Clinical Case Study Estudo do Caso Clínico A Patient with a Leg Rash, Pedal Edema, Renal Failure, and Thrombocytopenia Kareena L. Schnabl1, Matt Sibbald2, Wayne L. Gold3, Pak Cheung Chan1,4 and Khosrow Adeli1,5,a Um Paciente com um Exantema na Perna, Edema Podal, Falha Renal, e Trombocitopenia Kareena L. Schnabl1, Matt Sibbald2, Wayne L. Gold3, Pak Cheung Chan1,4 and Khosrow Adeli1,5,a 1 Department of Laboratory Medicine and Pathobiology, University of Toronto, Toronto, Ontario, Canada; Divisions of 2 General Internal Medicine and 3 Infectious Diseases, University Health Network, University of Toronto, Toronto, Ontario, Canada; 4 Division of Clinical Biochemistry, Sunnybrook Health Sciences Centre, Toronto, Ontario, Canada; 5 Division of Clinical Biochemistry, The Hospital for Sick Children, Toronto, Ontario, Canada. Envie correspondência para esse autor para: The Hospital for Sick Children, 555 University Ave., Rm. 3653 –Atrium, Toronto, Ontario, M5G 1X8 Canada. Fax (416) 813-6257; e-mail [email protected]. CASO Um homem de 57 anos foi encaminhado para recia ser compatível com a presença de ascite. avaliação e tratamento de mal-estar e edema O baço estava palpável. Havia edema bilateral na perna, que tinham aumentado 2 semanas fundo na extremidade inferior e um exante- após o início de uma tosse produtiva, para a ma pré tibial hiperpigmentado que não era qual palpável. claritromicina tinha sido prescrita. Seu curso foi complicado pelo desenvolvimento de uma erupção cutânea prurítica. O histórico médico do paciente incluía diabete mellitus do tipo II de 5 anos de duração e doença crônica do rim em estágio III. Ele também tinha uma infecção crônica com vírus da hepatite C (HCV)1 (genótipo 1A) e não tinha tido acompanhamento pelos últimos 19 anos. Medicações incluíam drogas antihipertensivas (bloquea- dor do canal do cálcio, β-bloqueador, inibibor da enzima conversora da angiotensina, e furosemida), uma droga redutora de lipídeos (ezetimiba), analgésicos (cloridrato de hidromorfona e acetaminofeno), e brometo de ipratrópio aerosol. Um exame físico revelou a seguinte pressão sanguínea, 140/65 mmHg; pulso, 55 batidas/min; temperatura, 36.9 °C; saturação do oxigênio, 94% na temperatura ambiente; índice de massa corpórea, 46 kg/m2. Distensão abdominal foi notada e pa- Investigações laboratoriais iniciais incluíam achados típicos para eletrólitos, aspartato aminotransferase, alanina aminotransferase, bilirrubina total, e o coeficiente internacional padronizado. Os resultados dos testes laboratoriais do paciente estão resumidos na Tabela 1. Sua concentração de glicose do plasma do jejum estava prejudicada, e sua fosfatase alcalina estava levemente aumentada. O paciente estava anêmico e trombocitopênico com hipoalbuminemia e uma elevada concentração de creatinina sérica. Um exame de uranálise por tiras reativas e uma avaliação de microscopia revelaram hematúria, proteinúria, e a presença de cilindros de hemácias na urina. Uma avaliação de 24-h da excreção protéica da urina confirmou uma abundância de proteína na urina. A taxa de filtração glomerular, como estimada com a equação Cockcroft– Gault, foi muito baixa. Uma análise de ultra- Clinical Case Study Estudo do Caso Clínico som revelou rins ecogênicos bilaterais de ta- proliferativa secundária à crioglobulinemia. manho típico. No cenário de infecção crônica Uma biópsia renal demonstrou glomerulone- e não tratada do HCV e evidência de síndrome frite proliferativa e difusa e depósitos de nefrótica, criócrito foi pedido para investigar a complexos imunes. possibilidade de glomerulonefrite membranoTabela 1. Resultados laboratoriais iniciais e de acompanhamento do paciente com correspondentes intervalos de referência. Analito Resultado Intervalo de referência Investigação inicial Glicose do plasma em jejum, mmol/L 6.1 (110 mg/dL) 4–6 (72–108 mg/dL) Fosfatase alcalina, U/L 146 Hemoglobina, g/L 117 (11.7 g/dL) 140–180 (14–18 g/dL) 110 Contagem de plaquetas, x109/L 108 150–400 Albumina do plasma, g/L 29 (2.9 g/dL) 38–50 (3.8–5.0 g/dL) Creatinina