual pesa muito
numa decisão. Não só pelo fato de que o conhecimento
nos favorece para escolher bem, mas também pelo fato de
que cada um de nós será julgado na direta proporção do
conhecimento que tem.
Em época posterior ao julgamento, na verdade
dezenas de anos depois, a Bíblia volta a fazer menção de
Pôncio Pilatos e sua decisão quanto a Jesus; e faz isto
exatamente dentro do contexto do assunto que agora
estamos abordando:
“Entretanto, expomos sabedoria entre os
experimentados; não, porém, a sabedoria deste século,
nem a dos poderosos desta época, que se reduzem a nada;
mas falamos a sabedoria de Deus em mistério, outrora
oculta, a qual Deus preordenou desde a eternidade para
a nossa glória; sabedoria essa que nenhum dos poderosos
deste século conheceu; porque, se a tivessem conhecido,
jamais teriam crucificado o Senhor da glória”
I Coríntios 2:6-8
Se O Tivessem Conhecido
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O apóstolo Paulo escreveu aos coríntios e lhes
expôs a diferença entre o conhecimento natural das coisas
e o entendimento espiritual das verdades de Deus. E quando
falava acerca disto, tomou como exemplo esta porção que
transcrevemos, onde fala dos poderosos da época de Jesus
não terem a sabedoria de Deus (espiritual) e que justamente
pela falta dela não conheceram quem era Jesus Cristo, pois
se tivessem conhecido não o teriam crucificado.
Isto envolve Pilatos, Herodes, e todos os sacerdotes,
anciãos e autoridades de Israel. Fala das autoridades, dos
poderosos, dos que podiam decidir a respeito da
crucificação de Jesus; e é claro, Pilatos está dentro.
Embora a referência seja a todos eles, devido à nossa
aplicação sobre Pilatos e o paralelo espiritual entre a
decisão dele e a nossa, quero deixar de lado a figura das
demais autoridades que se envolveram direta e
indiretamente na crucificação de Cristo, e olhar somente
para o governador romano. E isto só por questão de
enfoque, embora o princípio se aplique a cada um deles.
A afirmação bíblica é, portanto, que se Pilatos
tivesse uma revelação espiritual de quem era Jesus jamais
o teria mandado para a cruz. E a partir desta afirmação
queremos tecer algumas considerações e demonstrar alguns
princípios.
JUÍZO NA PROPORÇÃO DO CONHECIMENTO
No pretório, houve um pequeno diálogo entre Jesus
e Pilatos. E neste pequeno diálogo há uma afirmação de
Cristo que nos revela um detalhe interessante sobre questões
como “conhecimento” e “juízo”.
“Então, Pilatos o advertiu: Não me respondes? Não
sabes que tenho autoridade para te soltar e autoridade
para te crucificar? Respondeu Jesus: Nenhuma autoridade
terias sobre mim, se de cima não te fosse dada; por isso,
quem me entregou a ti maior pecado tem.”
João 19:10,11
A resposta de Jesus a Pilatos quer dizer o seguinte:
“Você só tem este poder de decidir o que fazer comigo porque
Deus te deixou ter, e porque sabe que o que você vai escolher
não vai afetar o plano divino”. Mas o detalhe que vem a seguir
é que me chama a atenção: “quem me entregou a ti maior
pecado tem”.
Só nesta frase vemos que Jesus está falando sobre
duas coisas distintas:
1) O terem rejeitado Jesus foi considerado pecado.
Isto mostra que quem errou na escolha pecou, mesmo que a
crucificação de Cristo tenha sido benéfica ao mundo por
ser o meio de redenção dos nossos pecados.
2) Há uma diferença entre o pecado cometido por
Pilatos e o que cometeram os que entregaram Jesus a ele.
