Terceira Lista – Logaritmo, exponencial, regiões de C. Questão 1. Encontre os valores das seguintes expressões: ii ; (1 + i)1+i ; (−1)i ; 2i . Questão 2. Encontre o conjunto de todos os possíveis valores de ln 1; ln i; ln(−i); ln(1 + i). Questão 3. Para que valores de z temos eiz = eiz ? Questão 4. Para z = r(cos θ + isen θ), com 0 ≤ θ < 2π, para que valores de z temos √ z 2 = z? Questão 5. Para a ∈ R e z ∈ C é verdade que |z a | = |z|a ? Para que valores de z, w ∈ C vale que |z w | = |z||w| ? Questão 6. Para um ramo fixado da função logaritmo, mostre que se α, β, γ ∈ C, então αβ+γ = αβ αγ . Questão 7. Fixando-se o ramo do logaritmo em −π ≤ θ < π e tomando-se α, β ∈ C, em que condições vale a igualdade ln αβ = β ln α? Observação. Recordemos que uma função f : X ⊂ C → C é analítica em um ponto zo ∈ X se f tem derivada em todo ponto de uma vizinhança de zo , isto é, se existe δ > 0 tal que f tem derivada em todo ponto z ∈ Bδ (zo ). Temos três maneiras de verificar que uma função é analítica em um ponto zo . A mais fácil consiste calcular f 0 (z) para todo ponto de uma vizinhança de zo (mostrar que existe o valor f 0 (z)). Outra forma é verificar que as condições de Cauchy-Riemann estão verificadas em todo ponto de uma vizinhança de zo . Finalmente, a terceira forma, é verificar que f é do tipo soma de analíticas, ou combinação linear de analíticas, ou produto de analíticas, ou composta de analíticas. Questão 8. Determine os conjuntos onde as funções abaixo são analíticas e calcule suas derivadas. (Observe que nesses exercícios é trabalhoso encontrar u(x, y) e v(x, y) com f (z) = u + iv e testar as condições de Cauchy-Riemann.) 3 (a) (z + 1) ; z+1 (b) ; z (c) 1 z−1 10 ; (d) z4 + z2 − 2 ; z 2 − 3z + 2 (e) sen (z). Questão 9. Para cada uma das funções abaixo verifique se são analíticas no ponto indicado. z2 + z + 1 em z = 0; z−1 z−3 e z+1 em z = 1; 1 z+ 1 em z = 0. z Vamos a seguir recordar os conceitos de aberto e fechado no plano complexo e introduzir novas classificações de regiões que serão úteis na análise complexa. Aberto: recordemos que um subconjunto X ⊂ C é chamado de aberto se para todo zo ∈ X existe δ > 0 tal que Bδ (zo ) ⊂ X, onde Bδ (zo ) = { z ∈ C | |z − zo | < δ } é chamada de “bola” aberta de centro zo . Bδ (zo ) também é chamada de “vizinhança.” Fechado: um subconjunto Y ⊂ C é chamado de fechado, caso seu complementar C r Y seja aberto. Questão 10. Sejam U e V dois abertos de C. Mostre que U ∪ V e U ∩ V também são abertos. Mostre igualmente que se F1 e F2 são dois fechados de C, então F1 ∪ F2 e F1 ∩ F2 também são fechados. Interior: Dado um subconjunto A ⊂ C, um ponto z ∈ A é chamado de ponto interior de A se existe δ > 0 tal que Bδ (z) ⊂ A. ◦ ◦ Chamamos de interior de A ao conjunto A = { z ∈ A | z é interior de A }. A é o conjunto de todos os pontos interiores de A. As questões 1 e 2 da segunda lista tratam de abertos e fechados. Verifique quais dos conjuntos abaixo são abertos e quais são fechados. ◦ Questão 11. (a) B δ (zo ) = { z ∈ C | |z − zo | ≤ δ }; (b) X = {z = a + bi ∈ C | b 6= a2 }; (c) A. Questão 12. Mostre que o conjunto { zo } é fechado. Mostre também que o complementar de um conjunto finito { z1 , z2 , . . . , zn } é aberto. Fronteira: Dado um subconjunto A ⊂ C, um ponto z ∈ C é chamado de ponto fronteira de A se para todo δ > 0 temos Bδ (z) ∩ A 6= ∅ Bδ (z) ∩ C r A 6= ∅. e Em outras palavras, z não é interior de A nem do complementar de A. Questão 13. Encontre os pontos fronteira dos conjuntos descritos nas questões 9 e 10. 