INDICAÇÕES CIRÚRGICAS PARA CRIANÇAS COM PARALISIA CEREBRAL I. Introdução Conforme dados da Organização Mundial de Saúde – OMS, em tempos de paz, pelo menos 10% das crianças de qualquer país nascem ou adquirem impedimentos, físicos, mentais ou sensoriais, que interferirão no seu desenvolvimento1. No Brasil, o censo de 2000 já apontava para uma prevalência de cerca de 24,5 milhões de pessoas portadoras de deficiência, o que corresponde a 14,5% da população brasileira2. O desenvolvimento do sistema nervoso central (SNC) ocorre em etapas, querefletem as aquisições motoras, sensoriais e cognitivas de uma criança. Este desenvolvimento pode ser modificado em decorrência de lesões pré, peri e pós-natais, repercutindo em dificuldades nas aquisições motoras, sensoriais e cognitivas, como pode ser observado nas crianças com encefalopatia crônica não progressiva da infância, ou seja, paralisia cerebral (PC)3. Não existe um conceito suficientemente amplo ou específico sobre Paralisia Cerebral, tanto pela etiologia variada, quanto pelas manifestações clínicas múltiplas. Desta forma, o termo PC se refere a um grupo de condições crônicas que têm como denominador comum a anormalidade na coordenação de movimentos, isto é, transtorno do tônus postural e do movimento4. A cirurgia ortopédica ocupa um lugar importante no tratamento da espasticidade e tem o momento ideal de seu uso, quando os resultados são melhores e sempre coadjuvantes às outras formas de tratamento. Os objetivos vão desde procedimentos para o alívio da dor, facilitar os cuidados, aumento da capacidade funcional até melhora no padrão de deambulação5. O presente artigo tem por objetivo discorrer acerca das principais indicações cirúrgicas para crianças portadoras de Paralisia Cerebral (PC). II. Aspectos da evolução do quadro de Paralisia Cerebralem crianças não tratadas Para compreender PC, precisamos considerar que o desenvolvimento neurológico se inicia na concepção e o processo de mielinização do sistema nervoso central começa no período fetal e continua até a vida adulta, apesar de estar quase completo nos dois primeiros anos de vida, quando ocorrem cerca de 80% deste processo. As mais rápidas mudanças no grau de mielinização ocorrem nos primeiros 8meses de vida e em algumas áreas, tal processo se estende até o final do segundo ano de idade, prosseguindo até a vida adulta em outros casos, em um ritmo bastante lento4. Barraquer-Bordas6, definiu PC como a sequela de uma agressão encefálica que se caracteriza primordialmente por um transtorno persistente, porém não variável do tono, da postura e do movimento; surgindo no período que inclui a primeira infância até os dois anos de vida, e que não é somente secundária a esta lesão não evolutiva do encéfalo, mas se deve também a influência que a referida lesão exerce sobre a maturação neurológica. A maior causa da Paralisia Cerebral no nosso meio é a anóxia perinatal por um trabalho de parto anormal ou prolongado. A prematuridade entra como a segunda maior causa de Paralisia Cerebral; com menos freqüência estão as infecções pré-natais, como rubéola, toxoplasmose, citomegalovírus e as infecções pós-natais como as meningites7. Crianças com PC apresentam deficiências nas aquisições motoras, podendo apresentar deficiências sensoriais e/ou cognitivas associadas. As dificuldades nas aquisições decorrentes da lesão podem ser amenizadas, pois o SNC, mesmo lesado, é uma estrutura plástica e responsiva a estimulação ambiental. Dessa forma, devemos buscar a estimulação apropriada visando proporcionar a reorganização desse sistema3. As consequências de uma lesão no cérebro em desenvolvimento, que ocorra no período inicial e mielinização ou mesmo em etapas ainda mais precoces, como nos casos de erro de migração neuronal, podem