Este grupo envolve desde Judas, o traidor, até as autoridades
dos judeus. E a diferença entre a gravidade de pecado (Jesus
lhe chamou “maior”) deve-se ao quanto conhecimento cada
um possuía. Das autoridades religiosas que acompanharam
o ministério de Jesus esperava-se mais, pois eram
conhecedores das Escrituras e presenciaram os milagres de
Jesus. De Judas, então, nem se fale! Mas Pilatos, um gentio,
era o mais ignorante acerca do conteúdo das promessas
acerca da vinda do Messias.
Vemos, portanto, que quanto maior for o
Se O Tivessem Conhecido
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Que Farei de Jesus, Chamado Cristo? www.orvalho.com
conhecimento da pessoa sobre Jesus, maior juízo haverá
sobre sua escolha. Como Pilatos conhecia menos, seu juízo
será menor. Como os sacerdotes e anciãos conheciam mais,
maior será o seu juízo.
Na epístola de Tiago encontramos uma afirmação
que relaciona o julgamento que receberemos com a
proporção do conhecimento que temos: “Meus irmãos,
não vos torneis, muitos de vós, mestres, sabendo que
havemos de receber maior juízo.” (Tg.3:1). O que conhece
mais a ponto de ser um ensinador, tem maior
responsabilidade; isto vale no âmbito pessoal e também
ministerial, pois se ao ensinar, o fizer de forma errada, tal
pessoa dará conta a Deus. Esta diferença é vista em outras
afirmações bíblicas, como a que o apóstolo Pedro faz sobre
quem conheceu Jesus e o abandonou depois de já ter o
conhecimento:
“Portanto, se, depois de terem escapado das
contaminações do mundo mediante o conhecimento do
Senhor e Salvador Jesus Cristo, se deixam enredar de
novo e são vencidos, tornou-se o seu último estado pior
que o primeiro. Pois melhor lhes fora nunca tivessem
conhecido o caminho da justiça do que, após conhecê-lo,
volverem para trás, apartando-se do santo
mandamento que lhes fora dado.”
II Pedro 2:20,21
Está estabelecida clara diferença entre o que
conheceu e o que não conheceu. É lógico que o não
conhecer não inocenta a pessoa, mas faz com que se exija
menos dela para a tomada de sua decisão. Jesus mencionou
em seus ensinos a diferença entre dois homens que erraram
e seriam ambos julgados, mas segundo a proporção de seu
conhecimento:
“Aquele servo, porém, que conheceu a vontade
de seu senhor e não se aprontou, nem fez segundo a sua
vontade será punido com muitos açoites.
Aquele, porém, que não soube a vontade do seu
senhor e fez coisas dignas de reprovação levará poucos
açoites. Mas àquele a quem muito foi dado, muito lhe
será exigido; e àquele a quem muito se confia, muito
mais lhe pedirão.”
Lucas 12:47,48
Tanto um como outro seriam punidos, pois ambos
erraram; o que conhecia a vontade do senhor, por não agir à
altura, e o que não conhecia por não procurar conhecê-la.
As falhas são distintas: o que conhecia pecou por rebelião,
enquanto que o pecado do outro foi omissão ou mesmo
desinteresse em procurar saber a vontade do senhor. Mas
o fato é que o primeiro errou ativamente enquanto que o
segundo errou passivamente; só que a ignorância não
justifica, tem um juízo menor, mas tem juízo da mesma
forma. O que devemos fazer é procurar conhecer e, então
obedecer a vontade de Deus. O próprio fato de você estar
lendo estas verdades traz sobre sua vida uma
responsabilidade maior, que antes você não tinha.
Se Pilatos tivesse conhecido quem era Jesus, não o
teria crucificado. Quando Cristo estava na terra, havia
diferentes opiniões acerca dele; ouviam-se testemunhos
diferentes sobre sua identidade. Então, como saber quem
era realmente ele? Como conhecê-lo?
Os que realmente o conheceram - seus apóstolos precisaram de mais do que uma opinião, eles receberam
uma revelação de Deus acerca de Jesus. Observe o que diz
a Bíblia:
“Indo Jesus para os lados de Cesaréia de Filipe,
perguntou a seus discípulos: Quem diz o povo ser o Filho
do Homem? E eles responderam: Uns dizem: João Batista;
outros: Elias; e outros: Jeremias ou algum dos profetas.
Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou?
Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho
do Deus vivo. Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado
és, Simão Barjonas, porque não foi carne e
sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus.”
Mateus 16:13-17
Percebemos por este episódio narrado pelo
evangelista Mateus que as opiniões eram diversas, mas
Pedro soube quem realmente Jesus era não porque ficou
ouvindo os comentários dos homens, mas ele recebeu uma
revelação de Deus! Seu coração se abriu de tal forma que
o Espírito Santo pode dar testemunho de quem era Jesus.
Não basta tentar conhecê-lo com o intelecto, com a razão;
é preciso mais que isto. Você deve orar e pedir ao Pai que
está nos céus que abra o seu coração para que haja uma
compreensão profunda, espiritual, acerca de Jesus. Isto
acontecia com pessoas nos dias da Bíblia, continua
acontecendo hoje e pode ocorrer com você. Veja mais um
exemplo bíblico, que se deu numa ocasião em que o
apóstolo Paulo pregava o evangelho:
“Certa mulher, chamada Lídia, da cidade de
Tiatira, vendedora de púrpura, temente a Deus, nos
escutava; o Senhor lhe abriu o coração para atender às
coisas que Paulo dizia.”
Atos 16:14
Assim como Deus abriu o coração desta mulher,
quer também abrir o seu. Pilatos pecou por não conhecer;
contudo, ninguém pode usar a falta de conhecimento como
desculpa. Se nos falta mais conhecimento para
decidirmos o que fazer de Jesus chamado Cristo, devemos
buscá-lo. Se você tem dificuldades quanto a entender a
redenção que Cristo veio trazer à humanidade por meio
de sua morte e ressurreição, ou quanto à sua divindade,
ou mesmo seus ensinos e como compreender a Bíblia,
busque ajuda, mas não estacione na dúvida e nem tampouco
na ignorância espiritual.
Se você ainda não conseguiu ver o senhorio de Jesus
e a importância de submeter-se a ele, decidindo bem em
seu tribunal, se ainda tem dificuldades para liberar sua fé e
assumir um compromisso de alto nível, não faça sua
escolha ainda. Investigue mais. Procure saber mais. Se o
governador da Judéia tivesse feito isto e conhecido mais,
não teria rejeitado Jesus Cristo. E sei que se você o fizer,
também não rejeitará.
O OUTRO LADO DA CRUCIFICAÇÃO
Ao falar sobre a crucificação de Cristo no passado
e como ela se repete num paralelo espiritual hoje,
mostramos que ela figura nossa rejeição para com Deus.
Este é um aspecto. Mas existe o outro lado. Deus nunca
perde com nada; para Ele nada é refugo, tudo pode ser
reciclado, transformado, e aproveitado.
Permita-me mostrar-lhe o outro lado da
crucificação, e o no que ela resultou. Se por um lado ela
significa rejeição, por outro é a demonstração do amor
divino, usando nossa própria rejeição como um caminho
para oferecer-nos a sua salvação.
Tenho enfatizado que no reino espiritual os
acontecimentos históricos da Bíblia se repetem, e o que
passarei a narrar agora, é como o julgamento de Pilatos se
repetiu na vida de uma amiga, Vilma Laudelino de Souza,
quando ela ainda nem mesmo conhecia a Jesus e jamais
havia lido uma página sequer dos Evangelhos. Não falo de
uma desconhecida, mas de alguém que tem tocado minha
vida e a de minha esposa, bem como meus companheiros
de ministério e nossa própria igreja; e o que temos visto
em sua vida cristã e ministério atestam que é uma serva de
Deus e que de fato tem sido marcada pelo toque
sobrenatural de Deus.
