V Seminá inário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSC Car 19 a 23 de outubro de 2009 A RENOVAÇÃO OD DO HEGELIANISMO SEGUNDO L LUKÁCS Luis F. de Salles Roselino Mestrado – Universid rsidade Federal de São C Carlos (UFSCar) Bolsista CAPES felipe [email protected] O ponto de partida de Lukács, em termos de história da filosofia, ia, resgata os limites do conhecimento de herança kanti ntiana. Considera, além da crítica da razão, o sentido hegeliano da razão sobre a forma de espír pírito, como resposta aos problemas propos ostos por Kant, como compreensão do espírito em seu fluxo. Sendo que essa visão dinâmica em H Hegel apresentava, em parte, uma expressão da razãoo como dinâmica na história, este aspecto do pensamento de Hegel o coloca como referencial pa para Lukács, sendo que apresenta pela razã zão em sua expressão histórica, uma resposta ao limit ite imposto pelo conhecimento da “coisa em si si” kantiana. Na época de Lukács, s, W Windelband propôs uma reflexão sobre a filo losofia alemã centrada nos problemas de Kant e no nos diferentes rumos que ele tomou no pen pensamento de Fichte, Schelling, Schiller, Hegel etc.. A interpretação de Windelband sobre a “coisa isa em si”, como limite racional da compreensão, se mo mostrava para Lukács como expressão clara dos do limites da filosofia alemã que se move sobre umaa visão da razão limitada por seu contexto hhistórico. Windelband reconhece em Schelling, mass ssobretudo, em Fichte como os herdeiros doo ppensamento kantiano falharam em resolver as antin ntinomias kantianas. Tão logo recaem sobre re as antinomias, não conseguindo superá-las de mo modo satisfatório, abandonam também o prim rimado racional de sua filosofia. Surge então a filo ilosofia irracionalista, como movimento rec recorrente no período romântico do pensamento alem mão. Esta interpretação feita eita por Windelband da filosofia alemã influenc enciou o pensamento de Lukács. É possível identificá--la reelaborada em A destruição da Razão (Die Zerstörung der Vernunft) tendo ela influenciad iado, parcialmente, o sentido do termo “ filosof sofia irracionalista” que Lukács emprega. É nesse sentid ntido que seu subtítulo se refere a Schelling e N Nietzsche. Entretanto, se existe de fato um papel de Windelband como inspirador da noção de irracionalismo, esse papel se limita a problematizaçã ação e não a solução sugerida por Lukács. Windelband soube ide identificar com muita propriedade como os limi imites da razão estavam ainda presentes nos filósofoss posteriores a Kant, mas como neokantiano ano, não defendia uma solução, Windelband compartil rtilha do que Hegel chamou de modéstia filos losófica, se referindo a postura kantiana que não visaa ssuperar os limites do conhecimento, que see ccontenta em conhecêISSN 2177-0417 - 464 - PP PPG-Fil - UFSCar V Seminá inário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSC Car 19 a 23 de outubro de 2009 los. Lukács por outro lado m mantinha vivo aquele ímpeto hegeliano de superar os limites filosóficos diagnosticados porr K Kant. A solução para Lukács mantinha també bém o mesmo caminho inaugurado por Hegel, o caminh inho da dúvida, do desespero, que conduz a dia dialética. O grande feito de H Hegel ao inovar as formas lógicas tradicion ionais da compreensão precisava ser aplicado no seu novo sentido no pensamento de Marx, x, isto é, como “salto qualitativo de alcance históri órico-universal”. Contudo, a filosofia alemãã seguiu um sentido contrário ao legado deixado po por Marx, seus novos rumos desdenhavam a dialética, e por não aplicá-la à história, a maneiraa marxista, m toda crítica kantiana resultava em irr irracionalismo. Por isso o irracion onalismo que daí resulta é também deno enominado “burguês”, 07 “imperialista”, “autoritário”607 etc., pois revela em cada contexto hist istórico os limites da racionalização moderna do m mundo, que não distingue na sua formaa dde conhecimento os precessos objetivadores da raz razão, como a reificação e como a alienação ão, que são elementos históricamente condicionadores res do irracionalismo. A filosofia irracionalis lista é o resultado das tentativas filosóficas de respon onder à necessidade da modernidade burgues uesa, de sua “fome por uma concepção de mundo”, (cf (cf. Lukács, 1959, p.443-444) que falham em m perceber como estes limites da razão são produtos de sua época. Assim, Lukács admi mitia que Windelband já havia diagnostica icado precocemente e demonstrado