constituir-se em diferentes tipos de alterações no movimento. O momento e a forma de ocorrência da lesão cerebral repercutem no desenvolvimento posterior da criança e por isto é importante pesquisar a etiologia da PC sempre que possível. Apesar dos recursos tecnológicos atuais, em aproximadamente 40% dos casos não se pode apontar a causa específica da PC8. III. Classificação A Paralisia Cerebral pode ser classificada de acordo com a qualidade do tônusmuscular ou de movimento, do padrão do comprometimento motor e, pela gravidade9. Aclassificação clínica da paralisia cerebral pode ser dividida em espástica (hemiplégica,diplégica e quadriplégica), discinética, atáxica, hipotônica e mista10. Dependendo da localização do corpo que foi afetado, pode ser classificado em: (1)tetraparesia, quando os quatro membros são igualmente comprometidos; (2) diparesia,quando os membros superiores apresentam melhor função que os membros inferiores; (3)hemiparesia, quando apenas um lado do corpo é acometido. A classificação por severidadedo comprometimento motor, isto é, leve, moderado ou grave, é geralmente usada emcombinação com a classificação anatômica e a clínica7. Tabela 1: Classificação da Paralisia Cerebral Espástica Diplegia Boa função manual Má função manual Assimétrica Hemiplegia Membro superior mais envolvido que o inferior Membro inferior mais envolvido que o superior Tetraplegia Discinética Predominantemente distônica Predominantemente atetóide Atáxica Ataxia simples Diplegiaatáxica Atônica Fonte: Miller. Cerebral Palsies.Em G Miller, G D Clark, The Cerebral Palsies, 1998, Butterworh-Heinemann O Sistema de Classificação da Função Motora Grossa (GMFCS) mede ashabilidades e limitações da função motora grossa, dando ênfase nas funções de sentar eandar; a distinção entre os cinco níveis são baseados no grau de independência e eficiênciada função motora e a necessidade de tecnologia assistida, incluindo dispositivos para amobilidade. O GMFCS classifica a Paralisia Cerebral em 5 níveis de aquisição motoras queocorrem em 4 fases. A primeira fase ocorre antes dos dois anos de idade, a segunda dosdois aos quatro anos, a terceira dos quatro aos seis anos e a última dos seis aos doze anos,sendo que nesta última está caracterizado o prognóstico motor final de cada nível. O nívelI será capaz de andar, correr e pular, porém com prejuízo na velocidade, coordenação eequilíbrio. O nível II andará, mas com dificuldade para correr e pular. O nível III terámarcha apenas com auxílio de um andador ou muletas. O nível IV não andará, podendo serindependente em cadeira de rodas motorizada e, por fim, o nível V será totalmentedependente, não possuindo controle de cabeça estável e necessitando de adaptação parasentar em cadeira de rodas11. As deformidades sãosecundárias ao desequilíbrio entre forças musculares noesqueleto axial em crescimento, estão frequentemente associadas com deformidade sagital significativa, e não respondem ao uso de órteses12,13. A prevalência dedeformidades da coluna nos pacientes com PC, na literatura,varia entre 10% nos pacientes deambuladores com hemiplegia a 60% a 70% nos quadriplégicos. Em pacientesdeambuladores, a progressão da deformidade podecomprometer a capacidade de marcha e, em nãodeambuladores, pode comprometer o equilíbrio para sentarpelo aumento da obliqüidade pélvica14. Éfreqüente a ocorrência deinstabilidade atlanto-axial, que é definida como a mobilidadeaumentada da coluna cervical entre a primeira e segundavértebras. Assim, indica-se a realização de radiografias dacoluna cervical, com análise por profissional experiente,nas posições de flexão, extensão e neutra a partir dos 2 anose meio, repetindo-se posteriormente, conforme necessidade15. As crianças com espasticidade tendem a desenvolver deformidades articulares