Nenhuma experiência espiritual, sejam sonhos,
visões ou êxtases, tem mais valor do que a Bíblia; se estão
em harmonia com a Palavra, devem ser aceitas; se não
estão, devem ser rejeitadas; mas o que essa nossa irmã em
Jesus Cristo viveu está em plena harmonia com a Bíblia, e
levou-a a render-se ao senhorio de Jesus Cristo.
Estou extraindo esta narrativa do livro Escalando
o Abismo, de sua própria autoria, e publicado pela
Orvalho.Com:
“Chorando interiormente, questionei:
- Deus, por que o Senhor permitiu que eu
nascesse? Para fazer e receber o mal e ser levada ao
inferno? Eu sofri na terra mais que teu filho!
Falava como uma louca, mas Deus provou neste
instante a grandeza do seu amor, tirando-me do chão e
conduzindo-me a um lugar onde contemplei a cena que
mudou todos os rumos futuros de minha vida.
Me vi andando por uma rua estreita, de barro. As
casas eram feitas de pedras. Alguma coisa anormal
acontecia ali. As pessoas trajavam túnicas longas e
andavam apressadamente em direção a uma grande
praça. Corri também na mesma direção que os outros, mas
na verdade não entendia bem se estava vivendo aquela
cena ou se tinha morrido. Porém, já não sentia medo.
Enquanto caminhava, pude ver de longe um
prédio com altas colunas, parecido com um palácio de
justiça. Em frente a ele, milhares de pessoas se
aglomeravam e gritavam freneticamente levantando os
punhos. Cheguei o mais perto que pude. Alguém estava
sendo julgado por um homem. À minha frente via muitos
soldados, trajados como os romanos da Idade Antiga,
formando um cordão de isolamento. O homem que julgava
apontou para o jovem amarrado numa das colunas e
perguntou:
- Que farei de Jesus de Nazaré?
Esforcei-me para vê-lo, mas seus cabelos cobriam
o rosto levemente inclinado e os muitos soldados ao redor
impediam uma visão melhor. Após ouvir a pergunta, a
multidão começou a gritar:
- Crucifique, crucifique!
Para a minha surpresa, me vi gritando a mesma
coisa, e ao olhar em redor para ver quem mais fazia parte
daquela cena, reconheci todos os meus amigos de farra,
de macumba, candomblé, espiritismo, rodas de samba,
terreiros, bailes, bebedices, além de pessoas de todos os
tipos, raças, povos e nações. Eu não compreendia nada.
Queria enxergar o homem que estava sendo
julgado mas só consegui ver que ele usava uma roupa
comprida e muito branca. Novamente o juiz indagou: Que farei de Jesus de Nazaré? - ao que todos nós, de
punhos cerrados, respondíamos: - Crucifique, crucifique!
- aquele homem lavou as mãos e entregou o acusado aos
soldados, que o levaram para dentro do prédio. Eles
desceram as roupas brancas do réu até a cintura e o
amarraram a uma coluna do interior do pátio. Um
soldado ergueu o chicote, feito com vários fios de couro e
um metal na ponta de cada fio. Começaram a golpeá-lo.
A cada golpe abriam-se profundos sulcos rasgando a sua
carne e o sangue escorria abundantemente. A multidão
aplaudia, gritava, assobiava, divertindo-se com aquele
espetáculo. O único a permanecer em silêncio, de olhos
fechados, era o próprio jovem sofredor. Seu corpo
estremecia pela dureza dos golpes, uma indescritível
expressão de dor transtornava seu rosto mas seus lábios
se moviam silenciosamente. Ele estava orando!
Nunca antes ouvira falar sobre este Homem-Deus.
Jamais conheci a Bíblia, onde estes fatos são relatados.
Nunca me haviam falado de Jesus, mas eu o conheci
através de sua própria, indecifrável, e singular revelação
de amor. Não acreditava nele, da mesma forma que descria
do inferno e do diabo, ao qual no entanto, servia por
ignorância, até que ele mesmo se revelou para mim.
Passaram-se algumas horas e aqueles soldados
afastaram-se, depois de entregar o réu à turba enfurecida.