do plasma, µmol/L 334 (3.8 mg/dL) homem, 109 (1.2 mg/dL); mulher 99 (1.1 mg/dL) Urianálise Hemácias (+2), proteína (+5) Negativo Proteína da urina, g/dia 8 <0.15 Taxa da filtração glomerular, mL/min <15 90 Acompanhamento C3, g/L 0.90 (90 mg/dL) 0.9–1.8 (90–180 mg/dL) C4, g/L 0.08 (8 mg/dL) 0.1–0.4 (10–40 mg/dL) Criócito, % 5 Negativo <5 Anticorpo central da Hepatite B Positivo Negativo Anticorpo de superfície da Hepatite B Positivo Negativo Antígeno de superfície da Hepatite B Negativo Negativo Vírus da Hepatite C RNA,x103 IU/L 62 Separador <15 Anticorpo HIV Negativo Negativo 1 Dados em unidades convencionais estão entre parênteses. DISCUSSÃO Acompanhamento do paciente para 2 amostras sanguíneas retiradas em dias Nós pedimos investigação adicional, incluindo medições de complemento [complemento 3 (C3) e C4], eletroforese da proteína sérica, um screen da crioglobulina, e análise da sorologia viral (HIV, vírus da hepatite B, HCV). Tabela 1 resume os resultados laboratoriais. Concentrações de complemento estavam ligeiramente baixas, e eletroforese de proteínas séricas mostrou uma região difusa sem uma banda M. Um criócito de 5% foi relatado diferentes após armazenagem do soro à 4 °C por 10 dias. O paciente foi documentado ser imune ao vírus da hepatie B com a presença de anticorpos de superfície e centrais da hepatite B. Sua carga viral da hepatie C estava moderada. Diagnóstico do paciente O paciente tem glomerulonefrite com crioglobulinas presentes. Uma biópsia do fígado Clinical Case Study Estudo do Caso Clínico confirmou o diagnóstico de hepatie crônica e g/dia), hipoalbuminemia, edema, e hiperlipi- cirrose com uma contagem da atividade de 1– demia (1). Considerações etiológicas da doen- 2 e um estágio de fibrose Laennec de 4B. ça glomerular incluem aquelas das doenças Consequentemente, o paciente começou uma renais primárias, doenças sistêmicas com en- terapia volvimento renal, e dano renal secundário às de combinação de interferon peguilado e ribavirina e demonstrou alguma drogas (Fig. 1). Diabete mellitus é a causa melhora em sua proteinúria, carga viral do mais comum da síndrome nefrótica (1). plasma, e criócito. Ele tem uma contínua ne- diabete mellitus do tipo II, doença renal inclui cessidade de grandes doses de terapia diuré- um espectro: microalbuminúria assintomática, tica para controlar seu edema periférico; ele síndrome nefrótica, e doença renal de estágio não foi considerado apto para transplante de final requerendo transplante renal (1). fígado e/ou rim. drome nefrótica pode também estar associada Na Sín- com infecções. A doença renal predominante Síndrome nefrótica adulta Grandes mudanças na permeabilidade glomerular devido ao dano à barreira de filtração glomerular caracterizam síndrome nefrótica. Características da síndrome nefrótica que também estão presentes nesse paciente inclu- que se apresenta em pacientes infectados com HCV, incluindo o paciente que nós descrevemos, é a glomerulonefrite membranoproliferativa, que está frequentemente associada com a crioglobulinemia do tipo II (2). em proteinúria (excreção da urina adulta >3 Figura 1. Protocolo para coleta, análise, e relato das crioglobulinas [Kamar et al. (2), Vermeersch et al. (3), Shihabi (4)]. Clinical Case Study Estudo do Caso Clínico 10-20 mL fasting serum samples collected into prewarmed red-top tubes at - 10-20 mL de amostras séricas do jejum coletadas em tubos pré aquecidos de topos vermelhos sample transport at – transporte das amostras à serum clot formation in heating block or water bath at – formação de coágulo sérico em bloco de aquecimento ou à banho-maria serum separation by centrifugation at - separação do soro por centrifugação à test sample – amostra do teste no precipitate – nenhum precipitado precipitate – precipitado negative-control sample (days) – amostra de controle negativo (dias) report negative – relato negativo not soluble – não solúvel resolubilizes at – ressolubiliza à false positive (lipemia, contamination) – falso positivo (lipemia, contaminação) report positive – relato