2 Questão 14. Demonstre que um subconjunto Y é fechado se e somente se contém todos os pontos fronteira. Isto é, em C r Y não há nenhum ponto fronteira de Y . Dado um subconjunto A ⊂ C vamos chamar de Front(A) ao conjunto de todos os pontos fronteira de A. Mostre que A ∪ Front(A) é fechado. Vamos resolver as questões 3 e 4 da segunda lista: Questão 3, lista 2. Seja f : X ⊂ C → C uma função contínua no aberto X 6= ∅ (é contínua em todos os pontos de X) e U um aberto de C. Vamos mostrar que f −1 (U ) = { x ∈ X | f (x) ∈ U } também é um aberto de C. Temos que demonstrar que para todo zo ∈ f −1 (U ) existe δ > 0 tal que Bδ (zo ) = { z ∈ C | |z − zo | < δ } ⊂ f −1 (U ). Da continuidade de f temos que lim f (z) = f (zo ). Isso quer dizer que dado ε > 0 existe δ > 0 z→zo tal que |z − zo | < δ implica |f (z) − f (zo )| < ε. Para zo com f (zo ) ∈ U , como U é um aberto de C, podemos escolher ε de forma que Bε (f (zo )) ⊂ X. Observe que |z − zo | < δ é o mesmo que dizer z ∈ Bδ (zo ). Portanto, dizer que |z − zo | < δ implica |f (z) − f (zo )| < ε é o mesmo que dizer que z ∈ Bδ (zo ) implica f (z) ∈ Bε (f (zo )). Mas então f (z) ∈ U , para todo z ∈ Bδ (zo ), ou então, Bδ (zo ) ⊂ f −1 (U ). Questão 4, lista 2. Supomos que para todo aberto U de C temos que f −1 (U ) também é um aberto de C. Logo, para zo ∈ X dado ε > 0, vale que f −1 (Bε (f (zo ))) é um aberto de C. Portanto existe δ > 0 tal que Bδ (zo ) ⊂ f −1 (Bε (f (zo ))). Como já vimos antes, isso é o mesmo que dizer z ∈ Bδ (zo ) implica f (z) ∈ Bε (f (zo )), ou então |z − zo | < δ implica |f (z) − f (zo )| < ε. Concluímos assim que f é contínua todo zo ∈ X. Questão 15. Use o fato de que uma função é contínua se e somente se a imagem inversa de um aberto é aberto (questões 3 e 4 da lista 2, resolvidas acima) para concluir que a composta de duas contínuas é contínua. Use também esse fato para concluir que f (z) = z é contínua. Observação. Vamos também definir continuidade entre C e R. Uma função f : X ⊂ C → R, onde X é um aberto de C, é contínua em zo ∈ X se dado ε > 0 existe um δ tal que |f (z) − f (zo )| < ε sempre que |z − zo | < δ. Observe f (z), f (zo ) são ágora números reais e que |f (z) − f (zo )| é o valor absoluto real usual. Mas z, zo são complexos e |z − zo | é o valor absoluto complexo (|z − zo | = 3 (z − zo )(z − zo )). f é contínua em X se for contínua em todos os pontos de X. Temos igualmente continuidade de funções g : Y ⊂ R → C, com Y um aberto de R. A definição é análoga: dado ε > 0 existe um δ tal que |f (r) − f (ro )| < ε sempre que |r − ro | < δ. Mas agora |r − ro | é o valor absoluto real e |f (r) − f (ro )| é o valor absoluto complexo. Aqui também g é contínua em Y se for contínua em todos os pontos de Y . Observação. Definimos um aberto da reta R, como no caso de C, dizendo que U ⊂ R é aberto se para todo r ∈ U exite δ > 0 tal que (r − δ, r + δ) ⊂ U . Uma “bola” (vizinhança) de r é o intervalo aberto (r − δ, r + δ) = { x ∈ R | |x − r| < δ }. Observe que aqui | | é o valor absoluto usual dos reais. Questão 16. Mostre que funções f : X ⊂ C → R e g : Y ⊂ R → C, como acima, são respectivamente contínuas em X e Y se e somente se tem a propriedade: “imagem inversa de um aberto é aberto.” Mostre em