A multidão continuava a gritar, assobiar e zombar daquele
homem, cuspindo no seu rosto, batendo e esmurrando. O
sangue do seu nariz e boca escorriam. Havia hematomas
nos olhos. Eu assistia petrificada àquela covardia. Muitas
pessoas se revezavam nos golpes.
Os soldados retornaram, trazendo sobre uma
almofada uma coroa feita de espinhos. Ergueram com
brutalidade a cabeça daquele homem e debaixo de
aplausos cravaram-lhe a coroa na cabeça, forçando-a com
um pedaço de pau. Seu rosto se encolheu num gesto de
dor, que o fez apertar com força os olhos e os lábios. O
sangue jorrava pelas têmporas, transformando o corpo
em uma massa ferida e ensangüentada. Ele era uma ferida
só. Não suportando mais a cena, comecei a gritar:
- Parem, parem. Não façam isto. Este é o Filho de
Deus. Ele não merece tal sofrimento. Eu sim, que sou uma
feiticeira e miserável suicida.
Todos olharam para mim, admirados. Não sei de
onde retirei estas afirmações, pois nunca havia
conhecido o Evangelho ou acreditado em Jesus. Ele
também voltou os olhos para mim pela primeira vez no
decorrer daquela cena e me olhou diretamente nos olhos.
Cheguei a pensar que estava com ódio de mim, mas foi
totalmente o contrário. Em toda minha vida nunca vi um
olhar tão cheio de amor, de bondade, compaixão e
misericórdia como o olhar de Jesus de Nazaré. Por
instantes nossos olhares fixaram-se e ele falou:
- Não, minha filha Vilma. Ninguém suportaria este
sofrimento - ele apontava seu corpo dilacerado e
ensangüentado, enquanto sua voz dulcíssima
prosseguia, em meio às lágrimas que jorravam pela
minha face: - Somente eu o fiz por amor de ti, para salvar
e libertar tua vida.
Não compreendia como alguém podia amar tanto,
sofrer e morrer por uma pecadora, ovelha negra da família,
como eu. Entretanto, minha alma foi invadida por um gozo
indescritível e entendi que Jesus é uma pessoa real. Ali
estava ele, todo ensangüentado, a viva expressão do
sofrimento, mas real e tratando-me como filha. Estendi
minhas mãos para ele, mas o despertador retiniu,
avisando-me sobre a hora em que deveria me suicidar,
realizando assim a ordem do príncipe das trevas.
Caí de joelhos e chorei, amargamente
arrependida. Minha alma desabafava o peso do pecado
e ao mesmo tempo uma grande paz enchia o meu ser. Me
dirigi ao Deus que até poucos instantes era ignorado
por mim, orando:
- Ó Deus, toda a minha vida está destruída, mas
reconheço minha maldade. Creio agora que o teu Filho
sofreu e morreu por mim. Por isso quero entregar
totalmente minha vida nas tuas mãos para que faças dela
o que Tu quiseres.
Hoje, pela graça de Deus, sou uma testemunha
viva do Evangelho e do grande poder de Jesus Cristo.
Ele tem toda força. Todo poder e amor pelas almas
perdidas. Ele pode perfeitamente salvar, curar e libertar
o mais miserável ser humano, como diz o evangelho de
João: ‘e conhecerão a verdade e a verdade os libertará.
Se o filho os libertar, vocês serão de fato livres’
(Jo.8:32)”.
Fiz questão de relatar esta experiência para mostrarlhe
que realmente a história se repete dentro de nossa
individualidade. Assim como Deus abriu os olhos da Vilma
através deste paralelo histórico, espero que também abra e
ilumine os seus. O outro lado da crucificação não fala da
nossa rejeição para com Cristo, mas da aceitação e do amor
divino para conosco!
Tudo o que Jesus sofreu, sofreu no meu e no seu
lugar. O castigo e culpa do pecado que nós deveríamos pagar,
Ele, um inocente e santo, se dispôs a pagar em nosso lugar.
O outro lado da cruz revela o perdão e a salvação de Deus
para com cada um de nós.
