A crise na Zona Euro - Implicações para Cabo Verde e

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A crise na Zona Euro - Implicações para
Cabo Verde e respostas possíveis:
Uma Mesa-Redonda Sector Público-Privado
7/10/2011
Centro de Políticas e Estratégias, Palácio do Governo, Praia.
A crise na Zona Euro - Implicações para Cabo Verde e respostas possíveis:
Uma Mesa-Redonda Sector Público-Privado
1. Introdução
O governo cabo-verdiano irá lançar uma série de diálogos estratégicos sobre
questões-chave do futuro. Ou seja, questões que terão um impacto determinante
sobre o futuro do país. Uma dessas questões é a crise actual na Zona Euro.
Como é que a crise irá evoluir e quais são os cenários possíveis? Qual será o impacto
sobre Cabo Verde e na agenda de transformação? Qual deve ser a resposta da
nação para minimizar os impactos e, se possível como tirar proveito de eventuais
oportunidades? O governo propõe, assim, um diálogo estratégico com elementoschave dos sectores público e privado para explorar as questões e mapear um plano
de acção. O objetivo é explorar cenários e traçar ações que devem ser tomadas
tanto pelo sector privado como o governo.
2. Cabo Verde e a Europa
Um estudo recente conduzido pelo Ministério das Finanças indicou que "Cabo Verde é cada vez
mais vulnerável aos acontecimentos externos, em parte devido ao peso crescente do turismo
na economia, ao elevado nível de abertura da economia, à continuação da dependência em
relação à ajuda pública ao desenvolvimento e às remessas, e à taxa de cambio fixa do escudo
em relação ao Euro. Esses factores são fontes de volatilidade e, quando combinados,
aumentam a amplitude e a duração dos ciclos de crescimento. A realidade é que o ciclo de
crescimento de Cabo Verde é cada vez mais sincronizado com o da Europa (Figura 1)
Euro Zone Crisis—implications for Cape Verde and Possible Responses
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Existem muitas razões que explicam porque a economia cabo-verdiana é altamente
sincronizada com as economias européias. O atrelado do Escudo Cabo-verdiano ao Euro é um
elo fundamental e crucial entre a Zona Euro e a economia cabo-verdiana. A Europa se tornou o
principal parceiro económico de Cabo Verde. Cabo Verde exporta a maior parte de seus
produtos para a Europa, enquanto suas importações também são principalmente dos países
europeus. Espanha e Portugal representam mais de 70 por cento de suas exportações (figura
2).
Figura 2
Seu sector principal de economia real, o turismo, é altamente dependente de turistas de países
europeus. O turismo é o maior sector da economia hoje, representando cerca de 20 por cento
do PIB. Esta percentagem potencia-se se incluirmos sectores como a construção civil e o
mercado imobiliário, sendo ambos diretamente ligados e dinamizados pelo sector do turismo. A
indústria do turismo tem testemunhado um crescimento impressionante, durante mais de uma
década e, em 2009, representava já cerca de 60 por cento das exportações de Cabo Verde. Mas
isso só é possível por causa da Europa, que responde por cerca de 80 por cento dos turistas que
visitam Cabo Verde (Figura 3).
Euro Zone Crisis—implications for Cape Verde and Possible Responses
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Figura 3
A capacidade de mobilização dos financiamentos da comunidade internacional em formas de
donativos e empréstimos concessionais tem sido, até agora, um ingrediente-chave na história
de sucesso de Cabo Verde. O País tem sido um dos principais destinatários do mundo da APD
per capita. De acordo com dados da OCDE, Cabo Verde recebeu 218,5 milhões dólares USD na
net APD total em 2008 de todos os doadores.
Figura 4: Ajuda Publica ao Desenvolvimento por Doador
Euro Zone Crisis—implications for Cape Verde and Possible Responses
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A figura acima mostra que uma proporção significativa da APD recebida por Cabo Verde é da
Zona Euro. Além disso, a UE e vários países europeus desempenham um papel activo no grupo
de apoio orçamental a Cabo Verde.