sua desconfiançaa ffilosófica em relação a este movimento: O nascimento de uma um nova tendência hegeliana na filosofia foi anun unciada já desde antes por seus representan tantes oficiais, sobretudo no discurso de Windelban band em seu ingresso à academia. Também m ele compreende que é a ‘fome de uma concepçã ção de mundo’ sentida geralmente, comoo o que serve de base para este movimento. Mas, M ainda que tenha reconhecido sua existência exi sua relativa legitimidade, Windelband trata tra antes de tudo, em seu discurso, de adiantar-se adi a opor certos limites ao movimento heg egeliano e de assinalar à opinião filosófic fica os perigos que este movimento pode repre presentar. Windelband formula aqui de ante ntemão, ainda que seja, certamente, sob a forma de uma demarcação de campos, um aspecto cto importante do movimento neohegeliano do período pe imperialista; a não ruptura com a matriz m em Kant. (LUKÁCS, 1959, p.443-444) Este curioso viés doo hhegelianismo se deve ao fato de Windelbandd buscar permanecer fiel aos prolegômenos deix ixados por Kant. Desde seu início jamais is se abriu mão da prerrogativa kantiana de quee o conhecimento não pode compreender plena enamente a realidade objetiva. Embora seja clara a crítica de Windelband à filosofia de sua époc oca e mesmo que ele demonstre compreender com om toda lucidez a ruptura que Hegel promov oveu ao renunciar o idealismo transcendental kan antiano, o limite da representação racional co conservou-se, como 607 Sempre que Lukács utiliza o ttermo “imperialista” ou “pré-fascista” se refere ao con contexto histórico que culmina na república de Weimar ar, isto é, ao contexto de Max Weber. O livro de Lukác kács tem por objetivo chegar ao período nazista acomp mpanhando como se originou o assalto à razão, por is isso é marcante uma classificação histórico-políticaa dos períodos e também por isso tem como tema constante o irracionalismo. ISSN 2177-0417 - 465 - PP PPG-Fil - UFSCar V Seminá inário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSC Car 19 a 23 de outubro de 2009 era em Kant, separando fen fenômeno de essência, não para superar a divisão, mas para identificar como é insuperáve vel. Por isso Lukács afirm firma que embora Windelband tenha advertid rtido contra todas as falsas ilusões da filosofia de sua época, sua crítica não surtiu efeito. O que ele chama de “eloqüente advertência dee Windelband”, sua perspicaz crítica filos losófica, tinha uma fundamentação filosófica con onsistente. Lukács identificavaa nesses princípios de Windelband uma co confissão de que a filosofia burguesa chegou aao seu limite, reconhece nele uma compr preensão correta da passagem de Kant a Hegel e que ele tenha feito uso dela para despertarr uum olhar crítico da filosofia daquela época, mas as sua crítica não apresentava elementos paraa ssuperá-la. O grande equívoco cometido pelos neo eokantianos de Baden, segundo Lukács, foi o dde haver defendido a irracionalidade da realidade ade como princípio. Este aspecto é derivado ddo não rompimento com Kant, sendo que preserv rva o princípio de que a realidade objetiva imp mputa uma alienação insuperável para o entendime mento e entende que essa alienação é advinda da da própria razão e não da história. Enfim, apesar desta nnão ruptura com o kantismo ser marcante, o iirracionalismo está mais fortemente vinculadoo aas distorções de Hegel feitas por Ebbingha haus (Relativer und absoluter Idealismus) e sobre retudo a Dilthey. O fato mais marcante nte é que o irracionalismo filosófico alemãoo nnasce intimamente ligado à refutação da dialética ica em Hegel. Sua origem pode ser retraçada ju junto ao romantismo o que é, aliás, um elemento to comum da interpretação de Windelband e L Lukács. Apesar de Lukács indicar a inauguração ção do neohegelianismo pelo discurso de Wind indelband, sua queda em irracionalismo só explica ica-se identificando o retorno de influências do romantismo e da Aufklãrung, como Windelban and havia adiantado: (...) Também neste ste ponto Windelband adiantou um aspecto impo portante da trajetória posterior do neoh ohegelianismo: a aversão ao método dialético, co, seja expressa ou tacitamente, se conv onverterá, com efeito, em um traço constante dee toda t a renovação da filosofia de Hegel. el. Está claro que Windelband, como kantiano,, formula f isto em um sentido negativo, op opondo o veto à possibilidade de que ‘esta dialétic tica se converta, como um todo, no método do da