RECONCILIAÇÃO COM DEUS
Algo aconteceu com o homem lá no jardim do Éden,
quando ele pecou: morreu espiritualmente. Deus o avisara
que no dia em que pecasse certamente morreria (Gn.2:17),
e isto aconteceu; Adão não morreu fisicamente naquele dia,
mas espiritualmente. Como está escrito: “porque o salário
do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a
vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.” (Rm.6:23).
Só que Adão não “morreu” sozinho, ele levou toda
a descendência junto, pois na criação Deus estabeleceu
um princípio: “e cada um reproduza segundo a sua
espécie”. Encontramos uma afirmação clara desta
conseqüência na Bíblia: “Portanto, assim como por um
só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a
morte, assim também a morte passou a todos os
homens, porque todos pecaram.” (Rm.5:12). Toda
humanidade colheu e ainda colhe o fruto do pecado
original. Já nascemos em pecado (Sl.51:5) e como
conseqüência, mortos espiritualmente.
Quando a Bíblia fala de morte, não fala de fim de
existência, mas de separação. A morte espiritual, portanto,
significa estar separado de Deus; foi o que o pecado gerou
entre nós e Deus – separação. As Escrituras dão
testemunho disto também: “Mas as vossas iniqüidades
fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos
pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não
ouça” (Is.59:2). Deus é santo e não pode ter comunhão
com o pecado; é como água e óleo: não se misturam. A
santidade de Deus não pode aceitar a presença do pecado,
e quando o homem passou a estar em pecado,
automaticamente afastou-se de Deus. Uma grande parede
divisória levantou-se. Mas a crucificação de Jesus Cristo
aconteceu justamente para que esta parede fosse
derrubada!
O apóstolo Paulo escreveu sobre isto aos coríntios.
Ele falava muito sobre a cruz de Cristo, e explicou o que lá
ocorreu do ponto de vista de Deus:
“E, assim, se alguém está em Cristo, é nova
criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se
fizeram novas. Ora, tudo provém de Deus, que nos
reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu
o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava
em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando
aos homens as suas transgressões, e nos confiou a
palavra da reconciliação.”
II Coríntios 5:17-19
Naquele momento de dor e morte, Jesus fazia algo
por mim e por você. O texto diz que Deus estava em Cristo,
RECONCILIANDO consigo o mundo! Ou seja, aquela
parede do pecado, a inimizade e separação gerada por ele
estava sendo removida para que pudéssemos ter acesso a
Deus novamente. Ali ocorria o perdão, quando ele não nos
imputava as transgressões, mas as removia. É por isso que
hoje pregamos esta reconciliação:
“De sorte que somos embaixadores em nome de
Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio.
Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis
com Deus. Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado
por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus.”
II Coríntios 5:20,21
Somente por meio da cruz de Cristo alguém pode
receber perdão dos seus pecados e achegar-se a Deus. Este
é o outro lado da crucificação. Reconciliação. E mais:
Dívida paga, o que chamamos de justificação.
DÍVIDA PAGA
A entrada do pecado deixou uma dívida alta. O
salário do pecado é a morte. Isto não significava apenas
que a recompensa do pecado era a morte, no sentido de
conseqüência, mas também de punição. No livro do
profeta Ezequiel está escrito: “a alma que pecar, essa
morrerá” (Ez.18:4). O homem teria que pagar pelo seu
pecado morrendo. Só a morte teria este poder, contudo,
se o homem morresse pelo seu próprio pecado, poderia
resolver as coisas aqui na terra, mas seu espírito iria para
a perdição eterna, pois ao morrer por si mesmo em
pecado, seria automaticamente lançado no inferno, pois
estava espiritualmente morto, separado de Deus! O fato é
que não havia nada que pudesse ser feito, como bem relata
o livro dos Salmos:
“Ao irmão, verdadeiramente, ninguém o pode
remir, nem pagar por ele a Deus o seu resgate (Pois a
redenção da alma deles é caríssima, e cessará a tentativa
para sempre), para que continue a viver perpetuamente
e não veja a cova”
Salmo 49:7-9
Ninguém poderia resolver nem o seu próprio
problema, nem o de nenhum outro. E Deus não poderia
simplesmente “perdoar-nos” fazendo vista grossa aos
nossos pecados, pois Ele é justo e o pecado não poderia
ficar sem punição; a dívida tinha que ser paga! Mas é claro,
nenhum ser humano poderia pagá-la, pois para enfrentar a
morte sem ser aprisionado por ela, tal homem teria que
57
reprodução proibida
ser santo, sem pecado, pois sobre o pecado a morte tem
direito, como vimos nos princípios bíblicos. E nunca houve
um homem assim. Até que Deus interferiu.