porque o músculo espástico não tem crescimento normal. Flexão e rotação interna dos quadris, flexão dos joelhos e equinismo são as deformidades mais freqüentes nas crianças que adquirem marcha. Além destas, as crianças com tetraplegia espástica podem desenvolver ainda, luxação paralítica dos quadris e escoliose16. Um exame minucioso do sistema muscular precisa se feito em crianças com PC a fim de diagnosticar luxação do quadril, escoliose, pé eqüino, contraturas musculares. A redução da densidade óssea e propensão a fraturas são comuns. A observação ambulatorial da marcha da criança com PC pode ser útil no diagnóstico das deformidades ortopédicas4. IV. Luxação do Quadril O desenvolvimento do quadril é determinado pelas acões constantes da musculatura sobre essa articulação.Indivíduos portadores de paralisia cerebral (PC) nascem comquadris normais17.Entretanto, quando são submetidos aodesequilíbrio muscular gerado pela espasticidade presente nessa condição, associados à coxa valga e à anteversão femoral não corrigida, comprometem o desenvolvimento e resultam em deformidade com diferentes níveis de gravidade17,18. A incidência de subluxação e luxação do quadril naPC espástica é muito variável, entre 7% e 60%. A maiorprevalência, de 33% a 70%, entre pacientes com maior comprometimento neurológico, tetraparéticos ou GMFCS (Gross MotorFunctionClassification System) níveis III, IV, e V19,20.Dor, dificuldade para sentar, úlceras de pressão e comprometimento dahigiene perineal representam os principais problemas resultantes dessas alterações quando não tratadas21. A luxação do quadril pode causar dor intensa se não for adequadamente tratada. Além da dor, a luxação do quadril causa dificuldades na habilidade de sentar sozinho, bem como de fazer a própria higiene perineal e também contribui para a escoliose. A articulação do quadril, que é normal ao nascimento, pode também ficar subluxada e levar ao aumento da anteversão femoral. Estima-se que as articulações do quadril podem subluxar 5.5% por ano se não tratadas. A presença de displasia da articulação do quadril pode ser vista ao verificar-se a assimetria da pele na região glútea e pelas manobras de Barlow e Ortolani nas crianças mais jovens. Ecografias dos quadris rotineiras são recomendáveis para diagnosticar subluxação. O problema de posicionar e subseqüentemente a dificuldade em medir o ângulo acetabular em diferentes planos fazem da radiografia uma modalidade menos eficaz de diagnóstico. Contratura com adução em um quadril e contratura com abdução no outro parecem ser verificadas em pacientes com PC espástica mais grave4. A finalidade dos tratamentos é obter um quadril indolor,o qual permita arco de movimento adequado e proporcione melhor posicionamento e capacidade de sentar, bemcomo higiene e cuidados gerais22,23.Os resultados dos diversos tratamentos, incruentos ou cirúrgicos, estão diretamentevinculados às qualidades da superfície articular, da cartilagem do acetábulo e da cabeça femoral24. Logo, pacientes maisjovens se beneficiam mais de procedimentos incruentos e de reconstrução. Por outro lado, quadris cronicamente subluxados ou luxados podem necessitar de cirurgias de salvamento como ressecção da cabeça femoral, artroplastias, osteotomias e artrodese25,26. Assim as cirurgias com finalidade funcional deambulatóriadevem ser realizadas em criançascom GMFCS I e II enquanto que as cirurgiascom finalidade de alívio da dor são realizadasnos níveis IV e V do GMFCS.27 Sabemos quecrianças com GMFCS V tem 65% de chancesde desenvolveram luxação dos quadris. As cirurgias devem ser realizadas no regimede “single-eventmultilevelsurgery – SEMLS” ouseja, cirurgia realizada em um único tempo e emmúltiplos níveis; 27,28 envolvendo osteotomiasderrotativas combinadas com alongamentos