positivo wash precipitate 5 x with saline or PBS – precipitado da lavagem 5 x com salina ou PBS cryocrit or [protein] – criócrito [proteína] serum protein electrophoresis/immunofixation – imunofixação/eletroforese da proteína sérica M protein – proteína M Diffuse or no M protein – difuso ou nenhuma proteína M Type -tipo Or – ou Low [cryoglobulin] – baixa [crioglobulina] hcv e crioglobulinemia Crioglobulinas são um grupo heterogêneo de imunoglobulinas que se precipitam do soro ou plasma em temperaturas <37 °C (3). Crioglobulinemia é classificada como tipo I (simples, monoclonal), tipo II (mista, complexo imune monoclonal-policlonal), ou tipo III (mista, complexo imune policlonal-policlonal) (3). Crioglobulinemia do tipo I usualmente acompanha distúrbios linfoproliferativos e representa uma pequena fração dos pacientes com crioglobulinas (10%–15%), ao passo que a maioria dos pacientes com crioglobulinemia mista têm distúrbios autoimunes ou infecciosos (4). Mais de 80% dos casos de crioglobulinemia mista estão associados com infecção do HCV (2). Crioglobulinemia se desenvolve a partir da super estimulação do sistema imune ou da prejudicada eliminação dos grandes complexos imunes. Na crioglobulinemia do tipo II associada ao HCV, complexos imunes de DNA viral, RNA, antígenos, anticorpos anti-HCV, ou lipoproteínas diretamente modulam a função da célula B, causando ativação e expansão dos clones dominantes simples das células que produzem o fator reumatóide (frequentemente IgM ) (5). Os complexos imunes precipitados obstruem os pequenos vasos sanguíneos e induzem ativação do complemento, levando à isquemia e vasculite sistêmica, particularmente na pele, nervos, rim, fígado, e juntas (6). Crioglobulinemia tem uma apresentação clínica variável com sinais não específicos e sintomas e pode ser facilmente omitida se um alto índice de suspeita não for mantido no contexto clínico correto. Púrpura palpável é a principal característica observada no exame físico da crioglobulinemia e dura de 1–2 semanas. Lesões aparecem nos membros inferiores, como observadas nesse paciente, e menos frequentemente nas nádegas, tronco, ou face (4). Sintomas da crioglobulinemia do tipo I frequentemente aparecem localmente em locais de exposição ao frio. Crioglobulinemia mista é mais sistêmica e está comumente as- Clinical Case Study Estudo do Caso Clínico sociada com a tríade clínica de púrpura palpá- corpos para excluir doença reumatológica, e vel, artralgia, e astenia (3). Cerca de 50%–70% caracterização da crioglobulina com culturas dos pacientes sintomáticos têm envolvimento sanguíneas para excluir um diagnóstico de do fígado (hepatoesplenomegalia), 25% têm endocardite infecciosa (1). Investigações ra- envolvimento renal (glomerulonefrite mem- diológicas não invasivas, incluindo ultrasom branoproliferativa), e 36% têm envolvimento renal, fornecem informação sobre o tamanho do renal. sistema nervoso (neuropatia motor- Rins pequenos (<9 cm) sugerem ex- sensorial periférica) (4)(5). Sintomas respira- tensa cicatriz e baixa reversibilidade (7). Um tórios, embora raros, se apresentam como córtex ecogênico é uma mudança de densida- infiltrados intersticiais pulmonares, dispnéia, de não específica geralmente vista em causas ou tosse (6). médicas de doença renal (7). Uma biópsia Diagnóstico diferencial para doença glomerular adulta Visto que o paciente tinha proteinúria, edema, hematúria microscópica, hipertensão sistólica isolada, e função renal prejudicada (taxa de filtração glomerular baixa ), investigações adicionais para glomerulonefrite foram justificadas, incluindo química, sorologia, e avalia- ções dos ultrasons renais e exame histopatológico dos rins (7). A púrpura vasculítica da perna e hematúria sugeriam que a síndrome nefrótica do paciente era mais provável de ser devido a uma complicação de sua infecção sistêmica por HCV do que devido à diabete renal com um exame do modelo de deposição dos complexos imunes ajuda a esclarecer a patologia. Na crioglobulinemia, um exame histológico das biópsias dos rins geralmente