filosofia’. (LUKÁCS, 1959, p.444) Embora o resultadoo iimediato fosse o de se refutar a dialética ccomo o método da filosofia, por mais que Win indelband reconhecesse corretamente estas as questões, ao que Lukács dá o devido mérito,, a interpretação de Windelband não se propago agou no seu contexto de modo a impedir que se ref refutasse o método dialético. Embora a crítica ca de Windelband se destinasse a advertir para que ue se compreendesse negativamente a passagem gem de Kant a Hegel, o que de fato vingou foii a conclusão mais banal que se poderia fa fazer das idéias de ISSN 2177-0417 - 466 - PP PPG-Fil - UFSCar V Seminá inário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSC Car 19 a 23 de outubro de 2009 Windelband. Diz Lukács: “es “esta eloqüente advertência de Windelband res resultava ociosa, pois os neohegelianos alemães não n pensavam sequer em repetir a ruptura ra de Hegel com a filosofia Kantiana” (idem). O grande feito de Heg egel foi o de se opor a esta prerrogativa kanti ntiana da coisa em si como o incompreensível, o iicogniscível, o irracional. Em oposição aoo pprincípio que opõe fenômeno e essência, demons nstrou sua íntima relação, isto é, como surge no movimento “para nós” uma apreensão do reall m mais imponente em sua objetivação do quee aas vagas abstrações kantianas. Este “para nós” hege geliano em Lukács, deixa de ter o sentido de nós, os filósofos, ganhando o sentido de nós pro proletários, isto é, se torna consciência histórica rica. Lukács indica comoo este chamado “hegelianismo” manifestavaa no seu íntimo um desprezo as mais importantes tes contribuições da filosofia de Hegel: “os ren enovadores de Hegel no período imperialista estav tavam muito longe, sequer, de se darem cont onta da seriedade da crítica de Hegel frente a Ka Kant.” (idem). Além disso seguiam “separand ando mecanicamente fenômeno de essência, negand ando-se a reconhecer o caráter cognoscível daa rrealidade objetiva.” (ibid). Este aspecto de se separar fenômeno de essência é marcan ante nas discussões metodológicas neokantianas as e se consagrou como problema do hiatuss ir irrationalis608. Este princípio Expressava-se cate ategoricamente como um princípio epistemoológico. Este hiato deixou de ser discutido como mo uma questão filosófica, cuja fundamentaçã ação é metafísica ou transcendental no sentido kan kantiano do termo, que era histórica para Luká ukács, e passou a ser tomado de modo dogmáticoo ccomo algo positivo e dado. Se por um lado Pode odemos relevar as críticas a Windelband e re reconhecer que ele identificou os aspectos funda ndamentais da passagem de Kant a Hegel. Po Por outro lado, esta mesma ressalva não se aplic lica a Dilthey. Segundo Lukács ele foi o maio aior responsável por completar a unidade fictícia ia eentre Kant, Fichte, Schelling e Hegel propos osta por Ebbinghaus (cf. Lukács, 1959, p. 446-447 47), colocando em xeque toda a crítica filosófi ófica que culmina no método dialético. A crítica à imanente te incognoscibilidade da coisa em si foi inic niciada por Fichte e aperfeiçoada por Schelling,, m mas completamente modificada por Hegel.. A postura de Hegel se deu em oposição, sobretud tudo, a Fichte, sendo que Hegel, diferentemente nte de Fichte, visava uma ruptura radical com Kan ant. Dilthey ignorando o aspecto inovador daa dialética hegeliana substituia inadvertidamentee a crítica feita por Hegel a Kant por uma so solução tipicamente romântica, como filosofia da vida, na qual se igualava a solução de Hegel gel a de Schelling. |O 608 Hiato ou abismo entre realidad dade e conceito. ISSN 2177-0417 - 467 - PP PPG-Fil - UFSCar V Seminá inário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSC Car 19 a 23 de outubro de 2009 próprio Dilthey estava muito ito mais próximo do subjetivismo de Fichtee ju justamente por que não se deu conta, utilizandoo aas palavras de Lukács, da seriedade da crítica ca de Hegel a Kant Foi por tal ponto dee vvista de história da filosofia e por sua interp terpretação do jovem Hegel que encontramos o m mais claro perfil do neohegelianismo deste te contexto. Embora tenha sido inaugurado por W Windelband, através de um ponto de vista crít crítico, ganhou maior proporção nas tendências lan lançadas por Dilthey, fato este que o caracte cteriza como o mais marcante teórico do neohege gelianismo enquanto movimento irracionalista ista, apesar de nunca ter sido, de fato, hegeliano. Dilthey dá á invest estigação um giro fértil em