etransferências tendinosas em quadris, joelhose tornozelos no mesmo ato operatório. Elasestão indicadas nas deformidades fixas que impliquemem: interrupção do progresso motor,dor, intolerância ao uso das órteses, ou dificuldadesnos cuidados,29 com objetivo de melhorara função prevenir deformidades diminuir ador decorrente da luxação ou sub-luxação dosquadris, prevenir o aparecimento de ulceras depressão, melhorar o posicionamento, melhorara cosmética e condições de higiene e facilitar ouso de órteses. Artroplastia total e parcial do quadril Souza e col.39 encontraram apenas um estudo avaliando o uso de artroplastia parcial comotécnica de cirurgia de salvamento do quadril em PC.Gabos e col.31,em 1999, usaram o componente umeral da prótese de ombro após ressecção da extremidade proximal do fêmur.Foram avaliados, durante um período médio de quatro anose nove meses, 11 pacientes não deambuladores com paralisia cerebral tetraparética e idade média de 17 anos. Critériosde dor e melhoria da higiene perineal foram avaliados pormeio de questionário aplicado por telefone. Em apenas um caso a evolução não foi favorável e mantiveram-se dificuldadede higiene e dor no quadril. Souza e col.30 também notaram que a ATQ em paralisia cerebral é frequentemente indicada em pacientes mais velhos e esqueleticamentemaduros31,32. Esses, visto a idade mais avançada, apresentam em sua maioria quadros menos graves quando se leva em consideração a espasticidade e o déficit cognitivo e motor. Corrobora essa observação a tendência de pacientes mais graves falecerem mais rapidamente24. Assim, o sucesso da ATQaparenta ser diretamente proporcional, entre outros fatores, àgravidade do quadro clínico da PC. Artrodese Souza e col.30 encontraram a penas um dos estudos que utilizou a artrodese do quadril como opção de cirurgia de salvamento. Fucset al.34 avaliaram a evolução (seguimento médio de cinco anos e três meses) de14 pacientes submetidos à artrodese unilateral. Essa amostra foi composta por quatro diplégicos, oito quadriplégicose dois com padrão misto (diplegia e discenesia), com idademédia de 15 anos e cinco meses. Funcionalmente eram quatrodeambuladores, apenas um domiciliar, três pacientes sentadores e sete em condição acamada permanente. Todos osindivíduos apresentavam queixa de dor grave unilateral doquadril.A avaliação funcional pós-operatória demonstrou ausênciada dor e melhor posicionamento (flexão-abdução) em todosos indivíduos. Entre os pacientes acamados, cinco se tornaram capazes de permanecer sentados e entre os pacientessentadores dois passaram a deambular. Apesar dos resultadosobtidos, limites e contraindicações dessa técnica incluem quadril contralateral em risco ou já comprometido e a presençade deformidade da coluna vertebral. Osteotomiavalgizante proximal do fêmur Em relação às osteotomiasvalgizantes proximais do fêmur, Souza e col.30 encontraram dois trabalhos, nos quais foi aplicada a osteotomia de Schanz32,33.e outro em que foi usada a técnica descrita por McHale37,38. Os pacientes eram PC quadriplégicos espásticos, com idademédia de 13,5 e 21 anos, nos grupo submetidos à cirurgiade McHale e Schanz, respectivamente. Feito um seguimentomédio mínimo de 69 meses.Dentre os critérios avaliados,ambos os autores descreveram melhoria da dor em mais de80% dos pacientes, porém com persistência do quadro álgicoemvariac¸ão de 7,3%13a 15,3%37. Ambas as técnicas resultaram em melhoria da funçãodo quadril e possibilitaram cuidados de higiene melhores,porém somente no grupo submetido à cirurgia de McHale foiquantificado, em graus, o ganho de mobilidade: 90◦ou maisde flexão conseguida em 76,9% dos pacientes e pelo menos35◦de abdução em 69,2%. Complicações como ossificaçãoheterotópica, falha no implante, infecção pós-operatória