revela infiltração glomerular por macrófagos ativados e microtrombos intraluminais (crioprecipitados) nos vasos ; imunofluorescência ou análise da microscopia do elétron podem revelar depósitos subendoteliais de IgM, IgG, e complemento (2). Biópsia renal também estabelece/confirma o diagnóstico de patologia renal e ajuda a guiar o tratamento (1). Coleta, análise, e relato das crioglobulinas e perigos mellitus. Uma abordagem inicial para o diag- Inapropriada coleta de amostras e manuseio, nóstico de doença renal nesse paciente, até a especialmente controle inadequado de tempe- biópsia do rim, poderia incluir medição dos ratura, levam a um diagnóstico errado na níveis de complemento [complemento hemolí- maioria dos casos de crioglobulinemia tico total (CH50), C3, C4)] para dividir as causas Esse paciente é hiperlipêmico. É essencial que da glomerulonefrite naquelas com níveis de amostras séricas do jejum sejam coletadas à complemento sérico baixos e aquelas com 37 °C para evitar falsos positivos devido à cri- níveis de complemento sérico típicos (1). Cer- oprecipitação das lipoproteínas ou falsos ne- ca de 80% dos casos de crioglobulinemia gativos devido à crioprecipitação prematura mostram baixos níveis de complemento sérico das (1). Uma baixa concentração de C4 com típica complemento (3). Todos os crioprecipitados a moderadamente baixa concentração de C3 é devem ser caracterizados para a presença de tipicamente vista nos pacientes crioglobulinêmicos do tipo II e foi observada nesse paci- componentes monoclonais. Na crioglobulinemia mista, concentrações de crioglobulina são ente (2). Outros testes laboratoriais úteis in- frequentemente baixas, tornando a coleta de cluem eletroforese/ imunofixação de proteína bastante sangue crucial (4). Observações diá- sérica e teste de cadeia livre de luz para di- rias com relato de aparecimento de precipita- ferenciar malignidade, testes para autoanti- dos e redissolução permite precoce detecção imunoglobulinas, (3). fator reumatóide, e Clinical Case Study Estudo do Caso Clínico de falsos positivos (4). Azida sódica e lavados geralmente definida por elevadas atividades dos precipitados reduzem a contaminação por da alanina aminotransferase e/ou bactérias e proteínas séricas, respectivamente aminotransferase por mais de 6 meses. Al- (3). Muitos laboratórios examinam a procura guns indivíduos, incluindo esse paciente, pos- de crioglobulinas medindo a percentagem de suem atividade típica intermitentemente ou criócitos: (volume dos precipitados )/(volume total da amostra sérica ) x 100%. Criócito não persistentemente da alanina aminotransferase diferencia as crioglobulinemias do tipo II e III. mação e fibrose (1). Marcadores virais (antí- É recomendado que os laboratórios meçam a geno de superfície da hepatite B, DNA do vírus concentação protéica total em um crioprecipi- da hepatite B , HCV RNA) são mais confiáveis tado lavado e determinem o subtipo de crio- do que as enzimas para diagnosticar e moni- globulina com eletroforese da proteína sérica torar a terapia antiviral (8). Para HCV, deter- e imunofixação (4). Uma região difusa minação do genótipo antes do tratamento é visível após a eletroforese da proteína sérica importante. Genótipo 1 do HCV que está li- desse paciente sugeriu a presença de aspartato a despeito da evidência da biópsia de infla- - gado à resistência à insulina, responde mais globulinas policlonais. Fig. 1 resume a coleta, fracamente à terapia de combinação com in- análise, e relato das crioglobulinas. terferon Diagnóstico e tratamento da hepatite crônica Hepatite crônica é caracterizada por contínua peguilado e ribavirina, e pode contribuir para o mau prognóstico desse paciente (9)(10). inflamação e destruição do fígado (8). Ela é PONTOS PARA SEREM LEMBRADOS Crioglobulinemia deve ser incluída no diagnóstico diferencial da síndrome nefrótica adulta, particularmente nos pacientes infectados com HCV que apresentem características de glomerulonefrite membranoproliferativa. Crioglobulinemia possui uma apresentação clínica