Esta é a razão de Jesus, como Deus, ter se sujeitado
a encarnar e viver como um homem:
“Visto, pois, que os filhos têm participação comum
de carne e sangue, destes também ele, igualmente,
participou, para que, por sua morte, destruísse aquele
que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse
todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à
escravidão por toda a vida.”
Hebreus 2:14,15
Jesus Cristo viveu de forma imaculada e santa todos
os seus dias e por isto a morte não tinha autoridade para
prendê-lo; e ao morrer, ele pagou a nossa dívida para com
Deus. Satisfez as exigências legais da justiça divina. E nos
libertou do medo da morte e a escravidão espiritual que a
seguiria: o inferno. A cruz é um lugar de dívida paga, como
lemos na epístola aos Colossenses:
“E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas
transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu
vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos;
tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e
que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial,
removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz”
Colossenses 2:13,14
Graças a Deus! Este escrito de dívida era de um valor
O Outro Lado da Crucificação
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Que Farei de Jesus, Chamado Cristo? www.orvalho.com
tão alto que jamais poderia ser pago. A justiça de Deus o
cobrava de nós, por isso ser ele mencionado como nos
sendo contrário, contra nós. Mas Jesus o removeu
completamente, sem nada deixar para trás, e pregou na cruz!
A dívida foi paga. O pecado que eu e você deveríamos pagar
(e não tínhamos como) Cristo pagou naquela cruz. O profeta
Isaías foi usado por Deus com muita clareza quando
centenas de anos antes da vinda de Jesus profetizou sua
morte na cruz e as conseqüências espirituais deste ato:
“Era desprezado e o mais rejeitado entre os
homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e,
como um de quem os homens escondem o rosto, era
desprezado, e dele não fizemos caso.
Certamente, ele tomou sobre si as nossas
enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o
reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas
ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído
pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz
estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.
Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas;
cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez
cair sobre ele a iniqüidade de nós todos. Ele foi oprimido
e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi
levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os
seus tosquiadores, ele não abriu a boca.”
Isaías 53:3-7
A crucificação tem dois lados. Um reflete nossa
rejeição e maldade a ponto de matar o Filho de Deus, e não
devemos mais repeti-lo continuando a rejeitar Jesus. O
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reprodução proibida
outro, é que Deus no seu mui grande amor por nós, fez
deste ato humano tão bárbaro contra seu Filho, uma forma
de nos providenciar RECONCILIAÇÃO consigo mesmo e
também a JUSTIFICAÇÃO que se dá com cada um de nós
por meio da fé no pagamento da dívida que Jesus já efetuou.
O que Cristo sofreu, foi EM NOSSO LUGAR. As
Escrituras são claras neste sentido: “Mas ele foi
traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas
nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava
sobre ele”; e ainda: “mas o Senhor fez cair sobre ele a
iniqüidade de nós todos”.
O que nos resta é agradecer a Deus e receber pela
fé esta dádiva. E encerro esta exposição bíblica,
perguntando-lhe pela última vez:
O que você fará de Jesus chamado Cristo?