epersistência da dor ocorreram, porém com número mínimo de casos35,37.Schejbalova et al. justificaram a escolha de seu procedimento, osteotomiavalgizante de Schanz, como menos invasivo, em relação a outros métodos de cirurgia no fêmurproximal, e que deveria ser usado em crianças mais velhascom quadris deslocados nas quais a cirurgia de reconstruçãonão é mais indicada. Mostra-se, portanto, como uma opçãopara pacientes com quadriplegia grave em relação à técnica de ressecção da extremidade proximal do fêmur35. Ressecção da extremidade proximal do fêmur A técnica mais difundida de ressecção da extremidade proximal do fêmur como cirurgia de salvamento do quadril emPC foi descrita em 1978 por Castle e Schineider39. Consisteem uma artoplastia de interposição, isto é, uma osteotomiasubtrocantérica, que retira o colo e a cabeça do fêmur,comprometida pela degeneração cartilaginosa, e interpõe amusculatura do quadríceps entre o coto e o acetábulo. Existem divergências quanto o manejo pós-operatório dospacientes submetidos à cirurgia de Castle. As medidas adotadas visam principalmente a evitar a ascensão do coto femorale, portanto, a recidiva do quadro álgico39.Para isso métodos como tração cutânea, tração esquelética, fixadores externos e imobilizações gessadas pélvicas são usados, a depender doautor, que normalmente não citam o tempo de uso dessesmétodos36,39,40. Souza e col.30 observaram que a maioria das amostras era composta porpacientes com PC espásticatetraparéticas e que eles não eramcapazes de deambular, a exemplo do estudo feito por Abu-Rajabet al.41,no qual todos os indivíduos foram classificadoscomo GMFCS nível V.Os doentes com PC submetidos à ressecção da extremidade proximal do fêmur se demonstraram mais novos quandocomparados com os submetidos à artroplastia total do quadril.A idade média foi de 17,6 anos e de 38,1 anos, respectivamente.Os mesmos indivíduos são semelhantes quanto ao quadro clínico àqueles submetidos à ostetomiasvalgizantes e ambosos grupos diferem novamente dos submetidos à ATQ que sãomuitas vezes deambuladores e com melhor nível funcional.Os resultados pós-operatórios obtidos com essa técnica sãosatisfatórios em todos os estudos selecionados. Em relação à função e à higiene do períneo, também foidemonstrado que esse tratamento cirúrgico gera melhoria doarco de movimento e consequentemente do cuidado perineal. A avaliação da higiene perineal foi encontrada em todos osestudos, com melhoria de 62%16a 100%41,42,após se avaliara facilidade de limpeza perineal depois do procedimento43,44. Souza e col.30 encontraram como complicações inerentes a esse procedimento consistiramem ascensão do coto do femoral, recidiva da dor ou ausência de melhoria e ossificação heterotópica. Apenas um autorpreconizou radioterapia (RT) com 700 cGy para prevenção de ossificação heterotópica e obteve, conforme a classificaçãode Brooker, médias de 2,7 em pacientes sem RT e 0,8 naqueles submetidos a RT43. V. Escoliose A escoliose é outra deformidade ortopédica comum verificada em crianças e adolescentes com PC. A incidência de escoliose aumenta com a idade e diminui com a marcha. A escoliose geralmente inicia-se aos 10 anos e progride rapidamente, continuando após a maturação do esqueleto. A escoliose grave ocorre principalmente nos pacientes que têm envolvimento total do corpo ou acamados. Se diagnosticada precocemente, pode ser tratada e pode ajudar na prevenção de outras deformidades4. A principal deformidade do tronco é aescoliose de curva longa, com ou semobliqüidade pélvica45. As escolioses geralmentesão progressivas, causam graves deformidadesde tronco e surgem principalmente nos pacientestetraparéticos e não deambuladores.Quanto maior o envolvimento neuromusculare menor a idade de início, maior será a prevalênciae a