conseqüências para a concepção daquele filósofo: o vínculoo direto d de Hegel com o irracionalismo da ‘filosofia fia da vida’ do período imperialista, cujo fundador fu mais importante foi precisamente o próp róprio Dilthey. É certo que esta transferên rência da ‘filosofia da vida’ ao pensamento de Hegel se limita à juventude do filós lósofo. Dilthey descobre nele um período do ‘panteísmo ‘ místico’. Durante este períod odo Hegel é um representante da filosofia da vida: da: ‘Hegel determina o caráter de toda real ealidade mediante o conceito de vida’ diz Dilthey hey. O que equivale a falsear, a voltar dee revés r toda a trajetória juvenil de Hegel. (...) O fa fato de Dilthey haver limitado, como foi dito, esta concepção ao jovem Hegel arrem emata um importante significado, comoo haveremos de ver, quanto ao que surgirá mais m tarde entre os neohegelianos, uma ma forte tendência no sentido de se evocar ao jovem jo Hegel como o Hegel mais autêntic ico e verdadeiro, opondo-se ao Hegel da última fas fase. (LUKÁCS, 1959, p.447). A concepção de Dilt ilthey da filosofia de Hegel sofreu basicame mente duas grandes influências, de Ebbinghaus e de Trendelenburg: Ebbinghaus seguiu sobre bretudo os princípios de Schleiermacher, quandoo uunificou as filosofias de Fichte, Schelling,, H Hegel e do próprio Schleiermacher. Ele partia de seu princípio comum em Kant. Dilthey irá rá também, seguindo os propósitos de Schleiermac acher, unificar os autores, mas não segundo a ffigura de Kant. Ao invés disto, a noção de vid vida servirá para unificá-los dentro da corre rrente romântica, ao identificar, a despeito da matr atriz kantiana, sua origem no romantismo de Go Goethe. A segunda influênci ncia, a de Trendelenburg, é a responsável el por fundamentar sofisticamente a refutação dda dialética. Unindo estas duas influênciass pode-se enquadrar Hegel dentro da corrente rom mântica, o que de outro modo seria impossível. el. Windelband, por outr utro lado, busca, tal como proposto por Ebbi binghaus, resgatar a origem destes filósofos na filosofia filo kantiana. Se por um lado Windelband nd se opõe ao recorte romântico de Hegel, pois co considera que o romantismo seria de fato m marcante apenas no pensamento de Fichte e dee Schelling e não no de Hegel. Em contrap raposição a Fichte e Schelling, Hegel seria o mais ais fiel à crítica do entendimento. É nesse senti ntido que o princípio de irracionalidade de Winde delband, ao contrário de Dilthey não remete te ao ponto de vista romântico, mas à coisa em si kantiana. ISSN 2177-0417 - 468 - PP PPG-Fil - UFSCar V Seminá inário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSC Car 19 a 23 de outubro de 2009 O principal elemento to dado por Dilthey foi o de resgatar no jovem em Hegel a filosofia da vida, ignorando que, desd esde suas primeiras polêmicas, como em Féé e Saber, Hegel já apresentava uma ruptura tan tanto com Kant, como também com a concep cepção romântica de Fichte e Schelling; a despeit eito disto, Dilthey forjou uma compreensão ro romântica de Hegel que ganhou adeptos inclusive ive na escola histórica dos seguidores de Ranke ke (cf. Lukács, 1959, p.448-9). Esta última tendên ência de Dilthey se acha reforçada, aliás, pelo elos historiadores. Os continuadores da tradição tra de Ranke (...). Também aqui imperam tendências ten semelhantes às de Dilthey; mas as a pretensão de dissolver a antítese entre Hegel el e o romantismo e a ‘escola histórica’,, e sobretudo Ranke, apresentam aqui um eviden ente caráter históricopolítico. (LUKÁCS, S, 1959, p.448-449) ifica como período imperialista, que tem seu tr traço mais marcante O que Lukács classific na escola histórica de Ranke nke (embora exista desde o discurso à nação ão alemã de Fichte) segundo o autor, só é possíve ível de ser identificado após a primeira guerra rra, com a Alemanha derrotada. Não existia tal int interesse político na visão de Dilthey, pois não havia ainda uma “necessidade ideológica” (cf. Lukács. 1959, p.450), o que em históriaa ggeral se consagrou como o revanchismo alemão. ão. O princípio da irracionalidade da realidadee éé, segundo Lukács, tal como proposto pela escol cola de Baden, o grande legado para o neoheg egelianismo do pósguerra (no caso, da primeiraa ggrande guerra). Embora a postura neokantian iana de Windelband e de Rickert tenha sempre se mostrado crítica à visão romântica que ue seria resgatada e combinada com o princípio do irracionalismo na corrente neohegeliana po posterior. A propósito, não podemos po passar por cima do fato de que Rickertt publicou pu em 1920 um livro contra a filoso sofia da vida. Mas esta crítica – por demais muito to respeitosa r – contra o irracionalismo da filosofia fi da vida não deve nos fazer esquecerr que q foi precisamente Rickert (ao par com om Windelband) quem fundamentou filosoficame mente o irracionalismo de um vasto campo po do conhecimento, o das ciências históricas. (LUK UKÁCS. 