O Outro Lado da Crucificação
CONCLUSÃO
Se você se recusa a agir como Pilatos e quer tomar a
decisão certa, de reconhecer Jesus como Rei e entrar num
alto nível de compromisso COM ELE, sem a omissão
provocada pela pressão contrária da maioria, mas ficando
firme, quero que faça uma oração comigo.
É importante que você saiba que a Bíblia nos ensina a
crer e confessar Jesus; ou seja, não é só ter a fé no coração,
mas devemos expressá-la com a nossa boca:
“Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor
e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os
mortos, serás salvo. Porque com o coração se crê para
justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação.”
Romanos 10:9,10
Em razão disto, convido você a expressar sua fé e
decisão por Jesus fazendo em voz alta a oração que se
segue, intitulada, “Oração de Entrega”. Porém, vale ressaltar
que confessar Jesus com a boca não é apenas fazer esta
oração em voz alta, mas o que é ainda mais importante, é
que você não se envergonhe dessa decisão e esteja sempre
falando dela aos outros. Você perceberá que à medida que
expõe os fatos bíblicos e os declara a outros, eles vão
ganhando vida em seu interior. Não se trata de convencer a
si mesmo, é muito mais que isto! É penetrar na realidade
espiritual dos fatos.
Libere agora sua fé em Deus, bem como confirme a
decisão que você já fez em seu interior fazendo esta oração:
ORAÇÃO DE ENTREGA
Senhor Jesus, neste dia reconheço que, como cada
ser humano, tenho que tomar uma decisão. E uso nesta hora
do meu poder de escolha para abrir meu coração a ti. Eu o
faço pela fé na tua Palavra que me foi exposta neste ensino
e creio que a partir de hoje serei uma nova pessoa.
Reconheço que o Senhor morreu por mim para o
perdão dos meus pecados, e ressuscitou ao terceiro dia,
vencendo a morte e o diabo e hoje está assentado à direita
de Deus, intercedendo por mim. Reconheço que em minha
vida, a partir de agora, tu és o Senhor. Decido que tu és
verdadeiramente Rei e Senhor e quero que reines na minha
vida. Te entrego todo o meu ser: meu espírito, minha alma
e meu corpo. Faze de mim, peço-te, tua habitação; vem
morar em mim enchendo o meu coração com a tua presença
por meio do Espírito Santo.
Renuncio neste dia à todo e qualquer envolvimento,
direto ou indireto com o ocultismo e os poderes das trevas,
em nome de Jesus! Clamo sobre minha vida o poder do
sangue de Jesus e a libertação completa que vem por meio
de sua morte e ressurreição. E declaro que agora pertenço
a Deus para sempre, para fazer a sua vontade.
Ajuda-me, ó Deus, a não ceder às pressões e ficar
firme em tua graça, mantendo sempre este compromisso
com o Senhor Jesus Cristo. Dá-me entendimento para
compreender a Bíblia e por meio dela crescer no
conhecimento de Ti,
em nome do Senhor Jesus Cristo,
Amém.
Oração de Entrega
Visite nosso site:
Disponibilizamos estudos bíblicos, livros on-line com
acesso gratuíto, mensagens em áudio e informações
sobre a Revista Orvalho...
Acesse e divulgue!
PALAVRAS FINAIS
A partir de hoje você é uma nova criatura em Cristo
Jesus. Tudo se fez novo. Creia nisto de todo coração,
independentemente do que estiver sentindo. Sustente esta
fé e desenvolva-a.
É importante saber que a melhor maneira de crescer
espiritualmente não é sozinho, mas juntamente com outros
que já tem vivido esta mesma experiência; portanto,
aconselho-o a procurar uma Igreja Evangélica que professe
Jesus como Senhor e Salvador e creia na Bíblia toda, como
a revelação da vontade divina aos homens. Informe-se com
quem lhe ofereceu este exemplar, e certamente esta pessoa
poderá lhe ajudar.
Que Deus o abençoe e fortaleça nesta sua decisão
que certamente foi o que de mais importante você poderia
fazer em toda sua vida. É uma decisão eterna, com uma
recompensa eterna!
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