gravidade da deformidade vertebral. A etiologiapode ser variada, mas todos os pacientes têmenvolvimento de múltiplos sistemas e necessitamde tratamento multidisciplinar46,47. O tratamento cirúrgico está indicado,em geral, nas curvas acima de 40 graus empacientes na fase de crescimento, que apresentamprogressão da curva e deterioração funcional48,49. A cuidadosa avaliação pré-operatóriaé de fundamental importância. Os estadosgerais, nutricionais e respiratórios, devemestar adequados. A avaliação préoperatória dafunção pulmonar é essencial, pois esta éfreqüentemente diminuída e a assistência ventilatóriapós-operatória pode ser necessária.Acirurgia é de grande porte e o sangramento porvezes é abundante, podendo ultrapassar o volumetotal circulante do paciente e a transfusão tem sido sempre necessária.A técnica cirúrgica utilizada é a artrodesevertebral por via posterior ou dupla-via, dependendodo grau de flexibilidade das curvas ouda redutibilidade da obliqüidade pélvica. Nascurvas flexíveis que possuem redutibilidade dabacia no filme em tração, é indicada a artrodesevertebral por via posterior somente, utilizando-se o instrumental de Luque pela técnica deGalveston50,51. Naquelas rígidas ou quenão apresentam redução da obliqüidade pélvicano filme em tração, está indicada a artrodesevertebral por dupla-via, ou seja, discectomiapor via anterior, mais artrodese e instrumentação por via posterior52, desde que ascondições gerais do paciente permitam taisprocedimentos53,54. Os pacientes com os vários tipos de deformidade vertebralparalítica, mesmo com flexibilidade limitada, se beneficiam daartrodese vertebral com instrumental de segunda geração,particularmente nos cuidados de enfermagem, função respiratória e alimentação55. França e col. Encontraram em série retrospectiva, o tratamento da escoliose nospacientes com paralisia cerebral por meio de instrumentaçãolonga estendida à pelve (Luque-Galveston) que foi associado aresultados satisfatórios, com boa correção e estabilidadeda curva e da obliqüidade pélvica e com poucascomplicações se comparados aos relatos da literatura. Ainsuficiência do arco posterior como ocorre na espondilólisee espondilolistese ístmicas pode ser uma contra indicaçãopara a utilização do método56. VI. Pé Equino O pé eqüino é a deformidade mais comum que requer tratamentobno paciente com paralisia cerebral. Foi estimado que 20%a 25% de todos os pacientes necessitarão de algum procedimentocirúrgico para este tipo de deformidade57. O tratamento cirúrgico está indicado nos pacientes em quea abordagem não cirúrgica falhou e nas deformidades fixas nãoredutíveis na dorsiflexão passiva do tornozelo. Deve-se considerarsempre a idade na qual o procedimento está sendo indicado, poisas recidivas são mais frequentes nos pacientes abaixo dos quatro anos de idade58,59. Várias técnicas cirúrgicas foram descritascomo a neurectomia dos músculos gastrocnêmios e/ou sóleo;alongamento isolado dos gastrocnêmios; ressecção das origensdos gastrocnêmios; alongamentos do tendão calcâneo e a suatranslocação para anterior no calcâneo. Todas foram criadascom o intuito de reduzir o reflexo do estiramento exacerbado ealongar o músculo, entretanto, todas enfraquecem o músculo.Os alongamentos do tendão calcâneo aumentam a excursão doconjunto gastrocnêmio-sóleo, logo o objetivo principal é evitaralongá-lo em demasia e diminuir a taxa de recidiva60. Tenotomias são indicadas para liberaçãode tendões de músculos gravemente espásticos;elas podem ser realizadas em pacientessem movimentos voluntários; tem resultadospobres e são mais indicadas em nível de adutoresde coxa. Alongamentos de tendões sãorealizados para enfraquecer músculos espásticose posicionar articulações em ângulos omais natural possível. Transferências de tendõessão empregadas