MINAS GERAIS SEXTA-FEIRA, 22 DE MAIO DE 2009 - 8 CARLOS ALBERTO Defesa Social OFÍCIO DO TRAÇO Adolescentes de Centro Socioeducativo tomam aula de desenho e bom humor com cartunista O DICIONÁRIO DE DUKE O CHARGISTA COM OS JOVENS: MOSTRANDO A FORÇA E IMPORTÂNCIA DESSA ARTE NA COMUNICAÇÃO Dezessete adolescentes internos do Centro Socioeducativo Santa Terezinha, no Bairro Horto, em Belo Horizonte, puderam conhecer de perto o trabalho do cartunista, chargista e ilustrador Eduardo dos Reis Evangelista, o Duke, em palestra que fez na escola da unidade. Sob o olhar atento dos jovens, ele explicou a origem de seu ofício e falou do dia-a-dia do seu trabalho. “A maioria das pessoas, quando pequenas, gostam de desenhar. É só dar papel e lápis de cor e elas começam a esboçar o que acham da vida. O desenho é uma maneira de expressar nossa opinião, transmitir o que sentimos e de ocupar o nosso tempo. No meu caso, cresci e continuei desenhando, virou profissão”, conta. Duke manteve o interesse dos adolescentes durante todo o encontro e revelou muita didática ao falar sobre várias técnicas de desenho ilustração, caricatura, charge, cartum e tira – matando a curiosidade da platéia. Um jovem de 17 anos conta que aprendeu muito com o cartunista. “Acho legal o jeito de desenhar, de ressaltar os traços das pessoas nas caricaturas. Foi muito bom ele ter vindo aqui para enriquecer nossos conhecimentos. O mais interessante é que ele desenha coisas sérias do dia-a-dia de um jeito muito engraçado e, mesmo assim, faz a gente refletir sobre aquilo”. Outro adolescente, de 15 anos, também disse que a experiência foi muito agradável. “Foi super divertido ver o Duke explicando como ele trabalha e falando sobre essa arte. Cada desenho quer dizer alguma coisa, tem uma interpretação. Parece que é só uma figura, mas se a gente olhar bem vê que tem muito significado”. O cartunista, por sua vez, confidenciou aos adolescentes que, quando jovem, desenhava caricaturas de seus professores, que eram passadas de mão em mão na sala de aula e provocavam muitos risos. “Foi nessa época que aprendi a desenhar com humor”. Mais tarde, depois de se tornar profissional, Duke foi e continua sendo premiado em concursos nacionais e internacionais da área. Ele é conhecido entre os mineiros há mais de uma década, por suas charges diárias no jornal O Tempo. Além disso, é editor da página de jogos e diversão do suplemento infantil “Tempinho” e da página de quadrinhos, jogos e entretenimento “Supimpa”, do jornal Super, onde também publica charges diariamente. Como promotora do encontro, a professora de Língua Portuguesa da Escola Estadual Jovem Protagonista, Maria Aparecida Alves Andrade, justificou a escolha do convidado. “Trouxemos o Duke para mostrar aos jovens daqui um outro gênero textual, que é a charge. É uma maneira muito eficiente de materializarmos diferentes conteúdos e sugerimos a eles fazer esse tipo de construção. Os primeiros resultados, inclusive já puderam ser vistos no Jornal Super do dia 3 deste mês, que publicou duas tirinhas na seção Supimpa, feitas pelos próprios meninos. Isso mostra até onde podem chegar nossos internos se dermos instrução e oportunidade a eles”, ressaltou. Ao final da palestra, o artista distribuiu e autografou o livro “Duke - desenhos de humor” (edição do autor, 144 páginas), que contém quase 200 desenhos, entre charges e cartuns, fruto de mais de uma década de profissão. Ilustração – é uma imagem pictórica, geralmente figurativa, que materializa ou representa algo, um pensamento ou uma idéia, podendo ser também abstrata. É utilizada para acompanhar, explicar, acrescentar informação, sintetizar ou simplesmente enfeitar um texto. É um dos elementos mais importantes do design gráfico. Caricatura – desenho de uma pessoa que, pelas deformações obtidas por um traço feito com exageros ou simplificações, se apresenta como forma de expressão grotesca ou jocosa. É um retrato com intenção cômica ou satírica, acentuando tanto as características físicas como comportamentais do modelo. Charge – é um estilo de ilustração que tem por finalidade satirizar um acontecimento atual. Pode ou não conter caricatura ou texto. A palavra é de origem francesa, charger, que significa carga. Mais do que um simples desenho, ela é uma crítica política e social, na qual o artista expressa graficamente sua visão sobre determinadas situações cotidianas. Cartum – a palavra vem do inglês, cartoon. Assim como a charge, é um desenho de humor, porém retrata situações mais corriqueiras, do dia-a-dia da sociedade. Tem caráter mais universal, pois não se utiliza de temas factuais ou temporais. Por se tratar de uma espécie de anedota gráfica que satiriza comportamentos humanos, tem uma vida mais longa e é perfeitamente compreendido em diferentes países e culturas. Tira – segmento ou fragmento de história em quadrinhos, geralmente com três ou quatro quadros. Em sua grande maioria, apresenta-se de maneira horizontal. Este tipo de representação não tem necessariamente que ser cômico. Normalmente são publicadas em jornais, revistas e na internet.