Influxos de capital privado na forma de investimentos estrangeiros diretos (IDE) e das remessas
(figura 5) são os mais importantes fontes de financiamento externo para Cabo Verde. O país
tem sido o destinatário de substanciais investimentos diretos estrangeiros desde a década de
1990. De facto, o IDE tornou-se um factor importante de crescimento da economia desde
meados de 1990 sendo a Zona Euro a principal fonte do IDE entrada em Cabo Verde (Figura 6).
Figure 5
Figure 6
Euro Zone Crisis—implications for Cape Verde and Possible Responses
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A realidade, como mostrado aqui, é de Cabo Verde ser altamente atrelado à economia da Zona
Euro. Qualquer grande crise como o actualmente em curso poderia ter um impacto significativo
sobre o desempenho da economia caboverdiana. O país é dependente de países da Zona Euro
pela APD, pelo IDE, pelo turismo e pelas remessas dos emigrantes. Por isso, torna-se urgente
preparamos uma resposta estratégica de Cabo Verde antes do agravamento da situação na
Europa. Num ambiente em que muitos estão esperando um colapso iminente da Grécia e a
propagação da crise para grandes economias, como Itália, Espanha e, possivelmente, Portugal,
Cabo Verde deve começar a perguntar-se sobre o que fazer se materializar o pior cenário com a
crise do Euro?
3. Diálogo Estratégico
A Europa está a atravessar uma crise financeira severa. Este novo ciclo de problemas conduz a
uma grave crise do crédito, perturbando o funcionamento das actividades económicas e se
medidas não forem tomadas rapidamente e eficazmente uma profunda recessão irá atingir a
economia mundial. Nestes últimos dias, 12 Bancos ingleses tiveram o seu rating baixado pelo
Moody’s enquanto a Fitch baixava o rating da Itália e da Espanha, deixando antever a
possibilidade de continuar a baixar o rating destes dois países se mais medidas de austeridade
não foram tomadas. Esta agencia colocou também Portugal na lista dos países a vigiar. As
agencias de rating indicaram as dívidas publicas, a estagnação das economias e as pressões da
crise financeira da zona Euro como razoes de abaixamento da anotação dos países. Existem
dúvidas sobre a capacidade dos países europeus de enfrentar a crise das dividas soberanas. O
facto da liderança política da Europa, se mostrar incapaz de lidar com a crise econômica e
financeira, aumenta este sentimento que os governos europeus não tem solução a crise
reforçando o poder dos especuladores nas bolsas de valores.
Como a crise da zona Euro irá evoluir? Qual serão os impactos sobre Cabo Verde, país muito
dependente das economias européias?
A mesa-redonda proposta entre o governo e o sector privado terá por objetivos examinar a
situação, antecipar os acontecimentos e mapear respostas alternativas. O país não quer ser
surpreendido. A mesa-redonda será estruturada em torno das seguintes questões:
• Como a crise actual do Euro irá evoluir e quais são os cenários possíveis? • Como a crise irá
impactar Cabo Verde e a sua agenda nacional de transformação?
• Existem oportunidades para Cabo Verde nesta crise na zona euro?
• Quais devem ser as respostas da nação para minimizar os impactos e, se possível aproveitar
todas as oportunidades?
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• O que o governo deve fazer?
• O que o sector privado deve fazer?
• Quais são os próximos passos?
4. A Organização
A mesa redonda será organizada como um diálogo facilitado com o foco nas discussões visando
principalmente encontrar respostas às questões colocadas acima. Cada sessão de mesaredonda irá se concentrar em uma questão específica da lista com o objectivo de suscitar
opiniões dos participantes, buscando o consenso e chegar a uma resposta coletiva.
A mesa-redonda está prevista para o dia 2 de Novembro no Palácio do Governo na Praia, das
9h00 as 16h00 e incluirá participantes dos sectores público e privado, bem como alguns
especialistas selecionados.. O numero de participantes será limitada entre 20 a 25 pessoas
para dar tempo para discussão e diálogo evitando declarações gerais dos participantes. A mesaredonda será conduzida por um facilitador.
A lista dos participantes consta em anexo. Na elaboração desta lista tivemos os seguintes
critérios: número total de participantes limitado para facilitar os intercâmbios, equilíbrio entre
os representantes dos sectores público, privado e da sociedade civil, especialistas da área
financeira, escolha em função das competências individuais e não das prerrogativas
institucionais, participação de mulheres.
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