heterogênea, e o diagnóstico pode ser facilmente omitido. Adequada coleta da amostra, manuseio, análise, e procedimentos de relato para crioglobulinas são essenciais e devem ser atualizados regularmente. Pequenas quantidades de crioglobulinas podem causar ou estar associadas com sintomas graves ou doença. O genótipo do HCV prevê resistência à insulina e sensibilidade à terapia anti-HCV. Agradecimentos Contribuições dos Autores: Todos os autores confirmaram que eles contribuíram para o conteúdo intelectual desse paper e satisfizeram os 3 seguintes requisitos: (a) contribuições significantes para a concepção e design, aquisição de dados, ou análise e interpretação dos dados; (b) rascunhando ou revisando o artigo para conteúdo intelectual; e (c) aprovação final do artigo publicado. Revelações dos Autores de Potenciais Conflitos de Interesse: Nenhum autor declarou qualquer po- tencial conflito de interesse. Clinical Case Study Estudo do Caso Clínico Papel do Patrocinador: As organizações patrocinadoras não desempenharam papel algum no design do estudo, escolha dos pacientes inscritos, revisão e interpretação dos dados, ou preparação ou aprovação do manuscrito. Agradecimentos: Nós agradecemos o Department of Medicine at the University of Toronto por organizar a conferência dos casos no Medical Grand Rounds, onde nós fomos primeiro expostos à esse caso. Nós também apreciamos o tempo que o residente Augustin Nguyen reservou para responder as questões clínicas. Notas de Rodapé Abreviações não padronizadas: HCV, vírus da hepatite C; C3, complemento 3; CH50, complemento hemolítico total. Referências 1. Madaio MP, Harrington JT. The diagnosis of glomerular diseases: acute glomerulonephritis and the nephrotic syndrome. Arch Intern Med 2001;161:25-34. 2. Kamar N, Rostaing L, Alric L. Treatment of hepatitis C virus related glomerulonephritis. Kidney Int 2006;69:436-439. 3. Vermeersch P, Gijbels K, Mariën G, Lunn R, Egner W, White P, Bossuyt X. A critical appraisal of current practice in the detection, analysis, and reporting of cryoglobulins. Clin Chem 2008;54:3943. 4. Shihabi ZK. Cryoglobulins: an important but neglected clinical test. Ann Clin Lab Sci 2006;36:395408. 5. Sansonno D, Dammacco F. Hepatitis C virus, cryoglobulinemia, and vasculitis: immune complex relations. Lancet Infect Dis 2005;5:227-236. 6. Saadoun D, Landau DA, Calabrese LH, Cacoub PP. Hepatitis C-associated mixed cryoglobulinemia: a crossroad between autoimmunity and lymphoproliferation. Rheumatology 2007;46:12341242. 7. Chadban SJ, Atkins RC. Glomerulonephritis. Lancet 2005;365:1797-1806. 8. Clarke W, Dufour DR. Contemporary practice in clinical chemistry 2006 AACC Press Washington, DC. . 9. Hickman IJ, Macdonald GA. Impact of diabetes on the severity of liver disease. Am J Med 2007;120:829-834. 10. Chevaliez S, Pawlotsky JM. Hepatitis C virus: virology, diagnosis and management of antiviral therapy. World J Gastroenterol 2007;13:2461-2466. Comentário Charles E. Alpers Department of Pathology, University of Washington Medical Center, Seattle, WA. Envie correspondência para o autor para: University of Washington Medical Center, Department of Pathology, 1959 NE Pacific St., Box 356100, Seattle, WA 98195. E-mail [email protected]. Schnable et al. descrevem um paciente com manifestações agudas de glomerulonefrite um histórico de infecção do vírus da hepatite associadas com simultânea crioglobulinemia. C (HCV) de quase 20 anos que desenvolveu Uma biópsia renal demonstrou " glomerulo- Clinical Case Study Estudo do Caso Clínico nefrite proliferativa " que nós concluímos ser e correspondente infecção do HCV . Crioglo- glomerulonefrite membranoproliferativa tipi- bulinas circulantes, ou na hora da apresenta- camente associada com crioglobulinemia e ção ou em algum ponto no histórico do paci- infecção do HCV. ente, são geralmente detectadas em apenas HCV tem sido associado com múltiplas manifestações extra-hepáticas, incluindo crioglobulinemia, pele glomerulonefrite, distúrbios aproximadamente 50%–70% dos pacientes com glomerulonefrite