Unidade demonstrativa de uso de extratos de plantas inseticidas no controle de insetos-pragas na cultura do tomate e couve Rafaela Morando1; Luciana Cláudia toscano2; Renato Franco Oliveira de Moraes2 1 Estudante do Curso de Agronomia da UEMS, Unidade Universitária de Cassilândia; E-mail: [email protected] 2 Professor(a) do curso de Agronomia da UEMS, Unidade Universitária de Cassilândia; Email: [email protected] 2 Estudante do curso de Agronomia da UEMS, Unidade Universitária de Cassilândia; E-mail: [email protected] Área temática: Meio ambiente Resumo Dentre os produtos menos tóxicos, incluem-se os extratos de plantas de diversas famílias botânicas, destacando-se, entre estas, as meliáceas. Na condução da unidade demonstrativa, foram preparadas mudas de tomate e couve, em seguida, sendo transplantadas para o campo, sendo esta devidamente atacada por formigas, levando total destruição da cultura, desta forma realizou-se uma nova semeadura da couve, onde atualmente encontramse nos canteiros, mas devido o atraso do transplantio foi possível realizar somente uma pulverização com extrato de nim. Foram preparados extratos de primavera e nim, para estar utilizando-os como forma de controle preventivo. Avaliou-se a eficácia dos extratos de primavera somente sob a cultura de tomate, pois relatou-se que o inseticida natural controla realmente a principal praga tripes que transmite o vírus do “vira-cabeça” do tomateiro, visto que no 2 primeiros meses foi observado uma incidência relativamente pequena, aumentando apartir do 3º mês do desenvolvimento da cultura, observou-se um aumento do inseto-praga tanto na na área não tratada, como na área tratada com extrato, ou seja, conforme o desenvolvimento da cultura foi aumentando relativamente à incidência da praga. Conclui-se que o extrato de primavera é uma alternativa viável, de fácil preparo e de boa aceitação pelos horticultores locais para controlar insetos-praga. Introdução O uso de plantas com propriedades inseticidas é uma prática muito antiga (GALLO et al., 2002). De acordo com Roel (2001), o emprego de substâncias extraídas de plantas silvestres, com atividade inseticida, têm inúmeras vantagens quando comparado ao emprego de sintéticos: os inseticidas naturais são obtidos de recursos renováveis e são rapidamente 1 degradáveis, isto é, não persistem no ambiente; o desenvolvimento da resistência dos insetos a essas substâncias é um processo lento; esses pesticidas são de fácil acesso e obtenção por agricultores, têm baixo custo e não deixam resíduos em alimentos, sendo a horta o local propício para sua utilização por ser de pequena área. Dentre os produtos menos tóxicos, incluem-se os extratos de plantas de diversas famílias botânicas, destacando-se, entre estas, as meliáceas (SOUZA e VENDRAMIM 2000b, 2001). A extensão teve como objetivo: a) Implantação de uma unidade demonstrativa utilizando somente extratos vegetais no controle de insetos-praga na cultura do tomateiro e couve, demonstrando a condução e produtividade das culturas neste sistema; b) Acompanhamento quinzenal em duas hortas com características de baixo uso de produtos químicos. Palavras-chave: Inseticida natural. Olerícolas. Tripes. Material e Métodos A unidade demonstrativa foi realizada na UEMS/UUC. No dia 12/03/10 foram semeadas as culturas de tomate em copos plásticos e a couve, em uma “bandeja de isopor”. Contendo nos dois recipientes subtrasto (Plantimax®). Após 27 dias da semeadura, realizou-se o transplantio das mudas que encontravam-se em pleno desenvolvimento. Após 3 dias do transplantio das mudas, as couve foram atacadas por formigas, ocorreu a destruição total das mudas. Sendo assim, realizou-se novamente uma semeadura da cultura no dia 12/04/10, aos 20 dias quando as mudas encontravam-se em desenvolvimento, acabaram morrendo, devido ao excesso de água. Assim, no dia 22/05 pela 3ª vez foi realizada outra semeadura, para instalação da unidade demonstrativa da couve. Foi realizado no dia 17/05 uma adubação na área contendo 3kg de SS e 300g de Uréia. Após uma semana, realizou-se novamente o replantio das mudas de couve para o canteiro. A adubação de cobertura foi dividida em duas aplicações 30-60 dias, assim, realizou-se a adubação de cobertura na cultura de tomate aos 60 e aos 90 dias após plantio. Posteriormente, realizou-se o estaqueamento da cultura de tomate. Foram preparados os extratos de plantas inseticidas como o nim (Azadirachta indica), primavera (Bouganvillea glabra), as folhas destas plantas foram coletadas, expostas ao sol para secagem e após este processo foram trituradas com auxílio de um moinho de facas, transformando-as em pó bem fino, adicionadando-as em diferentes solventes, para o controle de insetos pragas. Com extrato de primavera realizou-se pulverizações semanalmente na 2 cultura do tomate, apartir do dia 07/05/10, totalizando 10 aplicações, como forma de controle preventivo dos principais insetos-praga nas plantas recém transplantadas. Público-alvo: Horticultores Resultados e Discussão Durante os 6 primeiros meses da realização do projeto, com a implantação da unidade demonstrativa na UUC/UEMS, pode estar acompanhando semanalmente o