particular que | | : C → R é contínua. Observação. A vantagem de trabalhar com abertos é que é mais fácil verificar a propriedade “imagem inversa de um aberto é aberto” do que através do limite. Questão 17. Seja g : Y ⊂ R → C, com Y aberto, uma função contínua da reta no plano complexo. Escreva g(t) = u(t) + iv(t) para todo t ∈ R. Observe que u, v : Y → R são funções. Demonstre que g é contínua se e somente se u e v são contínuas. Compactos Um subconjunto K ⊂ C é chamado de compacto se K for fechado e limitado, isto é, K é fechado e existe M > 0 tal que |z| < M , para todo z ∈ K. Vemos então que K está contido em uma bola BM (0), de centro na origem e raio M . Questão 18. Mostre que os seguintes conjuntos são compactos. (a) B δ (zo ), para todo zo ∈ C; (b) o círculo de raio ρ > 0 e centro em zo , = { z ∈ C | |z − zo | = ρ }; (c) uma elipse = {z = x + yi | x2 y 2 + 2 = 1, a e b reais 6= 0. a2 b Observação. O interesse em conjuntos compactos deve-se a que se tivermos uma função contínua f : X ⊂ C → R e K ⊂ X for um conjunto compacto, então f atinge um mínimo e um máximo em K (não necessariamente únicos). Isto é, existem xm , xM ∈ K tais que f (xm ) ≤ f (x) ≤ f (xM ) pra 4 todo x ∈ K. Em particular se f : X ⊂ C → C for contínua e K ⊂ X for compacto, então |f (x)| terá um mínimo e um máximo em K. Conexos Um subconjunto X ⊂ C é chamado de conexo se não pode ser decomposto X = (U ∩ X) ∪ (V ∩ X), onde U e V são abertos de C, U ∩ X 6= ∅, V ∩ X 6= ∅, e (U ∩ X) ∩ (V ∩ X) = ∅. Isto é, X não pode ser quebrado em duas partes disjuntas, não vazias, e relativamente abertas. Em particular, caso X seja aberto, temos que U ∩ X e V ∩ X também são abertos. Questão 19. Mostre que um subconjunto aberto X é conexo se e somente se os únicos subconjuntos Y ⊂ X que são abetos e fechados ao mesmo tempo são ∅ e X. Convexos Um subconjunto X ⊂ C é chamado de convexo se para quaisquer dois pontos z1 , z2 ∈ X o segmento que une esses pontos está inteiramente contido em X. Como construir um segmento unindo z1 e z2 ? Seja z1 z2 = { z ∈ C | z = tz1 + (1 − t)z2 , para algum 0 ≤ t ≤ 1 }. Logo X é convexo, se z1 z2 ⊂ X, para todo par z1 , z2 ∈ X. Questão 20. Mostre que z1 z2 é de fato o segmento unido z1 e z2 , isto é, mostre que para todo 0 ≤ t ≤ 1 os pontos z1 , z2 , e z = tz1 + (1 − t)z2 estão alinhados e |z1 − z| ≤ |z1 − z2 |. Questão 21. Verifique que os seguintes subconjuntos são convexos. (a) B δ (zo ), e Bδ (zo ), para todo zo ∈ C; (b) o retângulo {z = x + yi ∈ C | −1 ≤ x ≤ 1 e 0 ≤ y ≤ 5 }; (c) o triângulo {z = x + yi ∈ C | 0 ≤ y ≤ −x − 1 e 0 ≤ x ≤ 1 }; (d) { z = x + yi | y ≥ 2x − 1 e x ≥ 0 }. Conexo por Caminho. Inicialmente definimos como caminho a uma função contínua λ : [0, 1] → C. Por exemplo λ(t) = tz1 + (1 − t)z2 é um caminho. Em geral temos que λ(t) é um caminho que liga o ponto z1 = λ(0) ao ponto z2 = λ(1), mas não é uma reta. O caminho generaliza a ideia de segmento e conexo por caminho generaliza a ideia de convexo. Um subconjunto X ⊂ C é chamado de conexo por caminho se quaisquer que sejam z1 , z2 ∈ X podem ser ligados por um caminho. Questão 22. Verifique quais dos conjuntos abaixo é conexo por caminho. Estude também 5 outras propriedades como se é aberto, fechado, compacto, conexo, etc. { z | 1 ≤ |z| ≤ 3 }; { z | Re z > −1 }; { z | Re z ≤ 2 e Im z < 3 }; { z | |z − (3 + 2i)| < 3 ou |z + (1 + i)| < 2 } 6 {z | (Re z)2 = Im z };