Análise da atividade muscular durante a marcha em indivíduos com reconstrução do ligamento cruzado anterior Castanharo, R., Duarte, M. Laboratório de Biofísica, Escola de Educação Física e Esporte, USP 1. Objetivos As lesões do ligamento cruzado anterior (LCA) ocorrem principalmente devido a um brusco movimento de anteriorização da tíbia e estão frequentemente associadas a prática de atividades esportiva. Para que um indivíduo que tenha sido submetido a uma cirurgia de reconstrução tenha capacidade de retornar às suas atividades normais, com eficiência e sem riscos de novas lesões, é necessário o entendimento dos mecanismos de adaptações musculares realizados por essas pessoas, e assim ter base para o desenvolvimento de procedimentos de reabilitação efetivos. Sabe-se que existem indivíduos que mesmo sem a reconstrução do LCA conseguem continuar em práticas esportivas de alto nível, diferindo dos que não apresentam essa capacidade pelo sinergismo de sua contração muscular [1]. Esse sinergismo se caracteriza por contração eficiente e no momento correto dos músculos isquiotibiais e tríceps sural, antagonizando uma ação do quadríceps que poderia levar a anteriorização da tíbia sem essa contração antagônica [2,3]. Este trabalho visa estudar esse sinergismo em sujeitos já submetidos à reconstrução do LCA. Além disso, pretendemos investigar possíveis assimetrias no controle do movimento nos sujeitos. 2. Material e Métodos Foi realizada uma análise da atividade muscular por meio de eletromiografia de superfície em 10 sujeitos,sendo 5 controles e 5 submetidos à reconstrução do LCA há pelo menos um ano, praticantes de atividade física atualmente. Foram captadas a atividade dos músculos vasto lateral, bíceps femoral, tibial anterior e gastrocnêmio medial, bilateralmente, durante 6 repetições de marcha com velocidade confortável auto-selecionada pelos sujeitos. Todas as variáveis foram analisadas entre o grupo controle e o grupo experimental, e dentro dos próprios grupos, comparando-se um membro inferior com o outro. 3. Resultados e Discussão As variáveis analisadas foram: - co-contração entre os músculos bíceps femoral e vasto lateral no início da fase de apoio (fase de recepção de carga); - intervalo de tempo entre a contração desses músculos no final da fase de balanço; - momento de ocorrência de seus picos de contração numa passada; Não foram encontradas diferenças entre os grupos ou assimetria entre os membros inferiores dos sujeitos em relação as variáveis citadas. Esse padrão de contração mostra que os sujeitos com lesão mantêm adequadamente a estabilidade do joelho durante a marcha, sem necessidade de co-contração muscular, e também não geram padrões de contração que levem a anteriorização da tíbia. 4. Conclusões parciais Estes resultados parciais permitem observar um adequado sinergismos muscular nos sujeitos com reconstrução do LCA, sugerindo que isto tenha importante contribuição na capacidade de continuarem a pratica atividade esportiva mesmo depois de submetidos a uma cirurgia reconstrutiva. 5. Referências Bibliográficas [1] K.S. Rudolph, M.E. Eastlack, M.J. Axe, L. Syder_Mackler, Basmajian Student Award Paper: Movement pattern after anterior cruciate ligament injury: a comparison of patients who compensate well for the injury and those who require operative stabilization. J. Eletromyogr. Kinesiol. 8 (6) (1998) 349-362. [2] K.S. Rudolph, M.J. Axe, T.S. Buchana, J.P. Scholz, L. Syder_Mackler. Dynamic stability in the anterior cruciate ligament deficient knee. Knee Surg, Sport Traumatol, Arthrosc. 9 (2001) 62-71. [3] T.L. Chmielewski, W.J. Hurd, L. Syder_Mackler. Elucidation of a potentially destabilizing control strategy in ACL deficient non-copers.