desenvolvimento da cultura de tomate, após sucessivas aplicações com extrato de primavera. Com as aplicações iniciais do extrato na cultura, pode estar controlando a incidência de tripes nos 2 primeiros meses. Pode-se observar uma maior incidência da praga na área sem aplicação do extrato, em relação à área pulverizada com extrato. Obtendo um aumento de 30% da praga na área em que não pulverizou-se o extrato, em relação a tratada (Figura 18). No 3º mês observou-se um aumento do inseto-praga tanto na área não tratada, como na área tratada com extrato, ou seja, conforme o desenvolvimento da cultura foi aumentando relativamente à incidência da praga. Na área não tratada observou-se um aumento de 30% em relação aos 2 primeiros meses, já para área tratada relatou-se um aumento de 20% (Figura 2). FIGURA 1. Porcentagem de incidência de tripes no tomateiro sem aplicação e com aplicação aos 60 DAT. FIGURA 2. Porcentagem de incidência de tripes no tomateiro em relação as plantas não tratadas e tratadas aos 90 DAT. Conforme o desenvolvimento da cultura verificou-se a incidência de tripes em acréscimo na área não tratada, em relação à área tratada. Com a elevada infestação de tripes, relatou-se a transmissão do vírus “vira-cabeça”. Pois, na presente cultura verificaram-se plantas necrosadas e uma redução na produtividade. Já na área tratada à infestação de tripes 3 foi baixa, não chegando a transmitir o vírus “vira-cabeça (Figura 3). Assim, mostra-se a eficácia que o inseticida natural tem sobre o controle preventivo deste inseto-praga. A B FIGURA 20. Aspecto visual da planta de vitrine não tratada (A) e planta tratada (B). Atualmente, a cultura de couve encontra-se em campo. Houve a necessidade de realizar o plantio novamente, pois as mudas ainda na bandeja morreram por encharcamento, devido o excesso de irrigação e as transplantadas foram destruídas por formigas. Desta forma atrasou-se o plantio da cultura de couve em campo, sendo possível estar realizando somente uma pulverização com inseticida natural, assim, não podendo avaliar a eficácia do extrato de nim sob diversos insetos-praga de maior relevância na cultura. Com todo o conhecimento adquirido, pode estar sendo transmitido para os horticultores de duas hortas, onde são os que mais interessam e utilizam os extratos de plantas inseticidas. Todo conhecimento da bolsista foi passado por visitas quinzenais nas hortas, não podendo estar mostrando em prática a técnica pelo fato de não estarem com a cultura de tomate em campo, pois, relataram que iriam implantar a cultura posteriormente. Junto à realização destas visitas fez-se o acompanhamento das diversas olerícolas, assim, relatando o ataque de vários insetos-praga. Observou-se uma grande desfolha na cultura de berinjela devido à alta incidência de vaquinha. Outra praga encontrada foram às cochonilhas, estas se alojam principalmente na parte inferior das folhas e nas fendas, sugando a seiva da planta, assim acarretando grandes prejuízos. Além da realização das visitas nas hortas, os horticultores também foram convidados a visitarem a unidade demonstrativa na UUC/UEMS, mas relataram que por falta de tempo, ficaria difícil de estarem indo até a presente unidade. Devido este fato, a bosista com intuito de estar incentivando os horticultores, levou até eles um folheto técnico da unidade demonstrativa do tomate, neste relatou-se os resultados positivos que o extrato de primavera 4 obteve como forma de controle preventivo do tripes transmissor do vírus “vira-cabeça” do tomateiro, sendo também oferecidos extratos de primavera e nim na forma de pó, para estarem utilizando em suas diversas culturas, inclusive tomate. Também foi divulgada a forma de preparo e aplicação de extratos. Ainda, incentivando os horticultores do Município de Cassilândia e alunos, a utilizarem o controle microbiano e extratos de plantas inseticidas como forma de controle de pragas presentes em diversas olerícolas, foi realizada uma palestra no dia 03 de Julho de 2010, pelo Profº MSc Gustavo Mamoré docente da UEMS/Cassilândia, com o tema “Métodos alternativos de controle de pragas em hortaliças”. Conclusão O extrato de primavera é uma alternativa viável, de fácil preparo e de boa aceitação pelos horticultores locais para controlar insetos-praga. Agradecimentos Agradeço ao PIBEX pela bolsa cedida ao primeiro autor. Bibliografia GALLO, D; NAKANO, O; NETO, S. S; CARVALHO, R. P. L; BAPTISTA, G. C; FILHO, E. B; PARRA, J. R. P; ZUCCHI, R. A; ALVES, S. B; VENDRAMIM, J. D; MARCHINI, L. C; LOPES, J. R. S; OMOTO, C; Manual de Entomologia Agrícola. Ed Fealq: PiracicabaSP, p.920, 2002. MILANEZ, J. M.; PARRA, J. R. P. Biologia e exigências térmicas de Diabrotica speciosa (Germar) (Coleoptera: Chrysomelidae) em laboratório. Anais da Sociedade Entomológica Brasileira [online], v. 29 (1): p. 23-29, 2000. ROEL, A.R. Utilização de plantas com propriedades inseticidas: uma contribuição para o desenvolvimento rural sustentável. Rev. Internacional de Desenvolvimento Local, v.1, n.2, p.43-50, 2001. SOUZA, A.P. & VENDRAMIM, J.D. Efeito de extratos aquosos de meliáceas sobre Bemisia tabaci biótipo B em tomateiro. Bragantia, v.59, p.173-179, 2000b. . 5