1959, p.454) Lukács reconhece quee oos neokantianos mantinham uma postura críti rítica: “(...) É verdade que Rickert mostrava já em m 1920 correções contra as conseqüências que poderiam levar a um irracionalismo extremo”” ((LUKÁCS. 1959, p.454), o que, aliás, também bém pode ser dito em relação a Max Weber. Lukács vai ainda mais ais longe; se, por um lado, Dilthey rechaçava a dialética em Hegel em defesa da filosofia da vi vida desta fase do jovem Hegel, por outroo lado, R. Kroner e Kierkegaard viriam posterior iormente a afirmar que a dialética de Hegel el é o irracionalismo convertido em método. Paraa L Lukács ambos estavam já muito distantes dee H Hegel. A diferença fundamental entre Dilthey e K Kroner é que “Dilthey refuta a dialética base aseando-se na crítica de Trendelenburg” (cf. Luká kács. 1959, p.459), enquanto “Kroner, por su sua vez, se limita a envolver no nome de dialéti lética o irracionalismo elevado a método” (id (idem). A conclusão ISSN 2177-0417 - 469 - PP PPG-Fil - UFSCar V Seminá inário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSC Car 19 a 23 de outubro de 2009 imediata é que o neohegeli elianismo havia se distanciado completamen ente dos propósitos originais de Hegel. Segund undo Lukács: “Não precisamos gastar mui uitas palavras para demonstrar que estas posiçõ ições do neohegelianismo não têm nada que ue ver com Hegel” (idem). O que fica implícito to nestes comentários de Lukács, permitindoo ppor hora resumir a posição de Lukács talvez de de forma não completamente fiel, é que neste te período buscou-se resgatar, num primeiro mome mento, os propósitos da Aufklärung e a fragilid lidade deste primeiro movimente conduziu a perspe spectivas românticas. Nestas duas linhas, porr uum lado buscou-se resgatar o papel positivo e un universal da razão, o esclarecimento609 que em seguida, conduziu a um ponto de vista subjetiv tivo irracional, o romantismo da filosofia da vida. Como pólos antitéticos, ambos falham just ustamente por não se dar conta de que tanto o ““irracional” como o “racional” são as forças opos ostas que movem a dialética. Não são estes “p “princípios” fixos da realidade ou do conhecimen ento que fundamentam o ponto de vista fi filosófico, mas são produtos da história da filoso sofia que reproduz em seu conflito segundo o ppróprio movimento histórico. O erro consiste, po portanto, em tentar reduzir a explicação (send endo ela dialética ou não) a um cânone racional ou ao irracionalismo romântico. Na verdade es estas são justamente as forças opostas que em seuu conflito deveriam conduzir pela história a exp explicação. O que significa,, em e primeiro lugar, que Hegel capte a razão zão em sua essência contraditória, quer er dizer, d em contraposição à tradição geral da ilus lustração, que concebe com freqüência – não nã sempre (...) – a correspondência demasiado re retilínea e direta entre a razão e a vida, em contradição inclusive com o caminho objetivoo do d esclarecimento da razão na vida. Os sucessores de Hegel, ao simplificar e vulg lgarizar esta unidade indissociável de contradição con e razão, convertendo-a em um ‘panlog ogismo’, desviavam-se desde de então doo método m dialético de Hegel; como vimos, a equipa iparação de dialética e irracionalismo imp mplica em um falseamento total do métodoo hegeliano, fazendo desaparecer por hora ho totalmente a racionalidade, que os hegel gelianos anteriores se limitavam a vulgariz arizar. (LUKÁCS. 1959, p.465-466) Para Lukács é sinto ntomático como o mau uso das idéias de H Hegel, sobretudo o panlogismo, haveria certamen ente que cair em sua crítica e com isso tomar ar o caminho oposto, um irracionalismo. Ambos os caminhos erram, porém, em cristalizar moomentos opostos da dialética, como racionalismoo e irracionalismo. Referências Bibliográficas cas DILTHEY, Wilhelm. Hegel gel y el Idealismo. Pánuco: Fondo de Cultura ec ecnonómica, 1944. _________. História de laa F Filosofia. México, D. 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