A RTIGO ORIGINAL Paralisia cerebral grave – tratamento multidisciplinar Severe cerebral palsy - multidisciplinary treatment Adrián Spátola1 Data de recebimento: 13/08/2010 Data da aprovação: 10/02/2011 Resumo Abstract O objetivo do presente trabalho é a apresentação dos diferentes tipos de tratamentos integrais em uma criança com paralisia cerebral grave e retraso psicomotor severo de sexo masculino, de quatro anos de idade. Ingressa ao consultório aos 20 meses de idade com diagnóstico de paralisia cerebral, quadriplegia espástica, retraso psicomotor grave, epilepsia, agenesia do corpo caloso e luxação bilateral de quadris. Ingressa a programa de tratamento integral com os seguintes objetivos gerais prevenção de posturas viciosas, estimulação sensório-motriz e de praxias oro-faciais, confecção de adaptações em sua casa e treinamento a sua família para o manejo básico da criança. The objective of this report is the presentation of different types of integrated treatments in a child with cerebral palsy and severe psychomotor delay, male, 4 years old. Entered the clinic at 20 months of age with cerebral palsy, spastic quadriplegia, severe psychomotor delay, epilepsy, agenesis of corpus callosum and bilateral hip dislocation. Joins the full treatment program with the following general objectives of preventing bad posture, sensory stimulation activities and orofacial praxis, making adjustments in their home and training to his family for the management basic of the child. Palavras-chave: Paralisia cerebral, Assistência centrada ao paciente, Família, Estimulação física, Desempenho psicomotor Key words: Cerebral palsy, Patientcentered care, Family, Physical stimulation, Psychomotor performance Introdução 1. Médico Especialista em Medicina Física e Reabilitação Med Reabil 2011; 30(1); 7-8 A paralisia cerebral (P.C) é a união de diferentes síndromes caracterizados por desordens do movimento e postura causados por danos não progressivos acontecidos num cérebro imaturo antes dos cinco anos de idade(1-3). A característica distintiva desta síndrome é o cambio de tono muscular e da postura no repouso ou com a atividade voluntaria. A definição da paralisia cerebral implica que o processo patológico não é progressivo, acontecendo em nas etapas precoces de formação e maduração. A paralisia cerebral origina um transtorno motor persistente já que o quadro clínico das crianças com P.C não evoluciona, podendo apare- cer com o transcurso dos meses e anos signos clínicos que não eram evidentes nos primeiros estádios e que podem dar uma falsa imagem de progressividade. A P.C é uma das principais causas de incapacidades em crianças sendo um dos principais motivos de consulta, atenção e tratamento em crianças que ingressam ao consultório(4-6). O objetivo do presente trabalho é a apresentação de um plano de tratamento multidisciplinário e integral de uma criança com paralisia cerebral grave e transtorno psicomotor severo(7-10). Caso clínico Paciente de sexo masculino de 4 7 Spátola A anos de idade portador dos seguintes antecedentes: pre-natais (mãe de 44 anos de idade), perinatais (cesariana por aspiração de mecônio) e pós-natais (convulsões tônico-clônicas). Ingressa ao consultório aos 20 meses de idade com diagnóstico de paralisia cerebral, quadriplegia espástica, retraso psicomotor grave, epilepsia, agenesia do corpo caloso e luxação bilateral de quadris. No exame físico de ingresso apresentava os seguintes dados positivos: · Conexão com o meio ambiente, seguimento e fixação ocular, sorriso social. · Na posição supina apresenta nos membros superiores flexão dos cotovelos e pulsos com os punhos fechados os que mobiliza em forma ativa sem completar arcos de movimento; membros inferiores em extensão, adução e rotação interna de quadris com limitação para abdução, joelhos em extensão com pés equinos parcialmente redutivos. · Hiperreflexia osteotendinosa nos quatro membros e hipertonia generalizada. · Na posição sedente ausência de controle cefálico e de tronco com reações de defensa negativas. · Coluna vertebral em eixo. · Incontinência esfincteriana · Babeio persistente, alimentação com semi-sólidos. Devido à severidade do quadro o paciente ingressa ao plano de tratamento baseado em controles semanais e instruções para a família em uns serviços de terapia física, terapia ocupacional, fonoaudiologia, psicologia, com controles médicos mensuais de fisiatria e trimestrais de neurologia e ortopedia com os seguintes objetivos terapêuticos: estimulação sensorimotriz, prevenção de posturas viciosas mediante mobilizações articulares e uso de férulas termoplásticas para os membros inferiores, prescrição de cadeira de rodas, tábua de bipedestação terapêutica e moveis adaptados em sua casa, estimulação de praxias oro-faciais, da linguagem, alimentação e exercícios respiratórios. Conclusões O tratamento das crianças com paralisia cerebral grave implica um enfoque multi-disciplinar procurando mantê-la nas melhores condições gerais enquanto a nutrição, higiene e alinhamento corporal evitando complicações secundárias. È de vital importância o apoio da família para manter um bom nível de motivação que permita cuidados e aceitação dentro do grupo familiar. Referências Bibliográficas 1. Bobath K, Kong E. Trastornos cerebromotores en el niño. Buenos Aires: Panamericana; 1986. 2. Fejerman N, Fernández Alvarez E. Neurología pediátrica. 2ª ed. Buenos Aires: Panamericana; 1997. 3. Dargassies SA. Desarrollo neurológico del recién nacido de término y prematuro. Buenos Aires: Panamericana; 1977. 4. Bobath K. Actividad postural refleja anormal causada por lesiones cerebrales. 3ª ed. Buenos Aires: Panamericana; 1987. 5. Defontaine J. Manual de reeducación psicomotriz primer año. Barcelona: Editorial Médica y Técnica SA; 1978. 6. Amiel-Tison CY, Grenier A. Vigilancia neurológica durante el primer año de vida. Barcelona: Masson; 1988. 7. Cairo Antelo FJ, Blanco Villaverde RF, Diaz Garcia A, Parguiña Fernandez G, Gomez Fernandez B. La atención temprana en el contexto de la rehabilitación infantil. Rehabilitación( Madrid). 1997; 31:472-6. 8. Cairo Antelo FJ, Blanco Villaverde RF. Ambito de la atención temprana. Factores de riesgo. Rehabilitación (Madrid). 1997; 31:477-80. 9. Menéndez Osorio F. Interdisciplinariedad y multidisciplinariedad en el modelo de trabajo comunitario y en equipo, en la atención temprana. Rehabilitación (Madrid). 1997; 31:499-503. 10. Parguiña Fernández G. Desarrollo afectivo. Procesos afectivos como elementos decisivos en el desarrollo del niño. Rehabilitación (Madrid). 1997; 31:488-91. Instituição onde o trabalho foi realizado: Consultório particular de Medicina Física e Reabilitação. Mar del Plata. Argentina. Endereço para correspondência: Dr. Adrián Spátola – Rawson 2548 – (54)2234917839 - Mar del Plata – Argentina - adrianspatola@ intramed.net 8 Med Reabil 2011; 30(1); 7-8