para aqueles músculosque mantém alguma função residual e podemproduzir movimentos úteis. Alongamentos etransferências tendíneas são muito úteis se estãopreservados os movimentos voluntários61. Estes procedimentos são mais freqüentes nasextremidades inferiores e tendem a melhorar odesenvolvimento da marcha.Músculos espásticos não tratados levam adeformidades ósseas e alterações nos mecanismosarticulares. Nestes casos as osteotomiaspodem, eventualmente, estar indicadas; emoutros casos a fusão articular, artrodese, podeestar indicada no sentido de colocar as articulaçõesem posição ótima27. Uma análise de marcha ea avaliação global de uma criança espástica sãoparticularmente importantes quando se discutemas técnicas cirúrgicas de transferência detendão. Quando a espasticidade ocorre em umgrupo de músculos, a articulação responderádisparando uma flexão através da musculaturamais ativa. Pela técnica de transferência de tendão,o cirurgião pode realocar a hiperatividadeisolada de um músculo espástico para onde elepoderá atuar como um antagonista de outromúsculo espástico do mesmo grupo, reequilibrandoa articulação apesar da espasticidade27. Associado ao eqüino, pode ocorrer desvioslaterais do pé, como o eqüinovalgo e oeqüinovaro. No tratamento do pé eqüinovaro,devemos analisar a musculatura envolvida quena paralisia cerebral pode ser o tibial posteriore, eventualmente, o tibial anterior. Nos pacientescom lesão encefálica adquirida, muitasvezes, o tibial anterior é o mais comprometido5. VII. Membros Superiores Os pacientes que apresentam flexão do punhoe que abrem e fecham a mão, mesmo quandoo punho é corrigido passivamente, sãocanditatos ao alongamento dos flexores do punhoassociado ao reforço dos extensores. Nessescasos, várias técnicas podem ser utilizadascomo, por exemplo: alongamento do flexor ulnardo carpo associado à transposição do pronadorredondo para extensores radiais, transposição doflexor ulnar para extensores radiais do carpo62. Nos casos que apresentam hiperatividade dosflexores de punho e dedos, em que a correçãopassiva agrava a deformidade, a indicação é dealongamento dos músculos flexores superficiaise profundos dos dedos, flexores do punho, flexorlongo do polegar e pronador redondo.Nas deformidades mais graves, a artrodesedo punho com ressecção da fileira proximal docarpo, associada aos alongamentos quando necessário,é uma boa opção5. Na deformidade em adução do polegar, é indicadoo alongamento ou a tenotomia do adutordo polegar, do 1o interósseo dorsal e do flexorlongo do polegar. A artrodese trapéziometacarpeanae metacarpo-falangeana pode sernecessária em alguns casos, bem como azetaplastia da 1a comissura50,63. A flexão do cotovelo freqüentemente estáassociada a outras deformidades. Nos casosde flexão grave (fixa acima de 60 graus oudinâmica acima de 90 graus), o tratamentocirúrgico é realizado por meio do alongamentodos flexores do cotovelo (bíceps e braquial),associado ou não à capsulotomia anterior.Esta cirurgia produz resultados predominantementeestéticos e isto deve ser discutidocom o paciente5. Referências Bibliográficas 1. OMS - Organização Mundial da Saúde – Programa de ação Mundial para as Pessoas com Deficiência – Resolução 37/52 de 03 de dezembro de 1982 – Assembléia Geral das Nações Unidas. 2. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2002. Censo demográfico 2000, Rio de Janeiro. 3. SÁ, CSC; SANTOS, FH; XAVIER, GF. Mudanças motoras, sensoriais e cognitivas em crianças com paralisia cerebral espasticadiparetica submetidas a intervenção físioterapêutica pelas abordagens Kabat ou Bobath. Revista Fisiot. USP. Jan-Jun 2004; 11(1); 56-65. 4. CÂNDIDO, AMDM. Paralisia Cerebral: Abordagem Para O Pediatra Geral E Manejo Multidisciplinar. 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