associada com HCV. de Esse relatório do caso é oportuno em vista de (porfiria cutânea tardia, liquen plano), vários estudos recentes que apontam para a artrite, uma síndrome sicca-like , e distúrbios potencial magnitude do problema da infecção linfoproliferativos. As associações mais fortes do HCV e doença do rim. Uma recente análise são com crioglobulinemia e glomerulonefrite do atual National Health and Nutrition Exami- membranoproliferativa. Manifestações renais nation Survey que envolveu >15 000 pacien- estão usualmente associadas com infecção do tes indica prevalências estáveis nos US HCV de longo prazo (isto é, >10 anos), como soropositividade do HCV (1.6%, estimado 4.1 no caso relatado. Mais frequentemente, existem características laboratoriais e clínicas x 106 pessoas infectadas ) e viremia do HCV simultâneas de hepatite crônica e/ou cirrose. (1). Visto que a incidência de infecção aguda Manifestações renais podem ocorrer na au- do HCV declinou para sua taxa mais baixa até sência de outros sinais de crioglobulinemia hoje vista ou doença do fígado, entretanto, e o diagnós- devido a uma reserva de infecções adquiridas tico de infecção do HCV pode ser feito duran- décadas antes. Já que doença do rim e crio- te a avaliação de um distúrbio renal. Achados globulinemia são manifestações tardias da patológicos numa biópsia renal (incluindo infecção do HCV, como foi o caso para o paci- acúmulos globulares intercapilares glomeru- ente descrito, um aumento na doença renal lares de material eosinofílico contendo crio- associada com o HCV e crioglobulinemia po- globulinas precipitadas, e depósitos de com- dem ser antecipados num futuro próximo. plexos imunes glomerulares com um modelo Uma conscientização aumentada desse cres- tactóide ou primorosamente fibrilar de orga- cente problema deve levar à diagnósticos mais nização visualizada por microscopia do elé- oportunos e melhorar as estratégias de trata- tron ) podem ser algumas vezes os primeiros mento para pacientes infectados. da (1.3%, 3.2 x 106 pessoas ativamente infectadas (2), a contínua alta prevalência é devido à um diagnóstico de crioglobulinemia Agradecimentos Contribuições dos Autores: Todos os autores confirmaram que eles contribuíram para o conteúdo intelectual desse paper e satisfizeram os 3 seguintes requisitos: (a) contribuições significantes para a concepção e design, aquisição de dados, ou análise e interpretação dos dados; (b) rascunhando ou revisando o artigo para conteúdo intelectual; e (c) aprovação final do artigo publicado. Revelações dos Autores de Potenciais Conflitos de Interesse: Na submissão do manuscrito, todos os autores completaram o formulário de Revelações de Potenciais Conflitos de Interesse. Potenciais conflitos de interesse: Emprego ou Liderança: Nada a declarar. Consultor ou Papel Consultivo: Nada a declarar. Clinical Case Study Estudo do Caso Clínico Posse dos Valores: Nada a declarar. Honorários: Nada a declarar. Fundo de Pesquisas: C.E. Alpers, NIH grant DK66802. Testemunho Hábil: Nada a declarar. Papel do Patrocinador: As organizações patrocinadoras não desempenharam papel algum no design do estudo, escolha dos pacientes inscritos, revisão e interpretação dos dados, ou preparação ou aprovação do manuscrito. Referências 1. Armstrong GL, Wasley A, Simard EP, McQuillan GM, Kuhnert WL, Alter MJ. The prevalence of hepatitis C virus infection in the United States, 1999 through 2002. Ann Intern Med 2006;144:705-714. 2. Wasley A, Grytdal S, Gallagher K, . Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Surveillance for acute viral hepatitis – United States, 2006. MMWR Surveill Summ 2008;57:1-24. Comentário Robert M.A. Richardson Toronto General Hospital, Toronto, Ontario, Canada. Envie correspondência para o autor para: Toronto General Hospital, 200 Elizabeth St., Toronto, Ontario, M5G 2C4 Canada. Fax 416-340-4999; e-mail [email protected]. Na apresentação do caso deles, Schnabl et al. pedem aos leitores para considerarem abordagens para um adulto com diagnóstico de síndrome nefrótica, as patologias renais primárias e secundárias que podem ser vistas na doença glomerular adulta, e testes que possam ser pedidos para ajudar a diferenciar a causa da doença renal desse paciente. A maioria dos pacientes adultos com síndrome nefrótica requer biópsia de rim para que um diagnóstico patológico seja feito (a exceção comum sendo presumida nefropatia diabética ). Dicas para o diagnóstico dos resultados dos testes laboratoriais podem ajudar a limitar o diferencial mas não são um substituto para a biópsia, exceto em situações nas quais uma biópsia seja arriscada demais (por exemplo, uma tendência de sangramento ). As causas mais comums da síndrome nefrótica primária são nefropatia membranosa, glomeruloesclerose segmental focal, doença de Nel. Nenhum teste laboratorial é muito útil em distinguir essas doenças. Cerca de 30% dos casos de síndrome nefrótica possuem uma causa secundária nos adultos. Doença autoimune (lupus), infecções (hepatite B e C, malária), malignidade (linfoma), drogas (ouro, pamidronato, e assim por diante), gamopatia monoclonal (amiloidose pri- mária), e condições inflamatórias crônicas (amiloidose secundária ) são alguns deles. Os achados na urianálise de cilindros de células vermelhas e hemácias sugerem fortemente que o processo patológico ou é proliferativo ou necrosante. Portanto, lesões não proliferativas (tais como nefropatia diabética, amiloi- Clinical Case Study Estudo do Caso Clínico dose, doença de Nel, nefropatia membranosa, diagnósticos mais prováveis. Todas estão as- ou glomeruloesclerose segmental focal ) são sociadas com hipocomplementemia. Glomeru- improváveis. lonefrite pós infecciosa usualmente não se A presença de hipocomplementemia provoca processos necrosantes tais como doenças associadas aos anticorpos citoplasmáticos antineutrofílicos (tais como granulomatose de Wegener e poliangilite microscópica ) improváveis. Nefrite lupus proliferativa (classe III e IV), crioglobulinemia associada à hepatite C, e glomerulonefrite pós infecciosa seriam os apresenta como síndrome nefrótica mas deve ser incluída no diferencial. Os testes laboratoriais principais para esse paciente são, portanto, para complementos séricos, carga viral da hepatite C, anticorpos antinucleares, anticorpos anti-DNA, e crioglobulinas séricas. Hepatite B e HIV também devem ser avaliados, dado o histórico da infecção do HCV. Agradecimentos Contribuições dos Autores: Todos os autores confirmaram que eles contribuíram para o conteúdo intelectual desse paper e satisfizeram os 3 seguintes requisitos: (a) contribuições significantes para a concepção e design, aquisição de dados, ou análise e interpretação dos dados; (b) rascunhando ou revisando o artigo para conteúdo intelectual; e (c) aprovação final do artigo publicado. Revelações dos Autores de Potenciais Conflitos de Interesse: Nenhum autor declarou qualquer po- tencial conflito de interesse. Papel do Patrocinador: As organizações patrocinadoras não desempenharam papel algum no design do estudo, escolha dos pacientes inscritos, revisão e interpretação dos dados, ou preparação ou aprovação do manuscrito. “This article has been translated with the permission of AACC. AACC is not responsible for the accuracy of the translation. The views presented are those of the authors and not necessarily those of the AACC or the Journal. Reprinted from Clin Chem, 2009; 55: 7 1419-1422, by permission of AACC. Original copyright © 2008 American Association for Clinical Chemistry, Inc. When citing this article, please refer to the original English publication source in the journal, Clinical Chemistry.” “Este artigo foi traduzido com a permissão da AACC. AACC não é responsável pela acurácia da tradução. Os pontos de vista apresentados são aqueles dos autores e não necessariamente os da AACC ou do Jornal. Reimpresso da ClinChem, 2009; 55: 7 1419-1422, por permissão da AACC. Cópia original © 2008 American Association for Clinical Chemistry, Inc. Quando citar este artigo, por favor refira-se à fonte de publicação original em inglês na revista,Clinical Chemistry.”